Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 31 de julho de 2016

A igreja com a porta fechada - Ap 3:14-22

IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 31 de julho de 2016
Pr. Plínio Fernandes
Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: 15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!  16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; 17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.  18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.  19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.  20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.  21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.  22 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
  Em nossa mensagem anterior, meditamos sobre a carta que o Senhor Jesus enviou à humilde e valorosa igreja de Filadélfia .
  Aquela amada igreja que, embora pequena e cercada pelas tribulações de uma cidade hostil ao evangelho, permaneceu fiel à Palavra de Deus, e dava um forte testemunho de sua fé.
  A esta igreja o Senhor Jesus, que abre as portas do reino dos céus, anunciou:
  – Eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, que ninguém fechará...
  Isto é, ninguém poderia impedir o testemunho daquela igreja diante do mundo.
  Mas a sudoeste de Filadélfia, estava a cidade de Laodicéia. Uma cidade muito próspera, porque era um dos centros comerciais da região. Também era conhecida pelo seu ouro, além de ser produtora de uma lã negra, muito apreciada, e também por seu colírio. Estas coisas faziam deles uma cidade rica e abastada.
  E nesta cidade próspera, os cristãos também eram gente próspera, mas não espiritualmente.
  No v. 17, o Jesus descreve a maneira como eles se sentiam, mas não era o mesmo sentimento do   Senhor.
  Eles se sentiam ricos e abastados, que não precisavam de mais nada. Mas Jesus não os via assim. Ao contrário, os via como uma igreja pobre, infeliz, espiritualmente cega.
  Ao contrário de sua pequena irmã em Filadélfia, a igreja de Laodicéia não estava guardando a Palavra de Jesus; não estava dando um bom testemunho, confessando o nome de Jesus diante do mundo.
  A esta igreja Jesus não diz: – “Eis que ponho diante de ti uma porta aberta”.
  Ele diz: – “Eis que estou à porta e bato...”
  Jesus estava se sentindo do lado de fora daquela igreja, do lado de fora do coração daquelas pessoas.
  Imagine uma igreja reunida, cantando:
  Deus está aqui, tão certo como o ar que seu respiro...
  E Jesus dizendo: – “Eis que estou à porta e bato...”
  Imagine os crentes orando: – “Senhor, estamos reunidos em teu nome, e tu estás nosso meio...”
  E Jesus do lado de fora, batendo à porta. Por isto Jesus diz que eram cegos e necessitados.
  Se a igreja de Filadélfia era a igreja com a porta aberta por Jesus, Laodicéia era a igreja com a porta fechada para Jesus.
  1. Vejamos mais detidamente o problema da igreja de Laodicéia
  Leiamos novamente o v. 15
Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!  
  Não és frio nem quente.
  Em Éfeso, o amor dos crentes havia esfriado.
  Em Filadélfia, a igreja era cheia de amor.
  Em Laodicéia, eles não eram frios, nem quentes.
  Eram um grupo de crentes cujo coração estava dividido.
  Como é um crente de coração dividido?
  Um pouco, quer servir a Deus, um pouco, quer servir ao mundo.
  Um pouco, quer santificação. Um pouco, quer andar nos prazeres da carne.
  Um pouco, crê na Palavra de Deus. Um pouco, vive na incredulidade e desobediência.
  E assim está dividido.
  Vai à igreja, mas procura alegria em diversões mundanas e sensuais.
  Louva a Deus, mas com os mesmos lábios fala palavrões, conversas chulas e indecentes.
  Canta hinos, mas com a mesma boca reclama da vida, reclama do trabalho, da família, fala mal dos irmãos.
  Pede a Deus que lhe mostre o seu querer, mas ao mesmo tempo desobedece à Palavra de Deus.
  Pois toma o nome do Senhor em vão.
  Levanta ídolos em seu coração.
  Profana o dia do Senhor.
  Rouba o Senhor.
  É desonesto nos negócios.
  Não perdoa os que o ofendem.
  Dá mau testemunho por sua vida descaridosa.
  Quer que a igreja cresça, mas não se dedica, não quer negar-se a si mesmo pelo reino de Deus. Não quer tomar a sua cruz.
  E muitas coisas semelhantes.
  E o pior de tudo: é como um cego que não quer ver. Acha que está tudo bem.
  Não sabe que é miserável, cego, e nu. Está acomodado.
  E meu irmão, com uma pessoa acomodada há pouca coisa que se possa fazer.
 Mas Jesus não desiste de ninguém. E também sabe que sua Palavra é poderosa para levantar até mesmo os que estão mortos.
  Por isto ele envia sua Palavra a estes crentes mornos, a fim de que saiam daquela cegueira espiritual.
  2. Então vejamos agora a Palavra de Jesus a esta igreja
  2.1. Primeiro, ele descreve sua insatisfação
vs. 15b, 16 – Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca.
 Antigamente, muitas pessoas usavam água morna como vomitório, quando sentiam alguma indisposição digestiva.
  Pois água morna “deixa enjoado", provoca vômito.
  Jesus diz que aqueles crentes mornos, por seus corações divididos, por seu comodismo, por sua falta de fé e amor, por seu mundanismo, estavam-no deixando com nojo, a ponto de querer vomitá-los.
  Faz lembrar as palavras do Senhor através dos profetas, Isaías, por exemplo, nas quais ele se queixa de cultos solenes a Deus associados a vidas cheias de pecado. Então o Senhor diz:
 – Não quero mais os cultos de vocês. Eu quero vida reta. Eu quero justiça, misericórdia e humildade. Não suporto mais a vida que vocês estão levando. .[1]
  Assim estava o Senhor Jesus em relação a Laodicéia.
  2.2. Em seguida, ele aconselha
v. 18 – Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
  Embora a palavra "aconselho-te", usada em nossas traduções, seja boa, neste contexto aqui ela tem mais o sentido de exortação, advertência. Porque o tom inteiro é de repreensão, conforme o Senhor diz depois, no v. 19.
  Cada uma destas frases deste conselho de Jesus, é no sentido de que os crentes mornos se desviassem daquelas coisas mundanas que os afastavam do fervor espiritual.
  – Compre ouro de mim. Ajunte tesouros no céu. Não tenha sua riqueza no dinheiro que perece, que o ladrão pode roubar, que a ferrugem pode corroer. Tenha seus tesouros na eternidade.
  – Compre vestiduras brancas, porque você está nu, e é vergonhoso. Não se impressione com a lã negra, cara, apreciada, usada com ostentação e vaidade, orgulho desta cidade, mas que não tem valor algum para os que vão entrar na festa do céu.
  – Lave suas vestiduras no sangue precioso do cordeiro. Purifique-se de seus pecados.
 – Você também precisa de colírio para estes olhos cegos. Mas não o colírio prescrito pelo oftalmologista. Você precisa de colírio para os olhos da alma, que dão visão, entendimento espiritual, que só eu tenho. Só eu posso abrir os teus olhos para que você veja as maravilhas da minha lei.
  2.3. A motivação
  Porque Jesus diz que está a ponto de “vomitar estes crentes”?
  Porque ele os chama de miseráveis, cegos, nus?
  Porque ele diz que o estado espiritual deles é vergonhoso?
v. 19 - Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.  
  Quando Jesus dirigiu-se à igreja de Filadélfia, destacou que era uma igreja amada por ele.
  Mas neste sentido, a igreja de Laodicéia era igual, pois, embora infiel, era também amada pelo Senhor.
  Um pai repreende ao filho a quem ama.
  Assim, as palavras do Senhor são fortes, porque forte é o seu amor.
  Forte era a necessidade de arrependimento daquela igreja.
  E forte era também a esperança no coração do Senhor, no sentido de que eles ouvissem sua Palavra poderosa, e se arrependessem.
  Conclusão e aplicação
v. 20 - Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.  
 Amados, geralmente tomamos estas palavras do Senhor para nos dirigirmos aos que ainda não creem, procurando persuadi-los a abrirem seus corações para Jesus.
  E é uma aplicação correta, pois a Palavra de Deus é dirigida a todos os homens.
 Mas no contexto em que foram ditas pela primeira vez, estavam sendo dirigidas a uma igreja. E Jesus estava do lado de fora de suas vidas, embora eles estivessem simplesmente seguindo seus atos costumeiros de culto.
  Pois eram pessoas acomodadas, espiritualmente mornas, satisfeitas com seu baixo nível espiritual.
  Mas Jesus, que ama esta igreja, estava profundamente insatisfeito, e chama ao arrependimento.
  Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.


[1] Is 1:1-20

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Vida genuína - Ap 3:1-6

IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 17 de julho de 2016
Pr. Plínio Fernandes
Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto.  2 Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus.  3 Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti.  4 Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas.  5 O vencedor será assim vestido de vestiduras brancas, e de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida; pelo contrário, confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.  6 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
Esta é a quinta, das sete cartas que Jesus enviou às igrejas da Ásia menor, através de seu servo João.
São preciosas e verdadeiras cartas de amor enviadas por Jesus, nas quais ele está encorajando, corrigindo, repreendendo suas queridas igrejas, as quais ele segura em sua mão, nas quais seu Espírito se faz presente, a fim de que elas perseverem em sua vida de fé, amor e esperança. Desta maneira ele as está preparando para o dia de sua vinda.
E não somente aquelas antigas igrejas. Pois ele deixa claro aqui em Apocalipse que este livro foi escrito para todo o seu povo, e cada uma de todas as suas igrejas.[1]
Este livro foi escrito para nós.
Pois bem; em todas as cartas anteriores, vimos que as igrejas daquela região estavam vivendo dias de intensas batalhas espirituais contra as forças do mal que desejavam destruí-las: havia a perseguição religiosa, tanto da parte dos judeus hostis a Jesus, quanto das autoridades do império romano, com toda a sua idolatria.
E também havia os conflitos internos, os falsos ensinos de mestres que, dizendo-se cristãos, desviavam os crentes da doutrina de Jesus.
Então, a cada uma destas igrejas, o Senhor Jesus dirige sua Palavra, a fim de endireitar o que estava errado, bem como para encorajar a fé.
Agora, os cristãos da cidade de Sardes não estavam passando os mesmos problemas que seus irmãos da região: embora localizada numa cidade idólatra e moralmente devassa, não havia qualquer perseguição contra eles. Também não é mencionada qualquer falsa doutrina.
Além disto, eles tinham a fama de serem uma igreja “viva”.
– “Tens nome de que vives...”, disse o Senhor.
Era uma igreja aparentemente ativa, vibrante, atuante, envolvida nas coisas de Deus. No dia a dia de uma igreja do final do século I, eles praticavam os seus atos de culto com liberdade e tranquilidade: o ensino e pregação, os cânticos e orações, o exercício de seus dons, a ceia do Senhor, os batismos, as obras de caridade (embora a cidade fosse próspera), tudo era feito em paz.
Mas Jesus é aquele que não somente tem as sete estrelas, isto é, as sete igrejas, em sua mão. Ele também tem os sete Espíritos de Deus, quer dizer, é aquele que está espiritualmente presente em cada uma de suas igrejas.
No cap. 5, esta presença também é chamada “sete olhos”, que está não somente na igreja, mas em toda a terra.[2]
E ele, que enxerga não com olhos da carne, mas com os olhos do Espírito, vê que aquela vida da igreja de Sardes era apenas aparente. Não podia ser considerada vida espiritual de verdade.
“Tens nome de que vives, mas estás morto...”
Mas, se de um lado, os cristãos de Sardes aparentemente não tinham batalhas a vencer, por outro lado haviam se tornado espiritualmente frios, relapsos e acomodados.
Pareciam vivos, mas a não ser uns poucos fiéis, a maioria deles estava espiritualmente morta.
Daí a repreensão do Senhor.
Nesta carta à igreja de Sardes, meus irmãos, Jesus está nos ensinando sobre a necessidade de uma vida espiritual real, e não apenas aparente. É sobre isto que vamos falar.

1. Jesus nos ensina que vida espiritual verdadeira não é constituída apenas de sinais exteriores

v.1 – Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.
Em certa ocasião nosso Senhor disse uma frase memorável a respeito de seu propósito em vir ao mundo:
– “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”.[3]
Vida plena, construtiva, feliz, livre. Vida que seja um reflexo, ou antes, uma retomada em direção àquelas incontáveis bênçãos que foram dadas aos nossos primeiros pais na criação do mundo.
Vida que nos foi tirada quando o pecado entrou na história da humanidade.
E assim, quando veio o Senhor, nós, que estávamos espiritualmente mortos em nossos delitos e pecados,[4] por meio da fé em Jesus fomos livres da condenação, e passamos da morte para a vida.
Jo 5:24
Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.
Esta é a promessa e a realidade de todos os crentes em Jesus. Não estão mais sob a condenação da lei divina; não estão mais sob a escravidão de sua própria vontade ao pecado; não estão mais sob o jugo de Satanás; não estão mais condenados à morte.
O crente passou da morte para a vida abundante, livre, abençoada e eterna.
Mas a Palavra de Jesus à igreja de Sardes é severa:
– “Tens nome de que vives, e estás morto”.
– “Você é conhecido como quem está espiritualmente vivo, mas na verdade não está”.
Estou pensando numa coisa que vi muitos anos atrás. Eu era apenas um menino.
Um homem estava me mostrando um lagarto que acabara de matar. O lagarto estava sem a cabeça, mas o corpo todo estava se mexendo. Eu pensei: – “Acho que ele ainda está vivo”. E ainda se passaram alguns minutos até que parasse der se mexer. Mas o fato é que o lagarto já havia morrido quando sua cabeça foi esmagada. Pra mim, o pobre animalzinho ainda parecia vivo, mas estava morto.
Assim também Jesus diz que quando outras pessoas olhavam para aquela igreja, ela parecia estar viva.
– Conheço as tuas obras.
Veja: a fé sem obras é morta.[5] E naquela igreja, obras não faltavam.
Havia várias, e que sabe, muitas atividades.
Havia reuniões, serviços de culto, trabalhos, orações, e tudo o mais que você possa descrever como atividades prescritas na Bíblia, para a igreja. A igreja tinha seus líderes espirituais. Tinha o seu pastor. Certamente tinha os seus diáconos e tudo o mais.
Tinha aparência.
Me faz pensar também naquela figueira que Jesus encontrou na beira da estrada, e desejando comer alguma coisa, foi procurar pra ver se nela havia algum fruto; mas não encontrou nada. A figueira só tinha aparência, mas não tinha figos.[6]
Assim acontecia com a igreja de Sardes.
Amados, a lição é óbvia: forma externa de trabalhos, multiplicidade de afazeres, encontros, relatórios de atividades, número de estudos bíblicos, e muitas coisas semelhantes, tudo isto, por si só, não quer dizer nada.
Pode ser que uma igreja faça todas estas coisas e muito mais, e ainda assim, ser uma igreja espiritualmente morta.
Pode ser que se manifestem dons espirituais dos mais variados, coisas que chamem e prendam a atenção dos de fora. Pode ser uma igreja dinâmica, que se considera avivada, mais ainda assim ser viva só de nome.
Pode ser que uma igreja tenha bons pregadores, música de qualidade, organização, e ainda assim não ter vida.
Pode ser que um crente seja visto como um “bom cristão”, mas que sua “bondade cristã” seja só de aparência.
Este era o caso da igreja de Sardes.
Jesus tem um discernimento melhor do que qualquer ser humano poderia ter. E quando ele olhava para aquela igreja, não via vida espiritual genuína.
Mas vamos ao segundo ponto.

2. Jesus também nos ensina que é vida espiritual verdadeira

E quanto a isto há dois aspectos ensinados pelo Senhor.
Primeiro: vida espiritual verdadeira é constituída de integridade na presença de Deus
No v. 2, Jesus descreve uma das razões pelas quais aquela igreja não tinha vida.
– Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus
A palavra “íntegras”, na maior parte das versões que temos, é “perfeitas”. É a tradução de uma palavra grega que significa “pleno, completo, inteiro”.
A ideia que ela transmite é que estes cristãos eram gente sem inteireza nas coisas que faziam para Deus.
Em outros textos nós vemos exortações no sentido de que devemos ser “inteiros” diante de Deus.
Por exemplo, em Gn 17:1, disse o Senhor a Abraão:
– “Eu sou o Deus Todo-Poderoso. Anda na minha presença e sê perfeito”.
Em Mt 5:8, o Senhor Jesus no exorta:
– “Portanto, sede vós perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celeste”.
Jesus diz isto num contexto em que nos ensina a imitar o amor de Deus. Implica em aprender com o nosso Pai celestial, estar com ele.
Por outro lado, falando de um modo negativo, o profeta Isaías descreve uma adoração que não agradava ao Senhor, dizendo:
– Este povo honra-me com os lábios, mas o coração está longe de mim.[7]
Isto é, com a boca estavam louvando, mas por dentro, não havia verdadeira adoração.
O que é ser inteiro, ou perfeito, diante de Deus? É fazer as obras de Deus como quem anda com ele, como quem olha para ele, como quem percebe e sente a sua presença. É fazer todas as coisas com todo o coração, toda a alma, todo o entendimento, todas as forças.
Como resultado de conhecer, amar e andar com Deus.
Colocando de forma negativa, é viver sem comodismo, sem frieza, sem relaxo, pois como diz o profeta Jeremias,
“...maldito é aquele que fizer a obra do Senhor relaxadamente”.[8]
É fazer a obra do Senhor com temor do Senhor no coração.
Segundo: vida espiritual verdadeira significa andar em dignidade, em santidade diante de Deus.
No v. 4, ele descreve umas poucas pessoas da igreja de Sardes que permaneceram assim.
v. 4 – Tens, contudo, em Sardes, umas poucas pessoas que não contaminaram as suas vestiduras e andarão de branco junto comigo, pois são dignas.
Em outros lugares, e mais especialmente no Apocalipse, a Palavra de Deus se descreve a salvação e a santidade como “vestiduras limpas”.
Por exemplo, em 7:9
Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos.
Aqui “vestiduras brancas” revela a pureza daqueles que estarão diante do trono do Senhor Jesus.
No v. 14 ele explica que são, e como estas pessoas foram purificadas.
Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro.
Quando uma pessoa recebe o Espírito do Senhor Jesus em sua vida, então suas vestes são purificadas pelo precioso sangue de Jesus. E daí por diante ela anda deve andar nesta santidade e pureza.
Mas se menosprezar o sangue de Jesus, e deixar a contaminação do pecado sujar suas vestes, estará contrariando a natureza de sua vida espiritual. Se nisto persistir, como diria Pedro, será como um cão que voltou ao próprio vômito, como um animal imundo que tem prazer na lama e volta para ela.[9]
Assim, poucas pessoas da igreja em Sardes faziam parte desta numerosa multidão, pois estavam vivendo de modo contaminado.
Vamos ao último ponto.

3. Jesus nos ensina como manter vida espiritual verdadeira, ou, se ela estiver perecendo, como reavivá-la

Primeiro, “sê vigilante” (v. 2). Isto é, acorde. Saia deste sono. Desperte.
Tome consciência de sua letargia espiritual. Perceba que isto não é sadio. Perceba que isto não é normal. Perceba sua falta.
Jesus ilustra a necessidade de vigilância com a figura de um homem dormindo. Se um homem estiver acordado, e alguém tentar entrar para roubar sua casa, o homem vigilante, alerta, reagirá. Mas aquele que está dormindo é pego de surpresa.
Para os que não estão espiritualmente vigilantes, diz o Senhor, a sua vinda será como a de um ladrão, isto é, na hora em que o homem não está preparado, e assim será uma vinda de juízo, e não de alegria.
Então, ele diz, sê vigilante. Pastor, sê vigilante, e consolida o resto que estava para morrer. Igreja, sê vigilante.
Segundo: coloque em prática aquilo que você tem ouvido (v. 3).
Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, guarda-o e arrepende-te. Porquanto, se não vigiares, virei como ladrão, e não conhecerás de modo algum em que hora virei contra ti.  
Pois o que é apenas uma pessoa que ouve a Palavra, mas não a pratica, é como um homem tolo que edifica a sua casa sobre a areia, sem alicerces. Quando vem a provação, quando chega a hora do juízo, ou da angustia, quando a sua fé é provada, não permanece na presença de Deus.[10]
Veja a promessa para os que vencem esta terrível frieza da alma:
Ele será vestido de vestiduras brancas. Como uma bonita noiva, adornada para o dia do seu casamento, ele será no dia da vinda do seu Senhor.
O seu nome, de modo nenhum será apagado Livro da Vida.
O próprio Senhor Jesus dará testemunho a seu respeito diante do Pai celeste, e diante dos seus anjos.  

Conclusão e aplicação

O que é vida espiritual genuína?
Não é apenas obras, atividades externas, religiosidade.
É vida interior, íntegra, na presença de Deus.
É vida de santidade. É andar de vestiduras brancas na presença do Senhor. Vestiduras lavadas no sangue precioso do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
É vida segundo a Palavra de Deus.
É praticar aquilo que temos recebido
Amado, que o Senhor Jesus, ao olhar para você, encontre vida.
Mas, e se não for assim? E se suas vestiduras não estiverem limpas?
Você não precisa sair daqui assim, nesta noite.
Pois a Palavra final do Senhor à sua igreja é sempre um convite da graça. Basta que você ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ouça. Guarde, mude, busque ao Senhor.



[1] 1:1-3; 2:7; 22:17-21
[2] 5:6
[3] Jo 10:10
[4] Ef 2:1-3
[5] Tg 2:26
[6] Mc 11:13
[7] Is 29:13
[8] Jr 48:10
[9] 2ª Pe 2:22
[10] Mt 7:26

domingo, 10 de julho de 2016

Como Jesus olha o pecado - Ap 2:18-29

IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 10 de julho de 2016
Pr. Plínio Fernandes
18 Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao bronze polido: 19 Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras.  20 Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos.  21 Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição.  22 Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita.  23 Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras.  24 Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina e que não conheceram, como eles dizem, as coisas profundas de Satanás: Outra carga não jogarei sobre vós; 25 tão-somente conservai o que tendes, até que eu venha.  26 Ao vencedor, que guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre as nações, 27 e com cetro de ferro as regerá e as reduzirá a pedaços como se fossem objetos de barro; 28 assim como também eu recebi de meu Pai, dar-lhe-ei ainda a estrela da manhã.  29 Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.
     Este texto contém a mais longa das cartas dirigidas por Jesus através de João às sete igrejas da Ásia; a carta dirigida à igreja de Tiatira.
     Esta cidade, embora pequena, era um próspero centro comercial da antiguidade, que mercadejava principalmente púrpura, um tecido caríssimo, além de couro e cerâmica.
     Tudo girava em torno do comércio. Os habitantes da cidade se uniam em associações comerciais, e a vida social dependia totalmente disto.
     Acontece que estas associações, como muitas outras coisas naqueles dias, eram marcadas por duas atividades totalmente opostas ao que significa ser cristão: a idolatria e a imoralidade sexual.
     Constantemente eram realizadas reuniões de negócios. Cada associação tinha o seu “deus”, patrono espiritual, ao qual eram feitos sacrifícios. Havia uma refeição comum, uma festividade, e nestes eventos a imoralidade corria solta.
     Bem, acontece que, assim como acontecia em todo o mundo, a Palavra de Deus também estava sendo propagada em Tiatira, a ali surgiu uma igreja cristã.
     Mas logo os crentes daquela cidade começaram a ter seus primeiros conflitos: como fazer parte da vida comercial da cidade sem se misturar com a imoralidade e a idolatria?
     Muitas vezes, ser cristão e manter o padrão de vida cristão significava ficar de fora, e consequentemente, sofrer dificuldades econômicas, até mesmo perder seu comércio, sua posição, seu meio de vida.
     O equivalente, para a maioria de nós, seria perder o emprego.
     Nos dias de hoje, seria mais ou menos assim: – “Como manter meu emprego e não pactuar com o pecado?”
     Dentro deste contexto é que surge essa mulher, Jezabel. Não sabemos se este nome, Jezabel, era o nome real de uma certa mulher na igreja, ou se evocava a lembrança daquela perversa rainha no Antigo Testamento, que da mesma forma seduziu e conduziu Israel à idolatria.[1]
     Esta mulher aqui se diz profetiza, portadora da Palavra de Deus; ela tornou-se conhecida não somente da igreja em Tiatira mas nas outras igrejas da região.
     No v. 24, a doutrina de Jezabel está sendo mencionada, como “coisas profundas de Satanás”.
Paulo, na 1ª carta aos Coríntios, nos ensina que os crentes, por terem o Espírito Santo, são ensinados nas coisas profundas de Deus.[2]
     Mas parece que para Jezabel e seus seguidores, ter um conhecimento das coisas de Satanás era sinal de profundidade.
     Agora, se queremos saber que ensinos eram estes precisamos voltar aos vs. 20, 21.
20 Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos.  21 Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição.  
     Ela não somente ensinava, como também seduzia os servos de Deus a praticarem a prostituição e a idolatria.
     O que Jezabel estava ensinando, provavelmente, é que, dentro daquele contexto social, os crentes não tinham outra coisa a fazer, a não ser o participar da vida social e comercial da cidade, do contrário simplesmente não teriam como viver.
    Uma doutrina infiel, impura, licenciosa, oriunda de uma atitude leviana para com as coisas de Deus. Uma atitude que tristemente tem se repetido ao longo de toda a história da igreja. Vejam nos dias de hoje quantas coisas semelhantes, quantas perversões do evangelho estão diante dos nossos olhos, anunciadas por homens e mulheres que se dizem cheios do Espírito Santo, trazendo revelações de Deus.
     Mas que de modo algum surpreendem a Deus, pois sua Palavra já nos disse de antemão que seria assim.[3]
     Em nossa mensagem anterior[4], falamos sobre o ensino dos nicolaítas, ao qual Jesus odiava. O ensino de Jezabel era o mesmo. Ensino pernicioso que estava se espalhando, e afetando a vida de muita gente.
     Ensino errado, que estava sendo tolerado pelo anjo, isto é, pelo pastor da igreja, e pelos membros da igreja em Tiatira.
     Mas que não estava sendo tolerado por Jesus. Ele havia dado a ela tempo para que se arrependesse dos seus pecados, este tempo estava terminando, e o juízo de Jesus sobre ela e seus seguidores já não tardaria.
     Então Jesus escreve a estes irmãos, e lhes diz que, embora fossem gente de fé, amorosa, trabalhadora, não estavam tendo diante do erro a mesma visão que ele tinha. Visão com relação ao pecado, que eles também precisavam ter.
     Olhos de Jesus, que nós também precisamos ter!
     Na mensagem sobre os nicolaítas, enfatizei o aspecto doutrinário. Por isto, na mensagem de hoje, desejo enfatizar o aspecto decorrente da doutrina errada: o pecado. Como são os olhos de Jesus com relação ao pecado?

     1. São olhos de ira contra o pecado

     vs. 18-20
18 Ao anjo da igreja em Tiatira escreve: Estas coisas diz o Filho de Deus, que tem os olhos como chama de fogo e os pés semelhantes ao bronze polido: 19 Conheço as tuas obras, o teu amor, a tua fé, o teu serviço, a tua perseverança e as tuas últimas obras, mais numerosas do que as primeiras.  20 Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos.  
     Os olhos de Jesus são como chamas de fogo, e seus pés como o metal reluzente.
     São maneiras apocalípticas de se descrever o guerreiro que está para pisar, para reduzir a nada os seus inimigos.
     Ora, de acordo com Tiago capítulo 4, aquele que quiser ser amigo do mundo, naquele contexto, aquele que quiser ser amigo do pecado, constitui-se inimigo de Deus.[5]
     E esse era precisamente o problema de Jezabel: embora se chamasse a si mesma profetiza do Senhor, e era vista por muitos como mensageira de Deus, na realidade não era isto o que Jesus pensava dela, antes, ele a via como sua inimiga.
     Jesus começa dizendo uma palavra contra o pecado, não de Jezabel, e sim do pastor, ou anjo, e da igreja, que toleravam aquela mulher e seus falsos ensinos.
     – “Conheço as tuas obras...”
    – “Sei que vocês são pessoas de fé, gente amorosa, dedicada à minha obra, que têm suportado grandes provações por causa do meu nome, e não têm desanimado...”
     – “Mas tenho uma coisa contra vocês...”
     Isto é, em sua busca de fazer a minha vontade, vocês estão fazendo algo que não me agrada: estão tolerando quem ama o pecado, quem ensina o pecado, quem induza outros ao pecado.
     Há um contraste muito interessante e instrutivo, entre a igreja de Éfeso e a igreja de Tiatira.
     Em Ap 2:2, Jesus elogia a igreja de Éfeso por causa de sua intolerância para com o erro.
     Em 2:4, Jesus corrige aquela igreja por sua falta de amor.
     O problema da igreja de Tiatira era o contrário.
     Em 2:19, está escrito que era uma igreja amorosa.
     Mas era também uma igreja tolerante demais.
     Parece que nossa tendência é para o desequilíbrio.
     Agora, embora Jesus não diga que irá castigar a igreja por causa disto, pois esta própria tolerância já é uma carga, um peso, um castigo para a igreja, Jesus diz que não está satisfeito, e eu não consigo imaginar coisa pior para quem ama o Senhor, do que saber que, com seu comportamento, tem entristecido o Espírito de Cristo.
     Depois Jesus se volta para os pecados de Jezabel.
    Ela ensinava falsas doutrinas. Seduzia os servos de Deus, induzindo-os ao pecado. Seduzir significa atrair, encantar, desencaminhar, enganar, deslumbrar.
     Ela conduzia os servos de Deus à imoralidade sexual e à idolatria. Ela desencaminhava os servos da Palavra de Deus. Ela não somente vivia em pecado, como ensinava outros a fazerem o mesmo.
     Atualmente, de muitas formas, mesmo quando não há a idolatria diante de uma imagem, novos deuses são erigidos, diante dos quais o crente se você tentando a se prostrar. É o “deus da fama”, é o “deus dinheiro”, é o “deus patrão”, é o “deus emprego”, é o “deus amigos e colegas”, é o “deus popularidade”.
    E estes deuses não estão apenas lá, fora do ambiente social religioso cristão. As igrejas contemporâneas estão terrivelmente influenciadas por gente que se diz mensageira de Deus, mas que somente ama o mundo e tudo o que o mundo pode oferecer. Pessoas cujo deus é o ventre; cuja glória está na sua infâmia, visto que só se preocupam com coisas terrenas, e cujo destino é a perdição. [6]
     Gente ama a popularidade, que se utiliza dos meios de comunicação, não para buscar a glória de Jesus, mas a sua própria glória.
     Gente que faz da religião um meio de comércio, de ganhar muito dinheiro.
     Gente que está mais preocupada com a forma física, as roupas bonitas, a boa aparência.
    Gente que por sua aparente devoção a Deus e felicidade, simplesmente encanta muitas pessoas, torna-se ídolo espiritual para muitas pessoas, gente adorada por muitas pessoas.
   Que, tendo a forma de piedade, apresentam doutrinas falsas, mas terrivelmente sedutoras, destrutivas da fé em Jesus.
     Doutrinas que levam à licenciosidade, à vaidade, ao estrelismo, ao amor ao dinheiro e às coisas do mundo.
     Meu irmão, não se deixe seduzir pelos encantamentos do falso evangelho.
     De que vale você ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?
     Mas isto nos leva ao segundo ponto...
     2. Os olhos de Jesus são olhos de amor para com o pecador
v. 21a – Dei-lhe tempo para que se arrependesse
     – Dei-lhe tempo...
     Isto significa que de alguma forma o Senhor Jesus deixou claro para Jezabel que ela estava errada.
     Talvez tenha sido dirigida uma palavra, ou muitas palavras a ela.
   Talvez ela tenha passado por alguma circunstância de aflição, através da qual Jesus tenha lhe mostrado que ela precisava emendar seus caminhos, endireitar sua vida.
    E significa também que Jesus não estava irado de repente, mas que Jezabel já tinha tido todo o tempo necessário, o tempo suficiente para se arrepender, para mudar de conduta.
    Porque Jesus, o Filho de Deus, aquele que tem olhos como chamas ardentes, e pés como metal polido, não espezinhou logo Jezabel? Porque não a destruiu?
    Porque Jesus, o Filho do Deus vivo que não tolera o pecado, é também Jesus, o Filho de Deus, Deus que é amor.
     Jesus ama o pecador, e tem prazer, não em destruir o pecador, mas em que o pecador se converta de seus maus caminhos. Que se deleita em perdoar, em curar, em dar salvação.
      O profeta Ezequiel, mais de uma ocasião, descreve o desejo de Deus para com os pecadores.
       Ez 33:11
Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?
    Vejam, amados. Embora a Bíblia seja Palavra de Deus a todos os povos, a quem ele está primeiramente se dirigindo, no seu contexto histórico: ao povo de Israel, o povo de Deus na antiga aliança. A igreja do Antigo Testamento. E chama este povo ao arrependimento.
       Com isto eu estou me referindo ao fato de que o chamado ao arrependimento tem que começar na igreja de Jesus, que tem negligenciado os ensinamentos de nosso Deus e Salvador.
       O apóstolo Pedro repete este ensino, explicando porque a volta de Cristo para o juízo final parece tão demorada aos nossos olhos.
      Veja 2ª Pe 3:9
Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.
     Quando eu era menino, ouvia certas repreensões que muitas vezes eram dadas aos cristãos, no sentido de que deveriam ser crentes não somente aos domingos. Pois havia uma discrepância na vida dos crentes. Eram crentes aos domingos, na igreja. Então no domingo viviam como cristãos, e nos outros dias da semana viviam como se fossem do mundo.
     Mas amados, um grande problema de hoje é que, mesmo aos domingos, muitos que se dizem crentes vivem como se fossem do mundo.
      Muitas pessoas confundem “graça de Deus” com licença para viver em pecado.
     Confundem paciência, longanimidade, amor, com fraqueza – foi assim que trataram o apóstolo Paulo em Corinto, quando ele chorou por causa dos pecados daquela igreja. Trataram-no como se ele fosse fraco, sem personalidade, e assim continuaram na dureza do seu coração.
     E era assim que Jezabel estava se portando: como se o juízo de Deus não fosse real. Talvez ela dissesse: – “Sou salva pela graça, mediante a fé; Deus não irá me punir...”
      Mas veja Ap 3:19
Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.
     E isto nos conduz ao terceiro ponto...
    3. Os olhos de Jesus são olhos de disciplina e castigo para com o pecador que não se arrepende
     vs. 21-23
21 Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição.  22 Eis que a prostro de cama, bem como em grande tribulação os que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita.  23 Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras.  
     O Senhor Jesus havia dado a esta mulher tempo para que ela se arrependesse, mas ela não quis arrepender-se da sua prostituição.
     Enfermidades
    Primeiro, ele diz que, por causa disto, a prostraria numa cama, isto é, que lhe enviaria enfermidade.
    Os irmãos sabem que nem sempre quando uma pessoa está enferma é por causa de pecado,[7] mas, quando Deus fala com alguém para que se arrependa, e este alguém continua com o coração obstinado, então é possível que o Senhor envie enfermidade.
    Enfermidade que pode permanecer muito tempo; enfermidades terríveis, até mesmo degenerativas. E também nisto a misericórdia de Deus tem como propósito levar o pecador ao arrependimento.
    Vocês devem lembrar-se do paralítico que Jesus curou junto ao tanque de Siló, em Jerusalém. Ele havia ficado paralítico 38 anos, por causa de seu pecado.
     E quando Jesus veio e curou aquele homem, advertiu solenemente:
     – “Não peques mais, para que não te suceda coisa pior”. [8]
     Tribulações
    Segundo, ele diz que, aqueles que pecavam com ela cairiam em grande tribulação – da mesma forma que ela pecava, não pecava sozinha.
     Havia servos de Cristo, mas que estavam sendo seduzidos por seu encanto – ele diz; eles sofrerão tormentos.
     Não teriam paz, teriam dificuldades para enfrentar a vida.
    Uma tribulação, irmãos, não da parte do mundo, mas da parte de Cristo. Pois como diz o profeta Isaías, os que choram por seus pecados são perdoados pelo Senhor, são curados por seu Espírito. Mas os perversos, diz o Senhor, o coração deles é como um mar agitado, cheio de lama; para os perversos não há paz. Somente conflitos e angústias.[9]
     Morte
     Terceiro, ele diz que mataria os filhos dela.
    Esses “filhos” podem ser, como entendem alguns, filhos naturais, ou podem ser filhos afetivos, seguidores, como Paulo por exemplo, ao referir-se a Timóteo, chama-o “filho na fé”.[10]
     De qualquer forma, quer sejam naturais, quer sejam afetivos, os filhos são os entes mais queridos que um ser humano pode ter.
     Jesus diz que seu juízo seria implacável, não pouparia nem seus entes mais queridos.
     E tudo isto seria testemunho, não somente para aquela igreja, mas para todas as igrejas, para que todos soubessem que Jesus é aquele que sonda as mentes e os corações, isto é, que ele sabe não apenas aquilo que as pessoas fazem exteriormente, mas os propósitos de cada um, as motivações, e que recompensa a cada um segundo as suas obras.
      Conclusão
      Como Jesus olha o pecado? O que podemos concluir destas palavras de Jesus?
      Que os olhos de Jesus odeiam ver o pecado.[11] Jesus odeia o pecado.
      Que os olhos de Jesus são olhos que amam o pecador.
      Jezabel, por pior que fosse, ainda assim era alvo da misericórdia e da paciência de Deus.
     Os olhos de Jesus são olhos de disciplina e castigo para com o pecador que não se arrepende.
      Aplicação
      Como podemos então trazer estes ensinamentos para nossa vida?
      Devemos nos examinar:
      1 – Está você se deixando seduzir por alguma Jezabel contemporânea?
     Está se deixando induzir pelos encantos de falsos ensinos, ou pelos encantos sedutores do sexo oposto, que se apresenta disfarçado de modo que te leva a pecar, até mesmo em pensamento?
     Ou ainda, será que você não está se deixando induzir pelas pressões sociais, de modo que em seu emprego, ou na escola, ou nalguma outra esfera de atividade social, até mesmo na igreja, não esteja sucumbindo diante dos ídolos do coração?
      2 – Será que você não estaria sendo uma Jezabel (numa versão feminina ou masculina), na vida de outras pessoas, de modo que com ensinos falsos, uma vida mentirosa, um comportamento sedutor, não estaria levando outros a tropeçarem?
     3 – Será que você não está sendo tolerante demais com os seus pecados? Entristecendo o Espírito de Cristo, ou pior, provocando a sua ira pela sua falta de arrependimento?
   4 – Será que o Senhor Jesus já não tem, há muito, falado com você, dando tempo para arrependimento, esperando que você mude, mas você está endurecido, empedernido, achando que não é com você?
      Será que Jesus não está te dando um ultimato nesta noite?
      5 – Devemos temer a ira de Deus
     Se Jesus, de alguma forma, falou a você hoje, no sentido de que você deve mudar, e você está endurecido, tema.
      Deus pode prostrar você numa cama.
      Se você se tem deixado seduzir pelo pecado, tema.
      Você não deseja perder seus entes queridos.
     Mas devemos ver nisto também uma palavra da graça de Jesus: se o Senhor mostrou seus pecados, humilhe-se na presença do Senhor, confesse a Deus e abandone qualquer pecado que Deus tiver revelado.
      Pv 28:13
O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.


[1] 2º Rs 19:22
[2] 1ª Co 2:9, 10
[3] Por exemplo, veja atentamente 2ª Pe 2:1-3
[4] Ap 2:12-17 – Para Jesus, qual a importância da doutrina?. Pode ser acessado aqui
[5] Tg 4:4
[6] Fp 3:19
[7] Por exemplo, Jó ficou gravemente enfermo (Jó 2:7); o profeta Eliseu morreu de uma enfermidade (2º Rs 13:14); Timóteo sofria de frequentes males no estômago (1ª Tm 5:23). Nenhuma destas enfermidades foi consequência de algum pecado direto destas pessoas
[8] Jo 5:1-14
[9] Is 57:18-21
[10] 1ª Tm 1:2
[11] Veja Hc 1:13
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