Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 3 de março de 2013

Seja uma bênção - Mt 10:40-42



Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 3 de março de 2013
Pr. Plínio Fernandes
Meus amados irmãos, vamos ler Mateus 10:40-42
40 Quem vos recebe a mim me recebe; e quem me receber, recebe aquele que me enviou.41 Quem recebe um profeta, no caráter de profeta, receberá o galardão de profeta; quem recebe um justo, no caráter de justo, receberá o galardão de justo.42 E quem der a beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.
Estas palavras de Jesus me impressionam, e me alegram profundamente, pois são daquelas Palavras de Deus que despertam e fortalecem em nós a consciência de nosso propósito neste mundo.
Em todo este capítulo, nosso Senhor falava primeiramente aos seus apóstolos, a quem estava enviando pelas aldeias de Israel e fim de anunciar o evangelho do reino de Deus. Mas ao mesmo tempo, como podemos ver pelas circunstâncias que, ele descreve, os discípulos viveriam, estava se dirigindo também à sua igreja de todos os tempos, a todos os crentes, e estabelecendo qual seria a nossa grande missão perante o mundo até que ele volte: testemunhar sobre o reino de Deus.
Ele disse que muitas vezes esta não seria uma tarefa fácil: aconteceria rejeição, perseguição, ódio contra os crentes. Mas que ao mesmo tempo seus discípulos não estariam sozinhos: deveriam se armar de prudência, sinceridade, perseverança, confiando que o Espírito do Pai estaria neles, ensinado tudo quanto deveriam falar. Que não tivessem medo, pois há uma recompensa, um galardão na eternidade, para todo aquele que confessar ao nome de Jesus diante dos homens, mesmo que isto possa custar sofrimentos neste mundo.
Mas agora, finalizando este discurso, ele diz que não haveria somente rejeição, perseguição e ódio: também haveria receptividade.
Haverá quem os aceite, quem os receba, quem seja salvo, quem seja abençoado, quem receba a paz do céu. Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Quem recebe vocês, está recebendo a Deus.
Irmãos, o que Jesus está dizendo é incrível! Que simples seres humanos, mortais, falíveis, podem ser instrumentos da presença do eterno, imortal, todo poderoso. Podem ser instrumentos através dos quais as coisas do céu são trazidas à terra. E quando alguém entende isto, que está diante de um homem de Deus, e recebe esta pessoa por ser um homem de Deus, para esse alguém que entende e recebe haverá galardão, haverá recompensa na eternidade.
Vejam de quanta importância o Senhor Jesus reveste a nossa vida como testemunhas dele neste mundo: Quem vos recebe, a mim me recebe.
1. Jesus está falando de nós
Ele não está falando a respeito somente dos seus doze apóstolos. Anteriormente nós já destacamos o fato de que aqui em Mateus 10, até o v. 15, nós temos palavras de Jesus dirigidas mais especificamente aos doze em sua primeira viagem missionária, pelas cidades de Israel; mas que a partir do v. 16, ele ergue seus olhos além daqueles primeiros dias, e descreve a missão de seus discípulos depois da cruz, entre os gentios, como testemunhas para todas as nações.[1]
Agora notemos também que Jesus não está falando apenas dos que são separados para o ministério da pregação. Não somente do profeta, mas igualmente daquele que é conhecido “apenas” por ser um homem justo, um homem de Deus. Não somente daquele que por causa de seu ministério se torna conhecido, mas além disso, daquele que poderia ser considerado o mais pequenino entre os que seguem o Senhor.
Tanto o que é conhecido por ser um profeta quanto o mais pequenino são igualmente representantes de Deus neste mundo. Isto nos é ensinado de muitas maneiras na Bíblia.
Por exemplo, na parábola dos talentos, contada por Jesus. Ele diz que um homem recebeu cinco talentos, outro recebeu dois, e outro recebeu apenas um. E que cada um deve trabalhar para Deus de acordo com os talentos que recebeu.[2] Então, alguns têm “grandes ministérios”, que alcançam milhares de pessoas, outros têm uma esfera de ação bem menor. Alguns se dedicam à pregação, outros ao serviço diaconal. Cada um de acordo com seus dons, cada um de acordo com seus recursos, colocados à disposição do reino de Deus.
De modo semelhante, a apóstolo Paulo nos ensina que na igreja de Deus cada pessoa recebe pelo menos um dom espiritual, mas que há uma grande variedade de dons. Como se fosse um corpo, no qual temos membros diferentes, mas que todos são importantes. Em nosso corpo, não podemos dispensar as mãos, ou os pés, ou a boca, sem grande prejuízo. Todos são necessários.[3] E assim como temos todos diferentes dons, e diferentes ministérios, temos também diferentes áreas de trabalho: alguns servem mais diretamente na igreja, outros fora da igreja – embora uma área não exclua a outra.
Existem crentes “servos”, e existem “senhores”. Empregados e patrões. Homens de negócio, executivos, pedreiros e vendedores de limão. Homens de alta posição, e homens pobres. Existem pessoas cuja posição naturalmente lhes oferece muitas oportunidades de anunciar o evangelho com palavras.
Existem outros que têm poucas oportunidades de falar com palavras, mas que assim como os anteriores, falam com a vida, com uma vida bonita, santa, alegre, voltada para as coisas de Deus, boas, bem feitas. Porque veja: quando você estuda com alegria, entendendo que todas as áreas do conhecimento são dons de Deus, quando você trabalha com alegria, sabendo que todas as áreas do trabalho são para a glória de Deus, quando você pratica esportes, quando brinca, quando faz qualquer coisa como um crente em Jesus, tendo a Jesus como o centro de sua vida, você está testemunhando de Jesus.
Homens e mulheres, jovens, velhos e crianças. Iletrados, e universitários. Gentios e judeus. Qualquer cor de pele, qualquer situação social e econômica. O Espírito Santo é derramado sobre “toda a carne”.[4]
2. Somos representantes de Deus na terra
“Quem vos recebe, a mim me recebe, e quem me recebe, recebe aquele que me enviou”.
Por “mais pequenino” que seja um crente aos olhos dos homens, aos olhos de Deus ele é um representante de Jesus, e assim é um representante do Pai.
Neste capítulo há pelo menos duas razões para que seja assim: a primeira delas está no v. 16, onde o Senhor diz: Eis que vos envio ...
Nós somos enviados por Jesus. Não estamos testemunhando apenas por nossa própria vontade. É claro que falamos por que desejamos. Não conseguimos deixar de falar daquilo em que nós cremos.
Não podemos deixar de anunciar o que vemos e ouvimos, quando se trata daquilo que é bom, abençoador, agradável.
Mas não é só isto. Estamos falando revestidos de autoridade, porque o próprio Senhor Jesus é quem nos tem enviado a anunciar a sua graça. O apostolo Paulo comentou este princípio na 2ª carta aos Coríntios, quando se referiu ao seu ministério:
     2ª Co 5:19-20
19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.20 De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.
Uma vez que somos enviados por Cristo, é como se ele falasse por nosso intermédio, através dos nossos lábios. A segunda razão está no v. 20 – Visto que não sois vós os que falais, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós.
Então não somos representantes do Senhor apenas por que fomos delegados para isto, mas também porque o próprio Espírito do Pai está em nós, e nos dá capacidade, iluminação espiritual para que testemunhemos.
Veja o testemunho que a Bíblia nos dá sobre o impacto que os primeiros cristãos exerceram sobre a sua geração:
At 4:12, 13
12 E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.13 Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus.
Aqui é Pedro quem está falando de Jesus, diante das autoridades judaicas. Que força moral João e Pedro haviam adquirido. Pois falavam do Senhor com ousadia.Não eram homens cultos, não usavam linguagem erudita, mas causaram admiração por causa de sua coragem. E ficou evidente a todos que eles haviam estado com Jesus. E aqui há um segredo para o nosso testemunho. Estar com Jesus. Não descuidarmos de nossa vida devocional. Não descuidarmos de buscar a Deus.
At 4:31
Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus.
Neste trecho Deus nos conta que não só Pedro e João testemunhavam com ousadia, mas também toda a igreja. Estas pessoas, em sua maioria, foram convertidas no dia do pentecoste, quando da primeira pregação de Pedro. Não haviam conhecido a Jesus pessoalmente. Mas buscaram a Deus em oração, e a mesma ousadia que havia em Pedro e João, eles receberam também, a fim de anunciar a Jesus.
3. Quando nós andamos assim, à altura da nossa vocação, somos instrumentos de bênção na terra.
Quem recebe um mensageiro de Deus, por ser um mensageiro de Deus, receberá a mesma recompensa que um mensageiro. Quem recebe o mais pequenino, mesmo que seja com um copo de água fria (um pequeno gesto de ajuda, de consideração, por ser um crente em Jesus), receberá galardão por causa disto.
Você se lembra de Obadias, o mordomo? E de Baruque, o secretário? São nomes esquecidos da maioria de nós.
Mas o livro dos Reis nos conta que nos tempos de perseguição contra os profetas do Senhor pela rainha Jezabel, Obadias, mordomo do palácio real, que temia muito a Deus, tomou cem profetas do Senhor e os escondeu em cavernas, e ali os sustentava com pão e água, para livrá-los[5].
E em Jeremias lemos que Baruque, para muitos de nós, um “ilustre desconhecido”, pacientemente escrevia tudo quanto o profeta ditava. Em meio a uma geração má, a única pessoa que servia ao profeta Jeremias era Baruque.[6]
Eu acho isto lindo: não são todas as pessoas que ocupam lugar de notoriedade no meio do povo de Deus. Não são todos pregadores, não são todos presbíteros, ou diáconos, e coisas assim, mas todos serão recompensados pela graça de Deus, de igual forma.
Uma igreja que cuida bem de seu pastor, que o ajuda em seu ministério, por ser ele um mensageiro de Deus, receberá na eternidade a mesma recompensa que o seu pastor receberá. Isto é maravilhoso. A pessoa mais pequenina terá um grande galardão, se tão somente ela receber aos enviados de Deus tal como eles são. Se você pratica o bem para alguém, por ser esse alguém uma pessoa de Deus, está fazendo isto para Deus, e será recompensado grandemente.
No dia em que Jesus voltar, muitos ouvirão dele: Vinde, benditos de meu Pai. Estive com fome, e me destes de comer, com sede, e me destes de beber, nu, e me vestistes, preso, e me visitastes. Cada vez que fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.[7]
Assim sendo, cada um de nós, por ser um representante de Cristo, tem um efeito abençoador na vida daqueles que receberem o testemunho de Deus por nosso intermédio. Estamos sendo usados para dar a eles a bênção da recompensa eterna.
Conclusão
Meu irmãozinho, minha irmãzinha: você entende a importância que a sua vida tem aos olhos de Deus, onde quer que você esteja? Ali no colégio ou faculdade onde você estuda, você é um embaixador de Jesus Cristo. Ali na empresa em que você trabalha, ali na rua ou no prédio onde você mora.
Quando as pessoas olham para você, estão olhando para aquela “pessoa comum”, que trabalha, estuda, tem uma família, sai para passear, gosta de música, gosta de brincar; mas também estão olhando para um filho de Deus, um cidadão do céu, que ama as coisas eternas, que vive para Deus, que é um representante de Deus no mundo.
Isto não aquece o teu coração? Não te enche de alegria a ideia de que a sua vida, por pequenino que seja você, faz diferença para a eternidade? Quando você pensa na alta importância que a tua vida tem nos planos de Deus, isto não te enche de motivação para testemunhar de Jesus?
Aplicação
Por isto eu gostaria de encorajá-lo
1. A estar com Jesus todos os dias
Vimos, no texto de At 4:13, o impacto que o estar com Jesus causou na vida de Pedro e João.  Nós não podemos estar com Jesus fisicamente, mas podemos estar em sua presença através do nosso culto particular.
“Falar de Jesus ao homem contemporâneo” não é privilégio apenas dos sábios, letrados e cultos, mas de todos aqueles que andam com o Senhor.
Assim sendo, separe tempo para estar com Deus diariamente, através da oração, do louvor, da meditação na Palavra.
Isto faz toda a diferença em nossa vida. Pois a boca fala do que o coração está cheio.
2. Também desejo encorajá-lo a se santificar
E aqui eu quero me voltar para o exemplo de nosso Senhor e Mestre. Para ser bênção na vida de seus discípulos, ele mesmo se santificou.
Jo 17:19
E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade.
Jesus, em favor dos seus discípulos, consagrou-se inteiramente, entregou-se completamente nas mãos do Pai.
Acho que isto é uma coisa que precisa ser dita: existe uma diferença enorme entre ser “santo” e ser um “santarrão”. O que é um “santarrão”? É o individuo muito religioso que se entende como melhor do que os outros. É o que não faz isto, não faz aquilo, que faz esta obra, que faz aquela, e que por causa disto é melhor. Então os demais não estão à altura dele. Não existem cristãos que estão à altura dele.
Ser santo, segundo a Bíblia, é ser consagrado a Deus, é ter um coração cheio de amor para com o próximo, e viver de modo justo por amor. Jesus “era” santo, motivado pelo amor. E qual é o resultado de uma vida de santidade em amor? Bênção para os que estiverem perto.
Irmãos, por amor a Deus, por amor à igreja, por amor ao mundo, busquemos uma vida santa. Nada é mais danoso às almas dos homens do que um crente que ama os prazeres do mundo, que pensa como o mundo, que vive como o mundo. Nada é mais abençoador do que crentes que vivem vidas santas, caracterizadas pela justiça e pelo amor.  “Seja uma bênção”.
3. E quero encorajá-lo a falar de Jesus
Não precisamos insistir no fato de que falar de Jesus é a consequência natural de estar com ele, de se santificar, de amar ao próximo. Falar de Jesus é inevitável. É o desejo e o prazer do coração crente.
Então fale que Jesus te salvou. Fale que Jesus é Deus que se fez carne, que morreu na cruz pelos nossos pecados. Fale que Jesus voltará para buscar ao seu povo. Diga que Jesus salva a todo aquele que crer. Chame as pessoas para ouvir a Palavra. Se Jesus morreu para todo aquele que crer, cada ser humano merece ouvir esta mensagem.


[1] Mensagem pregada em 3 de fevereiro: “O Supremo Pastor envia pastores” – Mt 10:1-15
[2] Mt 25:14 e segs.
[3] 1ª Co 12-14
[4] At 2:17, 18
[5] 1º Rs 18:3-5
[6] Jr 32; 36; 43; 45
[7] Mt 25:40

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