Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O noivo - Mateus 9:14, 15

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 30 de dezembro de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Vamos ler Mateus 9:14, 15
14 Vieram, depois, os discípulos de João e lhe perguntaram: Por que jejuamos nós, e os fariseus muitas vezes, e teus discípulos não jejuam? 15 Respondeu-lhes Jesus: Podem, acaso, estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar.
Desde os dias mais antigos que o jejum, isto é, a abstenção de alimentos com finalidades espirituais, sempre foi uma das práticas características das pessoas mais religiosas. Mas quando Jesus estava na terra, um fato evidente a todos foi que os discípulos dele não jejuavam. Jesus mesmo jejuou somente no início de seu ministério, durante quarenta dias e quarenta noites, e depois disto, nem ele nem seus discípulos.
Então, numa ocasião, os discípulos de João Batista perguntaram a Jesus: Por que jejuamos nós, e os fariseus muitas vezes, e teus discípulos não jejuam? Os discípulos de João não eram como os fariseus. Ao contrário, ainda que durante certo tempo eles tenham continuado como outro grupo religioso, eram pessoas aprovadas por Jesus.
E o Senhor então lhes responde, mas sem qualquer palavra de censura, através de duas ou três ilustrações: A primeira, a figura do noivo e da noiva. E a segunda, do vinho novo e do pano novo. Hoje nós vamos nos deter na primeira:
Podem, acaso, estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar.
Jesus responde que os seus discípulos não jejuavam porque, para eles, aqueles dias não eram de abstenção, mas de festa, de celebração, como quando um noivo e seus amigos estão juntos na festa do casamento.
Os casamentos judaicos eram festas que duravam uma semana, e como é natural das festas, com muitos amigos, músicas, danças, brincadeiras, alimentos gostosos, bebidas, alegria. Jesus era o noivo, e eles eram seus convidados. Então era tempo de festa. Era uma festa que não duraria para sempre, pois que em breve o noivo seria tirado, e chegariam tempos em que jejuar se tornaria apropriado; mas não agora.
Podem estar tristes os convidados, quando o noivo está com eles? Podem os meus discípulos estar tristes, enquanto eu estou com eles?
Eu quero chamar a atenção de vocês para esta maneira de Jesus falar sobre si mesmo: ele é o noivo. É sobre este assunto que vamos meditar hoje.
1. Na figura do noivo, nós temos uma indicação de quem é Jesus
Digo isto porque o descrever a si mesmo como o noivo, e até mesmo marido, do povo escolhido, é uma das maneiras características de Deus falar de si mesmo, na revelação do Antigo Testamento. Os profetas Isaías, Ezequiel, Oséias e Jeremias usam esta metáfora para descrever o fato de que o Senhor escolheu Israel para ser a sua nação amada.
Mesmo com todas as suas fraquezas, com seus pecados, suas infidelidades, Israel é a amada do Senhor, a sua escolhida. Tantas vezes quantas ela peca, tantas são as repreensões e as ofertas de perdão do Senhor. Israel é como uma mulher bonita, mas infiel, e que se torna desprezada pelas outras nações. Mas o Senhor é como um marido que não se cansa de amar, e de fazer bem, e de falar ao coração da sua amada.
Neste sentido, eu quero citar apenas um texto que ilustra e resume bem toda a atitude do Senhor para com Jerusalém, a cidade santa, e por extensão, para com a nação escolhida. Em Isaías 62, o Senhor está prometendo a restauração da cidade de Jerusalém, que aconteceria a partir da volta dos israelitas do exílio babilônico. A cidade em ruínas seria reconstruída, se encheria de gente outra vez, e tornaria a ser um lugar de consolo, e não desolação, de alegria, e não de choro, de paz, de louvor, de comunhão com Deus.
Quero destacar o v. 5
Porque, como o jovem desposa a donzela, assim teus filhos te desposarão a ti; como o noivo se alegra da noiva, assim de ti se alegrará o teu Deus.
Como um noivo para com sua noiva, assim é o Senhor para com Israel.
Por outro lado, nenhum profeta ousa o pensar sobre si mesmo desta maneira. Se o Senhor era o esposo, eles eram apenas os mensageiros dele à Sua eleita.
Da mesma forma como os profetas testemunham a respeito de Javé, os livros da Nova Aliança testemunham de Jesus e a Igreja. Nem mesmo aquele que aos olhos de Jesus era muito mais que um profeta, a quem o Senhor chamou de o maior de todos os homens, João Batista,[1] tinha como direito o pensar ou agir desta maneira. Pelo contrário, ele, que era a voz que clamava no deserto, preparando o caminho do Senhor,[2] diz que o noivo é Jesus, e ele era apenas um amigo que ajudava na preparação para a festa de casamento.
Leiamos João 3:26-30
26 E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro. 27 Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada.28 Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor. 29 O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim.30 Convém que ele cresça e que eu diminua.
Aqui nós percebemos um certo ciúme dos discípulos de João Batista, em relação a Jesus. Então foram ter com seu mestre para contar-lhe que Jesus estava reunindo mais discípulos do que ele. Ao que João respondeu que era assim mesmo que as coisas deveriam ser. Em sua visão, Cristo era o noivo, e ele, João, apenas um amigo encarregado de providenciar as coisas. Numa festa de casamento os amigos do noivo não são as pessoas proeminentes, e não são eles que se tornam maridos da noiva. A alegria deles é ver a felicidade do amigo.
“Então”, diz João Batista, “eu fui enviado por um tempo, para ser o precursor de Jesus, para preparar as pessoas para ele... E agora que ele chegou, convém que ele cresça, e eu diminua... Convém que ele tome o Seu lugar de direito.”
O mesmo sentimento vemos no apóstolo Paulo:
2ª Co 11:2
Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo.
Assim como João Batista, Paulo era um amigo do noivo. E dirigindo-se à igreja de Corinto ele diz: o meu papel é ajudar vocês, preparar vocês para a festa de casamento, apresentar vocês a Jesus como uma virgem pura.
Note que ele está dizendo isto a uma igreja em particular, e veja que uma igreja local, por fazer parte da igreja universal, que se encontra espalhada sobre toda a face da terra, tem a mesma natureza que ela, assim como a mão de um corpo humano é humana. Digo isto porque esta verdade é aplicada em relação a toda a Igreja de Deus espalhada pelo mundo, e a também cada igreja particular em qualquer lugar.
Cada igreja de Jesus é noiva dele, que deve ser preparada como uma virgem pura, a fim de ser apresentada ao noivo no dia do casamento. E no contexto bíblico, o dia do casamento é o dia em que Jesus voltará para nos buscar. Ele é o noivo divino, que busca Sua noiva, a Igreja, e entra numa relação de aliança com ela.
2. Na figura do noivo, nós temos uma indicação do amor de Jesus Cristo por sua Igreja
No texto de Isaías lemos que o Senhor se alegraria em seu povo, como um noivo se regozija com sua noiva. Os que aqui entre nós são casados sabem o que isto significa, e os que ainda não se casaram “não veem a hora de descobrir”:
Estou pensando no meu próprio noivado. Depois que a Terezinha e eu oramos ao Senhor a respeito do nosso desejo de namorar, eu fui falar com o pai dela. E uma vez que ele consentiu, passou a me apresentar como o noivo da filha dele. Eu sabia o que isto significava: que aquele homem me levava a sério, e levava a sério o compromisso que eu havia assumido, ao pedir para namorar a Tequinha.E como eu me sentia orgulhoso de ser noivo dela! E agora de ser marido!
O casamento começa com a descoberta de alguém que enche a sua mente e o seu coração de admiração, com quem você tem alegria de estar junto, conhecer cada vez mais, prazer de se dar e receber, alguém em quem você descobre como que se fosse a sua outra parte. Em seguida, o desejo de estar juntos nesta alegria para sempre. E o esforço, a preparação para isto, a busca do coração dela, a busca do casamento.
Quando um homem ama uma mulher, ele não mede esforços para fazer o bem a ela. Também não se desvia de comprometer-se com ela, de empenhar sua palavra, de fazer seus votos, a sua aliança. E depois do casamento, o amor que se manifesta em serviço no dia a dia, em companheirismo no dia a dia, na consumação da alegria de um grande desejo realizado.
Em Israel, o noivado e a festa de casamento eram duas partes de uma coisa só. Geralmente o período que transcorria entre um e outro era cerca de um ano, mas neste período a jovem já era considerada legalmente comprometida. A dissolução do noivado implicava divórcio. [3] Pense na ansiedade dos dois, neste período de espera e preparação, no desejo de que chegasse o dia da consumação do casamento.
Sabe qual foi a razão de Jesus Cristo ter dado a sua vida na cruz? O amor que ele tem para com a Igreja, o desejo que ele teve de tomá-la para si, como sua esposa. O mesmo amor de Deus revelado na Antiga Aliança, que o movia a cuidar do seu povo, dando-lhe Sua lei, dando-lhe os profetas, os sacerdotes e reis, o mesmo amor que o movia a protegê-lo, a perdoá-lo, a purificá-lo de suas imundícies, a vesti-lo com vestes de salvação. O mesmo amor que o movia a alegrar-se em Israel.
Acho que o texto mais explícito sobre este amor de Jesus está na carta aos Efésios, onde Paulo diz aos maridos que eles devem seguir o exemplo de Cristo.
Efésios 5:25-32
25 Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, 26 para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, 27 para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.28 Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama.29 Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja;30 porque somos membros do seu corpo.31 Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. 32 Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja.
Como um noivo que se compromete, e adorna sua noiva, que lhe dá um vestido muito bonito, que prepara uma grande festa, que chama seus amigos, que se casa com ela, que a sustenta, que a protege, que a perfuma, assim o amor de Jesus para com a igreja.
Jesus a Si mesmo se entregou por Sua Igreja, e através disto a santificou. E também a purificou por meio da lavagem da água pela palavra. O mestre João Calvino entendia isto como uma referência ao batismo, sinal visível da graça invisível que nos foi dada na regeneração.[4] Ele a alimenta e cuida dela, como quem alimenta e cuida do seu próprio corpo, e nela, a cada um de nós, individualmente, porque somos membros do seu corpo, a igreja.
3. Na figura do noivo, nós temos uma indicação quanto ao futuro da igreja, vale dizer, o nosso futuro
No v. 15 o Senhor diz que dias viriam, contudo, em que lhes seria tirado o noivo, e nesses dias haveriam de jejuar.
Nós entendemos que estas palavras diziam respeito não somente à sua morte, mas também a este período em que aguardamos a volta dele para buscar sua igreja. Que são tempos em que muitas vezes devemos jejuar, percebemos no testemunho dos discípulos e apóstolos. Mas falaremos disto noutra ocasião. O que agora quero destacar é que este período em que o noivo está ausente não é infinito.
Em comparação com a eternidade, é um período como se fosse de um ano, breve, ao mesmo tempo em que parece tão demorado, mas necessário, de preparação para o casamento. O Senhor Jesus disse que iria para a casa do Pai, a fim de preparar-nos lugar, e que quando tudo estiver preparado, voltará para nós e nos receberá a fim de que estejamos com ele para sempre. [5] Será um dia glorioso, quando Jesus, assim como subiu fisicamente ao céu, à vista dos seus discípulos, voltará fisicamente, glorioso, com seus santos anjos.[6] Os crentes em Jesus que estiverem mortos ouvirão a sua voz, e serão despertados, e nós, os que esperamos em Jesus, que estivermos vivos, seremos juntamente com eles arrebatados para o encontro de nosso Salvador nos ares, e estaremos para sempre com o Senhor.[7]
O final de todas estas coisas é descrito de uma forma arrebatadora no livro do Apocalipse, onde a Igreja é chamada Nova Jerusalém, a Cidade de Santa. Ali ele diz que depois do dia do juízo final, quando todos os maus tiverem sido julgados, então Deus e o seu povo estarão juntos para sempre, e o casamento eterno se consumará em felicidade indizível:
Ap 21:1-5
1 Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe 2 Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo.3 Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.4 E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.5 E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.
Que coisa gloriosa!
A Igreja do Senhor Jesus, a Sua noiva, sem mancha, sem defeito, pura, adornada, perfumada, preparada para o seu esposo. E aí veremos que tudo de bom que aconteceu até hoje, que todo o bem que o Senhor nos tem feito, toda a vitória que ele nos deu, que toda a glória que ele já manifestou na história, na criação, é só o começo.
E que todas as tristezas que enfrentamos, toda a dor, toda a frustração, todas as injustiças, traições e enganos que sofremos, que todas as tentações e pecados, tudo ficará para trás, e não são para comparar com a glória que há de ser revelada.
Olhe para a Bíblia: olhe para a excelência moral dos seus escritores. Olhe para as profecias cumpridas. Olhe para a sua doutrina inigualável.
Olhe para o seu próprio coração: olhe para a obra que o Espírito Santo faz em sua alma, convencendo do pecado, edificando na fé, santificando os pensamentos, restaurando sua vida quando anda em meio a tribulações, dando-lhe o propósito de viver para a glória de Deus e o bem dos homens, dando-lhe alegria no Senhor, dando-lhe amor pela igreja.
Você tem alguma dúvida de que a Bíblia é verdadeira? Tenha certeza: assim como o noivo veio, morreu por nós, subiu ao céu, ele voltará. Estará para sempre conosco. Estas palavras são fiéis e verdadeiras.
Jesus Cristo é o noivo da Igreja. Ele é o seu salvador, o seu provedor, o seu protetor. Ele ama a Sua igreja, ele a quer, ele deu a Sua vida por ela, e ele voltará para ela.
Vamos pensar nalgumas implicações deste fato maravilhoso para nossa vida...
Quando as Escrituras falam de Jesus como o noivo, usam, conforme a ocasião, pelo menos três figuras para descrever a nossa relação com ele:
A mais óbvia é a de que, como membros da sua Igreja, seja nossa igreja em particular, seja cada um de nós, individualmente, somos noiva de Cristo também.
Outra figura que surge nestes contextos é a de “amigos do noivo”, ou “convidados”, que agiam como os “padrinhos” ajudando nos preparativos. [8]
E a terceira figura é a das virgens, mencionadas numa parábola de Jesus sobre a sua volta, em Mateus 25. Se as virgens – que a Bíblia Viva chama “damas de honra” – são amigas da noiva ou do noivo nós não temos condições de precisar, mas a ideia central é a de que elas precisam estar preparadas para o momento da chegada do noivo.
Vamos considerá-las rapidamente, começando com a última.
1. A primeira trás a denotação de advertência
Quando Jesus usa a figura das “damas de honra”, ele diz que algumas estavam preparadas para a chegada do noivo, e outras não.
O que ele quer dizer é que existem pessoas que, embora tenham conhecimento das doutrinas de Deus, não estão se preparando para a volta de Jesus: não estão se purificando, não estão se santificando, não estão usando seus dons, não estão servindo ao Senhor conforme a luz que receberam, não estão se adornando com vestes de salvação. E quando Jesus chegar, estarão despreparados. Jesus termina a parábola exortando: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora...” [9]
2. A segunda, é de “amigos do noivo”, e é tanto uma figura de encorajamento como de advertência.
Me parece que ela “cai como uma luva” sobre aqueles que são especialmente chamados para o ministério da Palavra: os pastores, os evangelistas, os mestres, os profetas.
Os amigos são aqueles que têm o dever de ajudar na preparação e depois participar da festa. Como Paulo, que buscava apresentar as igrejas como virgens puras, preparadas para o seu esposo. Como os discípulos que em nosso texto são chamados “os convidados”. Como João Batista, que se descrevia “amigo do noivo” e que se alegrava com a voz Jesus.
Nós, pregadores, temos este privilégio tão alto, tão nobre, tão digno, de ministrar a Palavra de Deus à Igreja, buscando preparar todo o homem para a volta de Jesus. É um privilégio, que só podemos fazê-lo com prazer, com alegria, com amor e gratidão; e uma responsabilidade tão alta que só podemos fazê-lo com temor e tremor, com dedicação, com fidelidade.
Primeiro, nós precisamos saber, e nunca esquecer, que a igreja não é nossa, mas de Jesus. Ele é o esposo, e não nós. Então não estamos preparando a igreja para nós, mas para Jesus. Não é para ela ser como nós queremos, conforme o nosso temperamento, os nossos gostos, mas conforme a vontade de Jesus.
Segundo, a igreja é para a glória de Jesus, e não a nossa. “Convém que ele cresça e eu diminua.” Não é o “Meu Ministério”, o meu nome, a minha marca, a minha igreja, mas o meu serviço a Cristo.
Terceiro, a igreja precisa ser bem tratada. Amada. Noutra parábola, em Mateus 24[10], Jesus conta a história de um servo que ficou encarregado de cuidar de seus companheiros, enquanto seu senhor foi viajar. E como o senhor começou a demorar, aquele servo passou a maltratar seus companheiros: espancava-os e comia e bebia com os ébrios, até que o senhor veio e o castigou, lançando sua sorte com a dos hipócritas.
Há muitos que se sentem senhores, dominadores dos seus irmãos, e os tratam mal. Que governam a igreja segundo seu próprio prazer, sem perguntar a Deus qual é sua vontade. Há os que se embriagam com os pecados desta vida, que fazem comércio da fé, que não amam as ovelhas de Jesus. Há muitos cujo deus é o ventre, que são ávidos pelos prazeres deste mundo.
Mas não nos escandalizemos com isto: a Bíblia nos adverte que seria assim, e que quando Jesus voltar prestarão contas de seus pecados[11].
3. A terceira e mais proeminente figura é a da noiva de Cristo.
Ela diz respeito a todos os crentes, e é principalmente uma figura de encorajamento.
Eu acho que posso ilustrar isto, claro que de modo muito imperfeito, com o que aconteceu comigo e a Tequinha, quando éramos solteiros.
Foi no mês de maio de 1981, em Manaus, que nós conversamos sobre namorar. Mas logo em seguida o meu trabalho me trouxe de volta a São Paulo, e segundo nos parecia, eu nunca mais voltaria a Manaus. Então surgiu um período de instabilidade no qual nós não sabíamos se tornaríamos a nos ver. E neste período eu conheci outras moças – santas moças – que me pareceram ser possibilidades. Mas, ainda que não houvesse começado a namorar a Tere, não namorei qualquer uma delas, e ficamos orando, buscando a vontade de Deus.
Eu me lembro: foi no mês de setembro daquele ano. Eu estava orando, e senti uma convicção tão grande de que eu e a Tequinha nos casaríamos, que nunca mais consideraria possibilidade alguma. Então, no ano seguinte, meu trabalho me levou de volta a Manaus, e aí sim eu fui falar com o pai dela.
Por favor, jovens, não pensem que com isto estou querendo estabelecer um padrão de circunstâncias para vocês. Se querem um padrão aqui, é buscar comunhão com Deus e conhecer sua vontade em todas as coisas.
Mas o que desejo dizer é que, assim como a Terezinha e eu estivemos ausentes um do outro, e neste tempo surgiram “tentações”, assim também acontece com a igreja. Surgem muitos que querem tomar o lugar de Cristo em nossas almas.
Surgem homens que se dizem tão santos que mais parecem anjos de luz. Que dizem palavras encantadoras, mas que são verdadeiros “cantos de seria”, e que na verdade estão desviando a muitos da fé na Palavra de Deus, e rebaixando Jesus a um profeta, a um homem cheio do Espírito, ou à primeira das criaturas de Deus. Surgem homens que se dizem pastores, mas ao mesmo tempo falam assim: “É assim que diz a Bíblia? Mas a verdade não é bem assim: sexo antes do casamento não é pecado. Adão e Eva não foram indivíduos reais, históricos, mas personificações de conceitos espirituais. A Bíblia contém erros”.
Surgem falsos deuses, falsos profetas, falsos apóstolos. E as tentações do pecado e da carne também são inumeráveis. E as provações.  A noiva do Senhor é perseguida pelos homens e por Satanás.
Mas igreja, esta Palavra é fiel e verdadeira: o noivo vai voltar. Então tenha fé. Espere com paciência. Espere com amor. Espere com fidelidade – não olhe para outros, quer sejam deuses, quer sejam homens. Não existem substitutos de Cristo. E quando ele vier, você verá que valeu a pena.



[1] Mt 11:9-11
[2] Mt 3:3
[3] Cf. Colin Kruse, II Coríntios, Introdução e Comentário, série Cultura Bíblica (São Paulo, Vida Nova e Mundo Cristão, 1994), pág. 195
[4] Cf. Francis Foulkes, Efésios, Introdução e Comentário, série Cultura Bíblica (São Paulo, Vida Nova e Mundo Cristão, s.d.), pág. 130
[5] Jo 14:1-3
[6] Mt 24:30 e segs.
[7] 1ª Ts 4
[8] Ralph P. Martin, in Novo Dicionário da Bíblia, (São Paulo, Vida Nova, 1988), vol. II, pág. 1116.
[9] Mt 25:13
[10] Mt 24:45-51
[11] 3ª Jo 9; Fp 3:19; 2ª Pe 2:2, etc.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

▲Topo