Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 19 de junho de 2016

O primeiro amor - Ap 2:1-7


  IPC de Pda. de taipas
  Domingo, 19 de junho de 2016
  Pr. Plínio Fernandes
  Amados irmãos, vamos ler Apocalipse 2:1-7
Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: 2 Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmos se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos; 3 e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer.  4 Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.  5 Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.  6 Tens, contudo, a teu favor que odeias as obras dos nicolaítas, as quais eu também odeio.  7 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.
  No v. 7, o Espírito Santo faz uma promessa aos que ouvem a sua Palavra e a obedecem:
Ao vencedor, dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus.
  Mais tarde, este mesmo livro irá descrever o paraíso:
  É a cidade santa, a nova Jerusalém que desce do céu, da parte de Deus, bonita como uma noiva adornada para o seu esposo. 
  É o tabernáculo de Deus com os homens. Ali, Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.  E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. 
  O vencedor herdará estas coisas, e será filho de Deus.
  Por isto, no paraíso não entrarão os que têm vergonha do evangelho, não entrarão os incrédulos, os abomináveis, os assassinos, aos impuros, os feiticeiros, os idólatras e os mentirosos.
  O paraíso tem o brilho da glória de Deus, como se você estivesse andando em meio a pedras preciosas reluzentes e cristalinas.
  Neste lugar não existem santuários, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso, e o Senhor Jesus. 
  Ele diz que nesta nova Jerusalém existe um rio, o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro.  No meio da sua praça, de uma e outra margem do rio, está a árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a cura dos povos.
  Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. [1]
  Você quer herdar estas coisas? Quer entrar na cidade santa, o paraíso de Deus?
  Para isto você precisa vencer. Mas vencer o quê?
  Quando o Senhor Jesus ordenou que João escrevesse estas coisas, elas foram primeiramente endereçadas a uma igreja muito forte, que existia na cidade de Éfeso, na Ásia menor.
  Era uma igreja de excelentes qualidades:
  Primeiro, tinha sido muito bem instruída doutrinariamente: o apóstolo Paulo, Timóteo, e o próprio apóstolo João, haviam servido a Deus naquela igreja, e por muito tempo.[2]
  E tinha sido não somente instruída acerca de “todo o desígnio de Deus”, mas também alertada sobre os falsos apóstolos e mestres, que como lobos devoradores interessados apenas em seu próprio lucro, apareceriam com o tempo, e poderiam desviar o povo do Senhor.[3]
  Tinham sido instruídos no sentido de que viriam provações, perseguições e tentações, mas que deveriam perseverar, “aguentar firmes”.
  E assim eles eram: perseverantes, trabalhadores, fiéis à doutrina; não suportavam falsos mestres e falsos ensinos.
  Havia especialmente um grupo, os nicolaítas, uma seita cujo ensino era uma afronta ao evangelho, e que estava prejudicando várias igrejas. Jesus odiava esta doutrina. E os efésios também odiavam.
  Tudo isto era muito bom. Mas havia um problema.
v. 4 – Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor.
  “Primeiro”, no sentido de “aquele amor que você tinha no início”, aquele entusiasmo, aquela devoção, mas que com o tempo foi se esfriando.
  Existem pessoas que passam por muitas dificuldades, muitas tentações, muitas decepções, mas cujo amor permanece. Paulo foi um homem assim. Quanto mais o tempo passou, mas o seu amor cresceu, se aprofundou, se expandiu.
  Mas existem pessoas cujo amor esfria. Demas foi um homem que andou certo tempo na fé, mas depois o amor pelo mundo falou mais alto, e ele foi “curtir as coisas do mundo”.[4]
  E no caso da igreja de Éfeso, embora não tivessem voltado ao mundo, o amor deles havia esfriado.
  Irmãos, não era um problema sem importância. Porque de todos os mandamentos, o amor é o maior de todos. Quem não ama não obedece a Deus.[5]
  Se eu se tiver todo o conhecimento bíblico, se eu tiver todos os dons, se eu tiver uma fé imensa, e não tiver amor, nada disto me aproveitará.[6] Quem não ama não tem comunhão com Deus.[7]
  É através do amor que um verdadeiro discípulo de Jesus é conhecido. Quem não ama não glorifica a Deus.[8]
  Por isto Jesus disse que nestes tempos difíceis, em que o pecado se multiplica, o amor de muitas pessoas esfriará, mas aquele que perseverar até o fim será salvo.[9]
  Portanto, a vitória que Jesus está falando aqui em Apocalipse, vitória que você precisa ter se quiser comer da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus, é a vitória sobre a frieza. Você precisa manter o primeiro amor; ou, se tiver esfriado, voltar ao primeiro amor.
  Então veja que boa notícia: Jesus nos ensina não somente o que devemos fazer, mas também nos ensina como voltar ao primeiro amor.
v. 5 – Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras...

1. Lembre-se do primeiro amor

  Para entendermos um pouco melhor, vamos voltar nossos olhos para um texto do profeta Jeremias.
  Jr 2:1-3
A mim me veio a palavra do SENHOR, dizendo: 2 Vai e clama aos ouvidos de Jerusalém: Assim diz o SENHOR: Lembro-me de ti, da tua afeição quando eras jovem, e do teu amor quando noiva, e de como me seguias no deserto, numa terra em que se não semeia.  3 Então, Israel era consagrado ao SENHOR e era as primícias da sua colheita; todos os que o devoraram se faziam culpados; o mal vinha sobre eles, diz o SENHOR.
  Neste texto existem muitas coisas importantíssimas.
  Por exemplo, o Senhor compara o seu relacionamento com a Igreja com o amor entre um homem e uma mulher. Ele é o marido, e Jerusalém, ou Israel, é a noiva. Assim como em Apocalipse.
  Outra coisa: se por um lado Israel esqueceu o seu primeiro amor, o Senhor não esqueceu. Ele não esquece nunca.
  Mas o que eu desejo destacar agora são as duas palavras que ele usa para descrever este amor: afeição e consagração.
  v. 2 – “Lembro-me de ti, da tua afeição quando eras jovem”: lembro-me do seu sentimento, do seu carinho, da sua devoção para comigo.
  v. 3 – Então, naqueles dias, “Israel era consagrado”, e andava com o Senhor mesmo no deserto, numa terra árida e inóspita.
  Amor é afeição e consagração. Nós temos muitos exemplos deste amor nas Escrituras.
  Um deles é o demonstrado por aquela mulher em Lucas 7.
  Nos vs. 36 a 50, nós temos aqui um relato, que na versão atualizada recebe este título: “A pecadora que ungiu os pés de Jesus”.
  Ele estava na casa de um fariseu chamado Simão, que o convidara para uma ceia.
  “E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com unguento; e, estando por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos; e beijava-lhe os pés e os ungia com o unguento.
  Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo mesmo: ‘Se este homem fosse um profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque ela é uma pecadora.’
  Então Jesus se dirigiu ao fariseu:
  – Simão, eu quero te dizer uma coisa.
  – Dize-a, Mestre. 
  – Certo homem tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinquenta.  Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? 
  Então Simão respondeu:
  – Suponho que aquele a quem mais perdoou.
  – Julgaste bem.
  E, voltando-se para a mulher, disse a Simão:
  – Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos.  Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés.  Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés.  Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. 
  Então, disse à mulher:
  – Perdoados são os teus pecados.  A tua fé te salvou; vai-te em paz”.
  No v. 47, Jesus descreve o comportamento desta mulher como amor. E no v. 49, ele chama de fé.     Pois como mais tarde diria o apóstolo Paulo, a fé age através do amor.[10]
  Mas veja o amor desta mulher. Ele se manifesta em devoção. As pessoas que ali estão, especialmente o “santo Simão” (santo por fora e imundo por dentro), estas pessoas podem julgar esta mulher, podem pensar e falar mal dela, mas ela não se importa. Tudo o que ela quer fazer é adorar a Jesus, mostrar gratidão, honrá-lo.
  Então ela toma um vaso de unguento, ajoelha-se, chora aos pés do Senhor. Com os próprios cabelos enxuga suas lágrimas dos pés do Senhor. E o cobre de beijos. E derrama o perfume nos pés do Senhor.
  Devoção. A isto o Senhor chama amor e fé.
  Porque ela era uma grande pecadora. E tinha sido totalmente perdoada.
  E aqui, irmãos, o segredo do amor: nós amamos, porque ele nos amou primeiro.[11]
  Quando temos consciência do grande amor de Deus por nós; quando temos consciência de como são grandes os nossos pecados, e quão grande é o perdão de Deus, então também é grande o nosso amor.
  Eu desejo citar outro exemplo de devoção ao Senhor. Está em Lucas 19:1-10.
  É a história da conversão de Zaqueu, o chefe dos cobradores de impostos da cidade de Jericó.
  Era um homem rico. Conhecido por ser um homem corrupto. E queria conhecer a Jesus.
  Um dia, o Senhor estava atravessando a cidade, acompanhado de uma multidão. Zaqueu era um homem de baixa estatura, e não conseguia chegar perto. Então ele se adiantou no caminho, subiu numa árvore e ficou esperando, para ver a Jesus quando ele passasse.
  Ao passar por ali, o Senhor olhou para cima, e disse: –“Zaqueu, desça depressa, porque hoje eu vou ficar na sua casa”.
  Ele desceu rápido, e recebeu a Jesus cheio de alegria.
  Agora vejamos o que aconteceu durante a ceia, na casa de Zaqueu.
vs. 8, 9 – Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais.  9 Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão.
  Veja o que é a fé que age através do amor. É abrir mão de dinheiro. É consertar as coisas erradas que fez. É pensar nos necessitados.
  Então Jesus responde: – “Hoje houve salvação nesta casa...”.
  E isto nos conduz a mais um aspecto do amor.
  Jo 21:16
Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas.
  Quem ama a Jesus também ama aos seus irmãos. Se alguém disser que ama a Deus, e não amar a seu irmão, está mentindo.[12]
  O que é o primeiro amor, então, meus irmãos?
  É afeição a Jesus, como a afeição que uma jovem tem pelo seu noivo. É devoção. Uma devoção que não se preocupa com o que os homens vão pensar, pois deseja agradar a Jesus.
  É uma devoção que se manifesta em carinho, dedicação, consagração dos bens, adoração, desejo, comunhão, no receber a Jesus no coração, na casa, na vida toda, no servir a ele com nossos bens, com nosso dinheiro, com nossos dons.
  E isto tudo se reflete no amor para com os amados de Jesus. Quem ama a Jesus ama também aos seus irmãos. Vê Jesus em seus irmãos. Tem para com seus irmãos a mesma afeição.
  Uma afeição que se manifesta em doação de si mesmo, de misericórdia diante das necessidades, de perdão diante dos pecados e fraquezas. De serviço e ajuda.
  Pois quem tem conhecido o amor de Deus torna-se um instrumento deste amor.
  E é uma afeição que não deve se esfriar; ao contrário, que deve crescer, tornar-se maior e mais profunda a cada dia.
  Se alguém quiser vencer a frieza, deve lembra-se de como é grande este amor.
  Mas a nossa tendência natural, irmãos, infelizmente, não é esta. Como disse o profeta Oséias, o nosso amor é como a névoa, é como a neblina da manhã que cedo se dissipa.[13]
  Por isto, o Espírito Santo também diz:

  2. Lembre-se de onde você caiu, e arrependa-se.

  Lembre-se do lugar mais alto em que você estava. Lembre-se do amor mais forte, mais intenso.
  Arrependimento, vocês se recordam, significa “mudar a maneira de pensar”; o que naturalmente muda os sentimentos, pois os nossos sentimentos sempre são resultado do que pensamos. O que muda também o comportamento, pois tal como imaginamos em nossa alma, assim nós nos comportamos.
  O que Jesus está dizendo aos efésios é que alguma coisa aconteceu que distorceu o pensamento deles, e esfriou o amor do coração.
  Talvez, em sua luta contra os erros, em seu santo ódio contra os falsos ensinos, seus corações aos poucos tenham se tornado insensíveis, até mesmo belicosos, amantes da polêmica, ríspidos e hostis.
  E deixaram de seguir o ensino de Paulo quando lhes escreveu dizendo: –“Sigam a verdade em amor e cresçam em tudo...”.[14]
  Então o Espírito diz: – “Mudem sua maneira errada de pensar”.
  Amados, há muitas coisas que podem esfriar nosso coração.
  Uma delas é apenas o próprio passar do tempo.
  Nossa natureza é assim. Nós não somos constantes. Nossos sentimentos, nossos pensamentos, nossas afeições naturais são fracas, pobres. Somos egoístas.
  Tendemos a esquecer o quanto Deus é bondoso para conosco. Tendemos a ser ingratos e maus.
  Por outro lado, as pessoas com quem convivemos também são como nós.
  E pecam contra nós. Algumas pecam muitas vezes. Outras pecam uma vez só, mas ferem-nos o suficiente.
  É possível que o seu amor se esfrie quando você sofre decepções, muitas vezes. Quando tem sempre que perdoar as pessoas pelas mesmas coisas.
  Quando é constantemente machucado.
  Quando abriga mágoas em seu coração.
  Quando olha para trás, e pensa em como as pessoas falharam com você, e o traíram.
  Quando você percebe que “as pessoas não mudam”.
  E começa a ficar cínico, e acha que “não vale a pena” amar. Então cria uma armadura, uma “capa de defesa” pra não ser ferido novamente.
  Também é possível que o amor esfrie pela contaminação, a influência do “espírito da época”.
  Outro dia eu vi um livro com este título: “Amor líquido”.[15] Nele o autor descreve nossos dias em que a fidelidade, a palavra dada, as alianças, os relacionamentos, não são permanentes. Tudo é tratado como mercadoria. Vivemos dias de grande esfriamento.
  O amor pode esfriar por causa de nossa própria tendência natural. Pode esfriar por causa dos pecados dos outros. Pode esfriar por causa do espírito dos tempos. Em suma, por causa da multiplicação da iniquidade.
  Mas veja: seja qual for a razão, é pecado. Não é para esfriar. Tendo Jesus amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.[16]
  – “Então”, diz o Senhor, “arrependa-se”.
  Volte a ser como era antes. Levante-se deste lugar em que você está caído.

  3. E volte à prática das primeiras obras.

  Volte à primeira consagração a Deus. Volte à primeira devoção, à primeira alegria, ao primeiro entusiasmo, à primeira dedicação.
  Lembre-se de como você queria testemunhar a todos, como você queria ganhar o mundo para Jesus.
  Lembre-se de como subia à casa do Senhor com alegria, de como buscava santidade, de como confessava e abandonava seus pecados, de como amava seus irmãos, de como contribuía, de como exercitava fé, como orava com fervor, e volte.
  Algumas noites atrás eu estava meditando sobre este assunto; alta madrugada, e enquanto orava e meditava, decidi dar uma olhadinha na internet, procurando algo da interpretação deste texto.
  Então me deparei com um artigo chamado “De volta ao primeiro amor”. Foi escrito por uma jovem crente. Não concordo com a teologia expressa por esta querida irmã, mas conheço esta experiência, este desejo sobre o qual ela escreve. E então vi também que ela estava falando, além de si mesma, do desejo de muitos crentes hoje em dia.
  Eu vou ler para vocês. Fiz alguns cortes, para me concentrar no principal. E cada um de vocês, veja se este não é também o desejo do seu coração.
  Ela escreveu assim:
Olhando para a inocência de uma criança, lembro-me do início da minha conversão. Fico imaginando onde teria ido parar aquele amor, aquele primeiro amor de uma criança que acaba de conhecer o seu pai. Um menino de 2, 3 e até 4 anos vê o seu pai como um herói. Tudo o que ele fala é verdade. Ele sabe de tudo, tem todas as respostas, não existem questionamentos. O filho confia, se entrega. Não há maldade, não há dúvidas, não há conhecimento suficiente que gere questionamentos...
Esse dias me peguei lembrando dos meus primeiros meses na igreja. Como eu amava o Senhor! Eu acreditava em tudo o que pastor falava e cumpria tudo. Queria ser como ele estava dizendo, queria andar como ele dizia que era certo...
Uma vez, o pastor disse que os demônios obedeciam à voz dos servos de Deus. Eu saí de lá louca para encontrar um demônio pela rua a fim de expulsá-los. Minha vizinha era super oprimida. Entrei em casa e as filhas dela de 8 e 10 anos foram me chamar dizendo que a mamãe estava passando mal. Cheguei lá, sozinha, sem conhecimento nenhum, sem ser batizada, com dois meses de convertida. A única coisa que eu sabia é que os demônios tinham que obedecer em nome de Jesus. E a palavra é verdade: eles saíram depois de muito relutar. Mas, saíram. Hoje, essa mulher é serva de Deus e eu era uma adolescente de 16 anos que tive que ir à casa dela várias vezes expulsar aqueles demônios apenas crendo em uma pregação que eu tinha ouvido.
O que eu quero mostrar com isso? Que conforme a gente cresce, se não vigiarmos, perdemos essa fé simples. Não tinha teologias, altos conhecimentos. Eu andava de acordo com o pouco que eu sabia. Onde foi parar aquela menina? Simples menina que amava a Deus de forma singela, que cria em tudo, que obedecia a tudo que pediam, que não duvidava. Que não sabia que existem várias pregações, várias formas de crer, várias denominações. Não conhecia as competições, os ídolos, as lideranças, as posições. Nada disso era importante. Eu só queria cantar: “pois pra te adorar foi que eu nasci, cumpra em mim o teu querer, faça o que está em TEU coração…”
O primeiro amor, esquecido, deixado de lado em troca de coisas que para Deus são tão pequenas. Quero saber onde está o caminho de volta à inocência. Será que eu posso abrir mão de tudo o que conheço para voltar a ser aquela menina que nem sabia por que Jesus era chamado de “Cordeiro de Deus”? Mas cria nele e queria viver inteiramente cada momento. Será que eu posso esquecer tudo que eu já vi no meio da igreja e ter de novo aquela visão de que tudo era amor e que todas as pessoas são verdadeiras? Como voltar ser aquela menina com 2 meses de conversão mas que chorava de joelhos só para conhecer um pouco mais, só para ouvir a voz daquele que tinha me resgatado. Ele me ouvia tanto. Coisas tão simples.
Uma vez eu estava na escola e me deu uma vontade de fumar junto com a minha antiga turma. Eu saí correndo da escola e fui para a igreja e lá fiquei até a reunião da noite. Eu estudava de manhã. Quando começou a reunião às 19:00h, a minha oração mais sincera, mais verdadeira foi: “Jesus me ajuda, eu não quero voltar pro mundo, eu não quero voltar pro mundo.” Na mesma hora, uma mulher saiu lá da frente e me abraçou e disse: “Filha amada, não temas. Eu te fortaleço nessa hora”. Esse tipo de coisa não aconteceu nem uma, nem duas vezes. Mas, infelizmente, eu cresci. Vivi coisas que não queria, vi situações que não deveria, conheci demais, estudei demais, me ensoberbeci demais. Quis ser muita coisa, quis aprender assuntos sem importância e deixei de lado o relacionamento simples, puro e ingênuo.
Deus, tu conheces o meu coração e o que eu quero é voltar a cantar aquela música com o mesmo sentimento que eu cantava há 11 anos atrás.[17]
  Você entende o sentimento desta jovem filha de Deus? Não é esta muitas vezes, a tua experiência?
  Sabem, meus irmãos, não entendo que para voltar ao primeiro amor tenhamos que nos tornar imaturos como nos primeiros dias.
  Não precisamos voltar a acreditar em tudo o que nos dizem, pois, “quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino, sentia como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino”.[18]
  Mas temos mesmo que examinar tudo à luz das Escrituras.[19]
  Mas uma coisa é certa: crescimento no conhecimento, conhecimento de Deus, não deve nos tornar frios, e sim mais fervorosos de espírito. A cada ano que passa, o nosso amor deve permanecer, e aumentar.

  Conclusão e aplicação

  Eu desejo voltar à pergunta que fiz no início.
  Você quer comer da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus? Quer desfrutar das delícias eternas na nova Jerusalém?
  Então você precisa vencer. O vencedor herdará estas coisas.
  O que vence a amargura, a frieza, o ressentimento, o cinismo, a mentira. O que permanece no primeiro amor. Ou, se esfria, volta.
  Mas, se a nossa inclinação natural e as pressões da vida nos fazem cair, como podemos, de fato, nos lembrar de onde caímos, nos arrepender, voltar atrás e renovar nosso amor?
  Mais uma vez, a resposta está no amor que Deus tem por nós.
  Então voltemos ao v. 1:
Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: Estas coisas diz aquele que conserva na mão direita as sete estrelas e que anda no meio dos sete candeeiros de ouro.
  Quem diz estas coisas é Jesus, o Cordeiro de Deus, o Alfa e o Ômega, o Senhor da vida e da morte, que nos ama, e a si mesmo se entregou pelos nossos pecados, que nos fez reino e sacerdotes.
  O Filho de Deus anda no meio dos sete candeeiros de ouro, isto é de suas igrejas. Ele segura em suas mãos as sete estrelas, os seus servos nas igrejas.
  Ele tem em suas mãos, e segura fortemente, todas as suas ovelhas, e da sua mão ninguém pode arrebatá-las.
  Você pode voltar ao primeiro amor porque Jesus está com você. Ele te segura pela mão e levanta de onde você caiu.
  Volte pra Jesus. Confesse seus pecados. Confesse sua frieza. Chore seus deslizes, suas infidelidades.
  E com o sustento de Jesus, volte ao seu primeiro amor.


[1] Ap 21 e 22
[2] At 19:10; 1ª Tm 1:3; F. F. Bruce in Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1988. Vol. 2. Pág. 831. et. all.
[3] At 20:27-31
[4] 2ª Tm 4:10
[5] Mt 22:36-40
[6] 1ª Co 13:1-3
[7] Jo 14:21
[8] Jo 13:35
[9] Mt 24:12, 13
[10] Gl 5:6
[11] 1ª Jo 4:19
[12] 1ª Jo 4:20
[13] Os 6:4
[14] Ef 4:15
[15] BAUMAN, Zigmunt. São Paulo: Zahar, 2004.
[16] Jo 13:1
[17] Fonte : <https://deborabranquinho.wordpress.com/2007/05/15/33/>  Acessado em 18/06/16 às 12:00h.
[18] 1ª Co 13:11
[19] At 17:11

2 comentários:

  1. DEUS ABENÇOE O PASTOR PLINIO.GOSTARIA DE TER ESSE ESTUDO NO MEU FACE.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Amém. Querido irmão, pode publicar. É só colocar o link na sua página. Obrigado. Deus o abençoe.

      Excluir

▲Topo