Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 30 de junho de 2013

Os escribas de Jesus - Mt 13:47-52

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 30 de junho de 2013
Pr. Plínio Fernandes
Amados irmãos, vamos ler Mateus 13:47-52
47 O reino dos céus é ainda semelhante a uma rede que, lançada ao mar, recolhe peixes de toda espécie. 48 E, quando já está cheia, os pescadores arrastam-na para a praia e, assentados, escolhem os bons para os cestos e os ruins deitam fora. 49 Assim será na consumação do século: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, 50 e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes. 51 Entendestes todas estas coisas? Responderam-lhe: Sim! 52 Então, lhes disse: Por isso, todo escriba versado no reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu depósito coisas novas e coisas velhas.
Nos vs. 47-50, nós temos a última desta série de sete parábolas de Jesus, a respeito do reino dos céus.
Ele se utiliza de mais um evento da vida diária dos seus discípulos: eles sabiam bem o que era uma pescaria de arrastão. Vários homens posicionavam uma grande rede, erguida como uma parede submersa no mar,e depois viam trazendo até à praia, e arrastando nela uma quantia enorme de peixes.
Mas para os judeus haviam peixes considerados impuros, isto é, impróprios para comer, e outros, considerados puros.[1] Por exemplo, se eles pescassem um “peixe-gato”, ou um bagre, não poderiam ser comidos; se pescassem tilápias, ou sardinhas, poderiam.
Então, depois que arrastavam uma quantia enorme de peixes, assentavam-se na praia e ficavam separando os peixes bons dos maus. Os bons seriam recolhidos em cestas, e os outros seriam jogados fora.
“Assim será no final desta era”, disse Jesus: “os anjos de Deus virão e irão separar os homens uns dos outros. Irão separar os maus dos justos, e os maus serão lançados na fornalha acesa. Então haverá choro e ranger de dentes”.
Então Jesus pergunta: “Vocês entenderam isto?” (v. 51)
E eles responderam: “Sim” (v. 51).
Vejam que houve progresso no entendimento deles, assim como em qualquer assunto uma pessoa pode progredir: no v. 10 nós lemos que discípulos não sabiam nem porque Jesus ensinava por parábolas. Depois, do v. 18 em diante, Jesus passa a explicar para eles o significado da parábola do semeador. No v. 36, eles pedem que Jesus explique a do joio e do trigo. Mas agora, no v. 51, depois destas últimas parábolas, eles dizem ao Senhor que já as entendem com maior clareza.
Queridos, há várias semanas que em nossos cultos, temos meditado nestas parábolas de nosso Senhor. Ainda que de modo retórico, pois penso conhecer a resposta, eu quero perguntar a vocês: “Vocês entendem esta última parábola de Jesus”? E se você entende, então veja o que Jesus respondeu a eles, diante de sua resposta afirmativa (v. 52):
Então, lhes disse: Por isso, todo escriba versado no reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu depósito coisas novas e coisas velhas.
Aqui Jesus está usando uma palavra antiga, mas que era nova em relação aos discípulos: “escriba”. Os discípulos estavam se tornando versados, isto é, pessoas entendidas nas coisas do reino dos céus, e seriam os seus novos escribas.
Porque digo que está falando deles? Porque eles é que seriam os mestres, os intérpretes do reino dos céus. Tempos mais tarde, Jesus iria dizer isto ainda mais explicitamente:
Mt 23:34
Por isso, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas. A uns matareis e crucificareis; a outros açoitareis nas vossas sinagogas e perseguireis de cidade em cidade.
E para dizer como eles deveriam pensar sobre si mesmos, Jesus conta mais uma parábola: um escriba versado no reino dos céus é como um pai que tem um solene dever: providenciar o que é necessário para a família; então ele tem uma despensa onde guarda as provisões, e na hora certa ele tira o que for necessário para dar aos seus.
Meu querido irmão, você, que tem recebido a Palavra de Jesus; você entende as coisas que o Senhor tem lhe ensinado? Então você também tem este mesmo dever. Eu gostaria de destacar três características de um escriba de Jesus
1 . É uma pessoa que entesoura coisas do reino de Deus
Jesus diz que é como um pai de família que tira coisas do seu depósito. As versões ARC e NVI trazem “tesouro”, transliterando a palavra usada no texto grego. Tesouro significa aquilo que é depositado, aquilo que é guardado, e também o lugar onde é guardado.
Toda casa, por mais humilde que seja, tem um lugar onde as provisões para a família: algumas têm um cômodo em separado, algumas um lugar na cozinha, outras, algum lugar no armário da cozinha, mas sempre há um lugar onde os alimentos são colocados para serem retirados dali na hora certa para cada coisa.
Eu tenho uma lembrança muito forte de quando era menino, na casa do meu avô: “de vez em quando” toda a família ia fazer compras no mercado, e eram feitas de modo diferente das que fazemos agora. Ele comprava sacas de arroz, com sessenta quilos cada uma. Sacas de feijão, de açúcar, galões de óleo, banha de porco, carne salgada, carne para conservar dentro da banha, latas de manteiga e muitas outras coisas. Então, depois de devidamente tratado e acondicionado, tudo aquilo era estocado na despensa, e na medida em que se fazia necessário, aquelas coisas iam sendo retiradas dali.
Assim também aquele que entende as coisas de Deus. Ele tem o dever de armazenar estas coisas.  E onde as armazena?
Lc 6:45
O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.
O homem bom, aquele que se prepara para o dia em que “o grande arrastão do céu” virá sobre a terra, é aquele que no seu coração entesoura o que é bom, as coisas de Deus. Ele ajunta as coisas do céu dentro de si, para que depois tenha o que repartir.
Amados, vocês têm entendido as coisas do reino? Tem aprendido o que Jesus está ensinando? Então vocês têm um dever diante de Deus – aumentar cada vez mais aquilo que o Senhor lhes tem transmitido.
Eu quero citar a vocês 2ª Pe 3:18. Mas para entender o contexto, vamos ler desde o v. 15.
15 e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, 16 ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles. 17 Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza; 18 antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno.
Pedro nos diz que devemos crescer na graça e no conhecimento de Deus. Mas antes nos ensina que para isto nós não podemos distorcer, nem seguir a certas pessoas que, não concordando com as Escrituras, distorcem o que elas estão dizendo. Se distorcermos o que as Escrituras nos ensinam, se procurarmos torná-las mais “degustáveis ao nosso paladar carnal”, ou de quem quer que seja, isto arruína nossa vida espiritual.
De outro modo: o acúmulo do bom tesouro em nosso coração, o crescimento nas coisas do reino dos céus, nós o promovemos guardando as Escrituras dentro de nós, tal como elas são.
A tua Palavra escondi, guardada no meu coração, para eu não pecar contra ti (Sl 119:11).
Deus nos ensina muitas coisas em sua Palavra, a fim de que o conheçamos, que conheçamos sua vontade, que andemos em seus caminhos:
2ª Tm 3:15-17
15 e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. 16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.
Ser e fazer: a Palavra de Deus nos capacita a ser, interiormente, o que ele deseja, e nos ensina a fazer o que ele deseja. Ela nos ensina, e mais do que isso, ela realiza em nós a santificação, sem a qual ninguém verá a Jesus[2].
2. O escriba de Jesus é também uma pessoa que dispensa, isto é, distribui as coisas do reino de Deus
É como um pai de família que entesoura, e dali tira coisas novas e velhas, conforme a necessidade. Naturalmente que o pai de família não estoca os alimentos e depois os deixar apodrecer na despensa. Ele também não os distribui de uma vez por todas, porque não podem ser comidos assim, e também porque precisa fazer provisão para o futuro. Os alimentos são guardados para serem distribuídos na hora certa.
Assim também os escribas de Jesus tem este duplo dever em relação ao dispensar as coisas do reino.
2.1 – Dispensar coisas novas e velhas
O que isto significa? Penso que os discípulos entenderam, e nos deram bons exemplos. Quero citar João
1ª Jo 2:7, 8
7 Amados, não vos escrevo mandamento novo, senão mandamento antigo, o qual, desde o princípio, tivestes. Esse mandamento antigo é a palavra que ouvistes.8 Todavia, vos escrevo novo mandamento, aquilo que é verdadeiro nele e em vós, porque as trevas se vão dissipando, e a verdadeira luz já brilha.
Se você observar o contexto, verá que o mandamento ao qual ele se refere é o de nos amarmos uns aos outros, assim como Jesus nos amou. Não é um mandamento novo, pois Jesus já havia dado este mandamento.
Mas em certo sentido é um mandamento novo, porque ele se renova a cada dia em nossa vida: a cada dia, em nossa vida como igreja, como famílias, como cidadãos do mundo, recebemos novamente este mandamento da parte de Deus – é uma coisa dinâmica. A cada dia temos novas circunstâncias, novas situações, conhecemos novas pessoas, e devemos descobrir novos caminhos e novas maneiras de cumprir o velho mandamento de amar assim como Deus nos ama.
E quando João dá este “novo mandamento”, ele nada mais está fazendo do que renovar o mandamento de Jesus
Jo 13:34
Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.
Mas quando Jesus diz que devemos nos amar uns aos outros desta maneira, nada mais está fazendo do que repetir o mandamento do Senhor a Israel, que deveria amar ao estrangeiro porque ele mesmo, Israel, era amado por Deus; Deus que também amava o estrangeiro, o órfão e a viúva (Dt 10:12-19). Assim, tudo o que é de Deus, há um certo sentido em que não é novo: os princípios de Deus não são novos.
Mas noutro sentido, tudo o que é Deus se renova a cada dia. Os princípios de Deus são aplicados em novos contextos, novas situações, novas culturas, em corações que sempre são renovados.
E também de novas maneiras: quem diria, mil anos atrás, que chegaria o tempo em que cada pessoa poderia ter uma Bíblia na mão? Mas alguém inventou a imprensa e o mundo mudou. Bíblias impressas, livros, folhetos – mesmo as pessoas mais humildes podem distribuir.
Quem diria, cem anos atrás, que chegaria um tempo em que cada casa teria um computador? E internet? Mas hoje temos tantas coisas novas, tantos jeitos novos de anunciar o reino de Deus. Você pode fazer tantos seguidores de Jesus no “Twitter”, no “Facebook”, e muitas outras coisas.
2.2 – Dispensar com fidelidade
1ª Co 4:1, 2 (v. 3)
1Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus. 2 Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel.3 Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo. 4 Porque de nada me argui a consciência; contudo, nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor.
Havia pessoas em Corinto que julgavam Paulo como um falso apóstolo, pois ele não tinha a eloquência e a aparência de alguns “super-apóstolos”. Paulo diz duas ou três coisas muito importantes: uma delas é que era muito importante que os homens entendessem que ele era um ministro de Deus (e não de si mesmo). Isto era necessário por ser a verdade. Importante para a vida espiritual dos coríntios, para que o ministério de Paulo fosse eficaz em suas vidas. Outra, é que quando ele se examinava a si mesmo, sua consciência estava limpa, pois ele não fazia da Palavra de Deus um meio de autopromoção. Outra, é que o que Deus requer é que o despenseiro seja fiel, e não que seja bem visto por seus dotes. O que desejo dizer é que o alvo do pregador do Evangelho não é ser admirado, mas de apresentar a Jesus com fidelidade, para que as pessoas conheçam e admirem a Jesus.
A salvação das almas é uma coisa séria demais, e é com isto que o evangelista precisa se preocupar. Escriba de Jesus, se você tiver sempre estas coisas em mente, será um servo fiel do Senhor.
3. É uma pessoa que tem um solene senso de dever
O dever de um pai de família é distribuir a provisão para o sustento dos seus. O escriba de Jesus tem o dever de dispensar o reino dos céus.
Muitos cientistas, muitos ateus, muitos intelectuais de plantão dizem que não haverá um fim do mundo conforme a Bíblia diz. Dizem que Jesus estava errado.
Mas nós cremos diferente: A fé é a certeza das coisas que se espera, convicção de fatos não se veem[3].
Jesus disse que ele voltará com seus anjos, e todos os homens serão julgados. Como os peixes impuros eram separados dos puros, os maus serão separados dos bons, os justos dos injustos.
Eu sei que a imagem é desconfortável (é horrível a ideia de se sentir como um peixe na rede), mas o dia do “grande arrastão celestial” está chegando, e todos os homens serão levados à presença de Cristo: os grandes e pequenos; os ricos e os pobres; jovens e velhos. Sem distinção de sexo.
Diante disto, nosso dever é duplamente solene:
3.1 – Cuidar de nós mesmos
1ª Co 9:24-27
24 Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. 25 Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. 26 Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. 27 Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.
Não nos enganemos, meus irmãos: sem santificação ninguém verá o Senhor. Fora ficarão os mentirosos, os ladrões, os adúlteros, os impuros, os feiticeiros. Fora ficará todo aquele que não tiver sido lavado com o sangue de Jesus
3.2 – Preocuparmo-nos com os que não conhecem a Deus
Pois se, sem santificação ninguém verá o Senhor, sem receber a Jesus no coração não há como ser santificado. A santificação tem início quando uma pessoa crê em Jesus, quando sua alma é regenerada, quando, usando as palavras dele, essa pessoa “nasce de novo”, espiritualmente, por meio da fé. Mas a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Cristo[4].
Conclusão e aplicação
Amado, você entende estas coisas? Você crê nestas coisas?
2ª Tm 2:2
1 Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus. 2 E o que de minha parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros.
Você sabe que estas palavras de Paulo a Timóteo são mais do que dirigidas a ele: são palavras que o Espírito Santo diz a todos os seus filhos.
Fortifique-se pois o teu coração, e dispense os tesouros de Deus.



[1] Lv 11:9-12
[2] Jo 17:17;  Hb 12:14
[3] Hb 11:1
[4] Rm 10:17

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Autoridade sem igual - Mt 7:28, 29

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 9 de setembro de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Meus irmãos, vamos ler Mateus 7:28, 29
28 Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; 29 porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
Nós cantamos um hino que diz assim: “Em Jesus amigo temos, mais chegado que um irmão”.
Este conceito, de Jesus como nosso amigo, não é apenas uma opinião humana, mas uma verdade bíblica maravilhosa, confortadora, e uma realidade da qual tem o direito de desfrutar todo aquele que confia que Jesus morreu e ressuscitou em seu lugar, pelos seus pecados. Pois Jesus mesmo disse que “ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos” (Jo 15:13).
Aqueles que confiam em Jesus, que confiam no perdão de Deus que nos é dado através da morte de Jesus Cristo na cruz, têm paz com Deus, vivem com Deus um relacionamento de amor, e tendo Jesus como o maior de todos os amigos. Para eles, todas as coisas são boas, pois trabalham juntamente para o seu bem; ou melhor: Deus trabalha em todas as coisas, em todas as circunstâncias e acontecimentos, fazendo que eles se tornem coisas edificantes em sua vida espiritual.
De maneira semelhante, a Escritura também nos ensina que em Jesus nós temos, por assim dizer, “um irmão mais velho, mais maduro”, ou para ser mais preciso, Jesus é o “primogênito – aquele que tem a supremacia – entre muitos irmãos”.
Por exemplo, em João 20:17, depois de sua ressurreição, Jesus diz a Maria Madalena:
“Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus”.
Em Hebreus 2:11 o Espírito Santo diz que Jesus não se envergonha de nos chamar irmãos. E em Romanos 8:29 a Bíblia também diz que nós, os que fomos chamados segundo os decretos de Deus, fomos predestinados a ser conformes à imagem de Jesus, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Jesus, de acordo com a Bíblia, é nosso amigo, e nosso irmão. São coisas maravilhosas.
Outra verdade surpreendentemente confortadora é que Jesus, nosso amigo e nosso irmão, também é para nós um sumo-sacerdote eterno diante de Deus Pai. A Bíblia diz que nós somos pecadores, e por causa de nossos pecados estávamos afastados da presença santa de Deus. Que o salário do pecado é a morte; que em vez de bênçãos, éramos merecedores da ira de Deus. Mas Deus nos amou tanto que a Santíssima Trindade estabeleceu uma aliança eterna para a nossa salvação.
Por esta aliança de amor, Jesus veio ao mundo, nos trouxe a Palavra de Deus, ensinou o caminho da salvação, morreu em nosso lugar, sofreu em si mesmo o castigo que era nosso, e desta forma satisfez a justiça divina. Por esta aliança de amor, Deus Pai aceitou o sacrifício de Jesus em nosso favor. E também por esta aliança de amor, o Espírito Santo nos purificou a alma, nos regenerou, nos deu fé em Jesus, veio habitar em nosso coração e a cada dia de nossa vida está nos conduzindo para que conheçamos a Deus, e nos preparemos para estar com ele não somente aqui, mas na eternidade. E por esta aliança Jesus e o Espírito Santo estão continuamente diante do Pai a interceder em nosso favor. Uma intercessão que Deus Pai prazerosamente aceita e atende.
Então Jesus é nosso amigo eterno, nosso irmão eterno, e nosso profeta supremo e nosso eterno sumo-sacerdote.
Mas estas coisas todas não são tudo o que Jesus é para nós. Ele é tudo isto e muito mais.
No texto que lemos hoje Mateus comenta a reação que não somente os discípulos aos quais ele se dirigia primariamente, mas também a multidão que se aproximou para ouvi-lo, tiveram diante do que Jesus acabara de ensinar.
Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.
Eles ficaram profundamente impressionados; porque Jesus não era apenas mais um rabi, um mestre judeu. Jesus era O Mestre; alguém que falava com uma autoridade inigualável.
Ora, quando o Espírito Santo registra este fato, certamente não está nos dizendo que Jesus apenas parecia ter autoridade, como um orador experiente, bem articulado, que usava palavras cuidadosamente estudadas, com o propósito de causar impacto em seus ouvintes. Não está dizendo que Jesus era mestre na “arte do bem falar”.
Mas está dizendo que Jesus, de fato, tem autoridade, uma autoridade que era percebida por aqueles que o ouviam de boa mente. Uma autoridade que Jesus tem, que o eleva acima de todos os homens. Uma autoridade que tem origem, não em sua simples maneira de falar, mas no conteúdo de todas as verdades que ele fala a respeito de si mesmo. Uma autoridade que, segundo a Bíblia, o coloca na mais alta posição diante dos homens, dos anjos e de todo o universo, que o coloca inclusive, na mais alta posição aos olhos do Pai. Uma autoridade que deve ser alegremente reconhecida e anunciada a cada nova geração, pois ele deu ordens dizendo: “Toda a autoridade me foi dada nos céus e na terra; portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações...” (Mt 28:18, 19).
É o reconhecimento, a fé nesta autoridade de Jesus, em outras palavras, o reconhecimento de Jesus como não somente amigo e irmão, não somente como nosso profeta e sacerdote, mas como Senhor, que nos distingue como cristãos, segundo o ensino da Bíblia. Pois como está escrito:
Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo (Rm 10:9).
Porque é certo reconhecemos a Jesus como aquele que tem toda a autoridade sobre nós?
1. Por causa daquilo que Jesus Cristo é em si mesmo, em sua natureza – ele é Deus
Jesus fala com autoridade porque ele é a autoridade suprema sobre todos os seres do universo.
Já temos visto isto afirmado no Evangelho de Mateus várias vezes. Aprendemos que ele nasceu, ou melhor, foi concebido como um ser humano no ventre da virgem Maria, pelo poder do Espírito Santo. Aprendemos também que, embora formado como um ser humano no devido tempo, no ventre de uma mulher, Jesus é Emanuel, o Deus eterno, o criador de todas as coisas, que veio habitar entre nós. Depois vimos o testemunho do Espírito Santo e da voz do céu, quando Jesus foi batizado.
É de conformidade com estas coisas que o Novo Testamento todo desenvolve o ensino de que Jesus é Deus que se fez homem. João nos diz que Jesus é Deus, o Verbo eterno, o criador do universo, que se fez carne e habitou entre nós. Na carta aos Colossenses Paulo nos ensina que em Jesus foram criadas todas as coisas, as visíveis e as invisíveis, os anjos, os planetas, e tudo o que existe. A carta aos Hebreus nos diz que Jesus é o esplendor da glória de Deus, a expressão exata do seu ser, por meio de quem Deus fez o universo.
Além disto, o Novo testamento também afirma categoricamente que Jesus sustenta todas as coisas que existem pela palavra do seu poder. E que toda a sabedoria humana, toda a capacidade de entendimento, de desenvolvimento científico, artístico, que seja qual for a área para a qual nossa sabedoria é dirigida, ali está Jesus, pois ele é a luz que ilumina a todo o homem que vem ao mundo.
Diante das muitíssimas afirmações que o Espírito Santo nos dá neste sentido, qual deve ser a nossa atitude? A mesma que vemos em Tomé:
Jo 20:27-29
27 E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. 28 Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu! 29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.
Esta conversa reveladora entre Jesus e Tomé aconteceu uma semana depois da ressurreição.  Quando Jesus apareceu pela primeira vez aos discípulos, Tomé não estava entre eles. E quando soube da notícia se recusou a crer que o Senhor havia ressuscitado, e disse que somente creria se visse Jesus vivo, com as marcas dos cravos nas mãos e nos pés. Então Jesus, que é tão cheio de misericórdia para com os seus escolhidos manifestou-se novamente, no domingo seguinte, e desta vez Tomé estava entre eles.
E logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente.
Foi então que aconteceu uma das mais ousadas e verdadeiras declarações de fé que temos registradas na Bíblia: Senhor meu e Deus meu! E para o nosso bem, o Senhor repreendeu a Tomé: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram. Como quem diz: Depois de tudo o que eu já havia ensinado, você ainda precisou ver para crer? Você já devia ser crente, Tomé.
Você, assim como eu, e a maior parte dos crentes de toda a história da igreja, jamais viu a Jesus, jamais tocou em suas mãos e pés. Mas a todos os que não viram, e creram, a todos os que não viram, mas confessam, Senhor meu e Deus meu, Jesus dá a sua bênção. Jesus dá a sua aprovação.
Bem-aventurados aqueles que não viram, e creram.
Reconhecemos a autoridade de Jesus porque ele é o nosso Senhor e Deus.
2. Também reconhecemos a autoridade de Jesus porque ele é o Senhor da Bíblia
Com isto eu quero me referir, hoje, especificamente à Escritura, a lei e os profetas, que nos revelam a vontade de Deus dada no Antigo Testamento, e depois revelada com ainda maior clareza no Novo Testamento.
Em relação a isto, há três fatos nos evangelhos que desejo destacar:
1º - Jesus se apresenta como aquele que nos dá a verdadeira interpretação da lei, o verdadeiro entendimento da vontade de Deus.
Ele se opõe a toda a interpretação errônea de seus contemporâneos nas diversas vezes em que diz aos discípulos: “Ouvistes o que foi dito..., eu porém vos digo...”
Por exemplo, aqui no sermão do monte: Cap. 5:21, 22; 27, 28; 31, 32; 33, 34; 38, 39; 43, 44.
Em todos estes versículos, o que o Senhor está dizendo é:
Os homens têm ensinado assim para vocês, mas eu estou ensinando diferente. Eu estou mostrando qual é o verdadeiro sentido da lei e dos profetas. É a mim que vocês têm que ouvir e obedecer.
2º – Jesus se apresenta como o Senhor da lei.
Aliás, esta revindicação de autoridade sobre a lei foi uma das razões pelas quais os escribas e fariseus tinham tanto ódio de Jesus.  Para eles isto era blasfêmia, era tomar o nome de Deus em vão, e desde cedo o desejavam matar. E de fato, isto seria uma blasfêmia, se Jesus não fosse Deus, se ele fosse apenas um simples homem.
Mateus 12 nos conta um destes episódios. Começa dizendo que em certo tempo, em dia de sábado, Jesus e seus discípulos passavam pelas plantações. Os seus discípulos estavam com fome, começaram a colher espigas e a comer.
E os fariseus, vendo isto, disseram: os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado. Mas Jesus respondeu:
“Vocês não leram o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome?  Como entrou na Casa de Deus, e comeram os pães da proposição, os quais não lhes era lícito comer, nem a ele nem aos que com ele estavam, mas exclusivamente aos sacerdotes? Ou não leram na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, porque trabalham, e ficam sem culpa”?
“E aqui está quem é maior que o templo”!
“Mas vocês não entendem a lei de Deus; não entendem sua vontade, não entendem que tudo o que Deus quer é que sejam misericordiosos, e não fiquem apenas oferecendo holocaustos ritualísticos e sem amor”.
“Por isto ficam condenando gente inocente, que não está pecando”.
E terminou – veja o v. 8:
“Porque o Filho do Homem é senhor do sábado”.
Esta expressão, Filho do Homem, era uma das preferidas de Jesus, referindo-se a si mesmo.  Jesus é maior que o templo, o lugar de maior proeminência em Israel, o lugar da adoração, a casa do Pai. Jesus é Senhor do sábado, isto é, daquilo que diz a lei. É Senhor de tudo o que diz o Antigo Testamento. Ele diz que o Antigo Testamento, com tudo que ordena, com tudo o que ensina, aponta para esta vontade de Deus: misericórdia.
Pois a lei e os profetas revelam um Deus de amor, que nos dá mandamentos para o nosso bem.  Revelam um Deus de misericórdia que, conhecendo a dureza do nosso coração, sabe também que não vamos guardar com perfeição os seus mandamentos de amor, e por isto igualmente, na mesma lei, providencia a expiação, o perdão dos pecados no sangue do Cordeiro, para todo aquele que crê e se arrepende.
Um Deus santo, de justiça, amor, misericórdia, que deseja filhos semelhantes a ele. É por isto que precisamos orar também no sentido de que aprendamos a ler o Antigo Testamento sem legalismos, mas “com os olhos de Jesus”: com olhos na justiça amorosa de Deus, que nos dá mandamentos para que obedeçamos com amor e alegria, e que também nos perdoa pelo sangue da cruz.
O que nos leva a mais um aspecto deste relacionamento entre Jesus e a Bíblia:
3º – Ela é a revelação de Deus. Como Jesus é Deus que se fez homem, a lei e os profetas nos revelam Jesus.
Ele diz isto explicitamente em Lc 24:27:
E, começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras.
Jesus tem autoridade sobre nós, porque ele é o Senhor da Bíblia, o legislador das nossas vidas. Ele é o Senhor da revelação deste Deus de amor.
E isto nos conduz ao nosso terceiro ponto...
3. Jesus tem autoridade em nossa vida por causa do seu grande amor por nós
Já enfatizamos que Jesus é Deus, e por isto ele é o nosso Senhor. Já enfatizamos que ele é também o Senhor da Bíblia; ele nos a Bíblia, ele nos ensina a entender o que ela diz, a conhecê-lo por meio dela, a crer nele e a viver por meio dela.
Agora vamos considerar que tudo ele o faz por causa de seu grande amor por nós, mas principalmente, ele salva nossas almas, por causa do seu grande amor por nós.
Deus é amor, e tudo o que ele faz, é em amor e por amor. Deus ama ao mundo, a toda a humanidade. Ele manifesta este grande amor em obras de bondade, fidelidade, misericórdia, compaixão. E toda a terra está plena destas manifestações de amor.
O sol e a chuva, o homem saindo para o seu trabalho, as plantas e animais, tudo o que existe para o nosso mantimento, a família, a amizade, o sorriso e a risada, as brincadeiras, as nações, a ordem social, as ciências tecnológicas, médicas, naturais, seja qualquer área do conhecimento, as artes, as leis, os governos, tudo o que existe para o nosso bem estar, tudo o que é bom, que nos protege e deleita, todas estas coisas manifestam a sabedoria e a bondade de Deus.
Também por isto todos os seres humanos devem amar e servir a Deus. E por isto tudo também o não se converter a Deus, mas deixar de reconhecê-lo e adorá-lo, torna o homem condenado perante a lei do Senhor.
Mas a suprema manifestação do amor de Deus se encontra na cruz de Jesus Cristo.
Como o Antigo Testamento já ensinava, desde o princípio a vinda de Jesus estava nos planos de Deus para a nossa salvação. Desde o princípio da história humana, a Escritura dizia que o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente. Desde Abraão, o Senhor anunciara que a sua semente seria uma bênção para todas as nações da terra. Desde a lei de Moisés anunciava o Cordeiro de Deus. E passando pelos profetas, anunciava o profeta, o sacerdote e sacrifício, o rei eterno.
E agora, com a sua vinda, tudo quanto havia sido prometido, estava se cumprindo. Como Mateus escreve muitas vezes em seu Evangelho, tudo aconteceu para que se cumprissem as Escrituras. Como disse Paulo, Jesus morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras. E foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Pois o nosso Deus é o Senhor do futuro, que determina tudo quanto há de acontecer.
Jesus morava acima das estrelas do céu.  Estava, por assim dizer, à direita do Pai, face a face com o Pai. Os anjos lhe davam louvores e serviam incessantemente. Ele “não sabia” o que era fome. “Não sabia” o que era sede e cansaço, “não sabia” o que era medo. Mas sabia o que é amor. E do céu nos contemplava, à humanidade, e nos abençoava com tudo o que há de bom nesta vida.
E também nos contemplava em toda a nossa miséria, em todos os nossos pecados, desencontros, tristezas, em todos os nossos males. E desejava nos dar salvação.
Então ele deixou a sua casa, acima das estrelas. E se fez homem; veio nos buscar para a casa do Pai. E aqui, “em carne e osso”, Jesus sentiu fome, e sede, e cansaço. E sofreu tentações. E sentiu os ataques de Satanás. E foi humilhado, ofendido, rejeitado, zombado.
Na véspera de sua crucificação, Jesus sentiu muito medo, e forte tentação para fugir daquela situação. A crucificação era um meio terrível de execução que havia naqueles dias, um castigo destinado aos piores criminosos, como o assassino ou o traidor.
Era um castigo de tortura física e mental até à morte: o homem condenado à cruz, depois de açoitado, deveria carregar a travessa na qual seria pregado, ou amarrado, pelas ruas da cidade até o lugar de execução, ao mesmo tempo em que um arauto, com uma placa na mão, que descrevia o crime do acusado, proclamava o que ele havia feito.
Ali chegando, seria despido, crucificado e abandonado; ninguém poderia ajudá-lo, a não ser com uma mistura de vinho e fel que o entorpeceria um pouco, e alguns dias depois morreria de fome, de dor, sede e insolação.
Jesus morreu numa cruz! De um e do outro lado, estavam crucificados mais dois homens, dois criminosos. No meio Jesus: uma coroa de espinhos ferindo sua cabeça, muito sangue jorrando. Sangue também das muitas chicotadas que ele recebeu nas costas. Sangue e dor: nos cravos nas mãos e nos pés.
O homem crucificado ficava pouco acima do solo, apenas um pouco mais alto que as demais pessoas. Muitos estavam zombando.
E Maria, e João, e outras pessoas que o amavam olhando tudo, sofrendo muito, mas sem poder fazer nada. O chefe dos soldados que crucificou Jesus olha para ele, mas não consegue ver nele crime algum pelo qual ele devesse ser condenado à morte: ninguém na Terra poderia acusar Jesus em verdade. Nem no céu, pois nem aos olhos santos de Deus, o Pai, Jesus havia cometido algum crime ou algum pecado.
Nem Maria ou qualquer outra pessoa alguma vez ouviu um palavrão, uma palavra chula, uma blasfêmia sair dos lábios de Jesus. Jesus nunca agrediu alguém, nunca enganou alguém, nunca foi falso. E foi crucificado para morrer sofrendo o castigo que era nosso!
Sabe, eu percebo que Deus colocou algumas pessoas em minha vida que me amam. Eu sei que elas me amam porque fazem de tudo por mim. São dedicadas, negam-se a si mesmas, se envolvem com meus problemas, são amigas, oram comigo, oram por mim, sofrem quando eu sofro, ficam alegres quando estou alegre. E eu não consigo reagir de outra maneira a não ser amando estas pessoas também. Pessoas assim, só amando também. Só cuidando, só sendo grato.
Sabe aquela frase, “o seu pedido é uma ordem”? É a reação natural que temos quando nos sentimos amados por alguém. O amor faz com que nosso coração se torne um servo. Nós gostamos de servir aos que nos amam. Gostamos de fazer o bem. Gostamos de honrar.
Se é assim, quando estamos pensando nos nossos familiares, nos nossos amigos, nos nossos irmãos, quanto mais quando nós pensamos na razão pela qual Jesus morreu na cruz:
Gl 2:20
19b Estou crucificado com Cristo; 20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.
O Filho de Deus me amou e a si mesmo se entregou por mim! Jesus morreu na cruz por mim! Jesus morreu na cruz porque me amou!
Aliás, tudo o que Jesus fez, ao deixar a sua glória nos mais altos céus, ao se fazer homem, ao andar entre nós, tudo o que ele fez foi por amor. Todas as palavras que ele disse foram em amor e por amor: todos os seus ensinamentos, as suas histórias, os seus mandamentos. Todas as coisas que ele fez foram por amor.
Certa vez ele encontrou um homem que havia entregado sua vida totalmente ao diabo: este homem estava tão possesso que uma legião de demônios como que morava dentro dele. Jesus amou aquele homem e o libertou de todos aqueles espíritos maus. Noutra ocasião, Jesus encontrou um homem que havia trinta e oito anos estava paralítico, em consequência de algum grande pecado que ele cometera. Jesus o curou e perdoou seus pecados. Noutro momento ele ressuscitou o filho de uma viúva. Ele também impediu que uma adúltera fosse apedrejada. Ele lavou os pés dos discípulos.
E quantas coisas mais poderíamos dizer, mas se fossemos mencionar todas as coisas que Jesus fez por amor, teríamos que contar tudo quanto dizem os evangelhos, pois tudo o que Jesus fez e falou foi por amor. Voltando a João 15:13, ele diz, com palavras muito claras, que foi por amor que ele se entregou na cruz.
“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos.”
Quando entendo a grandeza do amor de Jesus, que ele sofreu por mim, que ele morreu por mim, que neste amor todos os meus pecados foram cancelados para sempre, o meu coração se ajoelha, Jesus tem autoridade sobre a minha vida, uma autoridade conquistada pelo amor.
Autoridade de quem, tendo todo o poder no céu e na terra, mas assim mesmo se ajoelha diante dos homens, e lava-lhes os pés, só para mostrar que Deus é amor. Não é de admirar que, tendo Jesus acabado de ensinar ali naquele monte, as multidões estavam maravilhadas com seus ensinamentos. Eram palavras de quem tem toda a autoridade, nos céus e na terra.
Conclusão
Jesus é nosso grande, e maior de todos os amigos. Só por isto ele já teria ascensão sobre nós. Ele é o nosso irmão primogênito. Só por isto já teria a supremacia entre nós. É o grande profeta, o nosso grande sumo-sacerdote, o único nome que nos religa ao Pai, que trás o Pai a nós, e que nos leva de volta ao Pai.
Mas Jesus é muito mais: ele é o nosso Criador, o nosso Provedor, o nosso Senhor e Rei, a expressão exata do ser de Deus. Ele é o Senhor da Bíblia, a Palavra que nos revela quem ele é, que nos revela sua vontade, que nos revela como conhecê-lo pela fé. Ele é o Senhor do nosso destino, pois morreu na cruz por nós, e assim nos livrou de toda a condenação.
Aplicação
Qual é o valor desta doutrina para nossa vida?
1. Ela nos faz ter um conhecimento verdadeiro a respeito de Deus
Não podemos pensar em Jesus apenas como nosso amigo, como nosso irmão, como um grande Mestre. Isto o espiritismo kardecista também ensina. E os teólogos liberais também. Mas acima de tudo, Jesus Cristo é a encarnação do Deus eterno. Quem nega o Filho, nega também o Pai (1ª Jo 2:23). Cristianismo verdadeiro, vale dizer, Cristianismo Bíblico, só existe onde isto é ensinado e crido.
2. Ela é indispensável para a nossa salvação
Pois como disse Jesus ao Pai, “a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”.
E Paulo: “Se com tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo...”
Ora, segundo a Bíblia, não somente esta doutrina é indispensável, mas também nos dá uma firme convicção a respeito de nosso destino eterno: Se for assim, diz o apóstolo, você será salvo.
E também acrescenta João: “Quem tem o Filho de Deus tem a vida... estas coisas vos escrevo para que saibais que tendes a vida eterna, a vós, os que credes no nome do Filho de Deus” (1ª Jo 5:12, 13)
3. Ela nos conduz a uma atitude e a um viver digno de quem Jesus Cristo é
Nós reconhecemos a Bíblia como sua verdadeira, infalível e Palavra, totalmente sem erros. Nós o amamos, porque ele nos amou primeiro. Nós o adoramos, o servimos. Nós dependemos dele e confiamos a ele nossa vida, não só aqui, mas eternamente. E temos para com a humanidade o mesmo amor que tem o Deus a quem servimos. Por isto também anunciamos a Jesus, através de nossas obras, através de nosso serviço, e através de nossas palavras.


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Acautelai-vos dos falsos profetas - Mt 7:13-17

Acautelai-vos dos falsos profetas
Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 2 de setembro de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Meus irmãos, vamos ler Mateus 7:13-17
13 Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), 14 porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. 15 Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. 16 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? 17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. 18 Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. 19 Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. 20 Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. 21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? 23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.24 Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha 25 e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha. 26 E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa sobre a areia; 27 e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína.
Hoje nós vamos tratar de um tema sobre o qual falamos pouquíssimas vezes, mas que é de uma importância muito grande.
Nós pouco falamos sobre isto, pois, para falar com sinceridade, é um tema desagradável: desagradável porque nós, que cremos na salvação pela graça de Deus, e não com base em nossas obras, sabemos que quando julgamos alguém estamos correndo o risco de cometer o pecado da falta de amor e de condenação de outras pessoas, o pecado contra o qual Jesus nos adverte nos primeiros versículos de Mateus 7.
Além disto, temos o receio de dizer que não é de Deus algo que aparenta ser, e cair no mesmo pecado em que caíam os fariseus, ao atribuir a Satanás os milagres que Jesus realizava.Nenhum de nós quer atribuir ao d iabo aquilo que é de Deus.
Por outro lado, temos a necessidade espiritual de exercitar discernimento, com temor e tremor, pois no texto que lemos somos instruídos desta maneira. Jesus nos diz que se nós não prestarmos atenção às suas palavras, se não edificarmos nossa vida espiritual sobre aquilo que ele está nos ensinando, seremos como aquele homem tolo, que edifica a sua casa sobre a areia, e quando vêm os ventos e a chuva, e as águas dos rios transbordam, esta casa vem a arruinar-se. Então nós não podemos deixar de atender às palavras de Jesus, sob pena de arruinarmos a nossa própria fé.
No v. 15 Jesus dá a cada crente este mandamento: “Acautelai-vos dos falsos profetas...”
Então temos este dever diante de Deus, que nos é dado pelo Espírito Santo falando na Bíblia.
*     *     *
Vamos supor que você tenha um vizinho a quem conheça desde que vocês eram crianças. Na adolescência, este vizinho sofre uma queda e fica aleijado, sofrendo muito com isto. Mas um dia ele vem te fazer um pedido, e diz mais ou menos assim:
– Olha, eu ouvi falar que tem um pregador de fora da cidade que vai fazer uma grande conferência para a cura dos enfermos. Eu quero ir, mas preciso que alguém me leve. Você pode me levar?
E você vai com ele, para ajudar o seu vizinho. Quando chega ao lugar da conferência, o pregador abre a Bíblia e lê aquele texto que diz que “pelas pisaduras de Jesus nós fomos sarados”, e passa a explicar então que na morte de Jesus na cruz ele levou sobre si as nossas enfermidades.
E depois de pregar, ele olha para o seu vizinho aleijado e diz: “Em nome de Jesus eu te ordeno. Levanta-te e anda.”  E então, imediatamente, você vê o seu amigo levantar-se, caminhar normalmente, e até pular de alegria.
Não é uma coisa extraordinária? Você diria que este pregador é um homem de Deus? Ou você diria que não?
Mas vamos dizer que ele continue depois da pregação, e comece a explicar que o ministério dele precisa recursos para se desenvolver, e faça um grande apelo econômico. Antes de os obreiros “passarem a sacolinha” ele continua a explicar como funcionam os “kits” de CDs com as mensagens dele, os DVDs, o óleo ungido, o pedaço de rocha que veio do monte do Calvário, e explica que mediante uma pequena oferta você pode levar ela prá casa, ou pode lavar água da purificação, ou o livro que ele escreveu, que explica como você pode prosperar, e coisas parecidas.
Você compraria alguma destas coisas? Ou não? Você ofertaria para este ministério? Ou não? Você acha que procurar avaliar, discernir se este é um profeta, ou apóstolo verdadeiro ou não, é uma coisa necessária, ou você acha que isto seria cair no pecado condenado por Jesus no v. 1 deste capítulo?
Nós somos crentes que, historicamente, temos sido chamados “Reformados”, ou “Protestantes”.  Conforme entendemos, a Reforma foi uma das maiores manifestações da graça de Jesus e do poder do Espírito agindo através da Palavra de Deus, em transformar vidas, não só de maneira individual, mas até das nações e o curso da História.
Pois a Reforma aconteceu como fruto da busca de alguns homens sedentos de Deus, que se puseram a estudar a Bíblia, e nela descobriram o quanto a igreja, de modo geral, havia se desviado dos caminhos do Senhor, e então começaram a reformar, primeiramente a si próprios, e depois aos ensinamentos da Igreja.
Então, antes da Reforma, existiam dois grandes problemas, que eles se esforçaram por corrigir: de um lado, em grande medida, um afastamento do ensino bíblico.
E do outro, uma grande quantidade de falsos ensinos, como a salvação mediante os méritos da igreja, dos santos, ou da própria pessoa. Havia uma lista enorme de coisas que as pessoas podiam fazer para a salvação de suas próprias almas, ou de seus entes queridos. Havia a pregação do perdão dos pecados mediante o dar dinheiro para a igreja (indulgências), havia uma coleção enorme de objetos milagrosos, apresentados como possuidores de poderes espirituais (relíquias sagradas), e muitas outras coisas.
Então os reformadores colocaram em prática os ensinamentos de Jesus no texto que temos lido.
Primeiramente, eles eram homens preocupados com a salvação de suas próprias almas, e trataram de buscar a Deus, cuidaram de sua vida espiritual, alcançando a certeza da própria salvação por meio do arrependimento e da fé em Jesus. Buscaram entender a vontade de Deus, os planos de Deus para todas as coisas reveladas nas Escrituras, na plena certeza de que a Bíblia é a Palavra de Deus.
E como consequência disto, também começaram a cuidar da igreja, afastando os falsos ensinamentos e buscando ensinar com pureza o verdadeiro evangelho de Jesus.
“A porta é estreita,o caminho que conduz para a vida é apertado”, disse Jesus, e são poucos os que passam. Por outro lado, o caminho para a perdição é largo, espaçoso, e muitos passam por ele. E em seguida acrescentou: “acautelai-vos dos falsos profetas”.
Como se dissesse, se vocês querem passar pela porta que conduz à vida, se querem andar pelo caminho que conduz à salvação, tomem cuidado com os falsos profetas. Eles não conduzem a esta porta e a este caminho.
Alguns anos atrás conheci uma jovem que quase morreu por haver tomado remédio falsificado. Existem pessoas que falsificam remédios, visando lucro financeiro.
Existem pessoas que falsificam religião. Não estamos nos referindo àqueles que, fora do chamado mundo cristão se apresentam como profetas (islamismo, budismo, etc.). Para nós que somos crentes a falsidade de suas doutrinas é óbvia. Estamos falando sobre aqueles que, dizendo-se cristãos, falam falsamente em nome de Jesus. Este é o significado das palavras de Jesus no v. 15 - “Acautelai-vos dos falsos profetas” (NVI – tenham cuidado com os falsos profetas); tenham cuidado com essas pessoas que se apresentam diante de vocês como sendo gente de Deus, com mensagens trazidas como se fossem de Deus, mas que não são de Deus.
A advertência de nosso Senhor, por si só, já é motivo suficiente para prestarmos atenção a este assunto. Então nos dedicaremos a ele agora.
Desejo considerar com os irmãos as seguintes questões: Segundo a Bíblia, o que é um falso profeta? Quais são suas características? Porque são perigosos?
Estas três questões são tão interligadas que falar sobre uma é responder a outra, mas apenas para fins didáticos vamos mantê-las.
1. O que são “falsos profetas”?
A resposta é óbvia, não é irmãos? De acordo com a Bíblia, profeta é um homem que tem uma mensagem de Deus. Falso é tudo aquilo que se apresenta como verdade, mas não é. Então falso profeta é aquele que se apresenta como sendo um homem de Deus, mas não é.
Tanto o Antigo como o Novo Testamento nos alertam quanto à existência de pessoas que se dizem enviadas de Deus, mas não o são.
Por exemplo:
Jr 23:21 – Não mandei esses profetas; todavia, eles foram correndo; não lhes falei a eles; contudo, profetizaram”.
No cap. 29:21 dois deles são mencionados pelo nome: Acabe e Zedequias
21 Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel, acerca de Acabe, filho de Colaías, e de Zedequias, filho de Maaséias, que vos profetizam falsamente em meu nome: Eis que os entregarei nas mãos de Nabucodonosor, rei da Babilônia, e ele os ferirá diante dos vossos olhos.
No cap. 28 há também a história do falso profeta Hananias. Nós podemos perceber um contraste interessante entre muitos profetas de Deus e os falsos profetas. Aos homens enviados por Deus, muitas vezes faltava coragem para iniciar seu ministério, devido à seriedade do que isto significava (por exemplo, Moisés, Jeremias, Ezequiel, Isaías; Pedro, João; como Paulo disse, eram homens possuídos de temor e tremor).
Os falsos profetas não têm o senso de seriedade que estes homens de Deus tiveram. Deus não os chamou; não os enviou, mas eles são ousados ao usar o nome de Deus. Por isto, nos adverte Jesus, tomem cuidado, existem pessoas que falam em nome de Deus, mas que não são.
1.1 - Uma pessoa que se diz profeta, pode mostrar certa medida de ortodoxia (doutrina correta), pode fazer uma correta profissão de fé, e ainda assim ser um falso profeta.
v. 22 – Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor...
Bem, de acordo com Paulo, em 1ª Co 12:3, uma pessoa só pode dizer que Jesus é o Senhor se isto lhe for concedido pelo Espírito Santo. Então muitas pessoas acham que se estão ouvindo estas palavras da boca de alguém, significa que este alguém é um homem de Deus.
No entanto, a Bíblia nos diz que a confissão dos lábios só é real se vem acompanhada de um comportamento condizente com que os lábios dizem. Se os lábios estão falando falsamente tudo o que a pessoa diz é apenas um grande engano. Por isto, em Lc 6:46 Jesus pergunta: Porque me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos mando?
1.2 - Uma pessoa que se diz profeta pode demonstrar entusiasmo, fervor espiritual, e mesmo assim não ser uma pessoa de Deus
Novamente as palavras do v. 22 – Senhor! Senhor! Uma pessoa pode ser naturalmente emotiva; pode ser do tipo que chora com facilidade, que se entusiasma com facilidade, que desperta as emoções dos outros.
1.3 - Uma pessoa pode realizar coisas extraordinárias, em nome de Deus, e ainda assim não ser de Deus.
- Senhor! Senhor! Em teu nome nós profetizamos. Em teu nome nós expulsamos demônios! Em teu nome nós fizemos muitos milagres.
Este foi, por exemplo, o caso de Judas, enviado juntamente com os demais apóstolos a pregar o Evangelho nas cidades deles.[1]
Em contraste com isto, leiamos Jo 10:41 e 42
41 E iam muitos ter com ele e diziam: Realmente, João não fez nenhum sinal, porém tudo quanto disse a respeito deste era verdade.  42 E muitos ali creram nele.
O fato de uma pessoa realizar milagres em nome de Jesus, não significa que ela seja um profeta verdadeiro. Por outro lado, uma pessoa pode não realizar milagre algum, e ser um verdadeiro profeta, como foi o caso de João Batista.
Então veja, é como o remédio falso: a embalagem parece verdadeira, a cápsula, ou o vidro parecem verdadeiros, a cor parece verdadeira. Mas se você tomar um remédio falso, você pode morrer. Da mesma forma, se você acreditar nos falsos profetas, a sua fé pode ser enfraquecida e destruída. Você corre o risco de não acreditar mais no verdadeiro evangelho.
Isto nos leva então à segunda questão: como distinguir o falso do verdadeiro profeta? Que orientações a Bíblia nos dá quanto a isto?
2. Quais são as características do falso profeta?
2.1 - Ele é muito parecido com o verdadeiro, mas não tem o conteúdo do verdadeiro
v. 15 - Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.
Ele é um lobo disfarçado com pele de ovelha. Aparentemente ele é crente. Aparentemente ele ama ao Senhor. Aparentemente ele é um homem de grande fé, consagrado, ousado, capaz de grandes realizações. Aparentemente ele é fiel à Palavra de Deus: aparentemente suas mensagens levam as pessoas a amarem a Jesus, confiarem na graça de Jesus, se dedicarem a Jesus, aparentemente ele leva multidões a Jesus.
Quando eu digo “aparentemente”, estou dizendo que na realidade não é nada disto. Deixe-me explicar: vs. 13,14.
13 Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), 14 porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.
O problema do falso profeta não é somente as coisas que ele fala. É também as coisas que ele não fala: o falso profeta não fala do caminho estreito. Ao contrário, a ênfase é que o caminho é tão espaçoso que tem lugar prá todo mundo. O falso profeta pode falar da graça de Deus, do perdão dos pecados, do poder do Espírito Santo para uma vida vitoriosa, pode chamar todos a Jesus, dizendo: “Jesus aceita você do jeito que você é.” O falso profeta pode dizer: “Venha! Jesus é Deus, é Senhor! Ele promete suprir todas as suas necessidades! Ele liberta! Ele quebra maldições!”
Mas o falso profeta não vai dizer que “sem santificação ninguém verá o Senhor!”
Jr 6:13 e14
13 porque desde o menor deles até ao maior, cada um se dá à ganância, e tanto o profeta como o sacerdote usam de falsidade.14 Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.
E em Isaías 57:21, o Senhor diz que não há paz para aqueles que vivem na perversidade! Para os perversos, diz, o meu Deus, não há paz.
Agora, vejamos o que Jesus disse quando ordenou que o evangelho fosse pregado no mundo inteiro.
Lc 24:46-47
46 E lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia  47 e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém.
O que Jesus ordenou foi que pregassem arrependimento. Isto o falso profeta não faz.
Exemplos.:
At 14:22
(Paulo e Barnabé iam de cidade em cidade...) fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus.
O falso profeta diz: “Deus não quer que você sofra!”
Fp 4:11-13
11 Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.  12 Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez;  13 tudo posso naquele que me fortalece.
O falso profeta: “Você é filho do Rei! Não pode ser pobre”.
Mas a mesma Bíblia que nos ensina que se prosperamos materialmente, isto é dom de Deus, também diz que muitas vezes, a fim de nos conduzir por um caminho melhor, Deus nos concede também tribulações financeiras.
Por isto Paulo muitas vezes viveu em pobreza. E também muitos servos de Deus descritos na Bíblia.
2ª Tm 4:20
Erasto ficou em Corinto. Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto.
O falso profeta: “Os filhos de Deus não podem ficar doentes”!
Fp 2:5-8
5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,  6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;  7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,  8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.
O falso profeta: “Reivindique seus direitos! Exija”!
Jr 10:23
Eu sei, ó SENHOR, que não cabe ao homem determinar o seu caminho, nem ao que caminha o dirigir os seus passos.
Tg 4:13-15
13 Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros.14 Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa.15 Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.
Temos o direito de determinar o que vamos fazer, ou o que vai acontecer? Não temos.
Mas este pensamento pagão, mágico, é ensinado por muitos como se fosse a mais profunda doutrina bíblica, reservada para os mais crentes, mais espirituais.
Mc 1:14 e 15
14 Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus,  15 dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho.
O falso profeta: “Deus nos salva pela graça, independente das obras! Pode continuar vivendo como antes”.
2ª Co 13:5
Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados.
“Não fique olhando muito para si mesmo, não seja negativo; olhe só para Jesus”. Não mostra que para entrar no céu, você tem que tomar o caminho da cruz. Não diz que você tem que negar-se a si mesmo. Não diz que você tem que abandonar o pecado. Não diz prá você obedecer os mandamentos de Deus, e fazer a vontade de Deus, ao contrário, só diz prá você confiar que Deus vai fazer a tua vontade. E que tudo o que você precisa fazer é mostrar a tua fé, entregando dinheiro.
Meus irmãos, há muitas pessoas que se apresentam com mensagens lindas: mensagens de fé, amor, confiança, consolação, vitória, liberdade, mas que sutilmente escondem o caminho apertado, estreito.
Porque fazem assim?
2.2 - Por causa do conteúdo espiritual que estas próprias pessoas têm
No v. 15, Jesus diz que estas pessoas são lobos roubadores, isto é, gente interessada em seus próprios lucros. No v. 23, que são praticantes da iniquidade: transgressores da lei de Deus.
Leiamos 2ª Pe 2:1-3
1 Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.  2 E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade;  3 também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme.
São pessoas que, disfarçadamente promovem heresias destruidoras; que promovem práticas libertinas, isto é, uma vida sem restrições. Movidos de avareza, fazem comércio com a fé das pessoas.
Pedro fala de duas consequências: Muitos os seguirão. O evangelho será difamado
Sabe por que pregar só mensagens de vitória, paz e conforto? Porque atrai gente. Faz cair na simpatia das pessoas. Dá lucro. Dá poder. Mas há uma última razão que desejo mencionar, e que é a mais perigosa, por isto vamos ao último ponto
3. Porque os falsos profetas são perigosos
3.1 - São perigosos para si mesmos
vs. 22, 23
22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? 23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade.
Eles pensam que os poderes extraordinários, a pregação, o entusiasmo, são indicações de que Deus está do lado deles. Pensam que estão salvos
3.2 - São um perigo para os outros
No v. 15, Jesus diz que são lobos roubadores. Como o ladrão que vem para roubar, matar e destruir
2ª Pe 2:18,19 nos dá um ensinamento seriíssimo :
18 porquanto, proferindo palavras jactanciosas de vaidade, engodam com paixões carnais, por suas libertinagens, aqueles que estavam prestes a fugir dos que andam no erro, 19 prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor.  (20 Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro.  21 Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado.  22 Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal).
Conclusão e aplicação
Acautelai-vos! Tomem cuidado! No mundo há muitos! Este país tem muitos!
1. Primeiramente, uma aplicação geral: mais uma vez nós vemos a veracidade da Bíblia como Palavra de Deus.
Pois tal como disseram Jesus e os apóstolos, assim nós vemos acontecer. E se é da maneira como a Bíblia predisse, então nós devemos crer nela. E também obedecê-la. Ela não diria para tomarmos cuidado se isto não fosse uma questão de vida ou morte para nossas almas. Se uma pessoa ficar iludida com as mentiras, a sua fé no verdadeiro evangelho pode ser destruída, e ela se afastar dos caminhos de Deus. Então não é uma coisa sem importância, que tanto faz se você seguir o que eles dizem ou não: é uma questão de conhecimento da Palavra de Deus, de fé e de obediência.
2. Em segundo lugar , uma palavra a meu respeito, e de todos os que pregam
1ª Tm 4:16
Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.
At 20:28-31
28 Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue.  29 Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho.  30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.  31 Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um.
Nós pregadores, precisamos constantemente examinar a nós mesmos, se estamos sendo fiéis como bons despenseiros de Deus. Precisamos nos humilhar, nos converter dos nossos maus caminhos constantemente, para não acontecer, como disse Paulo, que tendo pregado a outros, venhamos a ser desqualificados[2].
Também precisamos estar atentos ao que é falso, e alertar os irmãos quanto a estas coisas, pois um dia iremos dar contas a Deus não somente pelo que ensinamos, mas também se tivermos percebido ensinamentos errados e não tivermos vigiado sobre os irmãos.
3. Uma palavra a todos os ouvintes da pregação
Nós, os ouvintes precisamos ter cuidado de duas maneiras:
Precisamos examinar a nós mesmos sempre, a fim de verificar se realmente estamos na fé. Pedro nos faz uma advertência muito séria, quando diz que se uma pessoa toma conhecimento da verdade e volta aos velhos pecados, seu último estado se tornou pior do que o primeiro. Então precisamos nos examinar, nos julgar, a fim de ver se estamos andando no caminho estreito, de fé em Deus, de amor ao próximo, de esperança em Jesus, de santidade, que leva à salvação eterna, ou se estamos andando no caminho largo que leva à perdição.
Como disse certo homem de Deus, para o cristão, “o mundo não é um parque de diversões, é um campo de batalha”.[3] Se edificarmos nossa vida sobre palavras que não são de Deus, se confiarmos em mentiras, estaremos edificando nossa vida sobre a areia.
4. Quarto, uma palavra sobre os que não pregam o evangelho tal como a Bíblia ensina.
Estão em grande perigo. Não penso, irmãos, que sejamos melhores. Penso que muitos deles, quem sabe a maioria, começaram bem, com boas intenções.
Mas a natureza humana é terrível, o nosso coração é desesperadamente enganador, e Satanás é cheio de artimanhas. Então, à medida que os acontecimentos do ministério vão se desenrolando, em algum momento eles se desviam.
Há três coisas que precisamos fazer quanto a isto:
4.1 – Com temor e tremor, vigiar a nós mesmos: aquele que pensa estar em pé cuide para que não caia.
4.2 – Vigiar. Acautelarmo-nos, não nos deixarmos envolver por doutrinas estranhas, que parecem o evangelho mas não são.
Não nos deixarmos envolver por emocionalismos, mas manter a sobriedade. Os crentes percebem quando há alguma coisa errada.  E também não sustentar este tipo de ministério, comprando esses “kits” mágicos, ou dando ofertas. O lugar de usarmos os recursos que Deus nos dá, em primeiro lugar, é a nossa própria igreja.
4.3 – Orar pelos pregadores, tanto os que estão pregando o evangelho corretamente, como os que não estão.
Pois o nosso coração é tão enganoso, que mesmo as nossas melhores obras são contaminadas pelo pecado que ainda reside em nós. Mesmo quando, no sentido positivo, biblicamente correto, julgamos os falsos profetas, corremos o risco de abandonar o primeiro grande mandamento, e nos tornarmos “fariseus”.
Ap 2:2-5
2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; 3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer. 4 Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. 5 Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.
A igreja em Éfeso, sem dúvida, era uma igreja doutrinariamente firme. Primeiramente ela foi evangelizada e ensinada pelo apóstolo Paulo e seus companheiros. Tempos depois ele voltou ali e ensinou aos presbíteros o cuidado que eles deveriam ter contra falsos mestres. E depois deixou ali Timóteo, um de seus discípulos mais confiáveis. E agora, nos tempos em que o Apocalipse foi escrito, a igreja de Éfeso estava no circulo de influência direta do apóstolo João.
Doutrinariamente, então, esta igreja era conhecedora da verdade. Mas como bem sabemos, temos a tendência natural ao desequilíbrio espiritual, e esta igreja pecava por sua falta de amor. A firmeza doutrinária é indispensável à saúde espiritual, para que não sejamos como meninos inconstantes, mas o amor também.Precisamos lutar para que em tempos em que a iniquidade se multiplica, o nosso amor não esfrie. E penso eu, uma das melhores maneiras de cultivar o amor genuíno é orando em favor dos que estão no erro.




[1] Mt 10; Lc 10
[2] 1ª Co 9:27
[3] A. W. Tozer, O melhor de A. W. Tozer, cap. 18
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