Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 24 de abril de 2016

No deserto - Dt 8:1-5

Igreja Evangélica Presbiteriana
Domingo, 8 de fevereiro de 2009
Pr. Plínio Fernandes
Queridos irmãos, vamos ler Deuteronômio 8:1-5
Cuidareis de cumprir todos os mandamentos que hoje vos ordeno, para que vivais, e vos multipliqueis, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR prometeu sob juramento a vossos pais.  2 Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos.  3 Ele te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conhecias, nem teus pais o conheciam, para te dar a entender que não só de pão viverá o homem, mas de tudo o que procede da boca do SENHOR viverá o homem.  4 Nunca envelheceu a tua veste sobre ti, nem se inchou o teu pé nestes quarenta anos.  5 Sabe, pois, no teu coração, que, como um homem disciplina a seu filho, assim te disciplina o SENHOR, teu Deus.
O texto que temos diante de nós faz parte de um dos últimos discursos de Moisés ao povo de Israel.
Os israelitas estavam acampados a leste do rio Jordão.
Moisés, o líder do povo de Deus, o homem que guiara os israelitas durante os quarenta anos de peregrinação no deserto, estava vivendo seus últimos dias na terra, e depois de sua morte começaria uma nova etapa na vida de Israel: o tempo em que eles deveriam atravessar o Jordão e conquistar Canaã, a terra que o Senhor lhes prometera.
Então Moisés está exortando Israel no sentido de que, durante os tempos de conquista da terra, e mais tarde, depois de terem alcançado tudo o que Deus havia prometido, eles não se esquecessem do Senhor: o Deus que os havia tirado da escravidão no Egito; o Deus que os havia guiado, que havia estado com eles durante os tempos do deserto, e que agora lhes dava a terra de Canaã.
Que não se esquecessem de Deus, que confiassem nele, que guardassem os seus mandamentos.
O apóstolo Paulo nos diz que aquelas coisas que aconteceram aos israelitas são exemplos, ilustrações para a nossa vida como crentes em Jesus, com as quais podemos crescer em nossa vida com Deus.[1]
Vamos iniciar destacando uma frase do v. 2 – “no deserto”
– “O Senhor teu Deus te guiou, no deserto”
O testemunho bíblico nos diz que há tempos em que a vida dos filhos de Deus se torna como que num “passar por um deserto”.
Certa ocasião, para expressar a sua perplexidade com o que estava acontecendo, o seu sentimento de que Deus estava longe, Jó disse que, se caminhasse em frente, ali Deus não estava; se voltasse atrás, não o percebia; se Deus fizesse algo à sua esquerda, não notaria; se Deus se escondesse à sua direita, ele não saberia.[2]
Jó estava se sentindo exatamente ao contrário do rei Davi no Salmo 139, que não podia se esconder da presença de Deus.
Você já se sentiu assim?
Já teve a sensação de que as promessas de Deus para sua vida simplesmente não se realizaram?
Já teve o sentimento de que Deus já não ouve mais as suas orações, como antigamente?
Que o chamado de Deus para a sua família, para o seu ministério, para a sua igreja, para a sua vida, não aconteceu?
Já sentiu alguma vez que, em vez de alcançar a “terra prometida”, você está “no deserto”?
Você já se sentiu sem forças para continuar?
Eu sei, meus irmãos, que dizer que a vida cristã às vezes é um deserto, não é a tônica na maioria das igrejas contemporâneas.
De modo geral, a palavra de ordem entre os crentes é “conquistar a terra prometida”, “tomar posse das bênçãos”. De modo geral, afirma-se que hoje estamos em “tempos de reavivamento”, “tempos de restituição”.
Mas, ainda que isto possa ser verdade na vida de muitos grupos e de muitos indivíduos, precisamos também reconhecer e admitir que para muitos não é.
Muitas pessoas dentro destas mesmas igrejas, muitas famílias, e muitas igrejas, estão passando por tempos de provações, de sequidão espiritual.
Muito povo de Deus, em vez de estar experimentando prosperidade, está passando dificuldades, sofrendo perseguição, escassez.
Muitos filhos de Deus estão sofrendo psicologicamente, emocionalmente, fisicamente.
E muitos, como Jó, e os salmistas, ficam se perguntando: “Por quê? O que está acontecendo? Porque Deus ouve as orações de outras pessoas, mas não ouve as minhas? Onde estão os desejos que, eu pensava, Deus havia colocado no meu coração? O que Deus está querendo com isto?
E muitos se sentem tentados a deixar as igrejas, a largar mão de tudo, a não batalhar mais.
Se você de alguma maneira está experimentando estas coisas, a Palavra que eu tenho hoje é para você.
Eu quero falar para os que estão no deserto: o que Deus está fazendo em meio a tudo isto, aonde ele quer chegar, o que você deve fazer.
Mas, se você, filho de Deus, não está passando por isto, então esta Palavra também é para você.
Para o seu crescimento no conhecimento dos caminhos de Deus, do modo de Deus operar na vida de seu povo, e para que assim, conhecendo um pouco mais o coração de Deus, você possa falar a Palavra de Deus aos que estão no deserto, você possa ser uma voz que clama, falando ternamente ao coração do povo do Senhor, preparando o caminho do Senhor.
1. O que é deserto?
Deserto não é terra prometida.
Por favor, observe a grande diferença, o grande contraste entre o deserto e terra prometida.
Vamos começar com a terra prometida.
vs. 7-10 – “Porque o SENHOR, teu Deus, te faz entrar numa boa terra, terra de ribeiros de águas, de fontes, de mananciais profundos, que saem dos vales e das montanhas;  8 terra de trigo e cevada, de vides, figueiras e romeiras; terra de oliveiras, de azeite e mel;  9 terra em que comerás o pão sem escassez, e nada te faltará nela; terra cujas pedras são ferro e de cujos montes cavarás o cobre.  10 Comerás, e te fartarás, e louvarás o SENHOR, teu Deus, pela boa terra que te deu.”
Agora vejamos o que é deserto.
v. 15 – “Que te conduziu por aquele grande e terrível deserto de serpentes abrasadoras, de escorpiões e de secura, em que não havia água; e te fez sair água da pederneira”.
“Terra da promessa” é quando aquelas coisas maravilhosas que a Palavra de Deus disse que serão tuas se tornam realidade em tua experiência.
É terra de fartura, prosperidade, abundância. É terra que produz muitos frutos, onde há pão em abundância. Terra prometida é quando as promessas pessoais, para a família, para a igreja, estão se cumprindo.
É quando você experimenta constantemente o agir de Deus abençoando abundantemente a sua vida emocional, espiritual, profissional, e na igreja o derramar do Espírito Santo, e vidas se convertendo a Jesus.
E a Bíblia diz que as alegrias que o Senhor nos concede neste mundo, são apenas um experimentar, uma pequena mostra dos poderes, das alegrias do mundo vindouro, pois a nossa pátria verdadeira está nos céus, na eternidade.
As bênçãos neste mundo são apenas “sinais” de uma terra além.
E o que é deserto? É quando o crente não está experimentando nem mesmo estas pequenas amostras. Deserto é quando o crente está passando por uma terra seca, onde não há água. Terra cheia de escorpiões e serpentes, terra de perigos, de tentações. Terra de escassez.
Veja: no deserto, o Senhor teu Deus te sustenta, mas ele dá apenas o pão de cada dia. Ele te dá o alimento necessário, mas não em abundância.
Ele te dá a veste, o calçado, mas apenas o necessário. As coisas “não estão sobrando”; aliás, você sente muitas necessidades.
Terra em que a tentação é, como aconteceu com os israelitas, o perguntar: – “O que é feito das promessas de Deus para nós? Será que Deus não nos ama? Será que Deus não me ama”?
Ou como nos dias do profeta Malaquias, em que o povo do Senhor pecava dizendo: – “De que adianta servir a Deus, se não estamos prosperando? Eis que temos por felizes aos que não temem o Senhor, pois vivem em seus pecados e mesmo assim desfrutam a vida alegremente.”[3]
Tempos em que a grande tentação é a de desistir.
Desistir de ser santo; desistir de orar; desistir de pregar a Palavra.
2. Ainda que deserto não seja terra prometida, ele faz parte do propósito de Deus para a nossa vida
Israel ficou quarenta anos no deserto.
A Elias, o anjo do Senhor disse: – “Come, porque o teu caminho será longo”, e por quarenta dias e quarenta noites  Elias caminhou pelo deserto até o monte Horebe, onde Deus falaria com ele.
Depois de ungido rei de Israel pelo profeta Samuel, Davi viveu muitos anos errante entre os israelitas e até entre os inimigos amalequitas, antes de ser reconhecido pelo povo.
Paulo, depois de convertido e chamado para o ministério, teve que esperar muito tempo, até que Barnabé fosse buscá-lo para iniciar seu ministério.
José amargou muitos anos como escravo de Potifar, e depois na prisão, antes que as promessas de Deus se cumprissem na vida dele.
E para que experimentasse tudo o que os homens experimentam, e assim pudesse efetivamente ser aperfeiçoado como nosso Salvador, o Senhor Jesus, antes de começar a pregar, passou quarenta dias e quarenta noites no deserto.
Eu gostaria de ler com vocês Mateus 4:1-4  
A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.  2 E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome.  3 Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.  4 Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.
Note: Jesus  foi levado ao deserto para ser tentado. Porque, conforme a carta aos Hebreus, ele precisava passar por tudo o que nós passamos. Mas não é só isso: ele foi levado pelo Espírito.
Então, ali no deserto, ele não estava a sós com o diabo. Em outro lugar, Jesus disse assim: – “O Pai nunca me deixou só”.[4]
E por isto nós também vemos: para Jesus, o deserto não foi lugar de derrota, mas de vitória.
Ora isto eu desejo destacar: ainda que Israel estivesse no deserto, o Senhor estava com eles.
Veja nos vs. 2,3 – “O Senhor teu Deus te guiou”.
– “O Senhor teu Deus te humilhou, te deixou ter fome. O Senhor teu Deus te sustentou”.
Ainda que o deserto seja uma terra árida, ele é pleno da presença de Deus em nossa vida.
Entenda uma coisa: você pode estar num deserto, mas você não está só. Você pode estar passando por tempos de sequidão, de humilhação, mas Deus está com você. Ele te sustenta; ele te guia.
No deserto, Israel se sentia dando voltas sem chegar a lugar algum, mas o profeta Isaías comenta que ali o Espírito de Deus estava guiando seu povo, para a glória do seu nome. [5]
Quando Jó estava sendo provado, ele sentia que Deus não estava com ele; mas Deus o havia deixado? Não.
Quando Daniel e Ezequiel foram levados para o cativeiro, Deus os havia abandonado?
E quando Jeremias foi levado para o Egito?
Mesmo que você não sinta a presença de Deus, ele está com você.
Pois ele disse assim: – “Nunca de deixarei; jamais te abandonarei”.[6]
E sabe o que é realmente importante? Sabe o que realmente faz diferença entre o crente e o incrédulo?
Não é a conta bancária. Não é o bem estar social. Não é o bem estar neste mundo. É a presença de Deus.
Veja o entendimento de Moisés a respeito disto.
Êx 33:16
Pois como se há de saber que achamos graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Não é, porventura, em andares conosco, de maneira que somos separados, eu e o teu povo, de todos os povos da terra?
Como vamos saber se estamos debaixo da tua graça? É pela nossa posição neste mundo? É pela presença de Deus conosco.
Moisés nunca entrou na terra prometida. Ele pediu mais de uma vez, mas o Senhor não atendeu. Mas Moisés nunca abriu mão da presença de Deus, pois isto é o que importa.
Isto é que faz do deserto um lugar abençoado.
3. Deserto é lugar de bênção, de crescimento, de vitória
A esta altura eu creio que preciso responder a uma indagação que alguém pode estar fazendo: – “Mas, Israel não precisou passar pelo deserto por causa de sua incredulidade no poder de Deus? Pois, se eles não tivessem ficado com medo dos cananeus, certamente teriam entrado na terra prometida muito tempo antes.”
É verdade. Por causa da pequena fé eles demoraram mais tempo.
Não vamos falar agora a respeito do quanto tempo tem que durar um deserto, mas quero responder com outra pergunta: somos melhores que nossos antepassados israelitas? Somos mais maduros? Cometemos menos pecados? Erramos menos? Temos menos necessidade de crescimento?
Então veja: por causa das necessidades espirituais deles, o Senhor os colocou no deserto; mas não para que eles fossem derrotados.
Consideremos o propósito de Deus. Eu quero destacar dois objetivos básicos.
Primeiro, (v. 2), para humilhar, para provar, para que os segredos do coração fossem revelados.
Os desertos mostram a quantas andam nossa vida espiritual. Mostram como está a nossa fé. Mostram como está o nosso caráter.
Em 1ª Co 10, o apóstolo Paulo faz um resumo, um esboço dos pecados que os israelitas cometeram caíram no deserto (eu pretendo voltar a este assunto noutra ocasião).
No deserto, eles se voltaram para a idolatria; no deserto, eles se voltaram para diversões carnais; cometeram imoralidade; rebelaram-se várias vezes contra as autoridades espirituais; murmuraram vezes sem conta.
Vejam: quando eles haviam acabado de atravessar o mar como por terra seca, eles estavam se sentindo espirituais, vitoriosos, e cantavam que o Senhor lançou no mar o cavalo e seus cavaleiros dando vitória a Israel.[7]
Mas depois, as dificuldades do deserto trouxeram à tona a inconstância do coração humano.
Os desertos nos revelam as nossas fraquezas.
Segundo (v. 3), para que você aprendesse o que é realmente de valor na vida.
Ao mesmo tempo em que os pecados do nosso coração são revelados, o Senhor está ensinando a viver, não pelas circunstâncias, mas pela sua Palavra.
Você aprende algo que o incrédulo não consegue aprender, porque como diz Paulo, só pode aprender aquele que recebeu o Espírito que vem de Deus.[8]
Você aprende que a verdadeira vida, o reino de Deus, não consiste em comida e bebida, mas em justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Agora eu quero novamente voltar a Jesus, naquele momento em que estava no deserto, sendo tentado pelo diabo.
Mt 3:3,4
Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães.  4 Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.
Sabe o que acontece quando você está no deserto sendo tentado? Você não está somente aprendendo quem você realmente é por dentro.
Mas também está aprendendo a ser como Jesus em seu caráter. Está aprendendo a viver em santidade, pela Palavra de Deus. Está aprendendo a confiar em Deus independente de tempos bons ou tempos maus. Está aprendendo a confiar em Deus, e não em si mesmo.
E quando você aprende a confiar em Deus, e não depender das circunstâncias, o deserto se torna uma terra habitável; a terra árida se torna um manancial.
Jr 17:5-10
Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR!  6 Porque será como o arbusto solitário no deserto e não verá quando vier o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.  7 Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o SENHOR.  8 Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem deixa de dar fruto.  9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?  10 Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto das suas ações.
Não deixa de dar fruto. Que fruto é este?
Milagres, dons espirituais? Mas Judas fez milagres em nome de Jesus: expulsou demônios e curou enfermos.
Riquezas materiais? Mas até os ímpios possuem bens materiais.
Fruto do ponto de vista de Deus: caráter semelhante ao de Jesus.
Com diz a carta aos Hebreus, o Senhor disciplina os seus filhos para aproveitamento, a fim de que se tornem participantes de sua santidade.[9]
É isto o que o Espírito Santo quer dizer também quando afirma que todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus, pois foram predestinados para ser conformes a imagem de Jesus.[10]
No deserto o Senhor guiou Israel, ensinou Israel. No deserto o senhor falou com Elias. No deserto o Senhor treinou Davi, preparou José, e Paulo.
O Senhor falou por intermédio de João Batista, “voz do que clama no deserto”.
Conclusão
Muitas vezes os filhos de Deus passam por desertos: períodos de secura espiritual, ou emocional, ou profissional, ou ministerial; desertos que podem atingir qualquer área de suas vidas.
Mas mesmo no deserto, o Senhor está com os seus filhos: ele os sustenta, ele os guia, ele os protege.
No deserto, o Senhor faz de seus filhos, participantes de sua santidade. Pois através da santidade, sem a qual ninguém verá o Senhor, é que chegamos à pátria celestial.
Aplicação
Vamos ler 1o  Cr 12:32
Dos filhos de Issacar, conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer...
Precisamos “conhecer os tempos” de cada maneira como Deus age em nossa vida. Há um tempo para todo propósito debaixo do sol. Tempo de nascer e tempo de morrer. Tempo de guerra e tempo de paz. Tempo de rir e tempo de chorar. Tempo de deserto e tempo de abundância.
Na sua vida, agora é tempo de terra prometida?
Se assim for, como disse Moisés, nunca se esqueça do Senhor teu Deus. Não diga no teu coração que a tua sabedoria, a tua força, a tua capacidade são coisas que o tornam uma pessoa muito especial, e por você ser assim especial o Senhor teu Deus te dá estas coisas. Louve ao Senhor, sirva ao Senhor, guarde os mandamentos.
Entenda que Deus tem um propósito para a vida de cada um de seus filhos. Entenda que a bênção verdadeira, a diferença verdadeira, a vida de um homem não se constitui na abundância de bens, mas no seu conhecimento de Deus. E se você vir algum irmão que está passando pelo deserto, não pense que ele seja menos crente, menos fiel, menos de Deus.
Ou você está passando por um deserto em sua vida?
Sabe no teu coração que Deus está cuidando de você como um pai cuida de um filho. Ele te guia, ele te sustenta, ele te protege, ele te ensina, te disciplina, te corrige, como um pai faz com um filho a quem ama.
Deserto é lugar de bênção. É lugar de crescimento. É lugar de vitória. Tenha fé. Tenha esperança.  Aproveite para crescer. Aproveite para aprender a mansidão, a humildade.
Mesmo que, como Moisés, neste mundo você nunca conquiste as coisas daqui, saiba que, como Moisés, há uma morada não feita por mãos, construída por Deus, eterna, nos céus, reservada para você.[11]
Aprenda a Palavra de Deus. Alimente-se com a Palavra de Deus. Fale a Palavra de Deus para você mesmo. Alegre-se na Palavra de Deus. Obedeça com alegria.Saiba que ela é a tua vida.



[1] 1ª Co 10:6; Veja também Rm 15:4
[2] Jó 23:8, 9
[3]  Ml 3:14,15
[4] Jo 8:29
[5] Is 63:14
[6] Hb 13:5
[7] Êx 15
[8] 1ª Co 2:10-16
[9] Hb 12:10
[10] Rm 8:28,29
[11] 2ª Co 5:1

domingo, 17 de abril de 2016

Porque não devemos pecar - Sl 51:11

IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 17 de abril de 2016
Pr. Plínio Fernandes
Amados, eu desejo iniciar lendo três referências com vocês:
Salmo 51:11
Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito.
Efésios 4:30
E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.
1ª aos Tessalonicenses 5:19
Não apagueis o Espírito.
Para você, qual é a pior de todas as coisas que podem acontecer na vida de um crente, quando ele peca?
Sim; pois nós os crentes sabemos que quando cometemos alguma transgressão da lei do Senhor, de uma forma ou de outra essa transgressão frutifica em consequências negativas para a nossa vida, consequências que podemos descrever, em sua grande maioria, não como castigos condenatórios, mas disciplinas de um Deus que é Pai, que corrige os filhos, aos quais ele ama.[1]
Não estamos com isto dizendo que todo e qualquer pecado implica em disciplina, mas que muitos pecados de uma forma ou outra podem trazê-la.
De todas as coisas negativas que podem acontecer, qual seria a pior delas?
Uma enfermidade? A perda de bens materiais? A perda de um filho, ou a perda de algum outro ente querido?
Qual é a pior consequência do pecado na vida de um crente?
Colocando de outro modo: porque um crente deve evitar o pecado em sua vida?
Para responder a esta pergunta eu gostaria de recordar com vocês, nesta noite, a história de um grande pecado de Davi, rei de Israel.
Davi era um homem de Deus, que amava o Senhor, mas que num dado momento de sua vida cometeu um grave deslize.
Um deslize pelo qual ele sofreu e chorou muito.
Esta história é narrada em 2º Samuel, caps. 11 e 12.
O Salmo 51, e talvez o 32, foram escritos em decorrência do arrependimento de Davi, quando o Senhor o repreendeu.
Tanto na história quanto nos salmos nós podemos observar com tristeza o quanto um filho de Deus pode descer, espiritualmente falando, e quão duras podem ser as consequências em sua vida.
A Bíblia nos conta que, num tempo em que os reis costumavam sair para a guerra, Davi, o rei de Israel enviou seus exércitos contra os amonitas, mas ele mesmo ficou em seu palácio, em Jerusalém.
Uma tarde, Davi se levantou de sua cama e estava passeando no terraço da casa real.
Dali ele viu uma mulher que estava tomando banho; muito bonita.
Mandou perguntar quem era. Disseram-lhe: “É Bate-Seba, esposa de Urias, um dos seus soldados que está lutando na guerra”.
Então, Davi enviou mensageiros que a trouxessem; ela veio, e ele se deitou com ela.
Algum tempo depois ela mandou um recado para Davi: – “Estou grávida”.
Davi estava com um problema: a primeira consequência de seu adultério é que a mulher de Urias estava esperando um filho dele.
Então ele pensou num modo de se livrar daquele problema: enviou mensageiros a Joabe, o comandante das tropas que estavam na guerra dizendo: – “Mande-me Urias. Eu quero conversar com ele”.
Joabe enviou Urias a Davi.
E o rei fez uma “encenação” diante de Urias:
Perguntou como estava Joabe, como se achava o povo, como ia a guerra.
Depois, disse ao soldado: – “Vá para a sua casa, descanse por hoje”.
Logo que Urias saiu Davi lhe enviou um presente. Queria demonstrar amizade, pois presentes são coisa de amigos.
Mas que falsidade!
Seu pensamento era o de que se Urias fosse para casa, dormisse com sua esposa, pensaria que o filho que ela esperava era dele mesmo.
Mas em vez de ir para casa, Urias se deitou na porta do palácio.
Quando Davi ficou sabendo mandou perguntar por quê.
E Urias respondeu: – “A arca do Senhor, e o povo do Senhor estão em tendas; Joabe, meu senhor, e os servos de meu senhor estão acampados ao ar livre; e hei eu de entrar na minha casa, para comer e beber e para me deitar com minha mulher? Não posso fazer uma coisa destas”.
Então Davi disse: – “Está bem; fique aqui até amanhã, e depois eu te enviarei de volta para o campo de batalha”.
Dia seguinte Davi fez um banquete para Urias, e o embriagou; e disse: – “Fique mais um dia, e amanhã te enviarei”.
Urias ficou, mas não foi para casa novamente.
No terceiro dia Davi escreveu uma carta para o comandante Joabe e a enviou por intermédio de Urias.
A carta dizia: – “Coloque Urias na frente da maior força da batalha; e deixe-o sozinho, para que seja ferido e morra”.
Então, quando a cidade inimiga foi cercada, Joabe colocou Urias no lugar onde sabia que estavam homens valentes, bons de briga.
Ali Urias foi morto.
Joabe enviou as notícias para Davi; tudo o que acontecera na batalha.
E quando o rei soube que Urias havia morrido, cinicamente respondeu: – “A guerra é assim mesmo; um dia morre um, outro dia morre outro. Mas tenham coragem, e lutem”!
E depois que passou o período de luto da viúva, ele mandou chamá-la e se casou com ela.
Quase um ano se passou. Havia em Judá um profeta, um homem de Deus chamado Natã.
Natã, assim como muitas outras pessoas, viu o que Davi fizera.
E o Senhor o enviou ao rei.
Quando chegou, apresentou a Palavra do Senhor na forma de uma história.
“Havia numa cidade”, disse Natã, “dois homens, um rico e outro pobre”.
– “O rico tinha muitas ovelhas e gado, mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma cordeirinha que comprara e criara, e que em sua casa crescera, junto com seus filhos; comia do seu bocado e do seu copo bebia; dormia nos seus braços, e a tinha como filha”.
“Acontece que o homem rico recebeu uma visita, e não quis tomar das suas ovelhas e do gado para dar de comer ao visitante”.
“Então, tomou a cordeirinha do homem pobre e a preparou para o homem que lhe havia chegado”.
Davi ficou furioso e disse: – “Tão certo como vive o SENHOR, o homem que fez isso deve ser morto. E pela cordeirinha restituirá quatro vezes, porque fez tal coisa e porque não se compadeceu”.
Então Natã respondeu:
“Este homem é o Senhor”.
– “Assim diz o SENHOR, Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel e eu te livrei das mãos de Saul; dei-te a casa de teu senhor e as mulheres de teu senhor em teus braços e também te dei a casa de Israel e de Judá; e, se isto fora pouco, eu teria acrescentado muitas outras coisas”.
– “Por que, pois, desprezaste a palavra do SENHOR, fazendo o que era mal perante ele? A Urias feriste à espada; e a sua mulher tomaste por mulher, depois de matá-lo com a espada dos amonitas”.
– “Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias para ser tua mulher”.
– “Assim diz o SENHOR: Eis que da tua própria casa suscitarei o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres à tua própria vista, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com elas, em plena luz deste sol”.
– “Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei isto perante todo o Israel e perante o sol”.
Então, caindo em si, Davi disse a Natã:
– “Pequei contra o SENHOR”.
E Natã respondeu:
– “O SENHOR te perdoou o teu pecado; não morrerás. Mas, posto que com isto deste motivo a que blasfemassem os inimigos do SENHOR, também o filho que te nasceu morrerá”.
Então, Natã foi para sua casa.
E o SENHOR feriu a criança que a mulher de Urias dera à luz a Davi; e a criança adoeceu gravemente.
Davi buscou a Deus pela criança; jejuou, passou a noite prostrado em terra.
Depois de sete dias a criança morreu.
Davi tinha vários filhos que já eram adultos.
Um deles se chamava Absalão, que tinha uma irmã muito bonita, chamada Tamar.
Amnom, filho de Davi com outra esposa (ele tinha várias esposas), se enamorou de Tamar.[2]
Ficou tão obcecado que a violentou.
Então Absalão se vingou e assassinou Amnon; e fugiu.
Algum tempo depois, Absalão voltou para Jerusalém, conspirou contra seu próprio pai, pois queria fazer-se rei no lugar dele, e Davi precisou fugir de Jerusalém para que não morresse.
Quando Davi fugiu, Absalão tomou as concubinas de seu pai e teve relações com elas em cima do terraço do palácio, à vista dos cidadãos de Jerusalém.
Dias depois foi assassinado.
E assim se cumpria a Palavra do Senhor dada por intermédio do profeta.
Veja quantas consequências terríveis do pecado na vida de Davi
A primeira delas, é um pecado “não tratado” levando a outros pecados:
Primeiro, o pecado da preguiça.
Depois, o pecado de ter cobiçado a esposa de Urias.
Depois da cobiça o adultério.
Depois do adultério a mentira, a falsa amizade, o falso interesse, para encobrir o adultério.
Depois o assassinato.
E depois o ficar definitivamente com a mulher do próximo.
Então as repreensões do Senhor, as consequências na vida.
O Senhor Deus se mostrou muito ofendido.
Davi era um egoísta, o Senhor lhe havia dado tanto, mas não lhe fora o suficiente, ele ainda precisava tomar o que era de seu próximo.
Os inimigos do Senhor blasfemaram, zombaram do nome de Deus, pois um crente havia se degradado tanto.
Davi foi perdoado, mas uma espada estaria pendendo sobre a sua família.
Primeiro a criança recém-nascida ficou enferma e morreu.
Depois Amnon se apaixonou por sua própria irmã e a humilhou.
Em seguida Absalão mata Amnon e foge.
Tempos depois volta com a intenção de matar ao próprio pai e tomar seu lugar.
Desonra seu pai possuindo suas concubinas à vista de todo Israel e mergulha a cidade numa guerra civil.
E morre assassinado.
No Salmo 32 Davi diz que seu vigor se tornou em sequidão de estio.
Perdeu o ânimo para viver. Perdeu a alegria de sua salvação. Sua consciência o aguilhoava, o acusava dia e noite.
O pecado pode trazer muitas consequências na vida do crente.
Consequências que devem fazer com que ele não queira pecar.
Pode afetar seus entes queridos: pode afetar seus filhos, sua esposa.
Pode afetar seu trabalho.
Pode afetar a igreja.
Pode tirar a paz de sua consciência, e isto se não endurecer a sua consciência, o que é ainda pior.
Mas meus irmãos, sabem qual é a consequência mais grave?
É que o pecado entristece o Santo Espírito de Deus.
É por isto que no Salmo 51, em sua oração de arrependimento, Davi suplica a Deus:
“Não retires de mim o teu Espírito Santo”.
E também Paulo escreve na carta aos Tessalonicenses:
“Não apaguem a chama do Espírito Santo”.
E na carta aos Efésios:
“Não entristeçam o Espírito Santo”.
O que é ser cristão? É crer, é receber a Jesus, em “nosso coração” como nosso Senhor e Salvador.
Um dia o Senhor Jesus vem ao coração de um homem que estava perdido em seus pecados, condenado e indo para o inferno.
Então o Espírito Santo falou ao seu coração, em nome de Jesus, e disse:
– “Jesus morreu na cruz por você, e ali os seus pecados foram perdoados”.
– “De hoje em diante, Jesus vai estar com você todos os dias”.
– “Ele toma você pela mão e diz: Não tenha medo, não fique assustado, porque onde quer que você vá, estou com você”.
– “Eu te ensinarei, colocarei minhas palavras na sua mente e no seu coração. E se você estiver em mim, e as minhas palavras estiverem em você, você pode pedir o que quiser, e eu farei".
– “Eu cuidarei de você. Estarei com você nas alegrias e nas tristezas. Tão somente confie em mim. E quando você morrer, então eu receberei você na casa de meu Pai”.
Ser crente é andar na companhia do Espírito Santo. O Espírito de Deus, que é puro.
Agora veja: ele, que nos ama, ele, que é santo, tão puro que seus olhos não podem contemplar o mal, ele está conosco.
Então o crente está lá no local de trabalho, ou em casa, ou na escola, ou na igreja. E o Senhor Jesus está ali com ele, para protegê-lo, ensiná-lo, abençoá-lo. Para ser amado, adorado. Para que o crente conte com ele.
Mas se o crente tira os olhos de Jesus, não considera a sua presença, e coloca os seus olhos no mal, faz o que é mal aos olhos do Senhor.
Quando você peca, você o entristece. Você o apaga.
E para o crente, para uma pessoa que ama ao Senhor, não tem coisa pior.
Não tem coisa pior para o crente, do que entristecer o coração de seu querido Deus.
Ele não quer magoar a Deus. Ele sabe que o coração de Jesus já foi ferido o suficiente ali na cruz, e não quer feri-lo mais ainda.
Ele é uma pessoa que conhece o amor de Deus, que vive pelo amor de Deus, e se entristece quando o magoa.
Conclusão e aplicação
Diante disto, o que nós devemos fazer?
1. Fazer de cada instante de nossa vida, onde quer que estejamos, um momento de comunhão com Deus.
Enquanto trabalha, enquanto se relaciona com outras pessoas, você pode continuar na presença de Deus, reconhecendo-o em todos os teus caminhos.
Você pode orar sem cessar. Pode lembrar-se da sua Palavra. Pode adorar. Pode ser grato. Pode contemplar o Senhor em todas as coisas da sua vida. Pode andar em sua presença. Pode ser cheio do Espírito Santo.
2. Colocar em seu coração a proposta de viver para amar ao teu Deus.
O Deus de amor é santidade.
Colocar em nosso coração a proposta de não pecar, não por causa das consequências externas, mas acima de tudo por que o pecado entristece a Deus.
3. Examinar sempre o seu coração
E se perceber algum pecado em sua vida, confessar ao Pai, pedir seu perdão. Pois Jesus morreu por você para te perdoar.
Pedir que o Senhor te purifique de todo pecado em nome de Jesus. E buscar ter comunhão com o Senhor diariamente.
Examine agora o seu coração. Se for preciso, confesse. E confessando, creia no Deus que não mente.




[1] Hb 12:6
[2] 2º Sm 13-15

domingo, 10 de abril de 2016

Frutos que Jesus procura - Mc 11:12-26

IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 10 de abril de 2016
Pr. Plínio Fernandes
No dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada achou, senão folhas; porque não era tempo de figos.  14 Então, lhe disse Jesus: Nunca jamais coma alguém fruto de ti! E seus discípulos ouviram isto.  15 E foram para Jerusalém. Entrando ele no templo, passou a expulsar os que ali vendiam e compravam; derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas.  16 Não permitia que alguém conduzisse qualquer utensílio pelo templo; 17 também os ensinava e dizia: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes transformado em covil de salteadores.  18 E os principais sacerdotes e escribas ouviam estas coisas e procuravam um modo de lhe tirar a vida; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava de sua doutrina.  19 Em vindo a tarde, saíram da cidade.  20 E, passando eles pela manhã, viram que a figueira secara desde a raiz.  21 Então, Pedro, lembrando-se, falou: Mestre, eis que a figueira que amaldiçoaste secou.  22 Ao que Jesus lhes disse: Tende fé em Deus; 23 porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele.  24 Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco.  25 E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.  26 Mas, se não perdoardes, também vosso Pai celestial não vos perdoará as vossas ofensas.
Aqui nos vs. 12 a 19, o Evangelho nos conta sobre duas coisas que desagradaram profundamente ao nosso Senhor.
A primeira delas (vs. 12 a 14), foi uma figueira sem figos.
Jesus, o Filho de Deus, o nosso criador, o nosso Deus e salvador, que se fez homem e habitou entre nós, Jesus e seus discípulos, estavam a caminho de Jerusalém, onde em poucos dias ele seria preso e crucificado, ou melhor, onde ele se entregaria para morrer na cruz em nosso favor, levando sobre si o castigo pelos nossos pecados.[1]
Ele morreria por amor a nós, porque nós é quem estávamos condenados diante da justiça divina.
E então, num plano eterno, criado entre ele e seu Pai, na comunhão do Espírito Santo, o Filho de Deus se encarnou no ventre da virgem Maria, se fez um ser humano mortal a fim de que pudesse levar sobre si o castigo que era nosso.
É assim que o vemos neste momento, como um ser humano que, vindo da cidadezinha de Betânia para Jerusalém, sente fome, e se aproxima de uma figueira.
Embora não fosse ainda época de figos maduros, a figueira estava cheia de folhas, o que indicaria que ela já deveria ter pelo menos figos verdes.
Mas nela não havia frutos. Era apenas aparência.
Então o Senhor, demonstrando o seu desgosto, pronuncia uma maldição sobre ela: – Nunca jamais alguém coma fruto de ti.
Naturalmente, irmãos, o Senhor sabia de antemão que não encontraria frutos na figueira. Ele sabe todas as coisas.[2]
Mas o Evangelho frisa que ao dizer isto os seus discípulos o ouviram, dando a entender que é neles que o Senhor estava pensando, no sentido de que tinha alguma coisa prá ensinar.
A segunda coisa que desagradou ao Senhor foi uma casa de oração sem oração (vs. 15-10).
Chegando em Jerusalém, ele e seus discípulos foram ao templo, e lá, no pátio do templo, havia pessoas fazendo comércio. Pois era necessário que se oferecessem sacrifícios de vários animais e outras ofertas, conforme prescrevia a lei de Moisés, e muitos viajantes deixavam para comprar estas coisas em Jerusalém.
Assim, o pátio dos gentios, a parte mais externa do templo, onde os que não eram judeus podiam fazer suas orações, os vendedores de animais e cambistas transformaram em lugar de comércio.
Mas ao chegar ali Jesus ficou indignado, passou a expulsar os que vendiam e compravam, derrubou as mesas e cadeiras dos cambistas, e fez a todos se lembrarem de que a casa de Deus, que deveria ser chamada casa de oração para todos os povos, estava sendo transformada num covil de ladrões.
Os escribas, e os principais sacerdotes, vendo o que Jesus fazia, ficaram enfurecidos, e queriam matá-lo.
Então ele saiu da cidade.
O paralelo é claro, meus irmãos: uma casa de oração onde não há oração é como uma figueira sem figos – ambas desagradaram ao Senhor.
Estes dois acontecimentos prepararam o cenário para o ensino, para a palavra abençoadora, que o Senhor desejava transmitir aos seus discípulos, no dia seguinte.
Provavelmente estavam hospedados na casa de Lázaro, Marta e Maria, que moravam em Betânia. Mais uma vez vão para de Jerusalém, e no caminho passaram pela mesma figueira. Só que ela estava completamente seca, desde a raiz.
Foi Pedro quem tocou no assunto: – Mestre, a figueira que amaldiçoaste, secou.
Então, a partir do v. 22, Jesus passa a ensinar a todos o porquê disto ter acontecido, e exorta-os a que em suas vidas eles não sejam como aquela figueira seca, mas que exibam certas coisas, certos frutos que ele espera ver nos seus discípulos.
É sobre este fruto que vamos meditar agora.
1. O fruto é a fé em Deus
v. 22 – Tende fé m Deus
De outra maneira: – Aquilo que eu fiz, isto é, a palavra de ordem que eu dei à figueira e ela me obedeceu,  foi uma demonstração do que pode acontecer se vocês tiverem fé em Deus.
Desta maneira Jesus se coloca diante de nós como exemplo de alguém que tinha fé em seu Pai, e que tudo quanto fazia, era por causa desta confiança.
Depois, no v. 23, ele relaciona a fé com a firmeza de coração.
Porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele.
Assim, fé significa ter um coração firme em Deus. Se você tiver um coração firmado em Deus, Aquilo que você disser, acontecerá.
De imediato, meus irmãos, é preciso enfatizar que nosso Senhor não está ensinando aqui que “há poder em nossas palavras”, e que “o que você diz acontece”.
O que Jesus está ensinando não é que temos que ter fé em nossas palavras, ou fé em nós mesmos, ou fé em nossa fé, ou que tenhamos uma atitude positiva diante dos problemas.
O que ele está dizendo é que o nosso coração deve estar firmado em Deus.
O mesmo nos ensina Tiago.
Tg 1:5-8
Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.  6 Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento.  7 Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; 8 homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos.
O que o Senhor deseja, portanto, é que tenhamos nosso coração (isto é, o nosso ser interior, a nossa mente, a nossa vontade, “toda” a nossa alma) firmado nele.
Se tivermos firmeza em Deus, então como fruto desta firmeza, iremos receber aquilo que esta mesma fé nos leva a buscar.
Tiago, por exemplo, nos ensina, que por meio da fé nós podemos obter sabedoria diante das dificuldades da vida.
Eu quero relacionar também mais dois resultados da fé, de acordo com o profeta Isaías.
Pela fé nós podemos permanecer firmes diante das dificuldades.
Is 7:9
Se o não crerdes, certamente, não permanecereis.
No contexto histórico destas palavras, o profeta Isaías está se dirigindo ao rei de Judá, Acaz, que estava sendo ameaçado pelos reis de Israel e da Síria. Então Acaz e toda Jerusalém ficaram com muito medo.
E o Senhor enviou sua Palavra por meio de Isaías. E a Palavra dizia: – “Acalme-se, aquiete-se, não tenha medo. Estes teus inimigos, Peca e Rezim, são apenas dois tições fumegantes. Logo estarão apagados. Apenas creia. Se vocês não crerem, não poderão resistir”.
Por meio da fé em Deus também alcançamos salvação diante de todas as adversidades.
Is 30:15
Porque assim diz o SENHOR Deus, o Santo de Israel: Em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes.
Neste contexto do cap. 30, os inimigos de Jerusalém, agora, já não são a Síria e Samaria, e sim a Assíria (v. 31).
Mas da mesma forma o Senhor chama o seu povo uma resposta de fé.
Desde o começo do capítulo, o profeta diz que os judeus estavam pecando porque, em vez de buscar ajuda do Senhor, estavam enviando embaixadores ao Egito.
Então ele diz: – “Não coloquem a sua confiança no Egito. Convertam-se ao Senhor, sosseguem seus corações, pois é no ficar tranquilos e confiar em Deus que está a vossa salvação”.
Então veja o que é ter fé em Deus: é confiar nele para a nossa salvação; é tranquilizar o coração e descansar nele; é converter-se a ele.
Tende fé em Deus, nos disse Jesus.
Pois amados, um ser humano que não tem fé em Deus é como uma árvore sem fruto: não vê a chegada da salvação, não vê a tranquilidade, o sossego e a paz.
2. Estreitamente relacionado a isto, Jesus também deseja ver em nós o fruto da oração
Pode até ser que uma pessoa ore sem ter fé (se é que se possa chamar de oração), mas não existe fé sem oração.
Pois a oração está para a alma assim como o ar está para o corpo. Se o corpo está vivo, ele respira. Se a alma está viva, ela ora.
A menos que esteja enferma, assim como uma pessoa com alguma doença respiratória tem dificuldades para respirar.
Então, ao falar de fé, imediatamente Jesus também a associa à oração.
v. 24 – Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco.  
Lembrem-se, amados, que o grande desprazer que o Senhor Jesus manifestou no v. 17 é que a casa do seu Pai deveria ser reconhecida como casa de oração para todos os povos.
Esta era uma promessa antiga, feita pelo profeta Isaías. [3]
Há duas coisas aqui: a primeira é que a casa de Deus é casa de oração. Casa de comunhão com Deus.
Casa de se levar a Deus as nossas ansiedades, nossas preocupações, de se confessar nossos pecados, de apresentar nossas necessidades espirituais e materiais.
É casa de se agradecer a Deus pelas suas muitas misericórdias para conosco; misericórdias que se renovam a cada manhã.
A casa de Deus é casa de se louvar a ele, por todos os seus benefícios. É casa de adoração e de se expressar nossa dependência.
É casa de se aproximar de Deus crendo que ele existe e que se torna galardoador daqueles que o buscam.
É casa de se manifestar a fé. É assim que Deus deseja.
A segunda é que é casa de oração para todos os povos. Não somente para os antigos judeus, ali no templo de Jerusalém.
Aliás, como o templo de Jerusalém não cumpria o propósito de Deus, havia se tornado como a figueira seca, que Jesus amaldiçoara, e perto estava da destruição.
Então, a casa de Deus passaria a ser a igreja de Jesus.[4] Por isto ele diz, para todos os povos.
Os primeiros discípulos, a quem Jesus disse: – Eu vos escolhi e vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda” [5], entenderam isto muito bem.
Vejamos isto rapidamente:
At 1:12-14
Então, voltaram para Jerusalém, do monte chamado Olival, que dista daquela cidade tanto como a jornada de um sábado.  13 Quando ali entraram, subiram para o cenáculo onde se reuniam Pedro, João, Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago.  14 Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.
Eles perseveram em oração
At 1:24
E, orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, revela-nos qual destes dois tens escolhido
Eles oravam buscando orientação
At 2:42
E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.
At 3:1
Pedro e João subiam ao templo para a oração da hora nona.
At 4:24
Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há...
At 6:4
E, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra.
Os primeiros discípulos, agora apóstolos, eram homens com um vigoroso senso de destino. Tinham a forte convicção no entendimento de que eram homens escolhidos de Deus, desde a criação do mundo, para viverem naquela hora, naquele lugar, com uma missão a cumprir.
E também haviam aprendido diretamente, tanto das palavras de Jesus, como de seu próprio modo de vida, que uma pessoa só pode cumprir o destino para o qual Deus o chamou, se estiver na mais plena comunhão com Deus.
Então oravam, oravam, e oravam, pois como disse Jesus, sem ele nada poderiam fazer.[6]
E nós vemos o fruto destas vidas de oração nas páginas deste mesmo livro de Atos. Foram usados por Deus para mudar a história do mundo.
3. Há mais um fruto relacionado aos anteriores: um coração amoroso e limpo
Outra maneira de dizer: um coração unido ao coração de Deus.
vs 25, 26 – E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.  26 Mas, se não perdoardes, também vosso Pai celestial não vos perdoará as vossas ofensas.
Há pelo menos duas razões para este ensino de Jesus, que também foi dado em outras ocasiões, ser-nos apresentado neste contexto de oração.
A primeira delas é que, frequentemente, enquanto oramos, a luz da presença do Senhor nos trás consciência de nossos pecados, especialmente se o nosso coração estiver abrigando mágoas, ressentimentos e coisas semelhantes.
Assim o Senhor nos concede a oportunidade de confessar a ele nossos pecados e limpar o coração.
Se quando você estiver orando, o Senhor lhe mostrar que você precisa perdoar alguém, aproveite a ocasião.
Como disse o escritor de Provérbios, perdoar é uma coisa gloriosa.[7]
Pv 19:11
A discrição do homem o torna longânimo, e sua glória é perdoar as injúrias.
Aquele que perdoa revela que tem conhecimento de Deus, como um filho escolhido, santo e amado. [8]
Aquele que perdoa está imitando seu Pai celestial. [9]
Aquele que perdoa está obedecendo à lei de Deus. [10]
Aquele que perdoa está promovendo o reino de Deus na terra. [11]
Enfim, aquele que perdoa está honrando o nome de Deus. [12]
E a segunda razão é que só podemos continuar em comunhão com Deus se buscarmos um coração limpo. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. [13]
Assim sendo, ao falar sobre fé e oração, Jesus também fala sobre perdão, sobre coração sem mágoas, amarguras ou ressentimentos, sem ódios ou raivas.
Deus espera que nos relacionemos com o nosso semelhante da mesma maneira como ele se relaciona conosco: em graça, verdade, misericórdia e amor.
Conclusão e aplicação
Quando a história da figueira seca aconteceu, Jesus tinha um duplo propósito: revelar aos seus discípulos que assim como a figueira sem figos, era a religião dos judeus incrédulos: tinha aparência, mas não tinha frutos. Assim como a figueira foi condenada a não produzir mais, assim também aquela religião de incrédulos foi condenada pelo Senhor.
O outro propósito foi o de ensinar o que ele deseja ver em nós: fé, oração, corações limpos.
Amado, examine sua fé.
Existe alguma área de sua vida na qual você precisa do socorro do Senhor?
Nas coisas da alma? Algum pecado do qual você precisa se libertar? Algum comportamento escravizador, que não honra ao Senhor? Alguma coisa que tem feito estrago em sua alma, separado você da comunhão com Deus?
Então a resposta está aqui: – “O meu justo”, diz o Senhor, “por sua fé viverá”.[14]
Aproxime-se de Deus com fé, crendo que ele ouve a sua oração. Exercite sua fé confessando seus pecados, suas fraquezas, e diga confiantemente: – “Posso todas as coisas naquele que me fortalece.”[15] Creia em Deus. Seja livre. Seja perdoado e livre.
Existe algum pecado do qual você deve se arrepender? Arrependa-se.
Existe alguma amargura, alguma mágoa, alguma inimizade, algum ódio? Existe alguém a quem você precisa perdoar? Perdoe, pela fé.
Existe alguém com quem você precisa se reconciliar? Reconcilie-se.
Existe alguma outra área de sua vida na qual você precisa da salvação de Deus? Busque o Senhor e o seu poder. Busque a sua presença.[16] Tenha fé em Deus.
Estas são coisas que Jesus procura ver em tua vida.
Um cristão sem estes frutos é como uma figueira estéril, inútil, e prestes está para morrer.
Amado, tal não suceda com você, de ser apenas como uma árvore cheia de folhas, mas sem fruto; um cristão apenas de aparência, sem fé, sem oração, sem amor.
Se você se entende como um eleito de Deus, então tenha sua mente, seu coração, sua alma, firmes no Senhor.
Seja um homem, mulher, jovem ou idoso, que ora, que respire oração.
Seja um discípulo, uma pessoa de coração limpo, imitadora do Pai celestial. Frutifique, para a glória de Deus.




[1] Gl 2:20
[2] Jo 21:17
[3] Is 56:7
[4] 1ª Tm 3;15
[5] Jo 15:16
[6] Jo 15:5
[7] A glória de perdoar. Para ler esta mensagem acesse este  link.
[8] Cl 3:12, 13
[9] Ef 4:32-5:2
[10] Mt 7:12
[11] Tg 3:13-18
[12] Mt 5:16
[13] Mt 5:8
[14] Hb 10:38
[15] Fo 4:13
[16] Sl 105:4
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