Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 10 de outubro de 2010
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler Hebreus 1:1-4
“Havendo Deus, outrora,
falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, 2 nestes últimos dias, nos falou
pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez
o universo. 3 Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata
do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de
ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas
alturas, 4 tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou
mais excelente nome do que eles.”
Hoje vamos fazer o
segundo dos nossos cinco estudos em comemoração ao aniversário da Reforma Protestante,
que é no dia 31 de outubro.
A Reforma Protestante,
da qual nós somos herdeiros, foi um movimento religioso do século XVI, que se
iniciou entre sacerdotes católicos que protestavam contra alguns
posicionamentos teológicos da igreja, e depois influenciou também a pessoas
fora do clero, de tal forma que, com o tempo, os protestantes vieram a ser excluídos
do catolicismo romano, dando origem novos ramos do Cristianismo, dos quais fazem
parte as igrejas luteranas, as presbiterianas, e depois, as batistas. E também
a Igreja Anglicana, ou Episcopal, e dela, a Metodista.
A Reforma trouxe de
volta à Igreja de Cristo uma série de verdades bíblicas que há muito haviam
sido abandonadas. E nesta comemoração, estamos falando sobre cinco grandes
doutrinas que a Reforma enfatizou, e que mudaram a História da Igreja. As cinco
doutrinas que estamos referindo tornaram-se conhecidas como:
Sola Scriptura –
Somente as Escrituras
Solus Christus –
Somente Cristo
Sola Gratia – Somente a Graça
Sola Fide – Somente pela Fé
Soli Deo Gloria –
Somente glória a Deus
Cada um destes “somente”
se deu em resposta a um ponto de vista diferente que os reformadores tinham em
relação ao ensinado pela Igreja Católica; e em nosso primeiro estudo vimos o
primeiro deles: “Somente as Escrituras”.
Dissemos que os
reformadores usaram a frase “somente as Escrituras” em reação ao ensino
católico que, além da Bíblia, se utilizava das tradições da igreja, dos
escritores antigos e dos concílios eclesiásticos, como sendo revelações que o
Espírito Santo deu além da Bíblia, como fonte autorizada de doutrina, no
sentido de que também eram considerados infalíveis como regra de fé e prática
dos cristãos.
Mas os reformadores
discordaram disto e reafirmaram, para usar a frase de nossa Confissão de Fé,
que a fonte suprema de autoridade de doutrina cristã não é outra, senão o
Espírito Santo falando através das páginas das Escrituras. Baseando-se na
própria Bíblia, os reformadores disseram que os concílios, os escritores
antigos, as tradições da Igreja têm sim, valor e autoridade, mas apenas
enquanto eles mesmos estão se submetendo às Escrituras, que são a Palavra de
Deus. Quando isto não acontecia, então a Bíblia, e somente a Bíblia, deveria
ser ouvida.
Bem, quando eles
assumiram esta postura, muitas outras doutrinas começaram a ser afetadas também.
De sorte, que, além de “Somente as Escrituras”, os reformadores também disseram
“somente Cristo, e somente a graça, e somente a fé, e somente a Deus”.
Porque disseram “Somente
Cristo”? Isto também foi uma reação ao ensino do catolicismo de então.
Podemos iniciar dizendo
que desde a queda do homem no pecado, quando a humanidade se viu separada de
Deus, há um grande vazio no coração de cada ser humano na forma de Deus, que
não pode ser preenchido por nada, a não ser a presença de Deus. O Senhor nos
criou a fim de que vivamos para ele e assim sejamos felizes. Então, a maior
necessidade do ser humano é achegar-se a Deus.
A grande pergunta é:
“Como é que eu posso me aproximar de Deus, sendo eu um pecador?” E a resposta da
Igreja Católica era dada de várias maneiras. Segundo o entendimento católico,
havia uma série de meios pelos quais os homens poderiam se aproximar de Deus. Por
exemplo:
Através dos sacerdotes – os sacerdotes (padres,
bispos, etc.) eram representantes de Deus que falavam em seu nome, com a
autoridade do próprio Deus, e então havia várias atividades sacerdotais que
eles realizavam para promover o perdão dos pecados e a aproximação entre o
homem e Deus. Uma delas eram as missas, nas quais “Cristo era oferecido em
sacrifício pelos pecados” dos comungantes, ou em favor das almas dos mortos. Outra
era a confissão auricular, pela qual, mediante as penitencias impostas pelo
sacerdote os pecados eram absolvidos. Outra, a extrema unção.
Além disto, também, havia as peregrinações a lugares
sagrados, os sacrifícios pessoais – A alguns até mesmo havia sido dado o privilégio
de “lutar pelo reino de Deus nas cruzadas”, matando os muçulmanos, e assim lhes
era dada a certeza da salvação, ou para o cavaleiro cruzado, ou para alguma
pessoa por quem ele dedicasse sua obra.
Também havia a adoração de relíquias da igreja (objetos
sagrados, restos dos santos, etc.); a
intercessão dos santos, até mesmo dos santos anjos, e especialmente da Virgem
Maria; e as indulgências da
Igreja (perdão que era concedido mediante pagamento em dinheiro).
Ora, os padres
da Reforma, por causa do ensino bíblico, perceberam que nenhuma destas coisas
era algo proposto na Palavra de Deus como forma de se alcançar a salvação da
alma e de todas as coisas implícitas nela, como o perdão dos pecados, a
comunhão com Deus, a santificação. Pois a Bíblia afirma que há um só Deus, e um
só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, homem.[1]
A Bíblia afirma
que não existe nenhum outro nome pelo qual importa que sejamos salvos, a não
ser o nome de Jesus.[2] Que
não existe nenhuma outra forma de expiação pelos nossos pecados, a não ser na
morte de Jesus.[3] Que nele nós estamos
aperfeiçoados.[4] Que ele é a nossa justiça,
a nossa santificação, a nossa redenção.[5] Quem
em Cristo, o Pai celestial nos tem abençoado com toda a sorte de bênção
espiritual.[6]
Então, em
resposta ao ensino católico, os reformadores disseram: “Não precisamos, e não
podemos ter mais nada e mais ninguém a não ser Jesus; somente Cristo”.
Assim, o que
vamos fazer hoje, da mesma maneira como fizemos na semana passada em relação às
Escrituras, é estudar um dos muitos textos bíblicos que nos mostram a
suficiência de Cristo para nossa salvação. Escolhi a carta aos hebreus por duas
razões:
A primeira, os problemas que os crentes hebreus estavam vivenciando: é que os
crentes hebreus, com o passar do tempo, estavam abandonando a simples fé em
Jesus, e se sentindo tentados a voltar à religião do Antigo Testamento, com
seus sacerdotes, seus rituais, suas leis, e até mesmo a importância excessiva que
davam aos anjos. Então o escritor de Hebreus sustenta o ensino de que, ao fazer
isto, eles estavam abandonando a fé na suficiência de Jesus para a nossa
salvação e comunhão com Deus. Ora, quando nós olhamos para a igreja no tempo da
Reforma, observamos que os problemas que são combatidos na carta aos Hebreus
são os mesmos, apenas com roupagem um pouco diferente, e que surgiram na igreja
da Idade Média.
A segunda, é que a carta aos Hebreus dá a mesma resposta que mais tarde os
reformadores deram: Somente Cristo é o nosso Salvador. Além dele não
precisamos, nem podemos ter, mais nada, nem ninguém.
Porque somente
Cristo? Por causa de quem ele é e por causa do que ele fez.
A religião
judaica, de todas as religiões antigas, era a que trazia a mais plena revelação
de Deus.
Digo isto porque,
mesmo em meio aos povos chamados pagãos, havia algum vislumbre verdadeiro de
Deus, através daquilo que podemos descrever como religião natural, aquela que
surge quando os homens contemplam as obras de Deus na natureza.
Por exemplo: se
você encontra uma máquina qualquer, como um pequeno relógio, ou se você
encontra uma ferramenta, como um alicate, ou qualquer utensílio, é natural você
pensar que alguém fez estes objetos. Você pensa que alguém inteligente e capaz
é quem os fez.
Da mesma
forma,quando o ser humano contempla a beleza da terra, a harmonia da criação,
as capacidades das quais os seres vivos são dotadas, é natural que ele chegue à
conclusão de que alguém deve ter criado o universo. Deste modo, havia mesmo
entre outras religiões algum conhecimento do poder e da sabedoria de Deus.
Mas ainda que
através das obras da natureza todos os seres humanos possam chegar à conclusão
de que existe um criador sábio e poderoso, não se pode, através dela, saber
qual é o nome dele. Era necessário que Deus se revelasse de modo mais pessoal. E
esta revelação se deu na religião judaica; ela era diferente por não ser fruto
de revelação natural.
A religião
judaica era fruto da auto-revelação do próprio Deus. No v.1 o escritor lembra
seus leitores da maneira como Deus havia se revelado a eles no passado:
“Havendo
Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas...”
Assim é que nos
escritos do Antigo Testamento nós temos as Palavras que Deus deu e fez
registrar através dos profetas. O Senhor falava aos profetas através de visões,
através de sonhos, através de impressões em sua alma. Todo o conteúdo do Antigo
Testamento é revelação de Deus.
Para os judeus,
o clímax de todas as coisas reveladas no Antigo Testamento era a lei do Senhor,
dada ao povo através de Moisés, e que foi declarada a Moisés por meio de anjos.[7]
A lei era o
estabelecimento de uma maravilhosa aliança entre Deus e Israel. Ela prescrevia
os mandamentos do Senhor para uma vida de acordo com a vontade divina (os dez
mandamentos fazem parte desta lei). Ela também determinava como deveriam ser as
cerimônias de adoração a Deus. E prescrevia os sacrifícios de expiação pelos
pecados quando os israelitas desobedecessem aos mandamentos do Senhor. Com base
na lei é que os profetas chamavam Israel ao arrependimento e anunciavam a vinda
de Jesus, que seria o mediador de uma nova aliança.
A revelação de
Deus no Antigo Testamento era algo realmente admirável. Mas veja como o
escritor continua seu pensamento:
“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e
de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo
Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o
universo.”
No passado Deus
falou muitas vezes, de muitos modos. Mas agora Deus nos falou em seu Filho. Os
outros modos de Deus falar agora são coisas do passado, porque agora, em Jesus,
Deus falou de uma vez por todas, e neste falar em Jesus nós temos aquele modo
que é infinitamente superior a todos os demais.
Porque, veja
quem é Jesus: Ele é Filho, a quem Deus constituiu herdeiro de todas as coisas. Através
dele Deus também fez todo o universo: os céus e a terra, os planetas, as
estrelas, os milhões de galáxias, tudo foi criado pelo Filho.
Como também diz a carta aos Colossenses:Ele é a imagem do Deus
invisível, o que tem a primazia de toda a criação. Pois, nele, foram criadas
todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam
tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado
por meio dele e para ele. Ele é antes de
todas as coisas. Nele, tudo subsiste.[8]
O Filho é quem sustenta todas as coisas do universo pela sua poderosa
Palavra. Isto porque o Filho é a expressão exata do ser de Deus. Toda a majestade de Deus, toda a glória de
Deus, toda a sabedoria e todo o poder de Deus estão em Cristo. Se você
contempla a Jesus Cristo, você está contemplando a Deus. Ou como disse Jesus:
“Quem me vê a mim, vê o Pai”.[9]
Assim...
1.1 – Jesus é superior aos
anjos – v. 4
“tendo-se tornado tão
superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles.”
Depois, no cap.
2:6-9, o escritor nos diz que, por ter assumido a condição humana, o Filho de
Deus tornou-se, por um pouco tempo, menor do que os anjos. Mas aqui, ao
introduzir sua apresentação de Jesus, afirma que ele tornou-se superior aos
anjos.
Isto se deve,
não ao fato de que antes não era, mas sim, ao fato de que sempre foi superior a
eles. Pois, quem são os anjos? O vs. 6 e 14 nos dão duas respostas:
“E, novamente, ao introduzir o
Primogênito no mundo, diz: E todos os anjos de Deus o adorem.” (v. 6)
“Não são todos eles espíritos
ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?”
(v. 14
Os anjos são seres espirituais que existem para servir
e adorar ao Senhor; a eles o Pai ordenou que adorem a Jesus; e também existem para
servir àqueles que hão de herdar a salvação. Ademais, anteriormente o escritor
já havia falado que o Filho é o criador de todas as coisas do universo. Isto
significa que os anjos foram criados por Jesus Cristo. Então, ainda que a
grande revelação de Deus na lei tenha sido promulgada por meio de anjos, Jesus
é superior aos anjos.
1.2 – Jesus é superior a Moisés
Veja o título
que os editores deram ao capítulo 3 desta cata na maioria de nossas versões. O
escritor explica isto à luz do fato de que Moisés foi o grande instrumento
humano, nas mãos de Deus, através do qual a lei foi dada e aplicada à vida do
povo israelita. Moisés é apresentado na Bíblia como um homem que tinha uma
inigualável comunhão com Deus. Foi o amigo fiel, com que Deus falava “face a
face”. Nosso escritor naturalmente tinha Moisés na mais alta conta:
Cap. 3:1, 2 – “Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai
atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus, 2 o qual é fiel àquele que o
constituiu, como também o era Moisés em toda a casa de Deus.”
Moisés era fiel em toda a casa de Deus. Veja o que
ele diz: Jesus é fiel, da mesma maneira como Moisés o foi.
Mas, assim como Jesus é superior aos anjos, também
é superior a Moisés:
v. 3 – “Jesus, todavia, tem sido
considerado digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do
que a casa tem aquele que a estabeleceu.”
vs. 5, 6 – “E Moisés era fiel, em
toda a casa de Deus, como servo, para testemunho das coisas que haviam de ser
anunciadas; Cristo, porém, como Filho,
em sua casa; a qual casa somos nós, se guardarmos firme, até ao fim, a ousadia
e a exultação da esperança.”
Jesus é
superior a Moisés porque Moisés é servo, e Jesus é Filho. Jesus é superior a
Moisés porque Moisés era fiel na casa de
Deus, e Jesus está em sua própria casa.
1.3 – Jesus é também superior
ao ministério segundo a aliança promulgada na lei
Veja também o
título do cap. 5 em nossas Bíblias: “Cristo, superior ao sacerdócio da Antiga
Aliança”. E daqui por diante, até o cap. 10, o escritor faz uma longa explanação
do ministério de Jesus Cristo como nosso sacerdote diante de Deus. Eu quero
selecionar poucos versículos que de certo modo resumem tudo quanto ele diz:
Cap. 5:1-4 – “Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é constituído
nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens, para oferecer tanto dons
como sacrifícios pelos pecados, 2
e é capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram, pois também ele mesmo
está rodeado de fraquezas. 3
E, por esta razão, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto do povo como
de si mesmo. 4 Ninguém, pois,
toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu
com Arão.”
Aqui ele faz uma descrição dos sumo-sacerdotes de
Israel, colocados por Deus para interceder em favor dos homens, de acordo com a
lei de Moisés. Os sacerdotes israelitas eram capazes de se condoer dos que
pecavam, pois eles mesmo estavam cercados de suas próprias fraquezas. Então eles
tinham que oferecer sacrifícios, não somente pelos pecados do povo, mas também
pelos seus próprios pecados. Vamos a outro texto:
Hb 10:1-4 – “Ora, visto que a lei tem
sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode
tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano,
perpetuamente, eles oferecem. 2
Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam
culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam consciência de
pecados? 3 Entretanto, nesses
sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos, 4 porque é impossível que o sangue
de touros e de bodes remova pecados.”
Aqui ele diz que os sacrifícios oferecidos pelos
sacerdotes, de acordo com a lei, precisavam ser realizados muitas vezes, porque
eles não tinham real poder de limpar a consciência dos pecadores. Por estas
razões, o escritor conclui que, embora as cerimônias da lei houvessem sido dadas
por Deus, eram transitórias; um dia chegariam ao fim. Comparadas com a realidade
que elas simbolizavam, eram apenas sombras, apenas símbolos de uma purificação
que só seria efetivada através de Jesus. Por isto ele explica que o sacerdócio de Jesus não é como o dos
sacerdotes de Israel: é superior.
Cap. 9:24-28 – “Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro,
porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós, diante de Deus; 25 nem ainda para se oferecer a si
mesmo muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos
com sangue alheio. 26 Ora,
neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a
fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma
vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado. 27 E, assim como aos homens está
ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, 28 assim também Cristo, tendo-se
oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá
segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação.
Note estas frases: Cristo entrou, não num santuário
feito por mãos humanas, mas no céu. Não muitas vezes, mas uma só, que tem valor
para sempre. Isto quer dizer que o sacrifício dele pode fazer aquilo que os
outros sacrifícios nunca puderam. Desta
maneira, Jesus é um sumo sacerdote superior.
Isto então nos conduz ao segundo ponto...
Já temos visto
que o sacerdócio de Jesus é superior por causa de quem ele é, porque o
sacrifício dele tem valor eterno, não precisa ser repetido, porque através dele
Jesus penetrou no céu em nosso favor, chegando-se, em nosso nome, à presença de
Deus. Agora, este ministério sacerdotal tem dois desdobramentos:
2.1 – Primeiro, através de seu sacrifício,
Jesus nos purificou de todos os nossos pecados, de uma vez para sempre.
Nos lavou, nos
santificou. Desta forma, nós podemos ter a nossa consciência sempre purificada
diante de Deus.
Hb 10:10 – “Nessa vontade é que temos sido
santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.”
Hb 10:14 – “Porque, com uma única oferta,
aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.”
Hb 9:14 – “muito mais o sangue de Cristo,
que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará
a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!”
O sacrifício de Jesus resolve de uma vez por todas
o problema do nosso pecado, para que, de consciência purificada neste sangue,
nós possamos viver para Deus, e servir a Deus desembaraçadamente.
2.2 - O outro aspecto do sacerdócio de Jesus é que
por meio dele nós podemos ter acesso contínuo ao trono da graça de Deus
Hb 7:25 – “Por isso, também pode salvar
totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por
eles.”
Hb 2:17-18 – “Por isso mesmo, convinha que,
em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso
e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação
pelos pecados do povo. 18
Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para
socorrer os que são tentados.”
Hb 4:14-16 – “Tendo, pois, a Jesus, o Filho
de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a
nossa confissão. 15 Porque não
temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes,
foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. 16 Acheguemo-nos, portanto,
confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e
acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.”
Considere a descrição que ele faz de nosso sumo
sacerdote: ele pode salvar totalmente
todos os que se chegam a Deus através dele. Porque ele vive para sempre, e
está sempre intercedendo em favor dos seus.
O nosso sumo sacerdote nunca pecou, mas à nossa
semelhança, ele foi tentado em todas as coisas que nós também somos. Então ele
é misericordioso com nossas fraquezas. E ele é poderoso para nos socorrer
quando somos tentados. Por causa do nosso sumo sacerdote, o trono de Deus para
nós é um trono de graça, de salvação, e não de condenação.
Hb 13:8 – “Jesus Cristo, ontem e
hoje, é o mesmo e o será para sempre.”
Desta maneira, o escritor aos hebreus argumenta em
toda a sua carta que os seus leitores não deveriam voltar ao passado em sua fé.
Não deveriam buscar a Deus em sua antiga religião, com seus sacerdotes, com a
justificação pela lei.
Eles tinham Jesus, e Jesus é superior a todas as
coisas. Superior aos anjos. Superior
a todos os sacerdotes humanos. Superior aos ritos, aos sacrifícios, às
cerimônias da lei. Quem tem Jesus não precisa de mais nada, não precisa de mais
ninguém.
Claro, irmãos,
que com isto não estamos negando que devemos orar uns pelos outros. Mas este é
privilégio, e um dever que todos temos, e não apenas o sacerdote católico, nem
mesmo apenas o pastor protestante, ou anjos, ou os santos que já estão no céu –
mesmo porque os anjos e santos simplesmente não teriam como ouvir as nossas
preces: eles não são oniscientes, nem onipresentes. Ao contrário deles, o Filho
de Deus é onipotente e onipresente, e também por isto é um sumo sacerdote
perfeito.
Mas a
intercessão mútua é um ministério de cada membro do corpo de Cristo, que
podemos fazer à medida em que tomamos conhecimento das necessidades mútuas, e
também de irmãos distantes.
No entanto,
isto não representa oferecer de novo o Senhor Jesus em sacrifício a Deus,
acrescentando algo à obra perfeita de Jesus.
1. Cada um de nós precisa se
aproximar de Cristo e de sua salvação
Cap. 2:3 – “Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo
sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a
ouviram”
Nós temos recebido uma mensagem maravilhosa, que
fala de perdão, graça, purificação, santificação, que Deus oferece a todos por
meio de Jesus.
Só não é salvo quem não busca a Jesus, quem não crê
em Jesus.
Mas se alguém negligenciar a esta tão grande
salvação, isto é, se não buscar a Jesus, não tem como escapar.
Cap. 10:26-27 – “Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos
recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos
pecados; 27 pelo contrário,
certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os
adversários.”
2. Cada um de nós pode, e deve,
desfrutar de tudo quanto a salvação em Cristo nos proporciona
Cap.
10:19-23 – “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo
sangue de Jesus, 20 pelo novo
e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, 21 e tendo grande sacerdote sobre
a casa de Deus, 22
aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração
purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. 23 Guardemos firme a confissão da
esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel.”
3. Cada um de nós deve confiar
somente na suficiência de Cristo.
At 4:12 – “E não há salvação em nenhum
outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens,
pelo qual importa que sejamos salvos.”
Não é Cristo
mais (+) os santos. Não é Cristo mais a Virgem Maria. Não é Cristo mais o pastor,
ou o bispo, ou o apóstolo. Não é Cristo mais romarias, ou peregrinações, ou
sacrifícios. Se quisermos confiar em Cristo e mais algum mediador, não estamos
realmente confiando em Cristo. Cristo: somente Cristo.
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