Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Advertências do céu - 1ª Co 10:1-13

IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 22 de fevereiro de 2015
Pr. Plínio Fernandes                Baixe em EPUB     Baixe em PDF     Baixe em MOBI
Amados irmãos, vamos ler 1ª Co 10:1-13
Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, 2 tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés. 3 Todos eles comeram de um só manjar espiritual 4 e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo. 5 Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto. 6 Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. 7 Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se. 8 E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil. 9 Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes. 10 Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador. 11 Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado. 12 Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. 13 Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.
Eu confesso a vocês que fiquei muito emocionado quando, anos atrás, assisti pela primeira vez aquela adaptação cinematográfica da história de Moisés e a libertação de Israel, “O Príncipe do Egito”.[1]
E para mim, o momento mais tocante é aquele em que depois de passarem pelo mar vermelho, sob a liderança de Miriam o povo hebreu se põe a cantar: para mim é um momento de alegria, mas ao mesmo tempo de tristeza, pois eu penso comigo mesmo: a maior parte das pessoas que saiu da escravidão no Egito não chegou a salvo na terra prometida.
Ao mesmo tempo em que foram tão abençoados, foram também tão desobedientes e incrédulos.
Quando os hebreus estavam saindo do Egito, ao nordeste daquele país, houve um acontecimento maravilhoso, que se tornou conhecido como a passagem pelo Mar Vermelho.
Eles estavam diante do mar, e o exército egípcio vinha contra eles.
Então clamaram a Deus. O mar se abriu, e eles o atravessaram como se fosse por terra seca. Os egípcios tentaram fazer a mesma coisa, mas foram tragados pelas águas.[2]
No v. 1 de nosso texto de hoje o apóstolo Paulo nos diz que aqueles israelitas, nossos antepassados na história da igreja, ali no mar, estavam sendo batizados sob a liderança de Moisés.
O Egito, a velha vida de escravidão, estava sendo deixada para trás, e uma nova vida de liberdade estava se iniciando.
Isto é o que significa o sermos batizados em Cristo: o deixar a velha vida de escravidão ao pecado para trás, e o viver em liberdade para adorar a Deus.[3]
Depois da passagem pelo mar houve o início de uma nova etapa.
Em vez de seguirem direto pela costa marítima até a terra prometida por Deus, a terra de Canaã, o Senhor lhes ordenou que se dirigissem ao sul da Península do Sinai, uma região deserta.
Aos pés do Monte Sinai eles receberam os dez mandamentos.
Ali o Senhor Deus fez uma aliança com eles, e nesta aliança ele estabeleceu como deveria ser o modo de vida deles como povo de Deus – uma nação santa, separada das demais pelo fato de adorar somente a Deus e guardar os seus mandamentos.
O Senhor orientou sobre a construção do tabernáculo, uma espécie de templo móvel onde Deus deveria ser cultuado. E também determinou como ele deveria ser cultuado.[4]
Como estavam numa região deserta, o Senhor também providenciou o que eles precisavam para se alimentar e para saciar sua sede.
Todos os dias acontecia um milagre. Durante a noite o Senhor fazia descer sobre a terra, como orvalho, uma substância fina, difícil de ser descrita, com a qual eles se alimentavam. Eles a chamavam “maná” [5]. Este pão do céu lhes era dado todas as manhãs. Mais tarde, Jesus se apresentou como o pão que desceu do céu para dar vida ao mundo[6].
Além do pão do céu, eles também precisavam água. Então o Senhor Deus fez com que houvesse, sempre perto deles, uma rocha. Quando eles precisavam beber, Moisés batia na rocha com sua vara, e dela saía água[7].
Paulo aqui diz que esta rocha era Cristo (v. 4).
De modo que eles, assim como nós que fomos libertados da escravidão ao pecado, fomos batizados e iniciamos uma vida nova em Cristo, comemos e bebemos de Cristo na santa ceia, e ainda não chegamos ao nosso destino final, a nossa pátria celestial, mas estamos nos preparando para ela, da mesma maneira aconteceu com eles.
Foram libertados da escravidão.
Foram batizados.
Comiam e bebiam de um manjar e de uma bebida espiritual.
Receberam a Palavra de Deus.
Estavam sendo preparados para alcançar e morar na terra prometida.
Assim, ali naquele deserto, o Senhor Deus lhes falava, orientava, guiava, protegia, sustentava, e treinava espiritualmente.
Para que eles crescessem espiritualmente, crescessem em santidade, e depois entrassem na terra deles.
Mas aconteceu esta coisa terrível: muitos deles, aliás, a maioria daquela primeira geração, não entrou na terra prometida.
Somente os filhos deles. Daquela primeira geração, somente dois: Josué e Calebe, que perseveraram em seguir ao Senhor.
Em outro lugar Paulo escreveu que tudo quanto está registrado nas Escrituras, está registrado para nossa paciência, consolação e esperança.[8]
Mas aqui ele afirma que os acontecimentos que sobrevieram a Israel no deserto foram registrados para a nossa advertência (v. 11).
Para advertência nossa, sobre quem os fins dos tempos têm chegado. Nós, os que vivemos às vésperas da volta de Jesus e do juízo final.
Para que não aconteça conosco o que aconteceu com eles: morreram no deserto sem chegar à terra prometida porque não agradaram a Deus.
Morreram no deserto porque, depois de terem sido libertados, queriam voltar à escravidão.
Morreram no deserto porque não se agradaram de Deus, não agradaram a Deus, e escolheram o caminho do pecado.
Assim, o Espírito Santo está falando conosco; está nos advertindo. Contra o que ele nos adverte?
1. Contra o pecado da idolatria
v. 7
Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; porquanto está escrito: O povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se.
É uma referência ao fato registrado em Êxodo 32
Não muito tempo depois da passagem pelo Mar, Moisés subiu ao Monte Sinai, e ali estava recebendo a Palavra de Deus para transmitir a Israel.
Mas ele parecia demorado, e os israelitas começaram a sentir falta de Moisés.
Então eles foram até Arão, irmão de Moisés, e disseram: “Nós não sabemos o que aconteceu com Moisés, que nos tirou do Egito. Então faça deuses para nós, que estejam diante de nós em nossa caminhada.”
Arão fez uma coleta de objetos de ouro entre o povo, e com aquele ouro fundiu um bezerro.
E disseram: “São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito”.
Arão proclamou: “Amanhã faremos uma festa a Javé.”
No dia seguinte, madrugaram, ofereceram holocaustos, trouxeram ofertas pacíficas, comeram, beberam, se divertiram. Era, segundo eles diziam, uma festa do Senhor.
Mas o Senhor disse que era dele só no nome. Era idolatria.
Desta maneira o Senhor nos adverte: “Não vos façais, pois, idólatras”.
Ora nós evangélicos somos de certo modo “vacinados” contra o fazer imagens de escultura desde os dias da Reforma Protestante.
Não temos imagens em nossos templos.
Não dirigimos nossas orações anjos, ou a qualquer outro ser que não o Deus trino.
Não oramos aos santos.
Nem os cristãos de Corinto, a quem estas palavras foram dirigidas inicialmente.
No entanto, assim como Israel, os cristãos são passíveis de se deixar enganar e adorar outros deuses.
Que deuses são estes? O Novo Testamento menciona alguns:
Cl 3:5
Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria
Avareza (cobiça, “insaciabilidade”, insatisfação com o que se tem) – idolatria.
Fp 3:18-20
18 Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. 19 O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas. 20 Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
1ª Tm 6:10 – O amor do dinheiro leva a morrer no deserto
Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.
Estas são algumas formas de idolatria, mas poderíamos acrescentar outras. Nos dias em que Jesus estava na terra, os fariseus, embora professassem sua fé em Deus, adoravam a si mesmos, adoravam sua própria religiosidade, suas próprias tradições e costumes.
Os gregos adoravam a sensualidade, os romanos adoravam o poder, e assim por diante.
Os piores ídolos são aqueles que se erige no coração, pois ele não é desmascarado com facilidade.[9]
2. O Senhor também nos adverte contra o pecado da imoralidade
v. 8
E não pratiquemos imoralidade, como alguns deles o fizeram, e caíram, num só dia, vinte e três mil.
Literalmente a palavra é “porneuomen”, de onde vem a palavra “pornografia”.
Este pecado de Israel está registrado em Números 25.
Mas a história deste pecado começa em Números 23.
Ali, a Bíblia nos conta que havia um adivinho, um profeta chamado Balaão, que foi chamado por Balaque, um rei inimigo de Israel, para amaldiçoar o povo de Deus.
Balaão não conseguiu amaldiçoar Israel, porque aquele era um povo abençoado, e como ele mesmo disse, contra um povo que Deus abençoa não é possível alguém lançar uma praga.
Em Números 31 Moisés conta o que aconteceu depois.
Balaão aconselhou os inimigos de Israel desta maneira:
“Enviem algumas mulheres de entre o seu povo para terem relações sexuais com os homens de Israel, e depois levem eles a se inclinar diante de seus deuses. Se eles caírem nesse pecado, serão destruídos”.
Tal como Balaão aconselhou, os inimigos midianitas fizeram, e uma praga veio sobre Israel.
Paulo diz que num só dia morreram vinte e três mil.
O livro do Apocalipse nos diz que mais tarde, numa igreja da Ásia, na cidade de Pérgamo, havia daqueles que sustentavam a doutrina de Balaão.
Ap 2:14
Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição.
Dá-nos a entender que para estas pessoas a pornografia, isto é, a imoralidade sexual não era problema.
Irmãos, estejamos vigilantes quanto a nós mesmos.
Em nossos dias a imoralidade sexual, em todas as suas formas, é praticada e encorajada.
As relações entre pessoas do mesmo sexo, o adultério, são apresentados e defendidos nas histórias românticas, nas lutas pela liberdade, como se fossem manifestações bonitas de amores livres de preconceito e da opressão moralista.
As relações sexuais fora do casamento são incentivadas com naturalidade de despudor. A única recomendação é que se tome o cuidado para evitar doenças sexualmente transmissíveis.
Hoje em dia é comum os namorados dormirem juntos.
Do ponto de vista da imoralidade sexual, o mundo moderno está se tornando tão promíscuo quanto a Grécia antiga.
Mas com uma diferença: é que nos dias de hoje até os convertidos ao Cristianismo estão se tornando tão acostumados, tão cauterizados, que já começam a ver estas coisas com naturalidade.
Irmãos, o que pretendo dizer agora não é com o intuito de lançar as labaredas do inferno sobre a cabeça de qualquer pessoa. Tampouco o difamar alguém, pois as coisas que vou usar para ilustrar são públicas, estão aí publicadas pelas próprias pessoas.
Não pretendo com isto dizer que sou “superespiritual”, enquanto outros “não estão à minha altura”.
Mas o meu propósito é dizer-lhes que, por favor, não se deixem levar; não pensem que são coisas normais entre o povo de Deus.
Mas alguns meses atrás, num destes “sites gospel”, eu viu uma fotografia de duas pretensas líderes espirituais, dizendo-se amigas, dando o chamado “selinho”, uma na outra. Não somente o fizeram como se deixaram fotografar e publicaram a fotografia.
Sabem o que penso? Alguém já disse que o diabo trabalha com uma cunha: você dá uma brecha prá ele e ele enfia a cunha nesta brecha e vai escancarando a porta.
Além de não ser natural, imagine os que seguem estas líderes. Farão o mesmo. E se duas mulheres crentes podem dar um “selinho”, porque não homens fazerem o mesmo? E porque não os seus filhos?
Com isto, além de se conformarem a este mundo louco, estão dando exemplo para muita gente crente “impensante”.
Agora, você consegue imaginar Marta e Maria, as amigas de Jesus, dando um “selinho” uma na outra? Ou nele? O que ele pensaria sobre isto?
Mais recentemente uma jovem cristã postou em certa rede social o seu contentamento, pois “finalmente saíra a tão esperada sequência dos cinquenta tons de cinza”.
E havia vários comentários, inclusive de alguém que se apresenta como “pastora”, dizendo que o personagem do filme a decepcionara, pois não era “tão intenso quanto o do livro”.
Irmãos, nenhum de nós precisa assistir aquele lixo prá saber que, como certa revista disse ironicamente, trata-se de “pornografia para mamães” [10].
Já não basta a nossa própria inclinação para o pecado? Ainda precisamos alimentá-la?
Os chamados cristãos de hoje estão ficando sem discernimento da moralidade ou imoralidade sexual.
Todavia, a imoralidade leva a “morrer no deserto”, pois não há vida de Deus nisto; e não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam[11].
3. O Senhor também nos adverte quanto ao pecado da rebeldia e da murmuração contra sua Palavra
Vs. 9, 10
9 Não ponhamos o Senhor à prova, como alguns deles já fizeram e pereceram pelas mordeduras das serpentes. 10 Nem murmureis, como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador.
Estes pecados são registrados em Números 21 e Números 16, respectivamente.
E nos dois casos, o problema é o mesmo.
Os israelitas se voltaram contra Moisés, dizendo que eles estavam no deserto por culpa dele, que os havia tirado do Egito para morrerem ali.
Mas não foram somente nestas duas ocasiões, e sim em várias delas.
Eles se rebelavam contra Moisés murmurando, e dizendo que não se submeteriam mais a ele, pois no tempo em que estavam no Egito a vida era melhor.
Mas como já mencionamos anteriormente, Deus é quem os tinha mantido no deserto.
Por sua desobediência e incredulidade eles já haviam demonstrado que não estavam preparados para entrar na terra prometida.
Então, ao se rebelar contra Moisés, que simplesmente lhes guiava sob a orientação de Deus, era contra o Senhor que estavam murmurando e se rebelando.
O comentário de Paulo é rápido: com isto eles estavam pondo o Senhor à prova, isto é, como uma criança rebelde que prova seus pais para saber até onde podem ir com sua desobediência, eles estavam tentando Deus. Num só dia morreram muitos, picados por serpentes no deserto.
Noutra ocasião, uma grande epidemia os destruiu.
Ah, irmãos, tempos difíceis os que estamos vivendo agora também.
Pois a rebelião contra a Palavra ainda se manifesta de muitas maneiras: filhos que não honram seus pais, que mentem, que desobedecem, que dizem coisas desrespeitosas.
Crentes que mesmo dizendo-se livres, parecem livres apenas para viver de acordo com as cobiças do mundo, as concupiscências da carne, dos olhos, a soberba da vida.[12]
Há “pastores” que à semelhança de Arão erguem os bezerros de ouro que a cristandade moderna adora: o deus prosperidade financeira e material; o deus da soberba, o deus da vaidade gospel, os ídolos gospel, a exaltação do ego, a conformidade com o mundo, e à semelhança de Arão, chamam tudo isto de festa ao Senhor.
Mas tudo isto é idolatria, rebelião contra a Palavra de Deus.
Nosso tempo está “de pernas pro ar”, ao mal chamam bem, e ao bem chamam mal.
Conclusão
Enquanto estamos neste mundo, estas tentações podem surgir diante de nós:
A tentação da idolatria.
A tentação da imoralidade.
A tentação da rebeldia contra a Palavra de Deus.
O dinheiro não é Deus. Mas “se o dinheiro não é Deus, porque tantos crentes o adoram”? Porque tantos pastores o adoram? Porque tantas igrejas vivem em busca dele?
Porque a imoralidade sexual tem derrotado tantos filhos do Senhor?
A rebeldia é algo terrivelmente destrutivo. Destrói igrejas, indivíduos, famílias. Porque a rebeldia e a rebelião são tão toleradas?
Como vencer estes pecados?
Aplicação
Assim como Israel, que aguardava o momento de conquistar a terra prometida, nós, os que estamos nos fins dos tempos, aguardamos a nossa pátria que está nos céus. Ela nos será dada na volta de Jesus.[13]
Assim como eles, nós fomos batizados, comemos e bebemos de Cristo, temos recebido a Palavra, temos sido sustentados pelo Senhor, temos sido guiados, temos sido provados, para que cresçamos, para que sejamos aperfeiçoados em santidade.
Temos passado por muitas tentações, por muitos perigos, para que no deserto deste mundo tenhamos vitória, aguardando a volta do Senhor.
Mas não alcançam a terra prometida os que se deixam vencer.
Ficam prostrados no deserto os que se deixam dominar pelo mal
O que devemos fazer, diante destas admoestações?
Cuidar de nossa vida interior
Com humildade
v. 12
Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.
Como diz o Salmo 39:5:
Na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é pura vaidade.
O pecado espreita a cada um de nós. Não nos julguemos infalíveis, imbatíveis, mas busquemos corações quebrantados na presença do Pai.
Com fé
v. 5
Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto.
Hebreus 11:6 nos adverte que sem fé é impossível agradar a Deus. Se não agradaram ao Senhor, e pecaram, implica em que não tiveram fé, ainda que tivessem tantas provas das misericórdias e do poder do Senhor.
Então, por meio da Palavra, alimentemos a fé em nosso coração.
v. 13
Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.
Creiamos nas promessas do Pai. Em meio às tentações ele nos firma, fundamenta, fortifica e aperfeiçoa.[14]
Cuidando do coração no temor do Senhor
vs. 5 e 6
5 Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que ficaram prostrados no deserto. 6 Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.





[1] 1998
[2] Êx 14
[3] Rm 6
[4] Êx caps. 19-40
[5] Êx 16
[6] Jo 6:22-40
[7] Êx 17:1-7; Nm 20:2-13
[8] Rm 15:4
[9] Ez 14:4, 5
[11] Gl 5:19-21
[12] 1ª Jo 2:15-17
[13] Cl 3:1-4
[14] 1ª Pe 5:10

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Porque desejaríamos ganhar "almas para Cristo"? - 1ª Co 9:19-23

Manhã de domingo, 22 de fevereiro de 2015     
Pr. Plínio Fernandes                  Baixe em EPUB     Baixe em PDF      Baixe em MOBI
Queridos irmãos, vamos ler 1ª Co 9:19-23
“Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível. 20 Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. 21 Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei. 22 Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. 23 Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele.”
Neste texto o apóstolo está descrevendo o grande desejo que o impulsionava em seu ministério, ou antes, em sua vida como um todo.
Ele vivia por causa do evangelho, ele queria ser um cooperador, um homem que trabalhava junto com o Evangelho de Jesus Cristo.
Em função disto ele a cada dia fazia o máximo que estivesse ao seu alcance:
Sendo um homem livre, ele se fazia um servo das pessoas à sua volta, na esperança de que em seu serviço as pessoas se aproximassem de Jesus Cristo.
Procedia para com os judeus como se fosse um judeu obrigado a guardar as leis judaicas, na esperança de que isto tirasse qualquer impedimento para que ele pudesse pregar a eles.
Diante dos que não tinham as leis judaicas, então ele procedia de maneira livre, ainda que não sem lei diante de Deus, a fim de ganhar os “não judeus”.
Isto é, toda a vida de Paulo era vivenciada à luz de seu grande propósito: ele queria ganhar almas para Jesus Cristo, era um homem apaixonado pela ideia de conquistar homens e mulheres para o reino de Deus.
Ganhar almas para Jesus, entendemos, é um desejo que deve fazer morada no coração de cada um de nós.
Assim como a cada dia devemos nos alimentar daquilo que é básico, tenho falado aos irmãos, nos domingos de manhã, buscando alimentar seus corações com algo que é essencial para nossa saúde espiritual.
Porque nutrir no coração este desejo de ganhar almas?
1. Por que a alma é o maior bem que um ser humano possui
Mc 8:36
Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?
Eu não conheço palavras mais fortes que estas, que apontam para aquilo que tem realmente valor para nós.
Porque a alma é aquele único aspecto de nosso ser que permanecerá após a nossa morte e entrada para a eternidade.
Tudo quanto temos, experimentamos e gozamos neste mundo é inevitavelmente passageiro.
Nossos bens, dinheiro, situação social, e tudo o mais.
Todas as coisas que podemos receber de outra pessoa são passageiras
Todas as outras coisas que podemos dar para outras pessoas são também passageiras
Mas há uma coisa que podemos dar a outros que poderá permanecer para a eternidade: o conhecimento de Jesus Cristo
De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?
Diante desta doutrina, existem duas coisas com as quais precisamos nos ocupar principalmente.
1 – O cuidado com a nossa própria alma
Mt 13:44 – Como se fosse um grande tesouro
O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo.
2 – O buscar o bem das almas eternas
A coisa mais importante que os maridos podem dar para suas esposas não são bens materiais: é serem instrumentos de Deus na vida delas, para o seu bem eterno.
A coisa mais importante que os pais podem dar aos filhos. A coisa mais importante que a igreja pode dar ao mundo sem Cristo.
2. Por que há grande alegria no céu quando uma alma se converte
Lc 15:7, 10
7 Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
10 Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.
Há grande júbilo no céu por um pecador que se arrepende
Os irmãos já notaram quantas vezes Jesus compara o reino de Deus com uma festa?
E por quê? Porque reino de Deus é reencontro de Deus com os homens
Uma coisa que trás grande alegria não somente para os homens que são salvos, mas também para o coração de Deus.
Porque Deus ama ao mundo pecador; amou a ponto de enviar seu próprio Filho.
Jo 3:16
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Então uma outra razão é esta: desejo de alegrar o coração de Deus
3. Por que na eternidade as almas que ganharmos serão a nossa alegria
1ª Ts 2:19-20
Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de nosso Senhor Jesus em sua vinda? Não sois vós? 20 Sim, vós sois realmente a nossa glória e a nossa alegria!
Conforme Atos 17, Paulo e Silas tiveram o privilégio de ser usados por Deus pregando o evangelho em Tessalônica.
A julgar apenas por aquela passagem eles ficaram ali por apenas três semanas. Mas quando foram embora ficou ali um grupo de pessoas convertidas.
É para estas pessoas que ele estava agora escrevendo, numa carta em que ele trás muitos ensinos sobre o dia em que Jesus irá voltar para o juízo final.
Ele diz que este dia não será para os crentes um dia de terror; não será como se fosse um ladrão entrando em nossa casa à noite para roubar e destruir.
Porque nós, os crentes, estamos preparados para a vinda de Jesus.
Somos gente que anda na luz e que não têm medo da luz.
E dentro disto ele diz: “No dia em que Jesus vier, sabe quem será a minha alegria, a minha coroa (isto é, a minha recompensa), a minha glória? Vocês, os que forem morar no céu por minha causa”.
Sim amados, almas eternas são a melhor recompensa que podemos almejar: melhor que andar em ruas de ouro (pra quê?), ou qualquer outro bem.
Conclusão e aplicação
Três motivos para desejar ganhar almas:
1. A alma é o bem mais precioso de um ser humano.
2. Quando um pecador se arrepende, há grande alegria no céu.
3. Almas salvas por nosso intermédio serão parte de nosso galardão.
Como?
Acho que a melhor coisa é meditar longamente sobre estas verdades, a ponto de que elas se tornem um dos nossos maiores desejos, como fazia, por exemplo, Hudson Taylor, o pioneiro das missões na China.
Depois, prosseguir com oração.
Como Ana, que orava por um filho, ore para ser pai ou mãe espiritual de alguém.
E o restante, aquele que opera em nós o querer e o realizar de sua vontade, certamente o fará.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Qual é o seu nome? - Gn 32:22-32

IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 8 de fevereiro de 2015
Pr. Plínio Fernandes                   Baixe em EPUB     Baixe em PDF     Baixe em MOBI
Amados irmãos, vamos ler Gênesis 32:22-32
22 Levantou-se naquela mesma noite, tomou suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos e transpôs o vau de Jaboque. 23 Tomou-os e fê-los passar o ribeiro; fez passar tudo o que lhe pertencia, 24 ficando ele só; e lutava com ele um homem, até ao romper do dia. 25 Vendo este que não podia com ele, tocou-lhe na articulação da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó, na luta com o homem. 26 Disse este: Deixa-me ir, pois já rompeu o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei ir se me não abençoares. 27 Perguntou-lhe, pois: Como te chamas? Ele respondeu: Jacó. 28 Então, disse: Já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste. 29 Tornou Jacó: Dize, rogo-te, como te chamas? Respondeu ele: Por que perguntas pelo meu nome? E o abençoou ali. 30 Àquele lugar chamou Jacó Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva. 31 Nasceu-lhe o sol, quando ele atravessava Peniel; e manquejava de uma coxa. 32 Por isso, os filhos de Israel não comem, até hoje, o nervo do quadril, na articulação da coxa, porque o homem tocou a articulação da coxa de Jacó no nervo do quadril.
Esta narrativa nos ensina como um homem chamado Jacó foi transformado por Deus num homem chamado Israel. Como um homem chamado “enganador” (este é o significado do nome Jacó) num homem chamado “vencedor”, pois lutou com Deus e prevaleceu.[1]
Jacó estava voltando para sua terra natal depois de ter passado muitos anos na casa de seu tio, Labão.
Ele se casara com as duas filhas do seu tio, trabalhara para ele, enriquecera, e agora, sob orientação de Deus, estava de volta.
Mas com muito medo de morrer nas mãos de seu próprio irmão, Esaú. Alguns anos antes Jacó o enganara, e Esaú jurou que o mataria! Por isto ele fez alguns preparativos para o reencontro.
Os vs. 3 a 21 aqui deste capítulo nos dizem que, antes de chegar, Jacó enviou mensageiros dizendo que estava chegando.
Então os mensageiros voltaram contando que quando Esaú recebeu a notícia, reuniu quatrocentos homens e partiram ao encontro de Jacó.
E Jacó ficou muito amedrontado.
Ele dividiu todo os seus servos e seus animais em dois bandos, pensando: “Se Esaú atacar um bando, o outro escapará...”.
Depois orou a Deus pedindo proteção e separou um grande presente para Esaú: duzentas cabras, vinte bodes, dez jumentinhos, trinta camelas, quarenta vacas, dez touros, vinte jumentas, dez jumentinhos, duzentas ovelhas e vinte carneiros.
Ele pensava: “Quem sabe com este presente meu irmão não se acalmará...”.
Mas ainda assim continuou preocupado. Então tomou sua família e tudo o mais que tinha, e os fez atravessar o rio Jordão, numa pequena passagem chamada Jaboque.
E tentou ficar só. Mas não conseguiu, porque surgiu um homem com que ele lutou a noite inteira.
Eles lutaram até que o homem o derrotou: tocou no nervo do quadril de tal forma que Jacó já não conseguia mais lutar.
Mas à medida em que lutavam, Jacó foi percebendo que não se tratava de um homem comum, e por isto, tendo sido derrotado, ainda se agarrou a ele, e pediu que o abençoasse.
O homem lhe perguntou: “Qual é o seu nome”?
E ele respondeu: “Jacó”.
Amados, foi uma resposta “reveladora”.
Naquele tempo, muito mais do que hoje, um nome era dado a alguém em conexão com os acontecimentos de sua vida, ou de seus pais, e até mudado depois, conforme o seu jeito de ser.
Por exemplo, o nome de Deus, Javé, está relacionado com o fato de que ele é Eterno.[2]
Abraão, o avô de Jacó, primeiramente se chamava Abrão, mas Deus o mudou para Abraão, “pai de uma multidão”, pois ele seria o patriarca de nações.[3]
Isaque, pai de Jacó, significa “riso”, pois quando Deus disse que Sara iria ter um filho, mesmo sendo tão idosa, Abraão abaixou a cabeça e riu consigo mesmo.[4]
E Jacó significa “enganador, suplantador”.
Quando ele disse: “Meu nome é Jacó”, o homem respondeu: “De agora em diante já não será mais Jacó; agora seu nome será Israel, pois como um príncipe, lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste”.
1. Mas porque antes disto ele era chamado Jacó?
Isto nos leva de volta ao dia em que ele nasceu...
Gn 25:24-26
Cumpridos os dias para que desse à luz, eis que se achavam gêmeos no seu ventre. 25 Saiu o primeiro, ruivo, todo revestido de pêlo; por isso, lhe chamaram Esaú. 26 Depois, nasceu o irmão; segurava com a mão o calcanhar de Esaú; por isso, lhe chamaram Jacó. Era Isaque de sessenta anos, quando Rebeca lhos deu à luz.
Isaque e Rebeca foram pais de gêmeos. E vendo o comportamento do segundo filho, no momento já de seu nascimento, deram-lhe este nome.
Mas o tempo passou, e os meninos cresceram. Quanto mais viviam, mais Jacó demonstrava que fazia justiça a este nome.
Os vs. 27 a 34 aqui do cap. 25 nos contam que Esaú era homem valente, caçador, homem do campo, e o preferido de seu pai.
Jacó era pacato, caseiro, cozinhava, e o preferido de sua mãe.
Um dia Esaú saiu ao campo, e Jacó ficou em casa fazendo um cozido. Mas Esaú voltou tão cansado, e pediu que Jacó lhe desse um pouco para comer.
Jacó respondeu: “Eu dou. Se você passar para mim os teus direitos como filho primogênito”, pois o primogênito tinha direitos em dobro dos demais.
E Esaú, esmorecido, respondeu: “Tudo bem. De que me adianta ser o primogênito, se eu morrer de fome?!...”
Então Jacó (como ele “amava” seu irmão, não é?) deu daquele cozido a Esaú.
O tempo passou... No cap. 27 nós lemos que Isaque, o pai deles ficou velho e cego, e percebeu que os seus dias estavam se findando. Então chamou Esaú e disse: “Filho, está chegando o tempo de eu por a minha bênção sobre você. Vá ao campo, cace, prepare uma comida bem gostosa e traga prá mim, e eu vou te abençoar”.
Rebeca ouviu a conversa, contou para o seu filho, e conspiraram.
Ela fez uma comida, cobriu os braços e o peito de Jacó com pelos de cabrito, vestiu-o com as roupas dele, e Jacó se apresentou para o pai, como se fosse Esaú.
Isaque ficou desconfiado, pois seu filho voltara muito rápido daquela caçada. Além disto, a voz era de Jacó. Mas os pelos dos braços, e o cheiro, eram de Esaú.
Então, enganado pela esposa e pelo filho enganador, deu a Jacó as bênçãos que pertenciam a Esaú.
Quando Esaú voltou do campo e a trama foi descoberta, era tarde demais. A dor foi grande, e a ira também.
Esaú fez um juramento: depois que o seu pai morresse ele daria cabo da vida de Jacó. E por isto Jacó precisou fugir de casa, indo morar na casa de seu tio Labão, em Padã-Harã, terras bem distantes dali.
E na casa do tio, encontrou um que lhe estava à altura: o tempo todo eles viveram enganando e sendo enganados um pelo outro.
Assim que, quando este homem aqui lhe pergunta: “Qual é o seu nome”?, a resposta descrevia muito bem quem ele era: Jacó; enganador, mentiroso, ladrão, aproveitador, egoísta.
Mas o homem lhe respondeu: “De agora em diante será Israel, pois como um príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste”.
Se Deus é rei, Israel é príncipe. Se Deus é Pai, Israel é filho.
Então (v. 29), Israel perguntou: “E o seu nome, qual é?”. E o homem lhe respondeu com outra pergunta: “Porque você pergunta qual é o meu nome?”.
Faz-me lembrar daquela passagem do evangelho, onde Filipe pede a Jesus: “Senhor, mostra-nos o Pai...”, e Jesus lhe reponde:
Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras.[5]
Assim, este homem está como que dizendo a Jacó: “Depois de tudo o que aconteceu hoje, você ainda pergunta pelo meu nome”? E o abençoou ali.
No v. 30 nós vemos que Jacó entendeu, pois ele disse: “Vi Deus face a face, e a minha vida foi salva”. E chamou àquele lugar Peniel (face de Deus).
O v. 31 fala que nasceu-lhe o sol quando atravessava Peniel; nasceu-lhe um novo dia, e com isto uma nova etapa de sua vida.
Jacó saiu daquele lugar mancando, ferido de Deus, mas abençoado. Encontrou-se com seu irmão e se reconciliaram.
Agora ele já não era mais Jacó: era Israel.
2. O que aconteceu para que Jacó fosse feito Israel?
2.1. Ele precisou ser derrotado por Deus
No começo, Jacó pensou que estava lutando com um simples homem. Mas afinal entendeu que estivera lutando com Deus.
Aliás, meus irmãos, a vida toda o que Jacó realmente estivera fazendo era lutar contra Deus.
Quando Rebeca estava grávida, Deus já havia falado que abençoaria Jacó mais do que Esaú, pois como disse Paulo, Deus nos escolhe por sua graça, antes mesmo de nós nascermos.[6]
Então Jacó não precisava mentir prá ninguém; não precisava fazer nada de errado, pois ele era amado de Deus desde o ventre de sua mãe.
Mas ele não entendia isto, e passou “uma vida” fazendo coisas erradas que só traziam iras, tristezas, decepções, medo e angustia, a ele e às pessoas mais chegadas.
Sabem, amados, muitas vezes nós nos comportamos como Jacó: temos as promessas, temos as bênçãos do Senhor, mas para vencer na vida, seja no emprego, no casamento, nos relacionamentos, na sociedade mais ampla, e ouso dizer, muitas vezes até na igreja, nos comportamos como Jacó.
Queremos alcançar as bênçãos pelas nossas forças, do nosso jeito. E então precisamos ser feridos, precisamos ser quebrantados por Deus.
Me faz pensar, por exemplo, e Jonatas Goforth e sua esposa Rosalind, missionários no interior da China, no começo do séc. XX. Ela contou sobre certas experiências que precisou passar quando começou a resistir à vontade de Deus.
“O plano de Jônatas era alugar uma casa em um centro importante, passar um mês evangelizando e, depois mu­dar-se para outro centro. Queria que a sua esposa pregasse no pátio da casa, de dia, enquanto ele e seus auxiliares pre­gavam nas ruas e nos povoados ao redor. À noite, faziam os cultos juntos, ela tocando o harmonium. No fim do mês, podiam deixar um dos auxiliares para ensinar os novos convertidos, enquanto o grupo passava para outro centro. Acerca desse plano a esposa de Goforth escreveu:
“De fato, o plano foi bem concebido, a não ser uma coi­sa: não se lembrou das crianças... Lembrei-me de como os meninos com varíola, em Hopei, me cercaram quando se­gurava a criança no colo. Lembrei-me das quatro covas de nossos pequeninos, e endureci o coração, como pederneira, contra o plano. Como meu marido suplicava dia após dia! ‘Rosa, por certo o plano é de Deus e receio o que possa acontecer aos filhos se desobedecermos. O lugar mais segu­ro para ti e os filhos é no caminho da obediência. Pensas em guardar os filhos seguros em casa, mas Deus pode mos­trar-te que não podes. Contudo, Ele guardará os filhos se obedeceres confiando nele!’ Não muito depois, Wallace caiu doente de disenteria asiática e por quinze dias luta­mos para salvar a criança; meu marido me disse: ‘Oh! Ro­sa, cede a Deus, antes de perder tudo.’ Mas parecia-me que Jônatas era duro e cruel. Então nossa filha Constância caiu enferma da mesma doença. Deus revelou-se a mim como um Pai em quem eu podia confiar para conservar os meus filhos. Baixei a cabeça e disse: ‘Ó Deus, é tarde de­mais para a Constância, mas confio em ti, guarda os meus filhos. Irei aonde quer que me mandes.’ Na tarde do dia em que a criança faleceu, mandei chamar a senhora Wang, uma crente fervorosa e amada e lhe disse: ‘Não posso con­tar-lhe tudo agora, mas estou resolvida a acompanhar meu marido nas viagens de evangelização. Quer ir comigo?’ Com lágrimas nos olhos, ela respondeu: ‘Não posso, pois a menina pode adoecer sob tais condições.’ Não querendo in­sistir, pedi que ela orasse e me respondesse depois. No dia seguinte ela voltou com os olhos cheios de lágrimas e, com um sorriso, disse: ‘Irei com vocês’.”
 É coisa notável que não faleceu mais nenhum filho dos Goforth, na China, apesar dos muitos anos que passaram na vida nômade de evangelização. [7]
Quando Jacó foi quebrantado, ele já não podia lutar mais, e então sua luta passou a ser de outro tipo: ele se agarrou a Deus e queria ser abençoado:
v. 26: “Não te deixarei ir, se não me abençoares”.
2.2. Jacó se apegou a Deus de todo o seu ser; de uma luta segundo a carne, ele passou para uma luta segundo o Espírito.
E neste sentido, o Novo Testamento também nos ensina através de exemplos, devemos também combater com Deus.
Vamos ler Cl 2:1-3
Gostaria, pois, que soubésseis quão grande luta venho mantendo por vós, pelos laodicenses e por quantos não me viram face a face; 2 para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo, 3 em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos.
E agora Cl 4:12
Saúda-vos Epafras, que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se esforça sobremaneira, continuamente, por vós nas orações, para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus.
Nestes textos vemos o exemplo de dois santos homens lutando perante Deus, lutando, não contra Deus, mas junto a Deus, para que lhes atenda às orações em favor da igreja.
Lutar com Deus em oração também foi o que fez Ana, esposa de Elcana, quando chorava em implorava que o Senhor lhe desse um filho.[8]
Lutar com Deus em oração também foi o que Moisés fez, quando quarenta dias e quarenta noites esteve prostrado perante o Senhor intercedendo em favor de Israel, para que Deus lhe perdoasse os pecados.[9]
E Neemias, e Daniel.[10]
E é o que a Bíblia ensina, nós devemos fazer: lutar em oração para que o reino e a vontade de Deus sejam feitas em nossas vidas, para que o caráter de Cristo seja formado em nós.
Lutar com este mesmo sentimento de necessidade; e esta mesma convicção: “Não te deixarei ir, enquanto não me abençoares; não vou me afastar de ti, enquanto não me abençoares”.
2.3. Jacó precisou confessar a Deus seu nome; o nome que revelava seu caráter, seus pecados, suas falhas.
- “Senhor, meu nome é Jacó. Meu nome é enganador; é interesseiro; é mentiroso; é invejoso; é egoísta; é usurpador...”.
E diante desta “confissão”, aquele que é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça[11] respondeu:
-“Já não te chamarás mais Jacó, e sim, Israel”.
Assim como depois fez também com Isaías, quando este confessou: “Ai de mim, que sou homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios...”.[12]
E também com Davi, quando ele confessou a Deus seu adultério. Ele disse: “Confessarei ao Senhor as minhas transgressões...”, e o Senhor lhe perdoou as iniquidades.[13]
Porque Deus tem prazer em que admitamos a verde em nosso íntimo, e um coração humilde, contrito, quebrantado, ele não despreza.[14]
Conclusão e aplicação
Esta estória conta para nós como um homem chamado pecador foi transformado num homem chamado filho de Deus.
Eu gostaria de fazer duas aplicações para todos os que estamos aqui hoje.
Primeiro, para os que são crentes no Deus de Israel, os que são crentes no Senhor Jesus:            
Você, como diz a Bíblia, é nova criação, e a cada dia está crescendo espiritualmente, a fim de, abandonando pecados, hábitos velhos, e renovando a mente, aprender a ser cada dia mais parecido com Jesus.[15]
Meu irmão em Cristo, que áreas de sua vida interior precisam ser mudadas? Que pecados precisam ser confessados? Que falhas de caráter precisam ser admitidas? Diga ao Senhor.
Será que em sua luta pela vida você não está usando de armas carnais, contra a vontade de Deus? Renda-se, confesse ao Senhor.
- Senhor, meu nome é Jacó...
- Senhor, meu nome é mentiroso...
- Senhor, meu nome é orgulhoso...
- Senhor, meu nome é mexeriqueiro...
- Senhor, meu nome é covarde...
- Meu nome é iracundo...
- Meu nome é adúltero... – pois adultério, irmãos, não é só uma coisa que acontece exteriormente; como disse Jesus, também acontece na mente, no coração.
- Meu nome é idólatra... tenho ídolos no coração...
- Senhor, meu nome é fariseu, legalista, vivo julgando meus irmãos...
- Senhor, meu nome é avarento...
- Meu nome é amargurado...
Qual é o seu nome?
Confesse o seu nome ao Senhor, agarre-se a Deus, lute com Deus, chore com Deus, busque de todo o coração que você cresça espiritualmente; não se conforme com seus pecados, até que a santidade de Cristo seja formada em você.
E nisto há felicidade.
Em segundo lugar, eu quero me dirigir aos que estão aqui, mas que não são crentes em Jesus, que ainda não receberam a Jesus em seus corações:
A primeira de todas as coisas que aconteceu naquela noite em que Jacó foi transformado é que Deus foi ao encontro dele, e lutou com ele até que Jacó não pode mais lutar contra Deus.
Por favor, abram suas Bíblias em Mt 12:30 (palavras de Jesus):
Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.
Querido, você que ainda não tem Jesus, você percebe que sua vida é uma vida contra Deus? Que quem não crê em Jesus está contra Deus?
E então você precisa se reconciliar com Deus, precisa se render ao Senhor. Precisa admitir ser um pecador, se arrepender; precisa igualmente se agarrar a ele e clamar:
- “Senhor, abençoa-me. Senhor, perdoa meus pecados; Senhor, transforma minha vida; Senhor, liberta-me; Senhor, faz de mim, um pecador, um filho teu”.
E a promessa de Deus é esta – Rm 10:8-13
Leiamos com bastante atenção e carinho, pois a tua alma depende disto:
8 Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos. 9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação. 11 Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será confundido. 12 Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. 13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
E a hora de crer no Senhor, e invocar o nome do Senhor, é agora.




[1] Israel significa “aquele que luta com Deus”
[2] Êx 3:13, 14
[3] Gn 17:5
[4] Gn 17:17-19
[5] Jo 14:9-10 
[6] Gn 25:21-23; Rm 9:11-13
[7] Orlando Boyer, Heróis da Fé, cap. 20.
[8] 1º Sm 1
[9] Dt 9:18
[10] Ne 1; Dn 9
[11] 1ª Jo 1:9
[12] Is 6:5-7
[13] Sl 32:5
[14] Sl 51:6, 17
[15] 2ª Co 5:17
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