Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 17 de novembro de 2013
Pr. Plínio Fernandes
Meus
amados, vamos ler João 12:1-8
Seis dias
antes da Páscoa, foi Jesus para Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele
ressuscitara dentre os mortos. 2 Deram-lhe, pois, ali, uma ceia;
Marta servia, sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa. 3 Então, Maria, tomando
uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os
enxugou com os seus cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo. 4 Mas Judas Iscariotes,
um dos seus discípulos, o que estava para traí-lo, disse: 5 Por que não se vendeu este perfume
por trezentos denários e não se deu aos pobres? 6 Isto disse ele, não porque
tivesse cuidado dos pobres; mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, tirava o
que nela se lançava. 7 Jesus, entretanto, disse:
Deixa-a! Que ela guarde isto para o dia em que me embalsamarem; 8 porque os pobres, sempre os tendes
convosco, mas a mim nem sempre me tendes.
Isto aconteceu cerca de uma semana antes da morte
de Jesus.
Ele estava numa pequena aldeia perto de Jerusalém,
chamada Betânia, onde moravam três queridos amigos, na casa de quem ele
costumava se hospedar: Lázaro, Marta e Maria.
Mas neste momento eles não estavam na casa de
Lázaro, e sim, conforme nos contam os evangelhos de Mateus e Marcos, na casa de
um amigo em comum, um crente conhecido como Simão, o leproso.
Uma ceia estava sendo oferecida a Jesus: Lázaro
estava com ele à mesa, e Marta, como gostava de fazer, estava servindo à mesa,
mas desta vez, do jeito que Jesus tem prazer, isto é, sem se queixar de que sua
irmã Maria não a estava ajudando.
E Maria, bem, mais uma vez Maria demonstra a
devoção que tinha para com Jesus: ela tomou um vaso de nardo, um perfume caro,
muito cheiroso, e foi até o lugar à mesa onde estava o nosso Salvador.
Então, muito graciosamente derramou aquele perfume
sobre os pés do Senhor, e os enxugou com seus cabelos (Mateus e Marcos nos
dizem que ela também derramou do perfume sobre a cabeça de Jesus). Foi um gesto
muito semelhante ao praticado algum tempo antes, por uma outra mulher, em outro
lugar, conforme Lucas cap. 7.
A reação de Judas foi imediata. Ele demonstrou
indignação. Segundo a opinião que emitiu, o gesto de Maria fora um verdadeiro
desperdício. Fazer aquilo com um perfume tão caro que, se vendido, renderia
trezentos denários, o salário de quase um ano de trabalho de um homem comum, e
esse dinheiro poderia ser usado em favor dos necessitados!
João nos explica que Judas disse aquilo não porque
de fato se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão e roubava a bolsa
que os apóstolos tinham em comum.
Mas tanto Mateus quanto Marcos acrescentam que
todos os outros discípulos concordaram com Judas.
Todos acharam um desperdício. Assim como muitas
pessoas acham um desperdício o gastar dinheiro com as coisas de Deus, ou os
bens materiais, ou o tempo, ou os talentos. Há daqueles que dizem que o
verdadeiro cristianismo não é “religioso”, daquele que se preocupa com devoções
espirituais, que o verdadeiro cristianismo é o que se dedica a minimizar os
males sociais.
Amados, nada contra aqueles que se dedicam a
trabalhar para o bem da sociedade, mas na história que temos aqui menos uma
pessoa houve uma pessoa que não achou um desperdício a atitude de Maria: Jesus.Diante daquela pretensa preocupação social revelada pelos discípulos, ele responde:
- “Deixem-na;
que ela guarde isto para o dia em que me embalsamarem. Quanto aos pobres, vocês
sempre terão oportunidade de ajudá-los, mas a mim, vocês nem sempre terão por
perto”.
Ao olhar para esta narrativa tão bonita, eu
gostaria de fazer duas observações sobre Jesus e Maria, e partindo delas,
trazer também inspiração para a nossa vida, em nosso viver com Deus: Maria
conhecia o coração de Jesus, e Jesus conhecia o coração de Maria, ou, Maria
amava a Jesus, e Jesus amava Maria.
1. Digo que Maria conhecia o coração de
Jesus, e que Maria amava a Jesus
Eles estão juntos novamente, como em muitas outras
vezes em que Jesus vai a Jerusalém, que ficava próxima, para as festas
religiosas.
Desta vez, Jesus sabe, será a última. Maria não
sabe ainda, mas, como Jesus disse tão claramente, conforme veremos no evangelho
de Marcos, ela estava como que antecipando o que iria acontecer.
À mesa estavam Jesus, seu amigo Lázaro, com certeza
o dono da casa, Simão, os doze discípulos, e Marta servindo.
Então surge um desejo no coração de Maria: o desejo de mais uma vez, de alguma forma, honrar o Senhor, demonstrar sua devoção para com ele.
Assim ela toma um frasco
(mais ou menos uns 300 ml) de um perfume muito gostoso, e como Judas enfatiza,
caríssimo.
Ela se aproxima do Senhor e derrama aquele perfume
sobre seu corpo: mais especificamente sobre sua cabeça e seus pés.
Os discípulos, ali presentes, mostram-se
contrariados:
- “Que gesto
mais absurdo! Que exagero! Não é assim que devem proceder os discípulos, estas
pessoas sensatas, com a cabeça no lugar! Jogar dinheiro fora, quando tem tantas
pessoas passando fome, sofrendo necessidade!”
E comentam isto como que cheios de justiça, de certeza
de que Jesus concordaria com eles.
Aliás, não foi a primeira vez que isto aconteceu em
relação a Maria.
Em Lucas cap. 10 nós lemos que numa outra ocasião,
estava Jesus na casa destes três.
Então Marta, insatisfeita com o comportamento de
Maria, pede ao Senhor que faça justiça:
Lc 10:39-42
Tinha ela
uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a
ouvir-lhe os ensinamentos. 40 Marta agitava-se de um lado para
outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse:
Senhor, não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir
sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me. 41 Respondeu-lhe o Senhor: Marta!
Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. 42 Entretanto, pouco é
necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não
lhe será tirada.
E veja que tanto nesta ocasião quanto naquela,
Jesus fica do lado de Maria, dizendo aos murmuradores que Maria estava fazendo
o que ele preferia que ela fizesse.
Maria gostava de agradar Jesus, e sabia o que o
agradava. Ela conhecia o seu coração.
E me parece que aqui neste texto está o segredo de
Maria, do modo como ela conhecia o coração do Senhor: é que ela ficava sentada
aos seus pés, e ouvia o que ele
dizia.
Isso me faz pensar num contraste que Jesus faz, em
relação ao comportamento dos discípulos, em certa ocasião, conforme registrado
em Mc 8:18. Ali ele pergunta aos doze: “Vocês,
tendo olhos não enxergam? Tendo ouvidos não ouvem”?
Sim: existem muitas pessoas que seguem a Jesus, mas
que estão muito ocupadas para poder parar e ouvir a sua Palavra, para escutar e
saber o que ele têm no coração, e então, ainda que ouçam suas palavras
intelectualmente, elas não descem para o coração deles, elas não se tornam o
que eles pensam, elas não se tornam o que eles sentem, e estas pessoas então
não fazem o que mais agradaria ao Senhor.
Maria de Betânia não era assim: ela não era uma
mulher “muito prática”, talvez não tenha vindo a ser uma “senhora dona de
casa”, e talvez não tenha vindo a ser uma “assistente social” (é claro: nada
tenho contra estas duas coisas, nem o Senhor), mas era uma mulher cujo coração
sabia o que ia no coração de Jesus.
Eu tenho certeza de quanto a este gesto não deve
ter havido uma consulta a Jesus. Não foi nada intelectual, no sentido de que
ela se aproximou dele e perguntou-lhe o que ele gostaria que ela fizesse. E
isto por que ela o amava, ela o ouvia sempre. Fico imaginando que muitas coisas
um dizia para o outro só através do olhar.
Assim, eles se conheciam tão bem que ela sabia, em
si mesma, o tipo de coisas que ele gostava.
E naquele dia, o que se passou dentro dela, senão
em forma de palavras mas na forma de sentimento foi isto: “Como posso honrar ao meu Salvador? Vou presenteá-lo com um frasco de
nardo”. E ela o fez, e ele teve prazer.
2. Digo que Jesus conhecia o coração de
Maria, e Jesus amava Maria
E quando afirmo que Jesus amava Maria, não estou me
referindo em primeiro lugar àquele grande amor que ele tem para com todos os
seus eleitos.
Pois há este amor em geral, amor que é muito
grande, que é infinito, que Jesus tem para com todos os de sua igreja.
Jeremias nos diz que o Senhor se deixou ver por
ele, e por ele disse a Israel: “Com amor
eterno eu te amei, por isto com benignidade te atraí” (Jr 31:3).
E aqui neste evangelho de João 13:1 está escrito: “Tendo Jesus amado aos seus que estavam no
mundo, amou-os até o fim”.
Jesus, portanto, ama a todos os que são seus.
Mas há um sentido, na Palavra de Deus, em que Jesus
ama de modo ainda muito mais especial àqueles que são mais achegados a ele.
Desejo citar algumas mostras disto na Palavra de
Deus:
Jo 13:23
Ora, ali estava conchegado a Jesus um dos seus discípulos,
aquele a quem ele amava.
Em quatro outros lugares, o autor deste evangelho,
João, refere-se a si mesmo como o discípulo amado (19:26; 20:2; 21:7; 21:20).
Isto quer dizer que Jesus não amava aos demais?
Não, mas que, em relação a João, era um relacionamento muito mais estreito, a
ponto de este discípulo poder reclinar-se sobre o seio de Jesus.
Em 2ª Co 9:7
lemos que “Cada um contribua segundo
tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama
a quem dá com alegria.”
Em Jo 14:21 também
lemos: “Aquele que tem os meus
mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado
por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele”.
Nestas passagens, quando Deus nos diz que ele ama
certas pessoas que preenchem certas condições, o que ele está nos ensinando é o
fato de que ele tem uma satisfação toda especial em pessoas que são segundo o
seu coração, que estas pessoas são o seu deleite, a sua alegria, que ele tem
prazer nelas. Como também está escrito em outro lugar: “A oração dos retos é o contentamento do coração de Deus” (Pv
15:8).
É deste modo que então lemos que estes três, Marta,
Maria e Lázaro eram muito especiais para Jesus
Jo 11:5
Ora,
amava Jesus a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.
Interessante isto: “Jesus amava Marta...” Ela era
aquela a quem Jesus havia repreendido por que havia reclamado de Maria. Marta
era agitada, ocupada, operosa, diferente de Maria.
Mas por que Jesus a amava também? Eu acho que nesta
cena da unção de Jesus por parte de Maria nós temos a resposta:
Marta está aqui, fazendo o que? Servindo. Se fosse
outra pessoa, ao ser repreendia por Jesus, ela diria: “Então não vou fazer mais nada”. E cruzaria os braços, “emburrada”,
de cara feia. E nunca mais Jesus iria comer aquele “feijãozinho” preparado por
ela.
Mas ela não faz isto: ela entende o que Jesus quer
dizer, ela aprende a lição, e passa a trabalhar, mas sem murmuração, com um
espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus (1ª Pe 3:4).
Jesus amava Maria.
Então a defende – “Deixai-a”. A NVI traduz: “Deixe-a
em paz”.
O Evangelho de Marcos nos trás alguns comentários
adicionais de Jesus em defesa de Maria.
Mc 14:6
Mas Jesus
disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou boa ação para comigo.
Mc 14:8 – Ele reconhece o que ela fez
Ela fez o
que pôde: antecipou-se a ungir-me para a sepultura.
Mc 14:9 – Jesus a honra
Em
verdade vos digo: onde for pregado em todo o mundo o evangelho, será também
contado o que ela fez, para memória sua.
Veja: nós
estamos aqui, hoje, ouvindo o que ela fez, para aprender com Deus pela vida
dela. E desta maneira a memória dela é honrada.
Conclusão e Aplicação
Este é mais um de uma série de personagens bíblicos
que temos estudado, que revelam o que Deus ama e o que ele deseja de nós.
Lembra-se de Moisés, aquele homem que aprendeu a
depender totalmente do Senhor, a andar com o Senhor, a fazer do jeito do
Senhor? Intimidade com Deus.
Lembra-se de Maria, mãe de Jesus, aquela mulher
discreta, silenciosa, que colocava as promessas de Deus no coração e
serenamente obedecia, aguardando o cumprimento da Palavra de Deus? Intimidade
com Deus.
Lembra-se de Abraão a quem o Senhor disse: “Anda na minha presença e sê perfeito”?
Intimidade com Deus.
Lembra-se também de Eliseu, que tinha sempre em
mente, no dizer de suas palavras “o
Senhor meu Deus, perante cuja face estou continuamente”? Intimidade com
Deus.
Maria de Betânia: Intimidade com Deus.
É para isto que o Senhor nos chama continuamente: para
andar com ele, para ouvir sua voz, para conhecer o coração dele, para amá-lo e
conhecer seu amor.
Maria buscava esta intimidade, devotando-se a Jesus.
Ouvir a Jesus era a coisa mais importante para ela.
Pare para ouvir a Jesus. Vá para o seu quarto, para
algum lugar silencioso, ore, adore, leia a Palavra, ouça com a sua mente e com
o seu coração; deixe Jesus falar com você. Só para vocês estarem juntos, só
para se conhecerem.
No seu dia a dia, procure ouvir a Jesus falando na
igreja, falando através das pessoas com quem você convive, falando nos
cânticos, nos hinos, falando em casa, através de seus familiares.
Procure ouvir Jesus falando nos problemas, nas
vitórias, nas circunstâncias.
Aprenda a ouvir a voz de Jesus, aprenda a discernir
a voz de Jesus, pois ele diz que as suas ovelhas ouvem a sua voz e ele as
conhecem, mas as ovelhas não conhecem a voz do diabo, e por isto não o ouvem,
não o obedecem.
Assim, aprenda a discernir também quando a Palavra
é Deus e quando não é: quando é a voz do orgulho, da autocomiseração, do
egoísmo, da murmuração. Peça: Senhor,
quero ouvir tua doce voz, que ilumina, que cura, que trás quebrantamento, que
restaura.
Entregue-se a Jesus: entregue seu tempo, seus bens,
tudo o que você é e tudo o que você tem.
E aí você vai experimentar assim: você conhece o
coração de Jesus, e Jesus conhece o seu coração; você ama a Jesus, e faz o que
ele gosta, e Jesus se deleita em você. E se algum irmão não gostar que você sirva ao seu
Redentor da maneira que ele se apraz, perdoe. Um dia essa pessoa cresce.
Grande edificação nesta manhã pra minha vida! Nós como pais nos alegramos quando um filho nos obedece ou nos dá carinho. Imagina Deus! Aquele que é mais chegado é o que mais recebe! Te amo meu Senhor Jesus! Palavra linda Pastor Plínio Fernandes! Abraço.
ResponderExcluirGlória a Deus ainda hoje o Senhor permitiu eu levar essa palavra na igreja e Deus é fiel pois aqui só confirmou o que Deus colocou no meu coração e o que por permissão de Deus eu falei naquele lugar GLÓRIA A DEUS
ResponderExcluirAmem...falou Deus comigo atravez desta palavra....que a sabedoria esteja em sua vida sempre em nome de Jesus
ResponderExcluirPaz do senhor
ResponderExcluirPalavra edificante mas está havendo uma mistura de texto no estudo
O texto diz q Marta, Maria e Lázaro eram amigos e na verdade eram irmãos
O jantar com amigo foi na casa deles onde Maria ungiu os pés de Jesus
João 12
O jantar com amigo foi na casa de Simão onde uma pecadora invade a sala e também ungiu os pés de Jesus..
Lucas 7:36
Maria do texto não tem nada a ver com a pecadora de Lucas.
Jesus defende Maria com essas palavras: DEIXAI-A
Jesus defende a pecadora com essas palavras : Os teus pecados tem são perdoados.
Mesmo assim aprendi muito
Deus abençoe
Paz do Senhor. Querida irmã. Obrigado por ter escrito. Acho que não expliquei minha interpretação da melhor maneira, e acabei por deixar a desejar.Gostaria de esclarecer um pouco sobre meu texto.
Excluir1. Quando, nos primeiros parágrafos, eu disse que o Senhor Jesus estava com três amigos, eu não disse que Lázaro, Marta e Maria eram amigos entre si, mas amigos do Senhor Jesus. Sim, amada, de fato eles eram irmãos.
2. Eu peço que você leia os textos bíblicos referidos na mensagem: João 12:1-8 é passagem paralela a Mateus 26:6-13 e Marcos 14:3-9. Ali os sinóticos nos dizem que Jesus estava na casa de Simão, o leproso. Nestes textos, fica muito claro que este Simão, que era um amigo de Jesus e dos três irmãos, não é o mesmo Simão de Lucas 7:26-49.
3. A passagem de Lucas 7:26-49 refere-se a outra mulher, e na casa de outro homem. Este homem também chamava-se Simão, mas o texto deixa muito claro que ele não era amigo de Jesus. E a mulher também não era Maria de Betânia.
Espero ter tornado as coisas mais claras, irmã. Se não, será um prazer voltar o assunto.
Deus a abençoe.
Foi muito gratificante pra mim, a busca pela intimidade com Jesus. Louvado seja Deus que ele continua a lhe usar.
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