Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Jacó e Raquel - Gn 20:20


Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 29 de novembro de 2009
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler Gênesis 29:14-30
14 Disse Labão a Jacó: De fato, és meu osso e minha carne. E Jacó, pelo espaço de um mês, permaneceu com ele. 15 Depois, disse Labão a Jacó: Acaso, por seres meu parente, irás servir-me de graça? Dize-me, qual será o teu salário? 16 Ora, Labão tinha duas filhas: Lia, a mais velha, e Raquel, a mais moça. 17 Lia tinha os olhos baços, porém Raquel era formosa de porte e de semblante. 18 Jacó amava a Raquel e disse: Sete anos te servirei por tua filha mais moça, Raquel. 19 Respondeu Labão: Melhor é que eu ta dê, em vez de dá-la a outro homem; fica, pois, comigo. 20 Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava.
21 Disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, pois já venceu o prazo, para que me case com ela. 22 Reuniu, pois, Labão todos os homens do lugar e deu um banquete. 23 À noite, conduziu a Lia, sua filha, e a entregou a Jacó. E coabitaram. 24 (Para serva de Lia, sua filha, deu Labão Zilpa, sua serva.)
25 Ao amanhecer, viu que era Lia. Por isso, disse Jacó a Labão: Que é isso que me fizeste? Não te servi eu por amor a Raquel? Por que, pois, me enganaste? 26 Respondeu Labão: Não se faz assim em nossa terra, dar-se a mais nova antes da primogênita. 27 Decorrida a semana desta, dar-te-emos também a outra, pelo trabalho de mais sete anos que ainda me servirás. 28 Concordou Jacó, e se passou a semana desta; então, Labão lhe deu por mulher Raquel, sua filha. 29 (Para serva de Raquel, sua filha, deu Labão a sua serva Bila.)  30 E coabitaram. Mas Jacó amava mais a Raquel do que a Lia; e continuou servindo a Labão por outros sete anos.
O texto que lemos conta uma história de amor muito bonita e enriquecedora para nossas almas: a história do amor de Jacó, por sua esposa Raquel.
Jacó havia saído da casa de seus pais em Canaã e viajara para Harã, onde ficava a casa de seu tio por parte de mãe, Labão, a quem ele não conhecia. Passou a morar com ele e a servi-lo. Um mês depois seu tio lhe disse: “Olha, você já está morando conosco há um tempo. Não é justo que você fique trabalhando de graça para mim. Quanto você quer ganhar”?
Jacó não precisou pensar muito para responder. Pois a primeira pessoa da família a quem ele conhecera quando chegou às terras do tio foi Raquel, a filha mais nova de Labão. Raquel era uma linda pastora das ovelhas de seu pai, e Jacó se encantara com ela.
Então quando Labão perguntou: “Qual será o teu salário?”, a resposta foi imediata: “Sete anos te servirei por tua filha mais moça, Raquel”.
“Negócio fechado”.
Sete anos depois Jacó disse a Labão: “Dá-me minha mulher, pois já venceu o prazo, para que eu me case com ela”. E Labão respondeu: “Tudo bem!...”.
E convidou os habitantes do lugar para um banquete. Depois, durante a noite, conduziu sua filha até à tenda de Jacó. O novo casal teve relações sexuais e assim o casamento foi consumado. Mas no dia seguinte Jacó descobriu que havia sido enganado, pois seu tio havia lhe entregado, não a Raquel, mas a Lia, sua filha mais velha. E perguntando a Labão porque ele fez aquilo recebeu uma explicação ardilosa: “É quem em nossa terra não temos o costume de dar primeiro a filha mais nova em casamento; tem que ser a mais velha; mas se você prometer que irá trabalhar para mim mais sete anos, depois que se passar a semana de ‘lua de mel’ com Lia eu também te deixo casar com Raquel”.
Labão não poderia ter falado isto desde o começo? Mas Jacó amava tanto a Raquel que concordou, e trabalhou mais sete anos por ela. E no meio desta situação, a pobre Lia. Mas o Senhor não se esqueceu dela e a abençoou muito.
Mas para a nossa meditação, eu gostaria de destacar os vs. 20 e 21:
“Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava. Disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, pois já venceu o prazo, para que me case com ela”.
Lembremo-nos de quem está aqui descrevendo o amor que Jacó tinha por Raquel é o Espírito Santo, e ele diz: “Jacó amava Raquel; amava demais; tanto que ele fez estas coisas”.
O amor de Jacó por Raquel era uma amor verdadeiro, duradouro, que nos inspira à imitação. Inspira a nós, os que somos casados. E também inspira aos que são solteiros e desejam amar e ser amados.
O que podemos aprender aqui?
1. Quando existe amor, também existe comprometimento, responsabilidade
O amor nos torna responsáveis. O amor nos torna comprometidos.
“Te servirei por Raquel durante sete anos”.
E depois, quando o prazo termina: “Pronto. Agora me entregue sua filha, pois eu quero me casar com ela”.
Em todas as áreas de nossa vida o amor faz de nós pessoas mais responsáveis. Quando trabalhamos com amor, trabalhamos com mais responsabilidade. O amor também nos torna mais comprometidos e responsáveis com nossos filhos. O amor nos torna comprometidos com nossos amigos. O amor nos torna mais comprometidos com a igreja. Nos torna comprometidos com Deus.
O amor leva a compromissos, leva à responsabilidade. Nós vemos isto exemplificado no comportamento de nosso Senhor Jesus Cristo. É por causa do amor que ele tem por nós que veio ao mundo, deu a sua vida na cruz, morrendo pelos nossos pecados, e mediante a cruz fez conosco uma aliança de sangue.
E tanto o Antigo quanto o Novo Testamento, para descrever esta aliança de amor que Deus tem conosco, recorrem ao casamento para falar deste amor. A volta de Cristo no dia do juízo do mundo será também a volta de Cristo para o casamento com sua igreja, numa união eterna.
Quem ama quer se casar com a pessoa amada. Se um rapaz ama uma moça, ele não quer “ficar” com ela. Se um rapaz quer “ficar” com uma moça, mas não quer namorar, ele não a ama. Se ele quer namorar mas não quer casar, ele não a ama.
Pois se um rapaz ama uma moça, ele quer compromisso com ela. Se um rapaz ama uma moça, ele quer se casar com ela Então ele se prepara para o casamento, ele trabalha, ele assume o compromisso e toma atitudes segundo as suas intenções.
Foi o que fez Jacó: primeiro, ele falou com o pai de Raquel; segundo, ele trabalhou para poder se casar; terceiro, ele se casou.
Agora, já reparou que vivemos numa época em que as pessoas muitas vezes pensam em namorar mas não pensam em casar? E que muitas vezes pensam em casar mas não pensam em trabalhar?
Mas entre o povo de Deus, que se orienta pelos bons exemplos da Bíblia, casamento é coisa séria. Quando eu pedi para namorar a Terezinha, o meu sogro começou a me apresentar como noivo dela. E eu me orgulhava tanto disto, pois significa que eu estava altamente comprometido com a Tequinha.
2. Quando existe amor, nenhum esforço é grande demais
Vamos ler novamente o texto?
“Assim, por amor a Raquel, serviu Jacó sete anos; e estes lhe pareceram como poucos dias, pelo muito que a amava. Disse Jacó a Labão: Dá-me minha mulher, pois já venceu o prazo, para que me case com ela.”
Agora o v. 30
“E coabitaram. Mas Jacó amava mais a Raquel do que a Lia; e continuou servindo a Labão por outros sete anos.”
Há dois fatos que podemos notar nestes versículos: um deles é a situação terrivelmente injusta que tanto Jacó quanto Lia vivenciaram pelo resto da vida: eles estavam casados por que Labão enganara a Jacó. Mas Jacó não se separou de Lia, porque casamento é coisa séria.
A Bíblia não nos ensina que se você não ama ao seu cônjuge deve se separar dele, mas sim que, se você não ama, com a ajuda do Espírito de Deus você pode aprender a amá-lo.
Tt 2:3-5
3 Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, 4 a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, 5 a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada.
Quer dizer, o amor é uma atitude que deve ser aprendida. Usar a mente, e em seguida conduzir o coração de acordo com a mente, e conduzir o comportamento.
E Deus honrou a fidelidade deles dando muitos filhos a Lia.
Mas o outro fato que desejamos destacar é a amor sacrificial de Jacó por Raquel. Ele trabalhou por ela sete anos; sete anos que foram para ele como poucos dias. E quando se viu enganado, trabalhou mais sete. Pois quando existe amor, nenhum sacrifício é grande demais.
Me faz pensar numa outra história de amor. O amor de um homem pelo seu Deus:
2º Sm 24:24 e 25
24 Porém o rei disse a Araúna: Não, mas eu to comprarei pelo devido preço, porque não oferecerei ao SENHOR, meu Deus, holocaustos que não me custem nada. Assim, Davi comprou a eira e pelos bois pagou cinqüenta siclos de prata. 25 Edificou ali Davi ao SENHOR um altar e apresentou holocaustos e ofertas pacíficas. Assim, o SENHOR se tornou favorável para com a terra, e a praga cessou de sobre Israel.
O Senhor havia revelado que Davi deveria construir-lhe um altar para holocausto num terreno que pertencia a um homem chamado Araúna. Então ele foi até o proprietário para comprar o terreno. E Araúna disse a Davi: “Meu rei, pode tomar para si o que desejar: o terreno, os bois para o sacrifício, o material para o altar. Tudo eu dou ao meu rei”. Mas Davi lhe respondeu: “Não, eu o comprarei pelo devido preço, porque não oferecerei ao Senhor holocaustos que não me custem nada”.
Pagou por tudo e ofereceu seu sacrifício segundo o mandado de Deus. É verdade que às vezes uma pessoa pode ser sacrificar sem amor. Mas por outro lado, quando existe amor, sacrificar é uma coisa natural.
Jesus nos amou tanto que deu sua vida em sacrifício por nós. Quando existe amor, nenhum sacrifício é caro demais. Nenhum sacrifício é grande demais. Aliás, nada é sacrifício: fazer o que é bom, dar-se, entregar-se, dedicar-se, é natural para aquele que ama.
Estou me lembrando de um belo exemplo de amor assim: alguns anos atrás eu visitei o Sr. Messias, que foi um presbítero da 1ª IPC de São Paulo, e que por vários anos trabalhou na Congregação da Vila Santa Maria, que depois veio a ser a Terceira Igreja.
Na ocasião em que o visitei, ele estava afastado da igreja havia mais de dez anos, isto pelo fato de que sua esposa, D. Débora (Debinha, como ele a chamava), adoecera gravemente - uma doença que lhe afetou o cérebro, e ela foi definhando. Ele não saia do lado dela, em todo o tempo - ali ele continuava a servir ao Senhor: orando, estudando, escrevendo. Quanto carinho e cuidado ele demonstrava por ela. Quanta dedicação. Não tinha tempo para mais ninguém.
Eu vi nele um exemplo do tipo de amor que a Bíblia diz que os maridos devem ter por suas esposas - um amor semelhante ao de Cristo pela sua igreja. Um amor assim não acontece tão simplesmente! Nasceu da resolução íntima de um jovem marido que havia determinado, muitos anos antes, viver sob os princípios de Deus referentes a quão dedicado um homem deve ser ao amar sua esposa.
3. Quando existe amor, nenhuma espera é longa demais
O Samuel e a Rute, meu genro e filhinha queridos, precisaram esperar dez anos.
O amor é paciente. Tudo sofre, tudo espera, tudo suporta. O amor não falha. Jacó esperou paciente e perseverantemente aqueles sete anos. E depois mais sete dias. E depois trabalhou mais sete anos. E sabe por que ele esperou tanto? Porque a amava.
Nos dias de hoje, às vezes eu ouço os comentários de pessoas que não esperam o casamento para terem relações sexuais. Alguns dizem que precisam ter relações antes do casamento para saberem se realmente se amam, e só assim se casar com segurança – em outras palavras, isto só está revelando a falta de amor, e este é o caminho errado para saber se ele existe, pois o amor faz ao contrário: ele tem certeza, e sabe esperar. Outros dizem que se amam tanto que não dá para esperar até o casamento; então passam a ter relações antes mesmo: mas o Espírito Santo nos diz que esta pressa, esta impaciência, esta precipitação, não é amor, ao contrário, é egoísmo, é desrespeito.
Pv 19:2
“Não é bom proceder sem refletir, e peca que é precipitado”.
“Calma: o que é de Deus permanece”. O amor espera. O amor espera antes do casamento, espera sabendo que existe tempo para tudo. O amor também espera depois do casamento, pois se já não precisa esperar para a intimidade, precisa esperar em muitas outras circunstâncias que a vida oferece.
O amor espera quando do nascimento dos filhos. Espera o crescimento dos filhos. Espera o crescimento interior do cônjuge (e de si mesmo); a maturidade da relação; os frutos de uma vida em comum. O amor espera quando o cônjuge comete suas falhas, espera o agir de Deus.
Em qualquer lugar, em qualquer relação, em qualquer contexto, o amor espera. Espera a hora certa para todas as coisas, espera o tempo que for necessário. Pois só quando se sabe esperar é que se sabe também aproveitar cada momento que Deus concede.
Conclusão e aplicação
Há muitas coisas mais que o Espírito Santo nos ensina sobre o amor. Mas aqui com Jacó nós aprendemos sobre estas três doces características: o amor se compromete; o amor se entrega; o amor é esperançoso. Em cada uma delas nós aprendemos para que nos tornemos cônjuges melhores, pais e filhos e irmãos mais maduros.
Mas acima de tudo, quando olhamos para o Senhor, conforme ele se revela em sua Palavra, aprendemos que o nosso Pai celeste é assim para conosco. Nossos relacionamentos, especialmente o relacionamento familiar, existem para ser reflexos do amor de Deus. Quando os vivenciamos assim, isto nos trás grande alegria, e glória ao nome do Senhor.

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