Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Em nossas necessidades - Mt 14:13-21

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 11 de agosto de 2013
Pr. Plínio Fernandes
Meus irmãos, vamos ler Mateus 14:13-21
Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, à parte; sabendo-o as multidões, vieram das cidades seguindo-o por terra. 14 Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos. 15 Ao cair da tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: O lugar é deserto, e vai adiantada a hora; despede, pois, as multidões para que, indo pelas aldeias, comprem para si o que comer.16 Jesus, porém, lhes disse: Não precisam retirar-se; dai-lhes, vós mesmos, de comer.17 Mas eles responderam: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.18 Então, ele disse: Trazei-mos.19 E, tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a relva, tomando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou. Depois, tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões. 20 Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram recolheram ainda doze cestos cheios.21 E os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças.
Nos vs. 1 a 12, Mateus nos diz que o rei Herodes estava preocupado, ao ouvir sobre os milagres que Jesus realizava.
E dizia: “É João Batista, que ressuscitou de entre os mortos, e nele operam forças miraculosas”.
E isto deu oportunidade a Mateus de abrir um parêntese na história de Jesus e explicar como o profeta João Batista havia sido morto por haver confrontado Herodes por causa do seu adultério.
Parece que a consciência atormentada de Herodes agora estava “vendo fantasmas”, e ele pensava que Jesus era João que havia ressuscitado.
Quando Jesus ouviu sobre estas coisas, resolveu sair dos territórios que ficavam sob a jurisdição de Herodes.
Lucas nos informa que ele foi para um lugar deserto, no território de uma pequena cidade chamada Betsaida: foi ali que aconteceu o primeiro milagre da multiplicação dos pães.
Este milagre da multiplicação dos pães é o único milagre de Jesus narrado pelos quatro Evangelhos. E cada um deles acrescenta um pequeno detalhe, de modo que a nossa compreensão da história se torna mais rica.
Por exemplo, ao saber que Jesus foi, de barco de Cafarnaum para Betsaida, entendemos também porque muitas pessoas puderam acompanhar por terra, pois Cafarnaum ficava na região noroeste do Mar da Galiléia, e Betsaida ao norte.
O caminho que as multidões fizeram por terra era praticamente paralelo ao que Jesus e os discípulos fizeram pelo mar.
Além disto, Marcos e Lucas colocam este acontecimento logo após o regresso dos discípulos em sua primeira viagem missionária, quando eles voltaram contentes, porque haviam proclamado com sucesso a chegada do reino de Deus.
Então Jesus os chamou à parte, a um lugar deserto, onde poderiam ter um tempo de repouso.
Mas aquele tempo de repouso não pode ser desfrutado, pois, ao chegar em Betsaida as multidões já os aguardavam, e Jesus se compadeceu de toda aquela gente, pois eram como ovelhas que não têm pastor. Então passou a ensiná-las sobre o reino de Deus e a curar os enfermos.
Foi então, no final daquele dia, que os discípulos sentiram que estavam diante de um grande problema.
Havia cerca de cinco mil homens ali, além de mulheres e crianças.
A noite já estava chegando, o lugar era deserto, e todas aquelas pessoas precisavam comer; do contrário, desfaleceriam pelo caminho.
Então os discípulos sugeriram a Jesus: “Encerre suas atividades; mande estas pessoas para casa, a fim de que, passando pelas aldeias, eles tenham o que comer”.
E Jesus lhes respondeu: “Dai-lhes vós mesmos de comer”.
João acrescenta um detalhe muito interessante:
Jo 6:5-7
5 Então, Jesus, erguendo os olhos e vendo que grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pães para lhes dar a comer? 6 Mas dizia isto para o experimentar; porque ele bem sabia o que estava para fazer 7 Respondeu-lhe Filipe: Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu pedaço.
Jesus sabia o que estava para fazer.
Mas ele quis “experimentar”, por seus discípulos à prova, não para que eles falhassem em sua fé, mas para que fossem fortalecidos naquela prova.
Muitas outras vezes eles se encontrariam em situações cujas dificuldades eram maiores que sua capacidade de resolvê-las, e então eles precisariam se lembrar do que Jesus fizera neste dia.
E aqui, meus irmãos, eu me sinto consolado, sabem por quê?
Algum tempo depois (Mt 15 nos conta), Jesus e seus discípulos estavam noutro lugar, junto ao Mar da Galiléia, diante de uma imensa multidão e ele tornou a multiplicar pães e peixes.
Mas então (Mateus 16) eles foram viajar de barco, e os discípulos se esqueceram de levar pão. Quando Jesus falou sobre o fermento dos fariseus, eles pensaram que Jesus estava se queixando da falta de pão. Mas o Senhor pacientemente lhes recordou que para ele falta de pão nunca seria problema.
O que quero dizer é que os doze, tendo Jesus ali, na frente deles, em “carne e osso”, tinham tanta dificuldade de aprender quanto nós temos.
Mas Jesus é paciente com os seus escolhidos. Ele repreende com amor, ele repete a lição, para que aprendamos.
Assim, nesta história que ora consideramos, quando os discípulos respondem que não tem como alimentar toda aquela gente, ele pergunta: “Mas o que vocês têm”?
“Cinco pães e dois peixes”; que aliás, nem eram deles, mas de um rapaz que estava ali.
“Tragam-nos a mim”, disse o Senhor.
Em seguida orou agradecendo e abençoando aquele alimento, e ordenou que os discípulos os distribuíssem entre a multidão.
Depois que todos comeram e se fartarem recolheram o que sobrou, e eram tantos pães que recolheram doze cestos cheios deles.
Assim, uma circunstância que representava uma grande necessidade se tornou num momento maravilhoso, em que os discípulos viram a gloriosa compaixão e poder de Jesus se manifestarem mais uma vez.
Eu gostaria de fazer três observações sobre as nossas necessidades, com base na história que temos lido.
1. Em nossas necessidades, Jesus já sabe o que ele irá fazer
Depois que “experimentou” os discípulos, e ficou evidente a falta de recursos que eles tinham em si mesmos, o Senhor lhes deu esta ordem: O que vocês têm, tragam pra mim.
E eles trouxeram. Então aconteceu o inesperado: assim como havia transformado água em vinho, assim como acalmara a tempestade, mais uma vez o seu poder sobre a natureza se manifesta, e cinco pães e dois peixes são multiplicados em milhares.
Mas estes “milagres de provisão” não são mencionados apenas no Novo Testamento.
Apenas para ilustrar, vejamos a história de Elias, registrada em 1º Rs 17
vs. 1-6
Então, Elias, o tesbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Tão certo como vive o SENHOR, Deus de Israel, perante cuja face estou, nem orvalho nem chuva haverá nestes anos, segundo a minha palavra. 2 Veio-lhe a palavra do SENHOR, dizendo: 3 Retira-te daqui, vai para o lado oriental e esconde-te junto à torrente de Querite, fronteira ao Jordão.4 Beberás da torrente; e ordenei aos corvos que ali mesmo te sustentem. 5 Foi, pois, e fez segundo a palavra do SENHOR; retirou-se e habitou junto à torrente de Querite, fronteira ao Jordão. 6 Os corvos lhe traziam pela manhã pão e carne, como também pão e carne ao anoitecer; e bebia da torrente.
Elias havia feito uma profecia, no sentido de que Israel iria enfrentar um período de seca nos próximos anos.
Isto porque Israel havia se afastado de Deus e passara a adorar a Baal e outros falsos deuses. De acordo com a Palavra de Deus[1], se o povo do Senhor fizesse isto, então a seca viria. E Elias anunciou o cumprimento da Palavra dada na lei. E a Palavra se cumpriu.
Então Deus disse a Elias: “Retira-te daqui e esconde-te junto ao ribeiro de Querite. Beberás da torrente; e ordenei aos corvos que te sustentem”.
E assim, de manhã e à tarde, os corvos traziam pão e carne para o profeta – não sei de onde eles traziam estes alimentos, mas traziam! E Elias se alimentava, e bebia da torrente. Isto foi por muitos dias.
Sabem, irmãos? Acho que Elias mesmo nunca imaginaria um meio assim de ser sustentado por Deus.
Elias não saberia o que fazer, mas Deus sabia.
Ou pensemos na oração o rei Josafá, registrada em 2º Crônicas 20. O texto diz que os moabitas, os meunitas e os amonitas se uniram para atacar o povo de Judá.
Então o rei Josafá, e todo o seu povo ficaram com medo, e buscaram a Deus.
Quero ler somente o v. 12
Ah! Nosso Deus, acaso, não executarás tu o teu julgamento contra eles? Porque em nós não há força para resistirmos a essa grande multidão que vem contra nós, e não sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti.
“Não sabemos o que fazer, mas os nossos olhos estão colocados em ti!”.
Então o Senhor levantou um profeta, Jaaziel, que os instruiu no sentido de “não fazer nada, a não ser confiar em Deus e ver o grande livramento que ele lhes daria”.
O Senhor lutaria por eles, pois a luta não era deles, mas de Deus. E com efeito tudo o que eles fizeram foi louvar a Deus e ver como os inimigos se voltaram uns contra os outros e se destruíram mutuamente.
Josafá e seu povo não sabiam o que fazer, mas Deus sabia.
Ora, além da falta de saber o que fazer, Elias, Josafá e os discípulos têm mais duas coisas em comum: levam seu problemas a Deus, e esperam a resposta de Deus.
Façamos o mesmo.
2. Em nossas necessidades, Jesus é poderoso para fazer muito além do que imaginamos
Filipe pensa um pouco e responde: “Senhor, nem duzentos denários seriam suficientes para alimentar tanta gente”.
Os demais fazem coro: “Despede estas pessoas, para que elas possam ir pelas aldeias e comer alguma coisa”.
Nem Filipe nem qualquer um dos seus condiscípulos estavam errados, o demonstrando falta de fé.
Diante de qualquer situação nós precisamos usar nossa razão, fazer cálculos, medir o tamanho do salto. Não devemos dar passos maiores que as nossas pernas.
Porque a maioria das vezes, a maneira como Deus supre as nossas necessidades é através das leis fixas que regem o mundo criado por ele.
Então os discípulos estavam apenas usando o entendimento que Deus lhes deu, o que é muito certo.
Mas Jesus queria fazer algo “maior”: então ele tomou os dois peixes, os cinco pães, e os multiplicou em milhares, de modo que muito mais do que cinco mil pessoas foram fartamente alimentadas.
Deus supre as nossas necessidades, normalmente através de seu governo comum sobre todas as coisas.
Mas também pode realizar milagres.
Pensemos novamente em Elias. Voltemos a 1º Rs 17.
vs. 7-9
7 Mas, passados dias, a torrente secou, porque não chovia sobre a terra. 8 Então, lhe veio a palavra do SENHOR, dizendo: 9 Dispõe-te, e vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e demora-te ali, onde ordenei a uma mulher viúva que te dê comida...
Interessante, irmãos: Se Elais fosse, por si mesmo, imaginar como ele poderia se manter, agora que a torrente do Querite se havia secado, ele certamente não pensaria em pedir ajuda de uma viúva.
As viúvas (como acontece até hoje), erma, muitas vezes, mulheres pobres e desamparadas.
E foi este o caso aqui.
Mas o Senhor disse que havia ordenado a uma viúva que o alimentasse – e a viúva nem sabia, quer dizer, o Senhor havia determinado que fosse assim, mas só revelou isto a ela através do profeta.
E o Espírito prossegue contando que chegando em Sarepta Elias encontrou, à porta da cidade, uma mulher viúva apanhando lenha.
Ele a chamou e pediu que lhe trouxesse água para beber. Ela o fez.
Em seguida ele pediu pão.
Mas ela respondeu: “Eu não tenho nada; tenho somente um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija; e, veja: apanhei dois pedaços de lenha e vou preparar esse resto de comida para mim e para o meu filho; vamos comer e morrer, porque não temos mais nada”.
Então Elias disse: Não tenha medo; vá e faça este alimento; mas primeiro faça um bolinho e me traga; depois fará para você e o seu filho. Porque assim diz o SENHOR, Deus de Israel: A farinha da tua panela não se acabará, e o azeite da tua botija não faltará, até ao dia em que o SENHOR fizer chover sobre a terra.
Foi ela e fez de acordo com a palavra de Elias; assim, comeram ele, ela e a sua casa muitos dias.
A farinha não se acabou da panela, e o azeite não se acabou da botija, muitos dias, e só acabou no dia em que a seca terminou e as chuvas voltaram.
E além dos milagres, o que esta viúva e os discípulos de Jesus têm em comum? O fato de que, o que tinham, colocaram nas mãos de Deus.
A viúva alimentou primeiro ao profeta. Os discípulos colocaram os pães e peixes nas mãos do Senhor. E aquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, multiplicou os alimentos, de sorte que houve abundância.
O profeta, a viúva e seus filhos foram alimentados muitos dias.
Dos pães que os discípulos repartiram entre a multidão, ainda recolheram doze cestos cheios.
O pouco que temos, coloquemos nas mãos do Senhor. Porque ele fez o universo do nada, apenas pelo poder de sua Palavra.
Ele é poderoso para cuidar de nós muito mais abundantemente do que podemos imaginar.
3. Em nossas necessidades, administremos bem o que Jesus nos concede
Lemos que depois que todos se fartaram, ainda sobraram muitos pães. Então eles os recolheram em doze grandes cestos.
E João (6:12) nos acrescenta:
E, quando já estavam fartos, disse Jesus aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca.
Jesus não queria que nenhum “pedaço das bênçãos do céu” fosse desperdiçado.
Não sei por quem, em que circunstâncias, como aqueles pães foram consumidos depois. A Bíblia não nos fala sobre isto.
Mas o fato é que não deveria ser desperdiçado.
Amados, será que não é este um dos grandes pecados desta era de “cristãos consumistas”?
Tantas vezes Deus nos dá o necessário, e na verdade muito mais do que o necessário até, mas tantas vezes simplesmente desperdiçamos o que ele nos concede.
Alguns até pensam que devem jogar fora o que é velho, prá que Deus dê coisas novas.
São muitos alimentos jogados fora. São utensílhos domésticos, aparelhos eletrônicos, livros, vestimentas.
Nós, os cristãos, muitas vezes somos muito mais consumistas do que os do mundo.
E os mercadejadores da fé sabem disto, por isto existe tanta quinquilharia gospel, lixo gospel (ou será “cospel?”) nas muitas feiras para o “consumidor cristão”, onde todo tipo de “música cristã” é vendido, bíblias para todos os tipos de consumidores são oferecidas – antigamente havia “uma bíblia”; agora existe uma para a mulher, uma para o homem, a da criança, a do adolescente, a do pastor, a do obreiro, a do comunista, a do capitalista, a do tradicional, a do “homem contemporâneo” (que é menos pecador, mais letrado e mais filósofo) e vai por aí afora. São aquelas Bíblias que destacam os assuntos de interesse para cada um, como se tudo o que Deus falou não fosse do interesse do crente, que falam de um modo atraente à classe de cada um, enfim, Bíblias para todo tipo de gosto dos pecadores.
É desperdício de dinheiro que poderia ser investido na família, nas igrejas locais, nas missões, mas que muitas vezes é jogado foram em nome da fé.
E muitas vezes igrejas empregam o dinheiro dado por Deus para promover o luxo, o estrelismo, e uma ganância ainda maior.
Tudo isto é pecado. Tudo isto é exploração do pecado que ainda habita em nós.
E quando sentimos que Deus não nos dá tudo o que precisamos, nossa fé fraqueja.
Porque, não é que Deus não nos dê; ele até já deu, mas não recolhemos em cestos, não guardamos para o futuro, desperdiçamos, gastamos o dinheiro com o que não precisava ser gasto, e depois ficamos com a impressão que as janelas do céu estão fechadas.
Então, quando o Senhor nos dá, que não desperdicemos. Não sejamos apegados, mas ao mesmo tempo não sejamos desperdiçadores; façamos bom proveito.
Conclusão e aplicação
Assim, pois o milagre da multiplicação dos pães nos trás lições preciosas:
Em nossas necessidades, aquele que prometeu suprir cada uma delas, sabe de antemão o que ele há de fazer. Confiemos em Jesus.
Em nossas necessidades, Jesus é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos.
Em nossas necessidades, aprendamos que as coisas que Jesus nos dá, não devem ser desperdiçadas.
Entregue suas necessidades a Jesus. Confie nele. O mais ele fará.





[1] Dt 28:15 e segs.

Um comentário:

  1. Blog abençoado, sempre cresço mais em entendimento nos meus devocionais através de você! Deus continue te abençoando.

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