Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 31 de maio de 2015

Nas noites escuras - Jo 6:16-21

IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 31 de maio de 2015
Pr. Plínio Fernandes
Meus irmãos, vamos ler João 6:16-21
Ao descambar o dia, os seus discípulos desceram para o mar. 17 E, tomando um barco, passaram para o outro lado, rumo a Cafarnaum. Já se fazia escuro, e Jesus ainda não viera ter com eles.  18 E o mar começava a empolar-se, agitado por vento rijo que soprava.  19 Tendo navegado uns vinte e cinco a trinta estádios, eis que viram Jesus andando por sobre o mar, aproximando-se do barco; e ficaram possuídos de temor.  20 Mas Jesus lhes disse: Sou eu. Não temais!  21 Então, eles, de bom grado, o receberam, e logo o barco chegou ao seu destino.
Nós lemos aqui sobre um evento extraordinário, narrado por Mateus, Marcos e João[1]: a noite em que Jesus, dominando as “leis da natureza” [2], andou por sobre as águas agitadas do mar da Galiléia, vindo ao encontro dos seus discípulos, que estavam em apuros.
Foi uma grandiosa demonstração do poder de nosso Senhor, de como ele é soberano, de como ele governa sobre tudo.
Mas além disto, segundo entendemos, é também uma verdadeira parábola narrada através dos acontecimentos, para enriquecer nossa compreensão das nossas experiências espirituais, da nossa vida com Deus.
Este acontecimento ilustra como, nas noites escuras, nos mares agitados desta vida, ainda que pareça tarde, Deus sempre vem ao nosso encontro, e em sua vinda alcançamos descanso para nossas almas.
1. Primeiro, eu quero chamar a atenção dos irmãos para o que diz o v.17 - ele nos faz saber que, por assim dizer, Jesus estava “atrasado” para o encontro
Já se fizera escuro, e Jesus ainda não viera ter com eles.
Até aquele momento Jesus não havia chegado.
Além de João, Mateus e Marcos nos contam que foi depois de um intenso dia de trabalho de Jesus e seus discípulos: ele havia ensinado muito; depois, no fim da tarde, preocupado com o bem-estar e saúde de tantas pessoas que passaram o dia a ouvir seus ensinamentos, ele havia multiplicado os pães, alimentando a imensa multidão[3].
Então ordenou aos seus discípulos que atravessassem para o outro lado do mar, enquanto despedia as multidões.
Depois subiu à região montanhosa, para estar as sós com o Pai celestial e orar (ele sabia que não é necessário ir ao monte para orar, mas como “não tinha onde reclinar a cabeça” [4], os montes e os desertos eram seus lugares secretos de oração[5]).
Enquanto Jesus orava, os discípulos começaram a se ver em grandes dificuldades.
O mar da Galiléia, na realidade é um imenso lago, de uns 20 km de extensão por 10 de largura.
Fica numa profunda depressão, cerca de 200 m abaixo do nível do mar, cercado por montanhas e alguns vales bem estreitos.
Durante a maior parte do tempo o ar ali é quente e parado, mas às vezes, correntes de ar frio passam por cima das montanhas, e são sugadas em redemoinhos para baixo, formando assim, de repente, fortíssimas tempestades de vento.
E era isto o que estava acontecendo. Imagine um barquinho pequenino, balançando de um lado para outro, no meio de um imenso lago, alta madrugada, o céu turbado e as águas agitadas pela força do vento, numa época em que não havia os recursos de iluminação que temos agora.
Jesus estava longe. E para uma situação como esta, homem algum, mesmo pescadores experimentados, estão realmente preparados.
Em outra ocasião, durante outra tempestade, estando Jesus com eles no barco, ele tão somente levantou-se, repreendeu o vento e as ondas, e fez-se bonança[6].
Mas agora Jesus não estava ali.
E não é que Jesus não estivesse ali realmente:
Marcos[7] nos diz que Jesus, do monte onde estava, contemplava tudo o que acontecia, e percebia a dificuldade que os discípulos estavam tendo, porque o vento lhes era contrário, e então desceu o monte, para vir ao encontro de seus discípulos.
Mas, nos diz João, até aquele momento Jesus ainda não havia chegado. E já eram pelo menos três horas da madrugada[8].
Irmãos, existem horas, existem tempos
Em que nossa vida se torna como que numa noite escura e longa.
Em que os ventos das circunstâncias contrárias,
A agitação dos problemas, das emoções, de crises em nossa existência, nos transtornam.
Fica difícil remar, conduzir o barco da nossa vida
E muitas vezes sentimos que, ao contrário das promessas que nos faz, de socorrer
Jesus ainda não veio, ainda está longe, está demorando.
As águas estão revoltas, a noite escura, e ele não vem, não age, está atrasado
Você avalia sua vida:
Você é discípulo de Jesus. Está neste barco porque ele mandou, e prometeu estar com você todos os dias
Por outro lado, ele sabe tudo: seus problemas, suas aflições.
Ele pode qualquer coisa: apenas com uma ordem, um estalar de dedos, e tudo seria transformado.
Mas ele não o faz, ele não age; pior: parece que ele nem está presente.
Irmão, se é assim que você às vezes tem se sentido, deixe-me consolar seu coração dizendo que o mesmo já sentiram muitos santos do passado.
Quero citar alguns exemplos
Sl 74:1,11
Por que nos rejeitas, ó Deus, para sempre? Por que se acende a tua ira contra as ovelhas do teu pasto?
Por que retrais a mão, sim, a tua destra, e a conservas no teu seio?
Neste salmo, Asafe, homem de Deus, expressa o sentimento de rejeição por parte do Senhor. Deus como que “encolheu a mão”, virou o rosto, e não atende.
Ele sente que Deus está se omitindo.
Sl 89:46
Até quando, SENHOR? Esconder-te-ás para sempre? Arderá a tua ira como fogo?
Deus está escondido, irado
Is 63:19 e 64:1
Tornamo-nos como aqueles sobre quem tu nunca dominaste e como os que nunca se chamaram pelo teu nome. Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes tremessem na tua presença...
Moisés, Davi, Elias, Jeremias, e tantos outros, muitas vezes sentiram que Deus estava longe; e os discípulos ali no mar.
2. Mas, eu também quero trazer à nossa mente este segundo fato: se Jesus ainda não havia chegado, isto quer dizer que depois ele chegou.
De repente, ele apareceu.
Eu fico imaginando que coisa bonita deve ter sido aquela cena toda: as águas agitadas, o vento forte, a escuridão.
E sobre as águas, o Senhor Jesus.
O Senhor forte e poderoso - nada o incomoda, nada lhe aflige, nada frustra o seu propósito, nada o faz desviar-se de seus intentos, e seu propósito é dar segurança aos seus discípulos
Mas os discípulos ficaram tão espantados com aquela pessoa andando sobre as águas! Mateus nos diz que eles pensaram que fosse um fantasma, e começaram a gritar apavorados[9].
Porque eles simplesmente não conseguiriam sequer imaginar que o Senhor Jesus viesse a eles desta maneira – eles ainda não haviam aprendido o que está escrito em Ef 3:20 que Deus é
Aquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós...
Sim, irmãos, muitas vezes, é quando menos esperamos que Jesus vem, e age.
Se Jesus queria ir onde estavam os discípulos, nós pensamos, ele deveria tomar outro barco, ou da praia mesmo acalmar a tempestade.
Mas precisamos entender que ele é soberano:
Ele age sobre as circunstâncias – anda sobre as águas, anda contra o vento forte, pois é mais forte que o vento; anda na escuridão, pois ele é a luz.
Ele é soberano sobre o tempo – sabe a hora exata de intervir.
Ele age como quer, conforme a sabedoria de sua vontade:
Por exemplo
Em Lucas 18, o Evangelho nos conta sobre a cura de um cego chamado Bartimeu. Jesus disse: o – “Recupera a tua vista; a tua fé te salvou”, e imediatamente, pela Palavra do Senhor, o homem tornou a ver[10].
Em João 9, Jesus cura outro cego. Mas desta vez ele cospe no chão, faz um pouco de lodo com a saliva, aplica aos olhos do cego e ordena: – “Vai, e lava-te no tanque de Siloé”. O homem fez o que Jesus ordenou, e foi curado[11].
E em Marcos 8, Jesus está numa aldeia chamada Betsaida, quando cura outro cego. Mas desta vez leva o cego para fora da cidade, coloca um pouco de saliva nos olhos do homem e pergunta: – “Vês alguma coisa?”
E o homem responde: – “Vejo os homens, como árvores os vejo andando”.
Então o Senhor novamente coloca as mãos sobre os olhos do homem, e ele passa a ver tudo perfeitamente[12].
É o mesmo Jesus, mas de modos diferentes; seu caráter não muda: é sempre bom, compassivo, mas ele é soberano em sua maneira de agir, não está preso a leis fixas, a não ser ao seu próprio caráter.
Irmão, se “as águas do mar da sua vida estão agitadas”, espere. Jesus irá agir. Ele virá. Tenha certeza.
Talvez seja da maneira como você menos espera
O profeta Isaías nos diz que às vezes, Deus já está atendendo ao que vamos pedir antes mesmo que nós oremos[13].
Mas se isto não acontece sempre, espere só mais um pouco
Hb 10:37, 38
Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão.  36 Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.  37 Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará; 38 todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.  39 Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma.
Aqui o Espírito Santo está nos falando sobre o dia da volta de Jesus.
Não falta muito tempo, ele diz. Aos nossos olhos, pode parecer demorado, mas à luz da eternidade, será logo.
Mas para alcançar a promessa, é necessário permanecer nesta esperança de fé.
Na hora de Deus, do jeito de Deus, ele vem, intervém, age, opera.
E sabe o que acontece quando ele vem?
3. Ele recupera todo o “tempo perdido”
v.21 - Então, eles, de bom grado, o receberam, e logo o barco chegou ao seu destino
O tempo nunca é preocupação para Deus. Ele está cima. Age no tempo, fora do tempo e até contra o tempo, como no dia em que os israelitas lutavam contra os amorreus – o dia estava acabando, e a batalha ainda não fora ganha. Então Josué orou, e o sol não se pôs enquanto a luta não terminou[14].
No dia em que Ezequias foi curado, o Senhor fez com que a sombra do relógio solar retrocedesse, a fim de que o vacilante enfermo soubesse que seu milagre estava para chegar[15].
Quando Moisés tentou, por suas próprias forças, libertar os israelitas da escravidão no Egito, não conseguiu. Mas quarenta anos depois, Deus o fez, usando o mesmo Moisés, e de uma vez por todas[16].
Ou Lázaro: João 11 nos diz que Jesus soube que seu querido amigo Lázaro, que morava na cidade de Betânia, estava gravemente enfermo. Dois dias depois foi até La, mas quando chegou, seu amigo já estava morto e sepultado havia quatro dias.
Maria, a irmã do morto, disse que Jesus havia chegado atrasado.
E Jesus manifestou a sua glória, tirando a Lázaro de entre os mortos.
Quando Deus age, ele recupera o “tempo perdido”.
Às vezes, ficamos olhando para a vida, o tempo se esvai rapidamente, sentimos que estamos perdendo tempo.
– “Senhor, por que o Senhor não age logo”?
– “Porque suas promessas demoram tanto”?
– “Porque meus problemas parecem não ter fim”?
– “Por quê?”
Deus tem seus tempos.
Vocês todos que estão aqui conhecem a igreja de Vila Continental; uma das igrejas mais bonitas que eu conheço. Ela não foi organizada de uma hora para outra. Na verdade, foram longos 36 anos como congregação, antes que pudesse ser organizada como igreja. Mas cada vez que chego lá, e participo da comunhão daqueles queridos irmãos no Senhor, que santa delícia é estar ali.
Deus tem seus tempos. Deus tem seus modos. Deus tem seu caráter: sua Palavra, seus desejos.
Conclusão e aplicação
Querido irmão, como está sua vida?
O mar está agitado? A noite está escura? Você se sente sem direção? Os ventos contrários são fortes?
Jesus está vendo tudo. Confie nele: não pule do barco, não fuja, fique, espere em Deus; ele agirá.
Entregue o teu caminho ao Senhor, confie nele, e o mais ele fará[17].
E quando ele agir, você verá que não foi tempo perdido. Ele tira todo o atraso. Amém?

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[1] Mt 14:22-33; Mc 6:45-52
[2] Jeremias chama as “leis da natureza” de “leis fixas do céu e da terra” (Jr 31:35, 36; Jr 33:25 – ARA)
[3] Mt 14:13-21; Mc 6:30-44
[4] Mt 8:20
[5] Mc 1:35; Lc 6:12 etc.
[6] Mt 8:26
[7] Mc 6:48
[8] Mt 14:25 – “Quarta vigília da noite”: entre 3 e 6 horas da manhã.
[9] Mt 14:26
[10] Lc 18:35-43
[11] Jo 9:1-7
[12] Mc 8:22-26
[13] Is 65:24
[14] Jo 10:12-15
[15] Is 38:1-8
[16] At 7:23-36
[17] Sl 37:5

domingo, 24 de maio de 2015

Na eternidade - 2ª Co 5:1-10

IPC em Pda. de Taipas
Domingo, 24 de maio de 2015
Pr. Plínio Fernandes
Meus irmãos, vamos ler 2ª aos Coríntios 5:1-10
“Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus. 2 E, por isso, neste tabernáculo, gememos, aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial; 3 se, todavia, formos encontrados vestidos e não nus. 4 Pois, na verdade, os que estamos neste tabernáculo gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. 5 Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do Espírito. 6 Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; 7 visto que andamos por fé e não pelo que vemos. 8 Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor. 9 É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis. 10 Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.”
Uma cristã norte-americana, Evelyn Christenson, escreveu, entre outros, um livro muito edificante, chamado “Ganhando através da perda” [1].
Neste livro ela apresenta o ensino bíblico de que nós, filhos de Deus, em todas as coisas que acontecem conosco, estamos sendo abençoados pelo pai celestial, que é quem dirige cada evento de nossas vidas.
Então, até mesmo quando perdemos coisas neste mundo, na realidade estamos de alguma forma lucrando, estamos ganhando, pois Deus faz com todas as coisas cooperem para o bem daqueles que o amam.
Cada vez que perdemos algo ou alguém, é porque Deus está providenciando para nós um bem maior.
E de fato, este é o padrão que vemos se repetir constantemente na vida dos crentes descrita na Palavra de Deus: José perdeu tudo para ganhar muito mais; e Jó; e Davi; e Daniel; e Abraão; e Noé – enfim, nossa lista é praticamente interminável.
E Jesus acrescenta, em Lucas 18:29 e 30, que isto diz respeito a cada pessoa que o ama, quando afirma:
Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos, por causa do reino de Deus, que não receba, no presente, muitas vezes mais e, no mundo por vir, a vida eterna.
Noutro lugar ele nos ensina que não adianta nada ganharmos o mundo inteiro, se perdermos a nossa alma.
Mas, que, se por amor a ele perdermos a nossa própria vida neste mundo, estaremos de fato ganhando a nossa vida na eternidade[2].
E aqui neste texto que lemos, o apóstolo Paulo vem nos lembrar deste que é o maior de todos os lucros que o homem pode ter: a eternidade.
Assim como Jesus, ele nos mostra que quando perdemos este mundo por amor a ele, ganhamos a eternidade.
Depois de discorrer de modo muito vívido, no capítulo anterior, a respeito da fragilidade, da brevidade e dos dissabores desta vida presente em contraste com a vida futura, neste capítulo ele prossegue nos encorajando a olhar para a eternidade, onde está o nosso destino.
Eu desejo meditar sobre as verdades da vida eterna conforme apresentadas nestas palavras do apóstolo Paulo.
1. Em primeiro lugar, o Espírito Santo nos ensina que na eternidade nós seremos revestidos de nossa habitação celestial
vs. 1 e 2
Sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus.  2 E, por isso, neste tabernáculo, gememos, aspirando por sermos revestidos da nossa habitação celestial...
Nestes dois versículos, Paulo usa duas expressões para se referir à nossa “morada neste mundo”: casa terrestre e tabernáculo.
Se compararmos com o contexto, especialmente v. 6, podemos perceber que é uma referência ao nosso corpo, habitação de nosso “eu”, do nosso espírito, do nosso homem interior.
Ele chama este nosso corpo de “tabernáculo”, isto é, uma “cabana”, uma casa feita de algum tecido, rústica mesmo.
Mas no v.1 ele diz que se esta nossa casa se desfizer, isto é, se este nosso corpo for destruído, no céu nós temos, não um mero tabernáculo, temos um edifício, uma casa mais ampla, melhor, mais confortável.
Esta casa que temos no presente é mortal, é sujeita a fraquezas, à decadência. A habitação celestial é imortal, incorruptível.
Em 1ª Co 15, ele escreve que, quando o Senhor Jesus voltar, estes nossos corpos mortais serão revestidos por aquele que é imortal, estes corpos carnais serão revestidos por aquele que é espiritual.
Embora seja algo difícil de descrever, difícil de imaginar, o que podemos dizer com certeza é que seremos incomparavelmente melhores do que somos agora.
João nos diz que seremos semelhantes ao Senhor Jesus, e creio que isto em grande parte também se refere, além de sermos semelhantes a ele em seu caráter santo, ao seu corpo ressurreto.
Mas não posso dizer nada além disto.
Vale a pena lermos 1ª Co 15:40-49
Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos terrestres.  41 Uma é a glória do sol, outra, a glória da lua, e outra, a das estrelas; porque até entre estrela e estrela há diferenças de esplendor.  42 Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita em glória.  43 Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder.  44 Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual.  45 Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante.  46 Mas não é primeiro o espiritual, e sim o natural; depois, o espiritual.  47 O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu.  48 Como foi o primeiro homem, o terreno, tais são também os demais homens terrenos; e, como é o homem celestial, tais também os celestiais.  49 E, assim como trouxemos a imagem do que é terreno, devemos trazer também a imagem do celestial.
Note o maravilhoso contraste: semeia-se na corrupção, ressuscita na incorrupção .
Semeia-se em desonra, ressuscita em glória.
Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder.
E mais: você não terá este corpo espiritual, altamente capacitado, dotado de poder e santidade para ficar tocando “harpinha sentado numa nuvem”; não!
Em Mateus 25, Jesus nos ensina que quem for fiel no pouco, será colocado sobre o muito – a eternidade não é lugar de ócio, mas de trabalho, serviço pleno, desenvolvimento ainda maior das capacidades dadas por Deus e para a glória de Deus.
Se você tem prazer em servir ao Senhor agora, imagine o que será no mundo futuro.
2. Em segundo lugar, o Espírito Santo nos ensina que a eternidade é quando estaremos para sempre com o Senhor
vs. 6-8
Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor; 7 visto que andamos por fé e não pelo que vemos.  8 Entretanto, estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e habitar com o Senhor.”
Não somente seremos semelhantes a ele, mas estaremos com ele.
Eu não sei explicar completamente este maravilhoso modo de ser, ou estado de alma, chamado amor; pois o amor com que amamos agora é tão imperfeito.
Mas sei que quando amamos alguém, o que mais desejamos é estar com este alguém.
E sei também que quando se é crente, a pessoa mais amada, a mais desejada, aquela de quem mais temos saudade, embora nunca o tenhamos visto, é o Senhor Jesus.
Isto porque ele é a pessoa mais linda, a mais espiritual, a mais santa, consagrada que existe.
Ele é perfeitamente honesto em tudo o que fala; ele é bom, justo, meigo.
Ele é melhor que tudo e todos.
Como está escrito no Salmo 73, a respeito do nosso Deus:
Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra [3].
Tantas vezes em nossa vida diária, não sentimos um “ataque de alegria” ao sentir a presença de Deus naquilo que estamos fazendo, não é?
Tantas vezes, em nossos momentos devocionais a sós, ou quando cantamos, adoramos, oramos juntos, o seu coração se enche de alegria, por você sentir a presença de Jesus, não é?
Pois bem, meu irmão, este sentimento da presença de Jesus não é nada, se comparado com o que será no céu.
Nós o veremos face a face. Nós o ouviremos não apenas em nosso coração. Ele estará diante dos nossos olhos. Sua voz deve ser o som mais lindo do universo.
3. Na eternidade, iremos receber a recompensa de nossas ações
vs. 9,10
É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos agradáveis.  10 Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.
Paulo tinha como certo o fato de que, mesmo sendo crentes, salvos por meio da graça de Deus, cada um de nós deverá prestar contas a Deus por tudo quanto tiver feito por meio do corpo
Há dois aspectos deste “comparecer” diante do tribunal de Cristo que podemos observar na palavra de Deus:
3.1. As nossas ações não são o meio através dos quais obtemos a nossa salvação. Somos salvos pela graça, pela misericórdia, pela bondade de Deus
Mas ao mesmo tempo elas demonstram que realmente houve uma transformação espiritual, uma regeneração em nossa alma. E então, neste aspecto, as boas obras, as obras de obediência são uma evidência de que temos verdadeira fé.
Vamos ler Tg 2:19-23
Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem.  20 Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante?  21 Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado, quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque?  22 Vês como a fé operava juntamente com as suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, 23 e se cumpriu a Escritura, a qual diz: Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus.
3.2. As nossas obras demonstram a qualidade de nossa vida espiritual, de nosso amor para com Deus, e serão a base sobre qual seremos recompensados na eternidade
1ª Co 2:10-15
Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica.  11 Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo.  12 Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,  13 manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará.  14 Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; 15 se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo.
Aqui, o Espírito Santo nos admoesta no sentido de trabalhemos de coração, com zelo e amor, pois estamos construindo para a eternidade.
Então Paulo via nisto um duplo incentivo:
Por um lado, o incentivo a temer a Deus e consequentemente evitar o mal, evitar a prática do pecado.
Por outro, um incentivo à pratica do bem.
Ele não queria chegar diante de Deus para ouvir que sua vida foi relaxada, que seu caráter era frívolo.
Conclusão e aplicação
Assim vimos que neste texto, queridos irmãos, o Espírito Santo nos ensina que na eternidade nós seremos revestidos de nossa habitação celestial: teremos um corpo imortal, sadio e vigoroso.
O Espírito Santo também nos ensina que a eternidade é quando estaremos para sempre com o Senhor: nós o veremos face a face, e desfrutaremos plenamente de sua presença.
Por último, somos ensinados que, na eternidade, iremos receber a recompensa de nossas ações.
1. Se você nasceu de novo, pela fé em Jesus, no poder do Espírito Santo, então você não somente crê, mas deseja a eternidade.
E isto trás algumas implicações para sua vida diária; eu desejo citar algumas:
1. Ânimo
Quando “tudo estiver errado”, lembre-se de que tudo o que há de errado é passageiro: as tentações, os pecados, as fraquezas, as limitações, as enfermidades, as separações, as injustiças, tanto as coisas tristes que acontecem em sua vida como na de outros filhos de Deus.
Todas as nossas tribulações irão acabar, e os sofrimentos do tempo presente não são para se comparar com as alegrias da glória do céu[4].
Então não desfaleça.
2. Amor pelo céu – lá está sua pátria
Nosso destino final não é este mundo presente, com suas riquezas e prazeres ilusórios, que sempre são incapazes de atender aos nossos anseios mais profundos, de amor e comunhão com Deus.
Nosso destino é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.
Então, como um homem que pensa sempre na mulher a quem ama, pense sempre nas coisas do céu, não nas que são aqui da Terra.
Apaixone-se pelas coisas do céu.
Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então o conheceremos na plenitude da sua glória, e seremos glorificados com ele.
3. Seja fiel a Jesus: desenvolva santidade
Faça morrer tudo o que é de sua natureza terrena: impureza, paixões lascivas, desejos malignos, malícias no pensar, maldades no falar, mentiras, pois, por estas coisas é que vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência[5].
4. Pratique o bem – como quem está ajuntando tesouros para a eternidade
“Quem dá aos pobres empresta a Deus”; isto não é apenas um ditado popular; é ensino bíblico [6]. Se você vê uma pessoa necessitada, reparta com ela das coisas que Deus tem dado a você. Dê a quem te pede; não volte as costas ao órfão e à viúva.
Não deixe de perdoar aos que te ofendem. Não deixe de ajudar ao que estiver caído. Não deixe de ser misericordioso.
Não deixe de usar seus dons espirituais; não deixe de amar a igreja e cooperar com ela; não deixe de ser parte do povo de Deus.
Não abandone a sua congregação como fazem alguns, porque o dia da eternidade está agora mais perto ainda.
Não deixe de testemunhar, de falar de Jesus. Não deixe de amar o seu próximo. Não deixe de amar sua esposa, seu marido, seu pai, sua mãe.
Não deixe de orar, de ler a Palavra, não deixe de fazer todo o bem que você conhece.
2. Mas, talvez algum de vocês ainda não seja uma pessoa convertida a Jesus.
Neste caso, eu preciso dizer a você que as delícias da vida eterna não são para todos os homens: são destinadas apenas para aqueles que amam a Deus.
E é claro que isto está totalmente certo: você gostaria de morar eternamente com alguém a quem não ama?
Isto de acordo com o desejo daquele que não crê em Deus: aquele que não crê em Deus não quer viver eternamente com ele, e neste caso, não desfrutará da bem-aventurança eterna.
Mas neste caso, eu preciso também dizer: uma vida eterna sem Deus é um inferno. É tristeza, depressão, solidão, infelicidade, ódio e inveja.
Para que uma pessoa não viva este inferno eterno ela precisa se voltar para Deus, e com isto estou sendo claro: se voltar para Jesus, pois ele é Deus que se fez carne, que veio morar entre nós, para que nós possamos ir morar com ele.
Assim, se você ainda não segue a Jesus, veja que oportunidade abençoada você tem agora: pode crer agora, pode receber a Jesus agora, em seu interior, e pode começar com ele agora, uma jornada que será pela eternidade.

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[1] São Paulo, Mundo Cristão, 2007
[2] Mt 16:24-26
[3] Sl 73:25
[4] Rm 8:18
[5] Cl 3:1-11
[6] Pv 19:17

domingo, 17 de maio de 2015

Elogio à fé - Mt 15:21-28

IPC em Pda. de Taipas
Manhã de domingo, 17 de maio de 2015
Pr. Plínio Fernandes
Meus irmãos, vamos ler Mateus 15:21-28
Partindo Jesus dali, retirou-se para os lados de Tiro e Sidom.  22 E eis que uma mulher cananéia, que viera daquelas regiões, clamava: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada.  23 Ele, porém, não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, aproximando-se, rogaram-lhe: Despede-a, pois vem clamando atrás de nós.  24 Mas Jesus respondeu: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. 25 Ela, porém, veio e o adorou, dizendo: Senhor, socorre-me!  26 Então, ele, respondendo, disse: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.  27 Ela, contudo, replicou: Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.  28 Então, lhe disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E, desde aquele momento, sua filha ficou sã.
A Bíblia nos ensina que, desde que o Senhor Deus escolheu e se revelou a nosso pai Abraão há mais de quatro mil anos, disse-lhe que não somente ele e os seus descendentes carnais seriam abençoados com o conhecimento de Deus, mas que eles seriam abençoados para que, por intermédio deles, a bênção alcançasse “todas as famílias da terra”[1].
Da mesma forma, muito tempo depois, Deus reafirmou esta a promessa a Davi, descendente de Abraão, dizendo que através de um descendente seu o reino de Deus alcançaria todos os povos da terra, e este reino seria eterno[2].
Assim, de conformidade com as promessas de Deus, veio Jesus.
Do ponto de vista espiritual, Jesus é o Filho eterno do Deus eterno. Do ponto de vista da encarnação, Jesus é o Filho de Davi; é também o Filho de Abraão que veio com o propósito de, começando com os judeus, descendentes de Abraão, abençoar o mundo inteiro[3].
De forma que o ministério de pregação e ensino de Jesus se concentrou especialmente entre os judeus: na Judéia, ao sul, e na Galiléia, ao norte.
Mas também houve ocasiões em que Jesus entrou em território gentio, como quando ele foi a Sicar, uma cidade samaritana, e a ali levou muitas pessoas à salvação[4].
Outra ocasião é esta aqui: Jesus entra na Síria, na região das cidades de Tiro e Sidom.
E ali, entre muita gente atribulada, está esta siro-fenícia, cananéia de origem grega.
Uma mulher sofrendo muito, porque sua filha estava endemoniada.
Desde que o pecado entrou no mundo, uma das consequências mais tristes é a ação do Diabo fazendo mal aos seres humanos, e isto de muitas maneiras:
Ele pode tentar, isto é, influenciar os pensamentos e os sentimentos de uma pessoa, a fim de que ela se afaste dos desejos de Deus. Como fez com Ananias e Safira, despertando neles o sentimento de orgulho que levou à mentira e à morte[5].
Ele pode colocar enfermidades numa pessoa, como fez com Jó[6].
Ele pode colocar as pessoas uma contra as outras, pode torcer as palavras que as pessoas dizem; pode até turvar os pensamentos de bons crentes, como fez com Pedro[7].
Pode levar pessoas a cometerem crimes atrozes.
E pode influenciar a personalidade de alguém de tal maneira que esta pessoa chegar a ser descrita na Bíblia como endemoniada: neste tipo de ação satânica a pessoa pode até perder o controle de si mesma; até perder a percepção, a consciência do que está acontecendo: ora cai, ora se torna agressiva, ora se torna autodestrutiva, ora sofre espasmos.
Agora, imagine o sofrimento desta mãe ao ver sua amada filhinha sendo controlada por um demônio.
Por isto as palavras fortes ao dizer a Jesus o que estava acontecendo, enquanto ele seguia seu caminho: – “Senhor, Filho de Davi... minha filha está horrivelmente endemoniada...”.
Normalmente, meus irmãos, quando alguma pessoa aflita vem a Jesus, a sua resposta é positiva e imediata.
Ele já havia dito antes: – “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei... Tomai sobre vós o meu jugo, pois sou manso e humilde de coração...” [8].
Mas agora ele parece estar contrariando sua promessa, e não respondeu palavra alguma.
E ela insiste, de modo que a certa altura os discípulos pedem: – “Senhor, despede-a, isto é, atende-a, senão ela vai continuar nos seguindo pelo caminho”.
Mas Jesus responde de uma forma ainda mais estranha ao seu comportamento gentil: – “Eu não vim para os gentios; eu fui enviado para as ovelhas perdidas da casa de Israel”.
Sabe, isto não combina com a atitude de Jesus com os gentios em outras ocasiões: por exemplo, eu já mencionei a cidade de Sicar, em Samaria, onde Jesus conversou com aquela mulher de vida errada, e a salvou, e a muitas outras pessoas.
Se voltarmos as páginas aqui mesmo em Mateus, para o cap. 8[9], nós o vemos curando o servo de um centurião romano, e elogiando a grande fé do soldado, dizendo que nem mesmo Israel já vira alguma coisa parecida.
Depois disto ele diz que do oriente e do ocidente, muitos gentios se achegariam para comer com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus.
Mas a mulher insiste; ela se aproxima, prostra-se aos pés do Senhor e diz: – “Senhor, socorre-me”.
Os judeus tinham um hábito muito ruim. Eles se diziam “filhos de Deus, raça eleita”, e por isto desprezavam os gentios. Para eles, gentio não era gente, eram cães.
E Jesus, fazendo uso deste mau hábito pelo qual os judeus eram conhecidos responde para aquela mulher ajoelhada aos seus pés: – “Não é lícito tirar o pão dos filhos e dá-lo aos cachorrinhos”.
Mas ela, não fazendo caso disto, responde: – “Mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos filhos”.
Então Jesus declara: – “Mulher, grande é a tua fé; faça-se contigo como queres”. E desde aquela hora sua filhinha ficou sã.
E aqui, meus irmãos, nós percebemos o propósito de Jesus em por obstáculos, em se demorar para atender: ele estava dando oportunidade para que a fé que havia no coração daquela mulher se manifestasse mais plenamente.
– Mulher, grande é a tua fé...
Eu desejo destacar três características desta fé que agradou a Jesus.
1. Era fé na pessoa certa, isto é, era uma fé em Jesus
No v. 22 nós lemos que ela clama a Jesus dizendo: – “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim...”.
Esta expressão, “Filho de Davi”, é uma referência às promessas de Deus através dos profetas do Antigo Testamento, segundo as quais o rei enviado por Deus seria descendente de Davi.
No v. 25, lemos que ela vem ao Senhor e se prostra em adoração.
Estas atitudes revelam o discernimento que a mulher tinha de Jesus: ele é que podia liberta sua filhinha das obras de Satanás.
Mas não como um simples exorcista: é porque, conforme ela percebia, Jesus era o Senhor, um título reservado na Bíblia para Deus.
Jesus era o Cristo, o Messias prometido através dos profetas.
Jesus era aquele perante o qual ela podia se prostrar e adorar, sem medo de estar cometendo idolatria.
Ela tinha fé porque reconhecia que Jesus é o Senhor, o Filho de Deus.
Ora, amados, de acordo com as Escrituras, esta é a única expressão de fé que pode agradar a Deus.
Deus não deseja que depositemos a nossa confiança em outros deuses, nem em outros recursos, e é necessário enfatizar que a fé bíblica não é uma “fé na fé”, como se a nossa fé tivesse poder em si mesma, o poder de fazer as coisas acontecerem. Isto não é fé, segundo a palavra de Deus: o máximo que pode ser chamado é “pensamento positivo” e para ter uma atitude de “pensamento positivo” nem crente você precisa ser.
“Fé na fé”, ou “pensamento positivo” e ter fé em si mesmo; e fé em si mesmo até os fariseu da parábola de Jesus tinha. Mas ele não agrava a Deus[10].
Fé que agrada a Deus é fé em Jesus.
2. Era uma fé perseverante
Você notou quantas negativas de Jesus, antes de atendê-la?
Primeiro, ele fica calado. Ela segue o grupo pelo caminho, clamando. Pede muitas vezes. Insiste. Mas Jesus permanece calado.
A certa altura, por causa da importunação da mulher, os discípulos é que intercedem por ela. E o Senhor responde a eles, mas a sua resposta é negativa: –“O Filho do homem não foi enviado senão às ovelhas perdidas de Israel”.
Em outras palavras... – “Não vou atender”.
Confesso que incidentalmente achei este fato engraçado. Há daqueles que pensam que se você falca com Deus e ele não atende, ele irá atender se um “apóstolo” interceder por você, ou algum outro tipo de intercessor.
Mas então ela se prostra e torna a pedir, e pela terceira vez nós lemos sobre a negativa: – “Não está certo quando alguém tira o pão dos filhos para dar aos cachorrinhos”.
Como quem diz: – “Olha, você não é israelita; não pertence ao reino dos filhos de Deus. É uma cachorrinha. Não está certo eu curar a sua filha...”.
Mas ela não desiste: – “Senhor, os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa... Então dê ao menos uma migalha...”.
A perseverança, meus irmãos, o não desistir, o continuar firme mesmo quando tudo parece perdido, mesmo quando parece que Deus não irá atender, é um mandamento.
Quantas vezes não lemos nas Escrituras sobre os santos que perseveraram firmes em oração!
Lemos sobre Moisés, orando quarenta dias e quarenta noites, até que o Senhor o atendesse[11].
Sobre Jeremias orando ao Senhor por dez dias, buscando uma resposta ao dilema dos judeus[12].
Sobre Daniel orando e jejuando por três semanas[13]; sobre Neemias orando quatro meses[14]. E Ana, orando anos a fio[15].
Vamos ler Hb 10:35-39
Não abandoneis, portanto, a vossa confiança; ela tem grande galardão.  36 Com efeito, tendes necessidade de perseverança, para que, havendo feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa.  37 Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará; 38 todavia, o meu justo viverá pela fé; e: Se retroceder, nele não se compraz a minha alma.  39 Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma.
Aqui o Espírito Santo está nos lembrando da maior de todas as promessas: o dia da volta de Jesus, para o qual devemos nos preparar através de uma vida de fé. Só assim agradamos a Deus e alcançaremos a promessa.
Perseverar em todo o nosso relacionamento com Deus: perseverar no amor, na dedicação, na consagração, na santificação, na conversão diária.
E isto também inclui persevera na oração.
Lembra-se da parábola da viúva que importunava o juiz? O Espírito Santo nos diz qual é a intenção de Jesus ao contar a parábola, em Lc 18:1
Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer.
E no final ele faz uma pergunta – v. 8:  – “Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?”.
Perseverança: é outra característica da fé que agrada ao Senhor.
3. Era uma fé humilde
Você vê a maneira como Jesus reage, e trata com esta mulher.
Será que o propósito daquele que é manso e humilde de coração era o de humilhar esta pobre senhora?
Longe disto, amados. Pois há uma coisa muito importante na mente de Jesus.
Lc 14:11
Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado.
Isto é tão importante que Jesus o repete em Lc 18:14
Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.
E Tiago em sua carta, no ensino sobre oração – Tg 4:6, 7
Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.  7 Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
Quando Jesus criou aquela situação embaraçosa, estava dando àquela mulher a oportunidade de manifestar a humildade da fé.
E humildade, irmãos, é justamente o oposto do caráter do Diabo. O Diabo, que afligia aquela sofrida mulher e sua filhinha, é orgulhoso.
Então, o manifestar humildade, ela estava se sujeitando a Deus, estava resistindo ao Diabo, estava alcançando a graça de Deus.
Há neste sentido outro momento muito bonito na Bíblia, na história de Israel.
Jz 10:6-16
Tornaram os filhos de Israel a fazer o que era mau perante o SENHOR e serviram aos baalins, e a Astarote, e aos deuses da Síria, e aos de Sidom, de Moabe, dos filhos de Amom e dos filisteus; deixaram o SENHOR e não o serviram.  7 Acendeu-se a ira do SENHOR contra Israel, e entregou-os nas mãos dos filisteus e nas mãos dos filhos de Amom, 8 os quais, nesse mesmo ano, vexaram e oprimiram os filhos de Israel. Por dezoito anos, oprimiram a todos os filhos de Israel que estavam dalém do Jordão, na terra dos amorreus, que está em Gileade.  9 Os filhos de Amom passaram o Jordão para pelejar também contra Judá, e contra Benjamim, e contra a casa de Efraim, de maneira que Israel se viu muito angustiado.  10 Então, os filhos de Israel clamaram ao SENHOR, dizendo: Contra ti havemos pecado, porque deixamos o nosso Deus e servimos aos baalins.  11 Porém o SENHOR disse aos filhos de Israel: Quando os egípcios, e os amorreus, e os filhos de Amom, e os filisteus, 12 e os sidônios, e os amalequitas, e os maonitas vos oprimiam, e vós clamáveis a mim, não vos livrei eu das suas mãos?  13 Contudo, vós me deixastes a mim e servistes a outros deuses, pelo que não vos livrarei mais.  14 Ide e clamai aos deuses que escolhestes; eles que vos livrem no tempo do vosso aperto.  15 Mas os filhos de Israel disseram ao SENHOR: Temos pecado; faze-nos tudo quanto te parecer bem; porém livra-nos ainda esta vez, te rogamos.  16 E tiraram os deuses alheios do meio de si e serviram ao SENHOR; então, já não pôde ele reter a sua compaixão por causa da desgraça de Israel.
Repare bem no v. 16 – Deus não conseguiu reter a sua compaixão, uma vez que os israelitas se arrependeram verdadeiramente, e demonstraram isto numa atitude de humildade.
Conclusão
A fé que da qual Jesus se agrada:
É uma fé que vem do conhecimento de quem ele é – não é uma fé na fé; não é pensamento positivo. É uma fé em Jesus como Senhor dos céus e da terra, a quem adoramos, que tem autoridade e poder.
É uma fé perseverante; que não desiste; e que por isto mesmo agrada a Jesus.
É uma fé que o agrada também por ser humilde.
Aplicações
Você deseja agradar a Deus? Este é o seu prazer?
Eu gostaria de trazer algumas atitudes práticas para o desenvolvimento deste tipo de fé em sua  alma:
1. Conheça mais a Jesus, através das Escrituras.
Toda a Escritura nos foi dada para que conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor Jesus. Toda a Escritura nos foi dada para que, por meio dela, o espírito Santo conceda e fortaleça a fé em Jesus, dentro de nossos corações.
Invista tempo com a Bíblia, a Palavra de Deus, e sua fé será fortalecida.
2. Dedique-se à oração: oração desejosa, perseverante, humilde.
Oração que busca o reino de Deus e a derrota de Satanás, seja na sua vida, de sua família, da igreja, do mundo. Não há esfera de ação pela qual não devemos orar. Não há esfera de ação onde o reino de Deus não deva ser implantado. Então ore, ore, ore. Ore com fé, perseverança e humildade.
Tenhamos certeza de que nossas orações são estão sendo ouvidas – tão somente sejamos perseverantes
3. Aproveite as situações que podem te humilhar, para ser humilde, e assim resistir ao Diabo.
Não pense que situações constrangedoras que a vida coloca sejam para te prender, te destruir, para mostrar o quanto você  é fraco, o quanto você é “ninguém”. Aproveite como uma oportunidade dada por Deus, para se humilhar sob a poderosa Mao de Deus, resistir ao diabo e alcançar uma atitude que agrada ao Senhor.
E agora, irmãos, eu vou “crucificar a homilética”, mas quero encerrar com uma promessa especial para os que oram pelos filhos – Sl 102: 25-28
Em tempos remotos, lançaste os fundamentos da terra; e os céus são obra das tuas mãos.  26 Eles perecerão, mas tu permaneces; todos eles envelhecerão como uma veste, como roupa os mudarás, e serão mudados.  27 Tu, porém, és sempre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim.  28 Os filhos dos teus servos habitarão seguros, e diante de ti se estabelecerá a sua descendência.
Na carta aos Hebreus, o escritor nos ensina que os vs. 25-27 aqui deste salmo referem-se a Jesus, aquele criou o universo, cujos anos jamais terão fim.
Agora, no v. 28 ele faz uma afirmação sobre os filhos dos servos do Senhor Jesus: habitarão seguros diante do Senhor, e diante dele será estabelecida a sua descendência.
Filhos de crentes em Jesus não são para o diabo. São para o Senhor Jesus. Confie, ore, ore, ore, receba.

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[1] Gn 12:1-3
[2] 2º Sm 7:1-17
[3] Rm 9:5
[4] Jo 4
[5] At 5:1-11
[6] Jó 2:1-13
[7] Mt 16:23
[8] Mt 11:28-30
[9] Mt 8:5-13
[10] Lc 18:9
[11] Dt 9:25, 26
[12] Jr 42:1-7
[13] Dn 10
[14] Ne 1:1 comp. 2:1
[15] 1º Sm 1
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