IPC de Pda. de Taipas
Quinta feira, 31 de dezembro de
2015
Pr. Plínio Fernandes
Veio a palavra do
SENHOR, segunda vez, a Jonas, dizendo: 2 Dispõe-te, vai à grande
cidade de Nínive e proclama contra ela a mensagem que eu te digo. 3 Levantou-se, pois, Jonas e foi a
Nínive, segundo a palavra do SENHOR. Ora, Nínive era cidade mui importante
diante de Deus e de três dias para percorrê-la.
4 Começou Jonas a percorrer a cidade caminho de um dia, e
pregava, e dizia: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida. 5 Os ninivitas creram em Deus, e
proclamaram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o
menor. 6 Chegou esta notícia
ao rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou de si as vestes reais,
cobriu-se de pano de saco e assentou-se sobre cinza. 7 E fez-se proclamar e divulgar em
Nínive: Por mandado do rei e seus grandes, nem homens, nem animais, nem bois,
nem ovelhas provem coisa alguma, nem os levem ao pasto, nem bebam água; 8
mas sejam cobertos de pano de saco, tanto os homens como os animais, e clamarão
fortemente a Deus; e se converterão, cada um do seu mau caminho e da violência
que há nas suas mãos. 9 Quem
sabe se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de
sorte que não pereçamos? 10
Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se
arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez.
A história narrada no livro de Jonas é uma das mais
bonitas, e mais importantes da Bíblia.
Jesus a tomou como uma analogia de sua própria
história, quando disse que, assim como Jonas esteve três dias e três noites no
ventre do grande peixe, ele também ficaria no coração da terra.[1]
É uma história real, que demonstra a soberania de
Deus sobre as forças da natureza, sobre os animais, na condução da história, e
sobre os corações humanos.
Ele é um dos mais fortes exemplos que temos na
Bíblia do triunfo da graça de Deus sobre o pecado humano.
1. Primeiramente, vamos considerar os personagens desta história
O v. 8 nos diz que a grande cidade de Nínive, na
antiga Assíria, era caracterizada pela violência generalizada.
Violência gratuita implica falta de amor, falta de
princípios morais. E antes de qualquer outra coisa, a falta da presença de Deus
no coração das pessoas.
Nínive era uma cidade má. E se continuasse em sua
maldade, o juízo de Deus viria sobre ela, assim como acontecera com Sodoma e
Gomorra.
Por isto o Senhor tomou entre o povo de Israel um
profeta, um homem chamado Jonas, e ordenou que ele se levantasse para anunciar
uma mensagem contra aquela cidade, que não era grande apenas numericamente para
os padrões daqueles dias, mas também grande pecadora aos olhos de Deus.
Bem irmãos, em Jeremias 18:7-8, o Senhor declara um
princípio de amor e justiça que governa o seu relacionamento com os homens. O
Senhor diz assim:
No momento em que eu
falar acerca de uma nação ou de um reino para o arrancar, derribar e destruir, 8 se a tal nação se converter da maldade contra a qual eu
falei, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe.
Assim nós percebemos que o desejo de Deus, ao
enviar o seu profeta, era o de chamar a cidade ao arrependimento.
Se os assírios se convertessem, o Senhor não
enviaria juízo contra eles. A cidade não seria destruída.
Deus desejava salvá-los.
Mas os ninivitas não são os únicos pecadores que
estão sendo alcançados pelo amor de Deus aqui.
O v. 1, do texto que acabamos de ler, nos diz que esta
era a segunda vez que o Senhor ordenava que Jonas fosse a Nínive.
A primeira vez está registrada no cap. 1:1-2
Veio a palavra do
SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: 2 Dispõe-te, vai à grande
cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.
Em 2º Rs 14 nós lemos sobre uma outra ocasião em
que o Senhor havia dado sua Palavra através do profeta Jonas; palavra de
benção; promessa que cumpriu nos dias do rei Jeroboão II, de Israel. [2]
Vejam, irmãos: Jonas, filho de Amitai, era um conhecido
homem de Deus, e não um falso profeta. Já havia sido instrumento de Deus em
outras ocasiões.
Mas o v. 3 aqui do cap. 1 diz qual foi a reação de
Jonas diante da ordem do Senhor.
Jonas se dispôs, mas
para fugir da presença do SENHOR, para Társis; e, tendo descido a Jope, achou
um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e embarcou nele, para
ir com eles para Társis, para longe da presença do SENHOR.
Aqui ele tem uma atitude que não esperamos ver em
gente que professa fé em Deus; uma atitude de rebeldia e desobediência.
Jonas se dispôs a fugir para bem longe. A cidade de
Nínive ficava na Assíria, ao nordeste de Israel. Então ele desceu em sentido
contrário, para Jope, às margens do mar Mediterrâneo, e embarcou num navio para
Társis. E diz o texto que, que com isto, Jonas estava querendo fugir da
presença do Senhor. Como se isto fosse possível!
Agora, se voltarmos para o cap. 4:1-2, entenderemos
o porquê desta desobediência. Nos diz que, quando os ninivitas se converteram a
Deus, Jonas ficou muito triste. Mais do que isto; ele ficou bravo.
4:1-2
Com isso, desgostou-se
Jonas extremamente e ficou irado. 2 E
orou ao SENHOR e disse: Ah! SENHOR! Não foi isso o que eu disse, estando ainda
na minha terra? Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és
Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade,
e que te arrependes do mal.
Se não fosse tão triste, seria até engraçado. Mas o
fato é que, assim como os ninivitas eram violentos, Jonas (e os demais
israelitas) também eram. Ele odiava os ninivitas, e queria a sua destruição.
Em sua opinião, não seria bom se Deus os salvasse.
Muito tempo depois, já nos dias do Novo Testamento,
haveria judeus de coração mau que diriam que Deus fez dois povos: os
israelitas, para serem o povo eleito, e os gentios, para servirem de combustível
no inferno.
E quem não se lembra de quando João e Tiago queriam
orar para que chovesse fogo do céu e destruísse os samaritanos?[3]
Parece que o sentimento de Jonas era o mesmo.
Mas ele também conhecia o suficiente de Deus, para
saber o quanto o Senhor é misericordioso, clemente, perdoador. E sabia que a
Palavra de Deus, viva e eficaz, que penetra no mais profundo do coração humano,
poderia levar os ninivitas ao arrependimento, a fé e à salvação.[4]
Então ele não queria pregar.
Veja o estado de alma em que ficou Jonas.
4:3 - Peço-te, pois, ó
SENHOR, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver.
O v. 5 diz que Jonas providenciou uma sombra e
repousou debaixo dela, pra ver o que aconteceria.
Tenho a impressão de que, com sua reclamação, Jonas
esperava que Deus mudasse de ideia e destruísse a cidade.
Como um colega meu costuma dizer, “o nosso coração é bem pequeno, mas quanta
maldade cabe dentro dele”.
Como se revelou grande a maldade do coração de
Jonas!
Mas também, como ele mesmo reconhecia, Deus é
grande em benignidade; e em sua misericórdia, quando o profeta tentava fugir de
sua presença, como um Pai que disciplina o filho a quem ama, o Senhor tratou
com ele.
Primeiro,
o Senhor fez vir uma grande tempestade, de sorte que o navio ficou à beira de um
naufrágio.
Então Jonas precisou confessar aos companheiros de
infortúnio que, aquilo que estava acontecendo era por causa de sua
desobediência. Orientou aos marinheiros que o lançassem ao mar, e a tempestade
cessaria.
Vocês sabem, irmãos: um crente desobediente atrai
problemas para si; mas também atrai problemas para quem está perto.
Por isto os marinheiros, cheios de medo, jogaram
Jonas ao mar e o vento se aquietou.
E a graça de Deus é tão grande, que com isto
aqueles marinheiros idólatras e supersticiosos vieram a temer ao Deus
verdadeiro.
Em
seguida, o Senhor ordenou que um grande peixe engolisse Jonas; e ele ficou ali, no
ventre do peixe, três dias e três noites.
Então, no profundo das águas, agitado de um lado
para o outro, subindo e descendo (imagine as vertigens, o líquido gástrico, a
escuridão), algas enroladas na cabeça, angustiado, Jonas buscou o Deus de quem
fugia. Orou, pediu misericórdia. Buscou a Deus e encontrou.
Porque, como diz o Salmo
Se subo aos céus, lá
estás
Se faço a minha cama no
mais profundo abismo, lá estás também
Mesmo que eu tomasse as
asas da alvorada, e me detivesse nos confins dos mares
Até mesmo lá me haveria
de guiar a tua mão, e me sustentar [5]
Não podemos fugir do Espírito de Deus. Não há como
fugir.
Confessou seu pecado, pediu perdão, e o Deus de
toda a misericórdia ordenou que o peixe devolvesse o filho rebelde à superfície
da terra.
Pois, quando nós confessamos
os nossos pecados, Deus, que é fiel e justo, perdoa os nossos pecados, e nos
purifica de toda a injustiça.[6]
Por isto é que no início do cap. 3 nós lemos que,
pela segunda vez, veio a Palavra do Senhor ao profeta Jonas.
E a Palavra do Senhor é a mesma. Então ele se
dispõe e vai a Nínive. E prega.
Irmãos, era uma cidade com mais de cento e vinte
mil pessoas. Andando rapidamente, ele percorreu a cidade caminho de um dia; uma
cidade que normalmente você precisaria três dias para percorrer.
O “sermão” de Jonas não teve introdução, não teve
proposição, nem divisões, nem conclusão, nem aplicação. Ele só dizia uma coisa:
–“Mais quarenta dias e esta cidade será destruída”.
A cidade estava condenada. Percorreu toda a cidade falando
a mesma coisa.
Mas enquanto falava, o Espírito de Deus abriu o
coração daquela gente; repreendeu, quebrantou, e transformou, desde o cidadão
mais humilde, até o rei em seu trono.
Então se humilharam, oraram, e se converteram dos
seus maus caminhos. Em com a conversão, o perdão e a salvação.
O livro termina com o Senhor dizendo a Jonas:
– “Não hei eu
de ter compaixão desta grande cidade em que há mais de cento e vinte mil
pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, além de
muitos animais?” (4:11)
Note a palavra que Deus usa para revelar a si
mesmo: “compaixão”.
2. Agora, amados, vamos
tirar algumas lições para nós algumas lições desta história, que nos trás
revelação de Deus
1. Deus ama e se compadece dos pecadores
Esta é um dos grandes ensinos que saltam aos nossos
olhos desde a primeira leitura que fazemos em Jonas.
Primeiro, veja a grande compaixão que Deus teve
para com a cidade de Nínive; o seu desejo de levar aquelas pessoas ao
arrependimento.
Pois disse Deus, aquelas pessoas más e violentas
eram gente perdida, sem discernimento. Como diria Paulo, o deus deste século,
Satanás, havia cegado o entendimento deles[7], e
então viviam entregues à maldade de seus próprios corações. Por isto o Senhor
enviou seu profeta à cidade.
Agora eu desejo relacionar este fato com o que
Mateus nos diz sobre o coração de Jesus.
Mt 9:36-38
Vendo ele as multidões,
compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm
pastor. 37 E,
então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os
trabalhadores são poucos. 38
Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
“Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e o será para
sempre”.[8] Ele
continua a ser compassivo. Ele continua a desejar a conversão dos pecadores.
Ele continua a enviar seus profetas.
Mas veja também a compaixão manifesta na
longanimidade que o Senhor teve para com Jonas.
Um profeta que, de repente, motivado pela dureza de
seu próprio coração, pelo ódio, pelo egoísmo, se desvia deliberadamente da
vontade de Deus.
Se o Senhor desejasse, ele bem poderia ter
castigado este desobediente com a morte. Eu quero te perguntar: você gostaria
de ter Jonas como membro da sua igreja? Gostaria de tê-lo como seu pastor?
Mas irmãos, vejam o que faz o Senhor: como um pai
que disciplina um filho a quem ama, o Senhor cria situações que levem Jonas a
buscá-lo.
E quando Jonas, lá no mais profundo do oceano se
arrepende, o Senhor o ouve, perdoa, e salva.
Mas não somente isto. O Senhor o restabelece como
profeta.
– “Agora
que você se arrependeu, levante-se, a vá pregar em Nínive”.
2. Deus não desiste dos seus escolhidos
Jonas não queria a salvação dos ninivitas. Mas o
Senhor queria. E não desistiu de salvá-los. Por isto enviou o profeta
novamente.
Jonas tornou-se rebelde contra o Senhor, e pecou.
Mas o Senhor não desistiu dele.
Muito tempo mais tarde, Jesus sabia que outro
homem, muito amado, numa noite apenas o negaria três vezes. Então, antes mesmo
que Pedro pecasse, Jesus orou por ele, para que sua fé não se apagasse. [9]
E depois que Pedro pecou, e se envergonhou do seu
pecado, e chorou, o Senhor Jesus o restabeleceu. O Senhor o restaurou e ordenou:
– “Apascenta as minhas ovelhas”.
Pode ser que alguma pessoa peque a ponto de dizer
consigo mesma:
– “Agora
não tem mais jeito. Não existe mais possibilidade de perdão. Eu me tornei um
inútil diante de Deus. Ele nunca mais me perdoará. As consequências do meu
pecado nunca mais poderão ser apagadas”.
Mas o Espírito Santo não ensina isto.
Jesus não desiste daqueles a quem escolhe.
3. Deus chama pecadores ao arrependimento
Toda esta história é um chamado de Deus ao
arrependimento, seja para os ninivitas, seja para Jonas; seja para os
descrentes, seja para os crentes.
Aos
descrentes, Deus ordena que abandonem seus maus caminhos, que abandonem a violência
de suas mãos, de suas palavras, que abandonem suas idolatrias, suas
imoralidades, e se convertam ao Senhor, que é rico em perdoar.
Pois o evangelho diz que assim como Nínive, todos
os homens já estão condenados; mas que todo aquele que, ouvindo a Palavra e
crer, será salvo.[10]
Aos
crentes, Deus ordena que sejam seus imitadores; que se compadeçam dos perdidos,
que se importem com o seu semelhante.
Aos crentes, o Senhor ordena a obediência à sua
Palavra, à sua vontade, aos seus caminhos.
Em todas estas coisas, o Senhor revela o seu amor
para conosco.
Conclusão e aplicação
Mt 12:39-41
Ele, porém, respondeu:
Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão
o do profeta Jonas. 40
Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande
peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da
terra. 41
Ninivitas se levantarão, no Juízo, com esta geração e a condenarão; porque se
arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui está quem é maior do que
Jonas.
Concluindo, amados:
Deus, em sua justiça, estabeleceu que o salário do
pecado é a morte.[11]
Os violentos, os maus, os mentirosos, os
fornicários, os adúlteros, os beberrões e todos aqueles que praticam coisas
semelhantes a estas, não verão o reino de Deus.[12]
Ora, se aquele que tem o poder de lançar os
pecadores, não somente nas profundezas do mar, mas lançar suas almas nas
profundezas do inferno, para sempre e eternamente, se aquele a quem devemos
temer[13], nos
ama e deseja a nossa salvação, de que forma devemos responder ao seu amor?
1. Todos nós, seres humanos, assim como os
ninivitas fizeram, devemos crer em Jesus; devemos crer naquele que é maior que
Jonas.
Devemos obedecer a Deus, em amor e santo temor.
Eu não conheço a vida particular de cada um de
vocês, amados.
Não conheço seus corações, os caminhos pelos quais
vocês andam. Mas aquele que sonda os corações conhece.
E se, como Jonas, ou como os ninivitas, você tem
desobedecido ao Senhor, então certamente o Espírito do Senhor está chamando
você à conversão.
Seja através das tempestades da vida, dos abismos,
seja através de sua Palavra pregada, Jesus Cristo chama você à conversão, ao
arrependimento, à obediência.
Se você, de alguma forma, está fugindo da presença
de Deus, faça o contrário. Busque a presença de Deus.
2. Devemos ser instrumentos de Deus
Jonas não foi um pregador eloquente, profundo conhecedor
da arte de pregar. Ele apenas pregou o que Deus disse, e os eleitos de Deus
foram alcançados.
Você conhece pessoas que andam longe de Deus?
Conhece pessoas que ainda estão perdidas e cegas em seus pecados? Entre os seus
parentes? Entre as pessoas com as quais você trabalha? Entre as pessoas com as
quais estuda?
Então fale, pois ele ordenou. “E os que puderem
crer, sei que crerão”.