Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Antes que chegue o fim - Dn 12:13

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 15 de janeiro de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Queridos irmãos, vamos ler Daniel 12:13
Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança.
Os capítulos 10 a 12 de Daniel são o registro da última profecia deste livro. Eles estão divididos em linhas gerais conforme as várias seções naturais do registro.
Assim, no cap. 10, Daniel descreve os seus dias de jejum e oração que antecederam à revelação que recebeu, e a vinda do mensageiro de Deus.
No cap. 11, o anjo de Deus trás a revelação sobre o que aconteceria de agora em diante mais especificamente ao povo de Israel, uma vez que já estava se cumprindo o que as profecias anteriores haviam dito: já era o terceiro ano do reinado de Dario, o decreto para a reconstrução do templo e de Jerusalém já fora assinado havia dois anos e os primeiros exilados já tinham começado a retornar a Jerusalém.
Espero que os irmãos se recordem, as profecias dos capítulos 7 e 9 são paralelas, no sentido de que ambas descrevem os acontecimentos históricos dos quatro grandes impérios mundiais que antecederiam o nascimento, vida, e morte de Jesus: o reino babilônico, o medo-persa, o grego e o romano.
Segundo as profecias, no tempo do império romano, o Deus suscitaria um reino eterno, não feito por mãos humanas, e que não seria destruído jamais, ao contrário, cresceria mais e mais até que atingisse o mundo inteiro.
Vimos que este reino começou na primeira vinda de Jesus, e que se manifestará em toda a sua plenitude na sua segunda vinda, conforme as mesmas profecias, pois “então se verá o filho do homem, vindo sobre as nuvens com poder e muita glória”.[i]
Agora, na profecia do capítulo 8, o anjo de Deus se dedicou a falar mais especificamente sobre dois reinos: o medo-persa e o grego, sendo que deste último surgiria um rei extremamente perverso que perseguiria duramente o povo de Deus.
Lembram-se de Antíoco Epifânio, o pequeno chifre? Vimos que ele perseguiu os judeus, profanou o templo em Jerusalém fazendo que porcos fossem imolados no altar de Deus, colocando imagens de deuses estranhos em Jerusalém, proibindo a guarda do sábado, até que se cumprisse o tempo determinado por Deus e Antíoco fosse tirado.
E vimos também que aquele homem era um antítipo de muitos que surgiriam no decorrer da história da igreja (muitos anticristos, como diz o apóstolo João), e que culminará no surgimento do homem da iniquidade, que se colocará no lugar de Deus, que perseguirá o povo de Deus, antes da segunda vinda de Jesus, com uma inteligência e crueldade jamais vistas antes.
Bem, assim como as profecias dos capítulos 7 e 9 são paralelas, também a profecia do capítulo 8 e a dos capítulos 10 a 12.
Depois da parte “introdutória” no cap. 10, o cap. 11 trata dos reinos medo-persa e grego e o surgimento pequeno e cruel rei, Antíoco Epifânio. Um bom comentário dos detalhes históricos antecipados no capítulo 11 pode ser encontrado no livro “Ouse ser Firme”, de Stuart Olyott.
Mas, assim como no cap. 8 ele dá um salto para o tempo do fim, falando do anticristo que ainda virá, a partir de 11:36 ele faz a mesma coisa, quando começa a falar novamente em termos que não se aplicam a Antíoco Epifânio, mas ao homem da iniquidade.
O homem que negará todos os deuses, e que só reconhecerá o deus poder e riqueza. Este tempo, como bem diz o título do capítulo 12 em algumas de nossas versões, será o tempo do fim.
Será tempo em que Miguel, o anjo defensor do povo de Deus estará mais ocupado do que nunca. Tempo de angústia para o povo de Deus.
Tempo de grande tribulação. Mas também tempo de grande despertamento espiritual, pois em meio a sofrimentos, muitos sábios, isto é, muitas pessoas que temem ao Senhor, estarão conduzindo outros à justiça.
No tempo do fim, as profecias, se cumprindo diante dos olhos de muitos, serão mais bem entendidas.
Mas enquanto este fim não chegasse, Daniel deveria completar e selar o livro. Era o costume na Pérsia tomar uma cópia, pôr-lhe um selo e colocá-la numa biblioteca para gerações posteriores. Assim, no decorrer dos tempos, o livro poderia ser conhecido das gerações seguintes.
Daniel disse que não havia entendido completamente. O anjo respondeu que não havia problema, pois no decorrer do tempo, na medida em que as coisas fossem acontecendo, os sábios entenderiam.
Isto para dizer a verdade, me conforta. Pois há muitas coisas aqui (especialmente números) que ainda não entendo. Mas que se cumprindo em nossos dias, poderemos compreender.
Se não, sabemos que os futuros crentes em Jesus compreenderão.
O tempo do fim, isto é, o da ressurreição ainda não chegou, como também ainda não havia chegado nos dias de Daniel.
Como não vemos também a plena manifestação do anticristo, que segundo entendemos de Paulo, será sinal para a igreja, de que Jesus está às portas.[ii]
Mas no último versículo o anjo de Deus entrega ao profeta uma maravilhosa exortação:
“Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança”.
Com base neste versículo, eu gostaria de meditar com os irmãos sobre este assunto: o que devemos fazer enquanto o fim não chega?
A Bíblia nos diz que enquanto o fim não chega nós devemos nos preparar para ele.
1. Hoje é tempo de nos preparar a nós mesmos para o dia da ressurreição
12:1, 2:
1 Nesse tempo, se levantará Miguel, o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo, e haverá tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas, naquele tempo, será salvo o teu povo, todo aquele que for achado inscrito no livro. 2 Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno.
Esta palavra “muitos” que aparece no v. 2, é mais bem traduzida por “os muitos”, que dormem no pó da terra[iii], isto é, os muitos que estiverem mortos no tempo do fim.
O dia da volta de Jesus será também o dia da ressurreição dos mortos.
Isto é bem desenvolvido em várias passagens da Bíblia, mas eu quero citar apenas duas delas:
Primeiramente onde o Espírito Santo nos diz que o dia da ressurreição será de grande alegria para os crentes em Jesus.
1ª Ts 4:13-18
13 Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança.  14 Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. 15 Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. 16 Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; 17 depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.  18 Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.
Este texto foi escrito a fim de dar consolação aos crentes, em relação aos seus amados irmãos na fé que já morreram.
Paulo diz que aquele que morre, sendo crente em Jesus, pode partir desta vida com uma esperança no coração, esperança da qual partilham os que continuam aqui. A esperança do dia da ressurreição.
Será um dia glorioso para os que estão em Cristo, o dia do encontro para a eternidade, com o seu Salvador, e também com todos quantos nele creram, quando os que pertencem a Cristo entrarão para a posse do reino eterno, preparado antes da criação do mundo.
Mas veja: Daniel diz que uns ressuscitarão para a vida, e outros ressuscitarão para a vergonha e horror eterno.
Por isto a Bíblia nos alerta no sentido de que estejamos preparados para a volta de Jesus; e irmãos, o Espírito não poupa palavras para descrever o grande perigo que paira sobre as almas daqueles que não obedecem ao evangelho:
2ª Ts 1:7-9
7 E a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder,  8 em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. 9 Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder.
Então, o dia da ressurreição será de vida eterna para alguns; para todo aquele, como diz Daniel, tem o nome escrito no livro da vida (12:1).
Mas também será dia de destruição para muitos, não no sentido de aniquilação, pois será ressurreição para vergonha e horror eterno; mas no sentido de que serão banidos prá sempre da presença de Deus.
Amados, Deus é infinitamente santo, e nós somos pecadores. A punição pelo pecado é a morte.
Como um pecador pode estar preparado para encontra-se face a face com Deus? Como podemos escapar da ira de Deus?
A Bíblia diz que cada homem, cada mulher, precisa obedecer ao evangelho de Jesus Cristo. Precisa conhecer a Deus.
1ª Ts 1:9, 10
9 pois eles mesmos, no tocante a nós, proclamam que repercussão teve o nosso ingresso no vosso meio, e como, deixando os ídolos, vos convertestes a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro 10 e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura.
A palavra que Paulo usa aqui é “conversão”. “Vocês deixaram seus ídolos, ele diz, se converteram a Deus, e agora vivem para servir a Deus, aguardando a volta de Jesus. É Jesus quem nos livra da ira vindoura; é Jesus quem nos livra do castigo eterno”.
A Bíblia diz que existem muitas espécies de ídolos:
Existem ídolos na forma de falsos deuses.
Na forma de imagens que são adoradas.
Existem os ídolos do coração:
O amor ao dinheiro é uma forma de idolatria.
O amor aos bens materiais.
O amor a outros seres humanos, mais do que a Deus.
O amor ao status, à fama, ao poder, todas estas coisas são formas de idolatria.
O amor aos pecados.
Quem se converte a Jesus se arrepende do amor aos ídolos, e passa a servir ao Deus vivo. E desta forma ele pode, não viver para servir ao pecado, mas para aguardar do céu, a volta de Jesus, que nos livra da ira vindoura.
2. Enquanto o fim não chega, é tempo de ensinar a outros o caminho da justiça
Dn 12:3
Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que a muitos conduzirem à justiça, como as estrelas, sempre e eternamente. 
É uma promessa para os que andarem com Deus, e conduzirem outros a isto.
Para os crentes, o que significa conduzir outros à justiça.
Significa conduzi-los a Cristo.
Pois sendo nós pecadores aos olhos de Deus, não podemos ser considerados justos se não estivermos ligados a Cristo.
Há dois textos que eu desejo relacionar agora:
Fp 3:8-9
8 Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo 9 e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé.
No contexto Paulo esta falando da posição social e religiosa que tinha antes de conhecer a Jesus. Ele era um homem proeminente entre os judeus. Mas quando ele conheceu Jesus, por causa de sua fé, ele perdeu todas as coisas.
Mas o que aos olhos de outros podia ser prejuízo, para ele era lucro.
Pois ele perdeu todas as coisas, e ganhou o conhecimento de Deus em Cristo. E considerava tudo o que o mundo podia oferecer como lixo, somente para ganhar a Cristo. Mediante a fé, ele converte-se a Jesus.
Nós, sendo pecadores, não temos justiça própria; não é por causa das nossas boas obras, mas somente pela graça de Deus mediante a fé em Jesus.
Portanto, conduzir alguém à justiça significa conduzir à fé em Jesus Cristo.
O outro texto que eu quero citar:
Mc 16:15, 16:
15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. 16 Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.
São palavras de Jesus aos apóstolos.
Ele ordena que por todo o mundo o evangelho da salvação seja pregado, a toda criatura. Quem crer e for batizado, será salvo. Quem não crer já está condenado.
O que Jesus quer dizer ao ensinar que os que creem devem ser batizados? Será que o batismo é um ritual mágico, que garante a salvação de alguém?
A Bíblia ensina claramente que não. Mas o batismo é um sinal de que a pessoa tem um coração transformado e obediente, de que agora ela se coloca sob o senhorio de Jesus, de que arrependeu-se de viver para si mesma, e agora vive para Deus.
Portanto, o batismo é necessário.
Há, portanto, uma grande responsabilidade colocada diante de nós.
É necessário que preguemos o evangelho. Que falemos de Jesus. Que digamos aos homens que um dia especial está preparado nos planos de Deus: o dia da volta de Jesus, da ressurreição dos mortos, do juízo final.
Quem crer em Jesus, quem obedecer ao evangelho de Jesus, será salvo, mas quem não tiver crido já está condenado.
Eu também quero mencionar pelo menos duas razões para que preguemos o evangelho:
1ª – Por amor às pessoas, às suas almas, à sua vida.
Você tem um filho que não é crente em Jesus? Uma filha? Marido ou esposa? Pai ou mãe? Ou irmãos? Você tem amigos que não creem em Jesus? Eles têm almas eternas.
Querido, de acordo com o próprio Jesus, se eles não creem, o que acontecerá com eles no dia do juízo final?
Você quer seus amados eternamente perdidos? Banidos da presença de Deus?
Então você precisa falar de Jesus aos que não o conhecem, por amor a eles, na esperança de que creiam, obedeçam e sejam salvos.
2ª razão – o nosso dever diante de Deus
Ez 33:7-9
7 A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da minha boca e lhe darás aviso da minha parte.  8 Se eu disser ao perverso: Ó perverso, certamente, morrerás; e tu não falares, para avisar o perverso do seu caminho, morrerá esse perverso na sua iniquidade, mas o seu sangue eu o demandarei de ti. 9 Mas, se falares ao perverso, para o avisar do seu caminho, para que dele se converta, e ele não se converter do seu caminho, morrerá ele na sua iniquidade, mas tu livraste a tua alma.
Atalaia significa sentinela, vigia. Era a pessoa que ficava sobre os muros da cidade, vigiando para saber e avisar quando o inimigo se aproximava.
Deus diz a Ezequiel que ele era como um atalaia, vigiando sobre a vida espiritual das pessoas, pois Deus era inimigo do homem perverso.
E se Deus dissesse que o perverso iria morrer, Ezequiel deveria avisar, a fim de que o homem se convertesse do seu caminho mau.
Se Ezequiel avisasse, mas o pecador continuasse em seu mau caminho, Ezequiel não tinha culpa. Mas se Ezequiel não o alertasse, e o pecador morresse em seus pecados, teria que prestar contas disto ao Senhor.
Por que quando nós pregamos o evangelho, três coisas podem acontecer:
Uma, as pessoas podem ficar indiferentes, como quando o apóstolo Paulo pregou na cidade de Atenas. Outra, as pessoas podem ficar enfurecidas, como quando Paulo pregou em Éfeso.
Então, quando você confronta o pecador com seus pecados, é possível que ele fique bravo com você. Mas quem você prefere bravo com você: os homens, ou Deus? Quem é pior?
Ou então, e esta é sempre a nossa intenção, as pessoas podem se converter a Cristo e serem salvas, como quando Paulo pregou na cidade de Filipos.
Não temos o poder de mudar o coração das pessoas. Isto pertence a Deus, mas temos o dever de pregar o evangelho a toda criatura. Entre outras coisas, também por isto o apóstolo Paulo escreveu: “Ai de mim, se não pregar o evangelho; eu tenho esta obrigação”...
Enquanto não chega o fim, é tempo de pregar o evangelho.
3. Enquanto o fim não chega, também é tempo de perseverar em meio às lutas
12:13
Tu, porém, segue o teu caminho até ao fim; pois descansarás e, ao fim dos dias, te levantarás para receber a tua herança.
A esta altura, o velho profeta contava quase 90 anos de idade.
Desde a sua meninice conhecia as Escrituras Sagradas, que o tornaram sábio para a salvação de sua alma, por meio da fé no Senhor.
Desde a meninice conhecia o seu Deus, amava o seu Deus, guardava sua Palavra, andava com ele.
Daniel era espiritualmente forte.
Não sabemos se ele, em sua idade avançada, teve a alegria de voltar para Jerusalém.
Mas sabemos que ele foi fiel até o fim.
E as promessas são estas:
“Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” [iv]
“O amor se esfriará de quase todos, mas aquele que perseverar até o fim será salvo”. [v]
Se ele não pode voltar para a Jerusalém terrena, podemos ter certeza de uma coisa: ele contemplou, como diz a carta aos Hebreus, aquela pátria superior, celestial.[vi]
E porque Daniel perseverou até o fim?
11:32
Mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo. 
Irmão, veja que maravilha é este livro.
Ele é Palavra de Deus. Ele é vida para a tua alma.
Que estas palavras estejam colocadas dentro do teu coração.
Pois este mundo, sua glória, suas riquezas, seus desejos, tudo passará, e o fim chegará.
Conclusão e aplicação
E quando o fim chegar, será tempo de recompensa para os justos:
Eles resplandecerão como o fulgor do firmamento; e como as estrelas: sempre e eternamente.
E no fim dos dias, se levantarão para receber a sua recompensa.
1. Você está preparado para a volta de Jesus? Ou preparado para o dia da ressurreição?
Você já se converteu a Jesus?
Ez 33:11
Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?
Existe alguma forma de idolatria em seu coração? Algum pecado que vocês e recusa a abandonar?
Então, o dia de se preparar é hoje. De abandonar pecados, de se converter, de abandonar os ídolos do coração, as vaidades deste mundo, de viver para Deus.
2. Hoje também é dia de conduzir outros à justiça.
Não tenha vergonha de ser crente. Não tenha vergonha de falar de Jesus.
Não tenha medo de falar de Jesus. Você é um embaixador do reino dos céus.
E hoje, busque a Deus, perseverantemente.
3. Conheça a JAVÉ, conheça o Pai, conheça o Senhor Jesus, conheça o Espírito Santo.
Busque, ore, medite, busque a Deus intensamente.



[i] Mt 24:30
[ii] 2ª Ts 2:1-12
[iii] Veja Baldwin, pág. 216.
[iv] Ap 2:10
[v] Mt 24:12, 13
[vi] Hb 11:16

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Adoração em secreto (4) - Salmos, Hinos e Cânticos Espirituais - Sl 92:1-4; 42:8

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 26 de fevereiro de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Meus queridos irmãos, vamos iniciar lendo dois textos:
Sl 92:1-4
1 Bom é render graças ao SENHOR e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo, 2 anunciar de manhã a tua misericórdia e, durante as noites, a tua fidelidade, 3 com instrumentos de dez cordas, com saltério e com a solenidade da harpa. 4 Pois me alegraste, SENHOR, com os teus feitos; exultarei nas obras das tuas mãos.
Sl 42:8
Contudo, o SENHOR, durante o dia, me concede a sua misericórdia, e à noite comigo está o seu cântico, uma oração ao Deus da minha vida.
A maioria das pessoas têm algumas músicas “favoritas”. E para nós, os crentes em Jesus, isto inclui vários salmos, hinos e cânticos espirituais. Quais são os seus cânticos favoritos?
Assim como fizemos nos três últimos domingos, vamos hoje mais uma vez falar a respeito do culto particular. Temos visto que adorar ao Senhor em particular, nalguns casos diariamente, sempre foi um costume regular na vida do povo do Senhor.
Homens de Deus como Daniel, Davi, Jó, Abraão, Isaque, Pedro, e muitos outros, tanto na Bíblia como a história posterior da igreja (a relação não teria fim), tinham o hábito de procurar um lugar ermo, onde pudessem ficar a sós com Deus para orar, adorar, meditar nas Santas Escrituras. E temos visto o grande impacto que este “estar a sós com Deus” exerceu, tanto nas vidas destes homens particularmente, como na vida da igreja através deles.
Estou convencido, amados irmãos, que este é um chamado de Deus para nós; para cada um de nós, no sentido de que nosso Pai nos quer perto dele, buscando sua presença e o seu poder, diariamente.
Nos dois estudos anteriores, falamos então, sobre o buscar ao Senhor através da meditação em sua Palavra e através da oração. Hoje eu desejo meditar com os irmãos sobre a terceira e última prática que vamos considerar, em relação ao nosso culto particular: adorar ao Senhor através de cânticos espirituais.
A Palavra de Deus nos fala muito a respeito de música, de cânticos, assim como um número imenso de livros, tanto religiosos como seculares.
Não temos aqui o propósito de estudar tudo quanto existe a respeito deste assunto, mesmo porque nos seria impossível. Mas desejo focalizar nossa atenção nalguns aspectos mais específicos, sobre o cântico em nossas devoções particulares, isto é, quando estamos “a sós com Deus”.
Então, primeiramente, consideremos...
1. A importância que os cânticos têm aos olhos de Deus
Eu gostaria de enfatizar isto de duas maneiras:
1.1. Demonstrando o valor que os salmos tinham aos olhos de Jesus (sem falar agora dos apóstolos)
Quero citar duas ocasiões em que Jesus se utilizou dos Salmos
Sl 82:6
Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo.
Jo 10:34, 35
Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses?  Se ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus, e a Escritura não pode falhar...
Neste texto de João, discutindo com os judeus que se opunham à sua doutrina, Jesus cita o Salmo 82, versículo 6.
O Salmo 82 foi escrito por Asafe. Mas no entendimento de Jesus, Asafe escreveu inspirado por Deus. Então ele usa três expressões que nos transmitem o seu pensamento sobre os Salmos: lei, Palavra de Deus, e Escritura que não pode falhar.
Agora leiamos também o Salmo 110:1
Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
O salmo 110 foi escrito por Davi. Jesus comenta estas palavras de Davi em vários lugares nos evangelhos.
Vejamos apenas Mc 12:35, 36
Jesus, ensinando no templo, perguntou: Como dizem os escribas que o Cristo é filho de Davi?  O próprio Davi falou, pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
Jesus está aqui falando sobre um paradoxo (uma aparente contradição) da esperança messiânica que o povo judeu mantinha.
Os judeus, com base nas Escrituras do Antigo Testamento, aguardavam a vinda do Cristo (infelizmente o Cristo estava bem diante dos olhos deles, e eles não o reconheceram, antes, o rejeitaram).
O Cristo, de acordo com os profetas, seria um filho, isto é, um descendente do rei Davi. Mas no Salmo 110, falando a respeito do Cristo, Davi escreveu assim: “Disse Javé ao meu Senhor: assenta-te à minha direita, até que eu ponha os inimigos debaixo dos teus pés...”
Então Jesus se refere à aparente contradição: “Como o Cristo pode ser filho de Davi, e ao mesmo tempo seu Senhor”?
O propósito de Jesus com isto era mostrar que os judeus, especialmente os fariseus, necessitavam muito da sabedoria que vem de Deus, para que pudessem entender as coisas espirituais.
Mas o que desejo chamar à atenção dos irmãos, mais uma vez, é a maneira como Jesus se refere ao texto dos Salmos: ele afirma que Davi, ao escrever, estava falando pelo Espírito Santo.
Como eu já disse, estou deixando de lado o testemunho dos apóstolos e do restante da Bíblia. As palavras de Jesus nos são suficientes para que entendamos o valor dos Salmos: são palavras de Deus, faladas pelo Espírito Santo. Se nós queremos que o Espírito Santo fale conosco, as palavras dele estão aqui.
É claro que isto pode ser dito sobre cada palavra de toda a Bíblia, mas o meu propósito é enfatizar quanto valor devemos dar aos Salmos, e a maneira como devemos nos aproximar deles. São palavras do Espírito Santo, por meio das quais ele nos ensina, nos consola, nos encoraja, nos educa no caminho da graça que santifica.
1.2. Enquanto preparava esta mensagem, ainda que de modo bastante impreciso, eu procurei contar quantas vezes o Espírito Santo nos exorta a louvarmos ao Senhor apenas aqui no livro dos Salmos.
Não fiz uma contagem completa, exaustiva, mas notei que “cantai ao Senhor” e expressões equivalentes como “louvai, louvarei, cantarei, bendizei”, aparecem mais de cento e vinte vezes.
Vejamos alguns exemplos:
Sl 9:1-2
Louvar-te-ei, SENHOR, de todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas. Alegrar-me-ei e exultarei em ti; ao teu nome, ó Altíssimo, eu cantarei louvores.
Sl 95:1-2
Vinde, cantemos ao SENHOR, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação. Saiamos ao seu encontro, com ações de graças, vitoriemo-lo com salmos.
Sl 96:1-2
Cantai ao SENHOR um cântico novo, cantai ao SENHOR, todas as terras. Cantai ao SENHOR, bendizei o seu nome; proclamai a sua salvação, dia após dia.
Sl 98:1
Cantai ao SENHOR um cântico novo, porque ele tem feito maravilhas; a sua destra e o seu braço santo lhe alcançaram a vitória.
Sl 100:1-2
Celebrai com júbilo ao SENHOR, todas as terras. Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.
Nós poderíamos multiplicar as referências. Estas nos bastam para que notemos como repetidas vezes o Espírito Santo nos exorta a cantar ao nosso Deus. Ele quer que o façamos.
Em segundo lugar, consideremos também...
2. Que o cântico deve ser um instrumento de cultivo da nossa vida espiritual
Os dois textos que lemos no início são exemplos disto. No primeiro deles, Salmo 92:1-4, somos ensinados:
1 Bom é render graças ao SENHOR e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo, 2 anunciar de manhã a tua misericórdia e, durante as noites, a tua fidelidade, 3 com instrumentos de dez cordas, com saltério e com a solenidade da harpa.4 Pois me alegraste, SENHOR, com os teus feitos; exultarei nas obras das tuas mãos.
Nada sabemos de mais específico sobre quem o escreveu, em que circunstâncias, mas nele podemos perceber que o escritor inspirado estava se sentido muito feliz, por causa de certas coisas que o Senhor havia feito por ele.
Veja novamente o v. 4 – Quem sabe uma, ou uma série de orações respondidas? Quem sabe uma bênção inesperada? Mas algo no qual ele percebia nitidamente a mão do Senhor a abençoá-lo. E nos diz que o cantar louvores ao Senhor é uma maneira de render graças, de anunciar a misericórdia e a fidelidade de Deus, de expressar a nossa alegria por causa das obras do Senhor em nossas vidas.
Já no segundo Salmo que citamos o escritor estava vivenciando uma situação bem diferente. O Salmo 42 é um dos meus prediletos, pois ele é um texto que nos ajuda a enxergar a vida para além das circunstâncias que estamos percebendo e experimentando. O homem que o escreveu, a situação que ele vivenciava, as palavras que escreveu naquela situação, a resultado destas coisas que escreveu; este conjunto de coisas nos ensinam a olhar para os momentos em que vivemos de uma perspectiva de fé, de uma fé que nos é dada por Deus.
É um salmo escrito por um homem que estava sentindo necessidade da presença de Deus em sua vida. Ele inicia este poema comparando-se a uma corsa, um pequeno animalzinho que se encontrava num deserto, numa terra árida, seca, sem água e sem vida; sol escaldante sobre a cabeça, minando-lhe as forças e o ânimo.
Da mesma forma que um pequeno animal num deserto precisa desesperadamente de água, assim ele tem sede em sua alma, ele tem sede de Deus. Isto porque ele, um levita, de uma família de músicos, estava longe de Jerusalém, onde ficava o templo do Senhor, onde antigamente, ele costumava ir com seus amigos para adorar o Senhor.
Mas agora estava isolado, nas proximidades do Monte Hermom, bem ao norte de Israel, onde nascia o rio Jordão, numa época em que os israelitas do norte eram inimigos dos israelitas do sul, e de vez em quando faziam incursões invasoras, levando consigo alguns reféns.
Então, de um lado (interno), ele se sentia longe da casa de Deus, e por outro (externo), como diz no v. 3, cercado de pessoas que, ao verem sua tristeza, zombeteiramente perguntavam: “O teu Deus, onde está? Você não é crente? Então por que tanta tristeza, tanta choradeira e depressão”?
Mas o que mais o fazia sentir-se triste era aquela terrível sensação de ter sido abandonado por Deus.
v.9
Porque te olvidaste de mim?
Você sabe o que é olvidar? É esquecer. O sentimento que este homem tinha era o de que Deus o havia abandonado. O sentimento era o de que Deus estava irado com ele, e por isto o deixara entregue nas mãos de seus inimigos.
Ele estava experimentando aquilo que mais tarde alguns cristãos, pessoas que aprenderam a viver perto de Deus, chamavam de “noites escuras da alma”. Aqueles dias, muitas vezes prolongados em meses e até anos, em que os filhos de Deus sentem-se como que desorientados, sem saber o que fazer, sem saber quando novamente enxergarão a luz da face de Deus.
E durante aqueles tempos difíceis, nos quais ele não deixava de amar ao Senhor, nos quais ele não deixava de esperar que o Senhor mudasse sua sorte, sabe o que ele fazia? Ele cantava, e fazia da sua canção a sua oração a Deus.
v. 8
Contudo, o SENHOR, durante o dia, me concede a sua misericórdia, e à noite comigo está o seu cântico, uma oração ao Deus da minha vida.
Veja: aqui ele não está se sentindo feliz. Por isto ele não canta louvores. Talvez, em outras circunstâncias adversas, os filhos de Deus possam estar alegres, como Paulo e Silas cantavam louvores na prisão em Filipos [1]. Mas não era este o caso do escritor aqui. Então ele canta derramando a sua alma perante o Senhor, falando de sua tristeza. E que coisa linda: uma oração ao Deus da sua vida.
Mas existe mais um detalhe, digno de nota: a versão Atualizada (ARA) diz: “à noite, comigo, está o seu cântico”, isto é, o cântico de Deus. E a Nova Versão Internacional (NVI): “de noite esteja comigo a sua canção”.
Ele entendia que o cantar era algo que vinha de Deus, concedido por Deus. Assim, embora com sua mente ele ficasse perguntando ao Senhor, porque o Senhor se esquecera dele, no coração ele não acreditava nisto. Ele sabia que a misericórdia do Senhor o assistia em suas tribulações. E orava, e cantava, e buscava.
Meu propósito com isto, meus irmãos, é mostrar que o cântico é um dom de Deus, que ele nos concede para exaltá-lo, para declarar a glória dele, para anunciar as suas obras, para expressar a nossa gratidão, e também para levar a ele as nossas ansiedades, as nossas perplexidades, as nossas confissões, para derramar perante ele o nosso coração. Então, use os cânticos espirituais em suas devoções particulares a Deus.
Agora, em terceiro lugar, consideremos...
3. Como escolher os cânticos que devemos usar
Com isto eu quero dar uma palavra de instrução positiva, e também uma palavra de cautela.
Nosso Senhor, para a segurança espiritual dos discípulos, pelo menos por duas vezes lhes disse que deveriam tomar cuidado com doutrinas erradas.  Acho isto necessário nos dias de hoje, também com relação aos cânticos religiosos; algo que, como vimos, é tão precioso aos olhos do Senhor.
O que será que agrada mais a Deus? O cântico de Salmos? O cântico de hinos? O cântico de “corinhos”? Corinho é o diminutivo de coro – estribilhos, músicas curtas que fazem parte dos hinários tradicionais, como por exemplo o “Salmos e Hinos”. Será que Deus gosta mais de música tradicional, ou de música contemporânea?
Certa ocasião eu ouvi um cantor muito famoso dizendo que Deus criou todas as coisas. Consequentemente, argumentava ele, Deus criou todo o tipo de música, todos os ritmos, e melodias, e assim por diante, e que então devemos usar todas as coisas para a glória dele.
Concordo em que Deus criou todas as coisas para a glória dele, e que consequentemente devemos usar todas as coisas com esta finalidade. Este é o ensino da Palavra de Deus. Mas as mesmas Escrituras que nos ensinam isto, também nos ensinam que tudo quanto Deus criou no início, e que era bom, inclusive a música, foi contaminado pelo pecado. Então existem músicas boas, e existem músicas que não são.
E podemos dizer isto até mesmo de músicas que são tidas como religiosas. Não é qualquer música que glorifica a Deus. Não é qualquer música que se presta à adoração.
Veja: nós sabemos que até mesmo a pregação pode ser mal empregada, se não estiver de acordo com o ensino de Deus. Assim também a música. De maneira que, assim como todas as outras coisas que são feitas no mundo inteiro, e inclusive na igreja, a música, para glorificar a Deus precisa estar subordinada a certos critérios colocados pela própria Bíblia. Eu quero citar dois critérios básicos:
3.1 – Os cânticos devem ter bom conteúdo bíblico
Não quero com isto dizer que cada palavra de algum cântico deva ser retirada da Bíblia, mas que cada cântico deve ser alicerçado sobre a revelação que Deus nos dá nas Escrituras Sagradas.  Doutra maneira eles não exaltam a Deus, e fazem mal para nossas almas. Então quando formos cantar algo, assim como em relação à oração, deve ser com base no ensino da Palavra de Deus.
3.2 – Os cânticos devem nutrir em nós, disposições espirituais
Aquele cantor famoso a quem me referi, depois de raciocinar que Deus criou todas as coisas, passou a dizer que Deus criou o samba, o blues, o rock, e que então devemos usar tudo para a glória de Deus. Seguindo o raciocínio dele podemos então incluir o axé, o funk, o heavy-metal, o tango, a lambada, e etc., e dizer que tudo deve ser usado para a glória de Deus.
O que podemos dizer sobre isto? A Bíblia não nos diz que todos os ritmos de música são de Deus. Por outro lado, não nos diz se algum é do diabo. E também não diz se algum é neutro.
Haveria algum critério pelo qual poderíamos avaliar se algum tipo de música deve ou não ser usado? Me parece, amados, que existem dois princípios bíblicos que podem ser empregados aqui:
3.2.1 – Primeiro, quando Paulo fala a respeito das pregações que ouvimos.
Está em 1ª Ts 5:21
julgai todas as coisas, retende o que é bom...”.
No contexto Paulo está falando sobre a necessidade de julgarmos as mensagens que ouvimos na igreja (veja o v. 20). O mesmo princípio Paulo repete em 1ª Co 14:29, onde diz que quando os profetas falam, a igreja deve avaliar o que está sendo dito, se está de acordo com a Palavra de Deus. E este foi o comportamento que o Espírito Santo elogiou, quando descreveu os crentes da cidade de Beréia como gente nobre, pois tomando as Escrituras na mão, eles as examinavam diariamente, para conferir se aquilo que Paulo ensinava era bíblico ou não.[2]
Da mesma forma, amados, que a pregação e a oração, os cânticos que entoamos a Deus precisam ser examinados, e somente aqueles que são bons devem ser retidos.
Agora, para entender se são bons, levemos em conta também...
3.2.2 – Os frutos espirituais que eles tendem a produzir em nós e na igreja como um todo
Gl 5:22, 23
“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,  23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei”.
Eu preciso perguntar: que tipo de fruto esta música tende a produzir em minha vida? Amor? Paz? – ou está provocando sentimentos adversos a estes?
Muitas coisas têm sido feitas na igreja, em nome da glória de Deus, mas que na verdade revelam desamor, animosidade, rebeldia.
Está produzindo uma santa alegria? Que tipo de alegria esta música provoca em mim? Uma alegria espiritual, santa, ou uma leviandade para com as coisas de Deus, que me torna superficial e frívolo?
Está produzindo bondade, ternura, fidelidade? Ou ira, agressividade em relação aos irmãos, dissensões, facções?
Está produzindo mansidão, domínio próprio?  Ou carnalidade, sensualidade, lascívia?
Está produzindo exaltação de Deus, ou exaltação de si mesmo? Humildade ou vaidade?
Então, se você perceber que de alguma forma, alguma música, mesmo falando no nome de Jesus, produz um fruto espiritualmente podre, não use. Use somente o que edificar tua alma.
Agora, quando eu digo “somente”, é no sentido de que sejamos criteriosos, pois estamos nos apresentado com música diante de Deus, o Senhor do universo, o Criador, o Provedor, o Salvador, Santo, Puro, Majestoso, e que é Digno daquilo que é melhor.
Quando uso a palavra “somente”, não quero dizer que temos pouca coisa para cantar para Deus. Pois o contrário é que é verdade. Desde os tempos antigos, homens e mulheres dotados por Deus têm abençoado a igreja com milhares e milhares de cânticos maravilhosos tanto em seu conteúdo doutrinário quanto em suas melodias e ritmos, que têm sido usados por Deus para que nós, povo de Deus, o adoremos de modo que lhe honre e que faça bem para nossas almas, cantando os nossos próprios cânticos ou os de outras pessoas.
Digo isto porque muitas pessoas têm a capacidade, dada por Deus, de compor cânticos. Mas não é assim com a maioria. Entres outras, esta é mais uma razão porque temos o livro dos Salmos na Bíblia: são cânticos compostos por pessoas que sabiam fazê-lo, para pessoas que não têm a mesma capacidade.
Claro que, num nível diferente, mas semelhante, o Senhor através de toda a história continuou dando capacidades neste sentido a alguns, para que outros possam desfrutá-los também. Por isto temos hinários, saltérios, e agora também outros meios de comunicação, como CDs e muitas outras coisas. Assim através destes meios podemos aprender muitos cânticos e utilizá-los em nossas devocionais particulares.
E também existem muitas ocasiões, por causa de circunstâncias exteriores ou interiores, em que nós mesmos não podemos cantar. Mas o Senhor nos tem concedido a bênção de termos gravações feitas por irmãos que amam ao Senhor, e que são instrumentos de grande edificação em nossa vida.
Conclusão e aplicação
Eu gostaria de encerrar citando um momento na vida de nosso Salvador, em sua última ceia com os discípulos, antes de ele se entregar na cruz pelos nossos pecados.
Mt 26:29-30
E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai. E, tendo cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.
Este hino, muito provavelmente, era o conjunto dos Salmos 115 a 118, que costumeiramente eram cantados no final da ceia pascal. Jesus, assim como citava os salmos, como orava os salmos, conforme vemos por exemplo ele orando quando estava na cruz[3] ,também cantava os salmos.
Você pode pensar em algum hino, cântico, tradicionais, ou contemporâneos, que “falam ao seu coração”, isto é, que te consolam, encorajam, edificam na fé, renovam as forças?  Você pode pensar em algum cântico que te dê um vislumbre da beleza, da santidade, do ser de Deus e de suas obras? Use estes cânticos em sua vida devocional.



[1] At 16:25
[2] At 17:11
[3] Cf. Sl 22:1, Mt 27:46

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Adorando a Deus em secreto (3): o conteúdo da oração – Salmo 106

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 19 de fevereiro de 2012
Pr. Plínio Fernandes
Meus irmãos, vamos ler o Salmo 106
1 Aleluia! Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom; porque a sua misericórdia dura para sempre. 2 Quem saberá contar os poderosos feitos do SENHOR ou anunciar os seus louvores? 3 Bem-aventurados os que guardam a retidão e o que pratica a justiça em todo tempo. 4 Lembra-te de mim, SENHOR, segundo a tua bondade para com o teu povo; visita-me com a tua salvação, 5 para que eu veja a prosperidade dos teus escolhidos, e me alegre com a alegria do teu povo, e me regozije com a tua herança. 6 Pecamos, como nossos pais; cometemos iniquidade, procedemos mal. 7 Nossos pais, no Egito, não atentaram às tuas maravilhas; não se lembraram da multidão das tuas misericórdias e foram rebeldes junto ao mar, o mar Vermelho. 8 Mas ele os salvou por amor do seu nome, para lhes fazer notório o seu poder. 9 Repreendeu o mar Vermelho, e ele secou; e fê-los passar pelos abismos, como por um deserto. 10 Salvou-os das mãos de quem os odiava e os remiu do poder do inimigo. 11 As águas cobriram os seus opressores; nem um deles escapou. 12 Então, creram nas suas palavras e lhe cantaram louvor. 13 Cedo, porém, se esqueceram das suas obras e não lhe aguardaram os desígnios; 14 entregaram-se à cobiça, no deserto; e tentaram a Deus na solidão. 15 Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma. 16 Tiveram inveja de Moisés, no acampamento, e de Arão, o santo do SENHOR. 17 Abriu-se a terra, e tragou a Datã, e cobriu o grupo de Abirão. 18 Ateou-se um fogo contra o seu grupo; a chama abrasou os ímpios. 19 Em Horebe, fizeram um bezerro e adoraram o ídolo fundido. 20 E, assim, trocaram a glória de Deus pelo simulacro de um novilho que come erva. 21 Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera coisas portentosas, 22 maravilhas na terra de Cam, tremendos feitos no mar Vermelho 23 Tê-los-ia exterminado, como dissera, se Moisés, seu escolhido, não se houvesse interposto, impedindo que sua cólera os destruísse. 24 Também desprezaram a terra aprazível e não deram crédito à sua palavra; 25 antes, murmuraram em suas tendas e não acudiram à voz do SENHOR. 26 Então, lhes jurou, de mão erguida, que os havia de arrasar no deserto; 27 e também derribaria entre as nações a sua descendência e os dispersaria por outras terras. 28 Também se juntaram a Baal-Peor e comeram os sacrifícios dos ídolos mortos. 29 Assim, com tais ações, o provocaram à ira; e grassou peste entre eles. 30 Então, se levantou Finéias e executou o juízo; e cessou a peste. 31 Isso lhe foi imputado por justiça, de geração em geração, para sempre. 32 Depois, o indignaram nas águas de Meribá, e, por causa deles, sucedeu mal a Moisés, 33 pois foram rebeldes ao Espírito de Deus, e Moisés falou irrefletidamente. 34 Não exterminaram os povos, como o SENHOR lhes ordenara. 35 Antes, se mesclaram com as nações e lhes aprenderam as obras; 36 deram culto a seus ídolos, os quais se lhes converteram em laço; 37 pois imolaram seus filhos e suas filhas aos demônios 38 e derramaram sangue inocente, o sangue de seus filhos e filhas, que sacrificaram aos ídolos de Canaã; e a terra foi contaminada com sangue. 39 Assim se contaminaram com as suas obras e se prostituíram nos seus feitos.40 Acendeu-se, por isso, a ira do SENHOR contra o seu povo, e ele abominou a sua própria herança 41 e os entregou ao poder das nações; sobre eles dominaram os que os odiavam. 42 Também os oprimiram os seus inimigos, sob cujo poder foram subjugados. 43 Muitas vezes os libertou, mas eles o provocaram com os seus conselhos e, por sua iniquidade, foram abatidos.44 Olhou-os, contudo, quando estavam angustiados e lhes ouviu o clamor; 45 lembrou-se, a favor deles, de sua aliança e se compadeceu, segundo a multidão de suas misericórdias. 46 Fez também que lograssem compaixão de todos os que os levaram cativos. 47 Salva-nos, SENHOR, nosso Deus, e congrega-nos de entre as nações, para que demos graças ao teu santo nome e nos gloriemos no teu louvor. 48 Bendito seja o SENHOR, Deus de Israel, de eternidade a eternidade; e todo o povo diga: Amém! Aleluia!
Hoje vamos considerar alguns aspectos daquela que é a nossa segunda principal prática na adoração em secreto, ou nosso culto particular a Deus.
Temos visto que adorar ao Senhor em particular, nalguns casos diariamente, sempre foi um costume regular na vida do povo do Senhor. Um dos exemplos mais destacados na Bíblia foi o profeta Daniel, a respeito de quem estudamos nos últimos cinco (5) meses.
Da mesma forma, Jesus pressupõe e espera que a oração seja um hábito em nossa vida diária: “entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto... [1]. Isto também está implícito na “oração do Pai nosso”, onde Jesus nos ensina a dizer: “o pão nosso de cada dia nos daí hoje...”[2]
Portanto, depois de, em nosso estudo anterior, havermos falado sobre a meditação na Palavra de Deus, vamos nos concentrar na oração. A oração é, por assim dizer, a consequência natural de duas coisas:
Primeira, a percepção de nossas necessidades. Quando nos deparamos com o fato de que a vida impõe sobre nós muitas situações que estão além das nossas forças; quando percebemos os nossos pecados, as nossas fraquezas, as nossas limitações, então nos sentimos naturalmente impulsionados a buscar alguém que seja maior que nós; mais sábio, mais forte, e que possa nos ajudar. Como disse João Bunyan, quanto alguém sente dor, você não precisa ensiná-lo a dizer “Ai!”.[3] Da mesma forma, quando alguém percebe suas necessidades, volta-se instintivamente para Deus, a fim de pedir ajuda.
O segundo fato que nos leva a Deus em oração é a sua Palavra dirigida a nós. Na verdade, de certa maneira, este é um fato modo inseparável daquele que eu citei anteriormente, pois até mesmo a percepção de nossas fraquezas e necessidades é também um modo de Deus falar conosco, através da nossa consciência, chamando-nos para perto dele.
Neste sentido Deus se revela a todos os homens. Mas agora estou falando da revelação especial que o Senhor nos dá de si mesmo através das Escrituras Sagradas. Pois através da Bíblia o Senhor nos diz quem ele é, o que ele faz no mundo inteiro, e mais especialmente para a salvação das nossas almas por meio de seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. Além disto, nas Escrituras o Senhor Deus nos ensina tudo quanto é necessário para que o conheçamos e tenhamos comunhão com ele.
E uma das coisas mais claras nas Escrituras, desde o Gênesis, até o Apocalipse, é, esta: por meio da oração nós podemos falar a Deus. E também nos ensina como devemos orar: que atitudes de alma, quais sejam, reverência, dependência, fé, alegre confiança, coisas que o Senhor espera ver em nossos corações.
Nos ensina que nós, pecadores, não teríamos estas virtudes espirituais em nós mesmos, mas que pela graça de Deus fomos capacitados, pois por meio do conhecimento de Jesus Cristo, o Espírito Santo veio habitar em nossos corações, e agora ele nos ajuda a orar como convém. E que também o nosso Salvador, o Senhor Jesus, está assentado à direita de Deus, vivendo sempre para interceder por nós.
O ensino bíblico sobre a oração é vasto. Em nossa meditação de hoje, eu desejo destacar apenas os conteúdos básicos que a nossa oração pode assumir. Sim, porque oração é falar com Deus, e não somente pedir coisas a ele.
Quando eu era recém-convertido, fui ensinado com base num acróstico: CASA.
Assim:
C – Confissão (dos nossos pecados)
A – Adoração
S – Súplicas
A – Agradecimento
Mais recentemente, li um livro chamado “Ocupado demais para deixar de orar”, no qual Bill Hybels muda este acróstico ligeiramente, mas sem desejar com isto fazer uma ordem dogmática.
Então ficou assim:
A – Adoração
C – Confissão
A – Agradecimento
S – Súplicas
A esta altura, acho interessante que nos recordemos de um ensino do Catecismo Maior a respeito da oração.
A pergunta 178: Que é oração?
Resposta: Oração é um oferecimento de nossos desejos a Deus, em nome de Cristo e com o auxílio de seu Espírito, e com a confissão de nossos pecados e um grato reconhecimento de suas misericórdias.
Nós percebemos que nesta definição a adoração e a ação de graças são colocadas numa só frase. Para nossas considerações, eu desejo tomar o Salmo 106 como um dos mais belos exemplos que encontramos na Bíblia.
Nos vs. 1-3, somos encorajados à adoração e à ação de graças.
Nos vs. 3-5, e 47, temos um exemplo de súplica.
Dos vs. 6-46, temos um exemplo de confissão de pecados.
E no v. 48, adoração novamente.
Então consideremos:
1. Devemos orar ao Senhor adorando-o por seus atributos divinos
vs. 1 e 2 – “Aleluia! Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom; porque a sua misericórdia dura para sempre. 2 Quem saberá contar os poderosos feitos do SENHOR ou anunciar os seus louvores?”
É necessário dizer que a adoração, ou render graças ao Senhor, o louvor a Deus pelo que ele é, não é um aspecto dispensável de nossa oração devocional.
Como diz Bill Hybels:
“A adoração determina o tom de toda a oração. Faz-nos recor­dar a quem nos dirigimos, na presença de quem vamos entrar, de quem desejamos receber atenção... A adoração nos faz recordar a identidade e o caráter de Deus. À medida em que apresentamos seus atributos, enaltecendo-lhe o caráter e a personalidade, fortalecemos nossa compreen­são de quem Ele é”.
Se iniciamos nossas orações nos concentrando no fato de que estamos diante de um Deus santo, majestoso, poderoso, que conhece todas as coisas, que sabe o que é melhor, e também bondoso e amoroso, então a gratidão pelas coisas que ele faz se torna natural, a consciência de que somos pecadores, que nos leva à confissão, também.
Além disso, a nossa fé é fortalecida, de sorte que podemos lançar sobre ele todos os nossos fardos e ansiedades. Vem sobre nós a consciência de que nenhum mal pode resistir diante do infinito amor de Deus.
Qual é a melhor maneira de adorar a Deus? Me parece que é meditando em seus atributos, conforme revelados em sua Palavra.
Muitas vezes estes atributos são vistos indiretamente através de suas obras: por exemplo, se o Senhor salva, dizemos que ele é salvador. Se ele liberta, que ele é libertador. Pelas suas obras sabemos que ele é bondoso, justo, santo, e muitas outras coisas maravilhosas.
Mas muitas vezes os atributos são revelados através de palavras diretas:
“O Senhor é o Deus supremo”.
“Ele é o grande rei de toda a terra”.
“Ele é o Altíssimo”.
“O Senhor é fiel”, e muitos outros atributos, são afirmados milhares de vezes nas Escrituras.
Então louvemos a Deus por quem ele é.
2. Nossas orações podem assumir a forma de “agradecimento, ação de graças”
vs. 1 e 2 – “Aleluia! Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom; porque a sua misericórdia dura para sempre. 2 Quem saberá contar os poderosos feitos do SENHOR ou anunciar os seus louvores?”
De certo modo, podemos dizer que render graças, e adorar ao Senhor são a mesma coisa. Mas a distinção que desejo fazer é a seguinte: quando rendemos graças, estamos louvando ao Senhor pelas coisas que ele faz; quando adoramos, estamos louvando ao Senhor pelo que ele é.
Quando dizemos: “Eu te louvo, ó Deus, porque o Senhor é grande, sábio, bondoso, generoso; eu me prostro diante da tua majestade, eu me rendo diante da tua santidade”, chamamos a esta atitude de adoração.
E quando dizemos: “Graças dou, ó Pai, porque nos deste teu Filho, nos deste teu Espírito, porque nos dás a tua Palavra, porque nos dás o pão de cada dia”, isto é ação de graças.
Eu gostaria de enfatizar dois fatos importantes sobre o agradecimento:
1.1 – O quanto ele é importante aos olhos do nosso Pai celestial
Acho que a melhor forma de mostrar isto é como uma história que temos no Novo Testamento:
Lc 17:11-19
11 De caminho para Jerusalém, passava Jesus pelo meio de Samaria e da Galiléia. 12 Ao entrar numa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, 13 que ficaram de longe e lhe gritaram, dizendo: Jesus, Mestre, compadece-te de nós! 14 Ao vê-los, disse-lhes Jesus: Ide e mostrai-vos aos sacerdotes. Aconteceu que, indo eles, foram purificados. 15 Um dos dez, vendo que fora curado, voltou, dando glória a Deus em alta voz, 16 e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, agradecendo-lhe; e este era samaritano. 17 Então, Jesus lhe perguntou: Não eram dez os que foram curados? Onde estão os nove? 18 Não houve, porventura, quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro? 19 E disse-lhe: Levanta-te e vai; a tua fé te salvou.
Certamente, irmãos, que cada um destes dez leprosos sentiu-se grato a Jesus por ter sido curado. Mas somente um deles voltou para agradecer. E Jesus sentiu-se imensamente feliz por causa deste que veio agradecer, ao mesmo tempo em que admirou-se de que os outros nove não fizeram o mesmo. No v. 19 lemos que, aos olhos de Jesus, o demonstrar gratidão foi uma demonstração de fé. E desta maneira, aprendemos que agradecer revela aquele tipo de fé que agrada a Deus.
1.2 – Outro princípio importante quanto a isto nos é ensinado em 1ª Ts 5:18 e Ef 5:20:
1ª Ts 5:18 – “Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
Em cada circunstância, em meio aos mais variados tipos de situação, Deus deseja que agradeçamos a ele.
Ef 5:20 – “...dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo...”
Os irmãos se lembram que nos contexto destas palavras o apóstolo Paulo está nos ensinando como devemos estar permitindo que o Espírito Santo encha a nossa vida com a sua presença. Enchei-vos do Espírito falando entre vós com salmos, hinos e cânticos espirituais, e acrescenta: dando graças (não apenas em tudo, mas) por tudo, em nome de Jesus.
Desejo acrescentar mais uma boa razão, além de ser esta a vontade de Deus:
Rm 8:28, 29 – “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.  29 Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”.
Assim, dar graças por tudo, e em tudo, significa demonstrar a nossa fé no fato de que a nossa vida está toda nas mãos do Senhor. Significa demonstrar nossa fé em que Deus, o Deus que governa todos os acontecimentos do universo, que governa também cada momento da nossa vida, é sábio, amoroso, que faz tudo para o nosso bem. E desta maneira o Senhor é honrado.
3. Nossas orações também devem conter confissão dos nossos pecados
Outro aspecto da oração que surge naturalmente quando contemplamos a majestade e a graça de Deus é a consciência dos nossos pecados.
No Evangelho de Lucas, capítulo 5, lemos a respeito da pesca maravilhosa. Pedro e seus companheiros de pesca haviam trabalhado a noite inteira, sem ter conseguido apanhar peixe algum. Então Jesus, tomando conhecimento disto, ordenou que eles fossem novamente ao lago, e lançassem suas redes em determinada direção. Quando o fizeram, apanharam grande quantidade de peixes.Então, percebendo a grandeza de Jesus, temeu, e prostrando-se aos pés do Senhor, disse: “Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador”.[4]
De igual modo Isaías, quando viu a glória do Senhor, disse: “Ai de mim; vou perecer,  porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o rei, o Senhor dos Exércitos.”[5] Mas nos dois casos a reação do Senhor foi de graça e misericórdia. O Senhor purificou estes homens que confessaram suas culpas.
E esta é a promessa feita pelo Espírito Santo a todos nós: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça”.[6]
Desta forma, nós vemos no Salmo 106 esta consciência de pecados na presença de Deus, e a consequente confissão.
v. 6 – “Pecamos, como nossos pais; cometemos iniquidade, e fizemos o que é mal”.
E do v. 7 em diante ele recorda a história de Israel, desde a libertação no Egito até os dias dos juízes, mostrando que Deus é um Deus de aliança, e que cumpre a sua Palavra; mas que Israel repetidamente, pecou contra ele: foram cobiçosos, não souberam aguardar os desígnios de Deus, foram invejosos, rebeldes, adoraram ídolos, foram incrédulos, rebeldes contra o Espírito Santo, misturaram-se com os pagãos e aprenderam seus caminhos errados.
Agora eu gostaria de chamar a atenção para um pecado mencionado pelo menos três vezes aqui, e que se torna a fonte para todos os outros:
v. 7 – Nossos pais, no Egito, não atentaram às tuas maravilhas; não se lembraram da multidão das tuas misericórdias e foram rebeldes junto ao mar, o mar Vermelho.
v. 13 – “Cedo, porém, se esqueceram das suas obras e não lhe aguardaram os desígnios”.
v. 21 – “Esqueceram-se de Deus, seu Salvador, que, no Egito, fizera coisas portentosas”.
Esqueceram-se de Deus, esqueceram-se de suas obras, esqueceram-se de suas misericórdias.  Falando de outro modo: eles não cumpriram as palavras ordenadas nos Sls 103:2 e 105:5:
Sl 105:5 – “Lembrai-vos das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos de seus lábios”.
Sl 103:2 – “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios”.
Então, no Salmo 106, por três vezes o Espírito Santo se queixa de que Israel se esqueceu das obras de Deus na vida deles, e isto resultou em pecado, rebelião e apostasia; resultou em mundanismo.
Mas no v. 6, o salmista diz: “Mas em nós não há diferença: somos como nossos pais”. E nós, irmãos, somos diferentes? Não temos a tendência de nos esquecer muitas vezes?
Cada um de nós, meus irmãos, tem certas coisas, certas maravilhas, certas bênçãos que o Senhor tem feito em sua vida, das quais não pode se esquecer. Por exemplo, o apóstolo Pedro nos ensina que não podemos nos esquecer da purificação dos nossos pecados de outrora, para que sejamos frutíferos em nossa vida espiritual.
2ª Pe 1:9 – Pois aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora”.
Não podemos nos esquecer do dia da salvação. Do dia em que o Espírito Santo falou com firmeza e ternura à nossa alma, nos convenceu dos nossos pecados, e amorosamente nos trouxe aos pés de Jesus, para que confiássemos nele, só nele, para a nossa salvação.  Não podemos nos esquecer de que éramos pecadores perdidos, ovelhas cansadas, desorientadas, sem pastor, mas que o Senhor nos acolheu, nos perdoou, e se tornou o nosso guia.
Existem certas coisas que eu não posso esquecer, quanto à minha vida:
1.      O dia da minha salvação
2.      O dia em que me senti vocacionado por Deus para o ministério da Palavra
3.      O dia em que Deus me disse que a Tequinha era a mulher que ele preparou para mim
4.      Não posso esquecer as muitas respostas às orações, as muitas vezes em que o Senhor falou comigo, em situações difíceis, mostrando o caminho pelo qual andar, as muitas vezes nas quais sua provisão se manifestou de forma clara, quase miraculosa.
Se nos esquecemos das obras de Deus, as tentações, as circunstâncias, os problemas se tornam tão grandes aos nossos olhos que nos tornamos desobedientes e incrédulos.
Mas, ao mesmo tempo, que maravilha: aquele que perdoou os nossos pecados no passado, também continua disposto a perdoar no presente.
Por isto, ao tomar consciência de suas iniquidades, o salmista, ajudado pelo Espírito Santo, confessa: “Pecamos, como nossos pais; cometemos iniquidade; procedemos mal”.
E assim somos instruídos a fazer o mesmo, pois o Deus grande, santo, temível e justo, é fiel à sua Palavra, e nos perdoa.
4. Em quarto lugar, as nossas orações também devem conter súplicas
Usando as palavras do Catecismo Maior, devemos oferecer a Deus os nossos desejos.
A Bíblia nos ensina no sentido de que todas as coisas boas que desejamos, todas as coisas que nos preocupam, todos os nossos planos, todas as nossas ansiedades, a nosso respeito, a respeito das pessoas que amamos, da nossa igreja, tudo, devemos levar ao Senhor em oração, e simplesmente agradecer porque ele nos ouve, e nos concede o que é bom, de acordo com a sua insondável, perfeita e amorosa sabedoria, de acordo com seu planos eternos, de nos fazer conformes à imagem de seu Filho Jesus.
Desta maneira, aqui no Salmo 106 também temos um exemplo de súplica:
vs. 4 e 5 – “Lembra-te de mim, SENHOR, segundo a tua bondade para com o teu povo; visita-me com a tua salvação,  5 para que eu veja a prosperidade dos teus escolhidos, e me alegre com a alegria do teu povo, e me regozije com a tua herança”.
Este é o desejo do teu coração? Você quer ser visitado pela bondade do Senhor? Quer ser visitado por sua salvação? Quer ver a prosperidade dos escolhidos de Deus? Quer se alegrar com a alegria do povo de Deus, vendo a igreja alegre com a bênção de Deus? Este é um desejo dado pelo Espírito Santo, de conformidade com a vontade de Deus. Este era um desejo que o apóstolo João tinha em seu coração, quando escreveu para um querido amigo.
3ª Jo 2 – “Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma”.
A palavra traduzida por “faço votos”, significa oro, como na NVI; “peço a Deus”. Há três sentidos em que João desejava a prosperidade de seu amigo Gaio: que ele fosse próspero nas coisas materiais e em sua saúde, assim como era próspero espiritualmente. Mas veja a ordem de importância: antes de qualquer coisa, a prosperidade espiritual, que Gaio já possuía.
Agora, para que não sejamos conduzidos por uma mentalidade errada, veja a atitude da pessoa espiritualmente próspera:
Pv 30:7-9 – Duas coisas te peço; não mas negues, antes que eu morra: 8 afasta de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; 9 para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus”.
Pois se uma pessoa for próspera materialmente, mas não o for espiritualmente, não adianta nada. Ela será uma pessoa miserável, sempre insatisfeita com o que tem, e precisará sempre “correr atrás de ter mais”. Tal pessoa, no reino de Deus, não ajuda. Primeiro porque ama este mundo. Segundo, porque não gosta de contribuir; ela se sente pobre, e sente que se contribuir ficará mais pobre.
Mas quando uma pessoa é próspera espiritualmente, então vê todas as outras coisas apenas como provisões de Deus para o avanço do seu reino.
Noutro lugar, o Espírito Santo também diz que Deus ama a prosperidade dos seus servos:
Sl 35:27 – Cantem de júbilo e se alegrem os que têm prazer na minha retidão; e digam sempre: Glorificado seja o SENHOR, que se compraz na prosperidade do seu servo!”.
Ora, quando alguém tem no coração o mesmo sentimento do Senhor, então ele deseja e se alegra na prosperidade dos eleitos de Deus. Olhe para os irmãos à sua volta: você deseja a prosperidade deles? Eu desejo a prosperidade de cada um de vocês.
Se vocês forem prósperos espiritualmente, em sua saúde, em seu trabalho, a igreja o será também.  E se virmos a prosperidade da igreja, a nossa alma só tem que se alegrar, como a alma de Deus.
E que coisa bendita: isto o Espírito Santo está nos ensinando a pedir. Então deseje, e peça.
Conclusão e aplicação
Eis aqui, irmãos, o que o Senhor espera de nós:
Que movidos pelo amor, pela fé e pela esperança, entremos nosso quarto para adorar ao Senhor. Que meditemos em sua Palavra. Que alimentemos nossas almas com o conhecimento dele, de sua vontade, e nos ponhamos a adorá-lo com nossas orações.
Orações de adoração, nas quais reconheçamos sua grandeza, sua majestade, seu poder, sua justiça, seu amor, sua santidade, sua bondade, sua sabedoria. Orações de gratidão, nas quais o louvemos por todos os seus benefícios para conosco. Orações de confissão, reconhecendo nossos pecados, e pela fé lançando mão de seu perdão que nos é dado em Cristo Jesus. Orações de súplicas, por nós, por nossa igreja, e por tudo o que é bom, na confiança e expectativa de que ele no-lo concede em seu eterno amor.
Você observou que cada um destes aspectos da oração devocional, a saber, Adoração, Confissão, Agradecimento e Súplica, nos podemos observar na Palavra de Deus, inclusive nos Salmos.
Faço esta sugestão: em suas devocionais diárias, depois de ter meditado, quando for orar, faça estas perguntas:
Que motivos, neste texto, tenho para adorar? Quais atributos de Deus posso ver aqui?
Que motivos tenho para agradecer? Que obras de Deus este texto me revela? Posso relacioná-las em minha vida?
Há algum pecado que devo confessar? O Senhor me falou alguma coisa sobre isto?
Que súplicas posso fazer ao Senhor, que são a sua vontade revelada na Palavra?
Bendito seja Deus, que não rejeita a nossa oração, que não afasta de nós a sua graça.



[1] Mt 6:6
[2] Mt 6:11
[3] Bunyan, J. La oracion (Barcelona, El Estandarte de la Verdad, 1990, reimpressão), pág 37.
[4] Lc 5:11
[5] Is 6:5
[6] 1ª Jo 1:9
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