Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos. Jeremias 15:16

domingo, 21 de agosto de 2016

Amar a vinda do Senhor - 2ª Tm 4;8

1ª IPC de São Paulo
Domingo, 21 de agosto de 2016
Pr. Plínio Fernandes
Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: 2 prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.  3 Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; 4 e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.  5 Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.  6 Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado.  7 Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.  8 Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.  9 Procura vir ter comigo depressa.  10 Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia.  11 Somente Lucas está comigo. Toma contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério.  12 Quanto a Tíquico, mandei-o até Éfeso.  13 Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, bem como os livros, especialmente os pergaminhos.  14 Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras.  15 Tu, guarda-te também dele, porque resistiu fortemente às nossas palavras.  16 Na minha primeira defesa, ninguém foi a meu favor; antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta!  17 Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão.  18 O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!
Esta é a última carta do Apóstolo Paulo. Ele estava numa prisão romana, de onde em breve sairia para ser cruelmente executado. Estava se sentindo sozinho, abandonado. Três vezes ele pede a Timóteo, seu filhinho na fé, que vá ao seu encontro.
Aqui, no v. 9 ele pede: - “Procura vir ter comigo depressa”.
Note v. 13: - “Quando vieres traze a capa que deixei em Trôade”.
E o v. 21: - “Apressa-te em vir antes do inverno”.
Paulo estava se sentindo só, e também a falta de, ao que parece, sua única capa, que o aqueceria durante o inverno. Sentindo falta de seus livros.
Um final um tanto melancólico para a vida de um dos maiores pregadores o Evangelho de todos os tempos.
Mas pense no grande profeta Isaías, que, segundo a tradição, foi serrado ao meio nos dias de Manassés.
Pense no profeta Jeremias, já idoso, sendo levado para o Egito contra sua própria vontade, pelos seus compatriotas a quem pregara a Palavra com tanto amor, mas sem nunca ter sido ouvido.·.
Pense nos apóstolos todos, com exceção de João (que passou anos preso por causa do Evangelho), que foram martirizados.
Muitas vezes, o dedicar a vida ao Evangelho, não é neste mundo uma carreira recompensada.
E por que mesmo assim estes homens perseveraram até o fim? Por que prosseguiram bravamente, mesmo sendo homens dos quais o mundo não era digno, sem nunca abandonar o sentimento de que mesmo em meio às adversidades eles eram gente vencedora? Ou no dizer de Paulo, “mais que vencedores”?
Note o tom de satisfação do apóstolo Paulo aqui:
- Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.
O que é que faz com que os servos de Deus não desistam, apesar de todo o desânimo que muitas vezes os assedia?
Veja o v. 8
- Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.
Estes homens não têm os olhos fixados no presente mundo.
Os olhos da alma estão no futuro, na eternidade.
Naquele dia prometido por Jesus, em que ele voltará para a sua igreja.
É o dia do juízo. O dia do juízo do Senhor. E é o dia em que os servos do Senhor receberão a coroa da justiça, a coroa da vida.
E este prêmio, ele diz, “não é só para mim, mas para todos quantos amam a sua vinda”; o dia em que Jesus voltará.
Colocando de outro modo: os que herdarão a coroa da justiça, os que irão receber a eterna salvação, são pessoas que amam a vinda de Jesus.
Amam o dia em que verão Jesus face a face, olhos nos olhos.
Amam o dia em que Jesus irá separar os homens uns dos outros, como um pastor que separa os bodes das ovelhas, e então será feita a diferença entre o que serve a Deus e o que não serve, a separação entre o joio e o trigo.
Amam o dia em que Jesus destruirá o inimigo com o sopro de sua boca, e Satanás e seus anjos serão lançados no inferno de modo que não poderão mais fazer dano algum.
O dia em que os céus e a terra, da forma como agora existem arderão em fogo, para dar lugar a um universo completamente renovado.
Nós, os salvos, amamos a vinda de Deus. É sobre este assunto, que fala tão ternamente ao nosso coração, que vamos meditar nesta noite: o que significa amar a vinda de Jesus?
1. Amar a vinda de Jesus significa desejá-la
Pois amar a vinda de Jesus é amar a presença de Jesus.
Eu não preciso elaborar muito este ponto.
Suponhamos que certa pessoa, a quem você ama, esteja viajando.
Então você recebe uma carta dizendo que em breve ela estará de volta.
Ela diz que não sabe o dia em chegará, nem a hora, mas que será logo, mas que você pode ter certeza de que me breve ela estará com você.
O seu coração, naturalmente passa a desejar que isto aconteça logo.
E se você realmente amar esta pessoa, então a sua vida em grande parte será determinada pelo pensamento de que esta pessoa está para chegar. O tempo todo você estará fazendo preparativos. Como os casais que se preparam para a chegada do filhinho desejado, quando a mulher está gestante.
Mas suponhamos que esta pessoa seja o seu noivo, ou a sua noiva.
Algum tempo atrás eu assisti a notícia sobre uma jovem noiva que estava aqui em São Paulo e precisava viajar para o Nordeste, onde deveria se casar, mas parte dos trabalhadores nos aeroportos estava em greve; e por conta dos atrasos nos voos aéreos ela estava muito aflita.
Por outro lado, seu noivo estava em Brasília, e também estava com dificuldades para viajar, por causa do mesmo problema.
Os dois estavam aflitos porque, amando um ao outro, e desejando se casar; corriam o risco de ter seu casamento adiado.
A igreja ama a vinda do Senhor porque é a noiva dele.
Veja o amor que existe entre Cristo e os seus amados:
Ef 5:25-32
Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, 26 para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, 27 para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. 8 Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. 29 Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; 30 porque somos membros do seu corpo. 31 Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. 32 Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja.
A igreja do Senhor Jesus se sente muito amada por ele. E por isto também o ama.
Podemos ilustrar o amor que a igreja tem para com Jesus com o amor da esposa para com o esposo no livro dos cânticos de Salomão.
A noiva que diz:
Eu sou do meu amado e ele é meu; o meu amado tem saudades de mim; vem, ó meu amado, pois desfaleço de amor.[1]
Assim é a igreja. Assim são os eleitos de Deus. Eles querem a vinda de Jesus.
2. Amar a vinda de Jesus significa buscar que ele venha
Com isto quero dizer que, ainda que ele venha pelos próprios planos de Deus, nossa espera não deve ser passiva, mas há um sentido muito real em que devemos “trabalhar” para que ele venha, cooperar com Deus para o dia da vinda de Jesus.
Neste sentido, há duas coisas que podemos fazer.
2.1. Orar para que ele venha.
Existem duas passagens específicas que eu gostaria de citar
1a Co 16:22
Se alguém não ama o Senhor, seja anátema. Maranata!
A palavra “maranata” é a transliteração de três pequeninas palavras aramaicas. “Mar”, "Senhor”; “ana”, “meu”; e “ta”, “vem”. O fato de Paulo, numa carta em grego para uma igreja de fala grega usar uma palavra aramaica sem traduzir indica que era uma expressão muito conhecida de seus ouvintes.
Maranata está no imperativo. É uma oração que diz: - “Meu Senhor, vêm!”
Uma oração conhecida de Paulo e dos primeiros cristãos.
Ap 22:12-17
E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras. 13 Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim. 14 Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas. 15 Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras e todo aquele que ama e pratica a mentira. 16 Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar. 17 estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã. O Espírito e a noiva dizem: Vem! Aquele que ouve, diga: Vem! Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.
O Espírito e a noiva dizem: “Vem”.
Sim porque a noiva, isto é, a igreja, e o Espírito de Deus tem uma só esperança, um só desejo. O desejo da volta do noivo.
A noiva pede com ansiedade, ela não vê a hora da chegada do noivo
E o Espírito, que intercede pela igreja com gemidos inexprimíveis também roga: “Vem”.
2.2. Anunciar a sua vida
2a Pe 3:9-13
Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento. 10 Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão atingidas. 11 Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, 12 esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. 13 Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça.
Note a instrução do v 12 – “esperando e apressando a vinda do dia de Deus”.
Não somente aguardar a vinda de Jesus, mas também de alguma forma cooperar para que este dia chegue em breve.
Como podemos apressar? Entendendo que Deus quer que todos tenham a oportunidade de se arrepender e crer em seu Evangelho.
Você certamente se lembra das palavras de Jesus em Mt 24:14, onde ele diz:
E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim.
O melhor modo de cooperarmos, apressando o dia de Jesus é pregando o seu Evangelho.
É orando para se complete o número dos eleitos de Deus.
Neste sentido, estas palavras são dirigidas a cada geração de crentes. Desde o início da igreja, cada geração de crentes tem trabalhado para pregar o Evangelho diante de todo o mundo até então conhecido, e tem vivido na ardente expectativa da vinda do Senhor.
Neste sentido, devemos agir também em nossa geração.
3. Amar a vinda de Jesus significa santificar-se para ela
1a Ts 4:15-5:8
Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. 16 Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; 17 depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. 18 Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras. Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; 2 pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite. 3 Quando andarem dizendo: Paz e segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição, como vêm as dores de parto à que está para dar à luz; e de nenhum modo escaparão. 4 Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que esse Dia como ladrão vos apanhe de surpresa; 5 porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas. 6 Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios. 7 Ora, os que dormem dormem de noite, e os que se embriagam é de noite que se embriagam. 8 Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação.
O Senhor não voltará sem que seu amados estejam preparados. Ele não quer nos encontrar vivendo como aqueles que não o conhecem, e andam nas trevas.
Ao contrário, quando ele vier, deverá encontrar sua igreja bonita, adornada de vestes de santidade.
Você se lembra da parábola das dez damas de honra? [2]
Jesus nos conta que na noite da festa de casamento, cinco delas foram ao encontro do noivo quando ele chegou, mas as outras cinco não estavam preparadas, e por isto, quando o noivo chegou não puderam participar da alegria do casamento.
Da mesma forma, ele diz que para o dia da sua vinda, devemos estar preparados, vestidos da justiça que nele há, vestidos com santidade.
Conclusão e aplicação
Amados, diante da volta de Jesus, existem dois tipos de pessoas neste mundo: as que estão, e as que não estão preparados.
Existem daqueles que, diante desta notícia, sentem-se desconfortáveis, pesarosos, e até alarmados.
Pois são pessoas que não amam a vinda de Jesus. Há daqueles que não amam o reino de Deus, que querem mais é “curtir a vida”.
Cujos corações estão voltados para si mesmos e para as coisas deste mundo.
Se Jesus voltasse hoje, você estaria pronto para encontrar-se com ele?
Não seja como as “virgens loucas” da parábola. Cuidem de suas almas, para que aquele dia nao lhes sobrevenha como um ladrão.
E existem aqueles que estão preparados.
Aqueles que estão preparados amam este dia.
Se você ama a vinda do Senhor, ore por ela. Pregue o evangelho. Busque preparar outros para este dia também. Cresça em santificação. Mantenha a chama do óleo do Espírito acesa.
Erga sua cabeça, olhe para os céus, alegre-se, pois mais um pouquinho de tempo, e o nosso Senhor voltará.





[1] Ct 2:16
[2] Mt 25:1-13

domingo, 14 de agosto de 2016

Os olhos do Pai

IPC de Pda. de Taipas
Domingo, 14 de agosto de 2016
Pr. Plínio Fernandes
Lc 15:1-3
Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir.  2 E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe pecadores e come com eles.  3 Então, lhes propôs Jesus esta parábola:
Lc 15:11-32
Continuou: Certo homem tinha dois filhos; 12 o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres.  13 Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente.  14 Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade.  15 Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos.  16 Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada.  17 Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!  18 Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; 19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.  20 E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.  21 E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.  22 O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; 23 trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, 24 porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.  25 Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças.  26 Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo.  27 E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde.  28 Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo.  29 Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; 30 vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado.  31 Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu.  32 Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.
Conforme lemos nos vs. 1 e 2, esta foi mais uma daquelas ocasiões em que os escribas e os fariseus, que eram os mestres da religião, estavam observando e fazendo críticas ao Senhor Jesus, pela maneira como ele se relacionava com as pessoas notoriamente pecadoras.
Eles não entendiam as motivações de Jesus.
Então, na busca de corrigir a visão distorcida daqueles homens, e ajudá-los a abandonar sua atitude pecaminosa, Jesus criou estas três parábolas aqui deste capítulo: da moeda perdida, da ovelha perdida, e do filho perdido.
Na verdade, estas três estórias, conforme nos diz o v. 3, são uma parábola só, pois todas têm o mesmo objetivo: declarar quão grande é o amor de Deus para com os pecadores, e como Deus se alegra quando os pecadores se convertem a ele.
Hoje nós vamos meditar nesta terceira estória, que tornou-se uma das mais conhecidas e amadas do universo cristão.
Nesta estória, que tradicionalmente chamamos a “Parábola do Filho Pródigo”, Jesus afirma que as coisas deveriam ser assim mesmo como ele estava fazendo, pois Deus ama os pecadores e se alegra quando eles, arrependidos, vêm de volta para ele.
Nesta estória, o filho pródigo, o que sai de casa, que gasta tudo até não ter mais nada e fica na pobreza, representa aqueles homens que, tendo se afastado de Deus, acabam caindo em si, e humildemente voltam-se para ele através de Jesus Cristo.
A figura do filho mais velho, que não saiu de casa, mas que depois não queria entrar, era, num primeiro momento, para usar uma expressão que nos é bem clara, uma “carapuça” para os fariseus; e representa todos aqueles que, mesmo sendo pessoas religiosas, são também pecadores, que constantemente precisam reconhecer seus pecados e voltar-se à vontade de Deus.
E a figura do Pai, naturalmente, representa Deus.
Deus que se revelou em Cristo.[1]
Deus que nos amou tanto, que nos desejou tanto, que por nós deixou as glórias dos mais altos céus e “veio à terra para nos encontrar”.[2]
Deus que se fez homem e habitou entre nós, que deu sua vida na cruz, sofrendo o castigo que nós merecíamos, para que através de sua morte nós pudéssemos ter vida. [3]
Deus que agora continua de braços abertos, alegre em receber os pecadores que se arrependem.[4]
A parábola do filho pródigo, portanto, meus irmãos, é a “história” de todos nós. É a “história” de cada um de nós, homens pecadores, aos quais Deus ama.[5]
Pois cada um de nós, em qualquer momento de nossa vida, nos encontramos, em relação a Deus, num destes lugares, numa destas situações em que o filho pródigo se encontrou.
Esta estória nos lembra de que existem homens longe de Deus – que querem ser livres, e em sua liberdade estão gastando suas vidas, seu dinheiro, seus bens, sua saúde, seu tempo, com coisas que não valem a pena; destruindo relacionamentos, destruindo sua alma, acumulando pobreza e destruição, sem que percebam isto.
Esta estória também nos lembra que existem homens caindo em si – num dado momento de sua miséria, um raio de luz penetra em suas mentes, e eles começam a perceber o seu estado de pobreza espiritual, e entendem que estão longe do Pai celestial; entendem que são indignos de ser tratados como filhos de Deus, e dizem consigo mesmo:
– Eu preciso de Deus, e vou buscar a Deus, mesmo que ele me trate apenas como um servo. Ser um servo e estar sob os cuidados de Deus é muito melhor do que ser livre mas estar longe.
E transformam este pensamento em atitude, em ação, e em seus corações se movem em direção a Deus.
E também existem aqueles que já estão em casa, em companhia do Pai, e é festa.
Agora, gostaria de me deter e meditar com vocês, sobre a atitude do Pai, o comportamento de Deus em relação aos seus filhos, em cada um destes lugares, ou situações de vida em que os seus filhos se encontram.
Para isto eu quero destacar os vs. 20-24
Comecemos com o v. 20: nele podemos perceber o comportamento do Pai em dois momentos na vida deste filho.
Vinha ele ainda longe, quando seu Pai o avistou...
1. Isto quer dizer que o Pai está com os olhos fitos no horizonte, colocados na estrada pela qual, ele tem certeza, o filho há de voltar para casa.
Fico imaginando o passar dos dias dentro desta história.
Este filho mais jovem, que queria ser dono de sua própria vida, tomar suas próprias decisões, está longe de casa.
Ele sente que tem muita vida pela frente e quer “aproveitar”; ele tem dinheiro, e se sente o dono do mundo.
Ele gasta prodigamente, esbanja dinheiro, e isto o torna popular.
Ele está sempre cercado de mulheres, é bem visto pelos homens.
Se fosse um homem do século XXI, certamente estaria num carro muito bonito, fumando, bebendo, frequentando clubes e bares caríssimos, cercado de pessoas que admiram seu estilo de vida. Alguns diriam a respeito dele, e para ele: – “Esse é o cara!”
Nesta hora, ele “não tem cabeça para se lembrar” do Pai; aliás, seu coração é inimigo do Pai. Sua consciência está cauterizada, e em relação ao Pai ele quer estar longe.
Eu fico me perguntando por que o Pai não vai logo atrás, e o chama de volta para casa, e me parece que a resposta é esta: porque, se nesta hora ele fizesse isto, o filho olharia com desdém e diria:
– “Me deixa em paz; quero curtir minha vida!”
E o Pai é sábio, entende que um coração rebelde não quer ouvir, e também sabe o que vai acontecer com o tempo.
Só é uma pena que este filho tolo não saiba.
Ele não sabe que o amor demonstrado pelas pessoas é interesseiro.
Ele não sabe, ou não quer pensar que as riquezas não duram para sempre.
Ele não sabe que a saúde acaba, os prazeres da vida se tornam desilusão.
Ele não sabe, ou não quer pensar, que está a caminho da miséria.
Ele não sabe que pode morrer, e morrendo, perder tudo de vez.
Enquanto isto. O Pai, que é fazendeiro, está tocando a vida; ele dá ordens aos empregados, conta com a ajuda do filho mais velho, administrando a casa.
Mas seus olhos estão fitos na estrada; o tempo todo ele está “com um olho na fazenda e o outro na estrada”. Se você estiver ali você pode ver que em meio a tudo o que ele está fazendo, o tempo todo ele está se voltando para o caminho de entrada da fazenda.
Ele tem o desejo e a esperança de que, num momento qualquer, irá ver a imagem, nem que for a silhueta, do filho voltando para casa.
O tempo passa. O filho que se foi continua perdido.
Mas o dinheiro vai se acabando. Os admiradores vão desaparecendo, os bens, os prazeres.
Chega a pobreza, a derrota e a miséria.
Ele não consegue outro emprego, a não ser o de guardar porcos, animal especialmente imundo para os judeus.
E cuidando dos porcos, ele passa fome, a ponto de desejar as mesmas vagens que os porcos comem: humilhação, fome, imundície. E ninguém lhe dava nada.
E em casa, o Pai: olhos no caminho. Coração cheio de saudade. Pensamentos de esperança:
–“Meu filho há de voltar. Ele é meu filho, aqui é a casa dele. Quem dera fosse hoje. Tomara que seja hoje.”
Queridos, esta é situação espiritual de muitos homens: longe de Deus.
Coração vazio de Deus, cabeça vazia de Deus.
Desejos e prazeres colocados nas coisas deste mundo.
Homens e mulheres gastando suas vidas, seus bens, seu tempo, seu dinheiro, seus esforços, com coisas que não valem a pena.
Prazeres transitórios, que se acabam logo, que não trazem alegria e paz duradouros, que com o tempo só trazem miséria e destruição.
Prazeres que empobrecem a alma, que transformam os homens em pessoas egoístas, infiéis, vazias, insensatas, amantes de si mesmas.
O homem sem Deus vive em pecado, em um verdadeiro chiqueiro moral e espiritual, numa imundície.
E tem fome e sede, mas não pensa em Deus. Ele não tem noção, e deseja satisfazer sua fome com a comida dos porcos, e se afunda ainda mais no pecado: drogas, prostituição, bebidas, adultérios, homossexualismo, jogos, músicas destruidoras da alma, e outros “prazeres” pervertidos.
E Deus, em tudo isto?
Ez 33:11
Dize-lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de Israel?
Ele não tem prazer na morte do pecador, antes, o seu prazer é que o pecador se arrependa, e viva.
Então ordena ao profeta que pregue, que anuncie a salvação, o perdão que o Senhor está disposto a dar para todos os que se convertem a ele.
O profeta Isaías também ensina a mesma verdade.
Is 55:1-3
Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.  2 Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares.  3 Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi.
Veja, você, que está afastado de Deus: você está gastando sua vida com coisas que não podem trazer satisfação permanente. Você está vivendo em pecado, e o salário do pecado é a morte.
Veja o convite de Deus: – “incline seus ouvidos, e me ouça; arrependa-se, volte-se para mim, e você terá vida de verdade”.
Como disse Jesus: – “De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?”
Noutra ocasião, referindo-se aos que vivem deste modo, Jesus os chama loucos. – “Louco,” diz a parábola do Senhor, “esta noite pedirão a tua alma, e tudo o que você tem neste mundo você perderá.”
Então caia em si, abra os olhos, veja a miséria na qual você se encontra, arrependa-se.
2. Mas agora, quero considerar o homem num segundo momento, numa segunda situação.
Pois no v. 17, nosso Senhor no diz que um dia, estando ali, no meio dos porcos, no meio da imundície, este homem cai em si, e diz para si mesmo:
– “Quantos trabalhadores de meu Pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu Pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores.”
E levantando-se, foi para o seu Pai.
À luz do que temos dito até agora, não é preciso muito para descrever o que se passa então com este filho.
Ele percebe o resultado, o fruto que colheu com sua independência.
Percebe o poço de infelicidade, ruína e miséria que os prazeres lhe trouxeram.
Percebe que nada lhe trouxe satisfação.
Penso em certo artista de quem eu gostava muito, mas que morreu em consequência das enfermidades sexualmente transmissíveis.
Ele disse pouco tempo antes de morrer:
“Eu queria ser feliz, e na busca pela felicidade experimentei de tudo: sexo, drogas, dinheiro... mas não a consegui em nada disso.”
Mas diferente do que fez este artista, o rapaz da história de Jesus não ficou apenas se lamentando.
Ele pensa no que vai fazer:
– Levantar-me-ei, irei ter com o meu Pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti, eu me tornei indigno de ser reconhecido como teu filho. Trata-me como um dos teus empregados
Ele se levanta e vai
Veja como ele se torna humilde.
Veja como ele se torna manso de coração.
Veja como ele reconhece sua indignidade, como ele não exige nada.
Veja como ele precisa e busca misericórdia.
E veja como ele sabiamente se levanta e volta para casa, deixando para trás os porcos e suas comidas, deixando o chiqueiro.
Ele está recomeçando a vida.
Põe o pé na estrada e volta, passo a passo, quebrantado, humilde e determinado.
E o Pai? O Pai está o tempo todo de olho na estrada. Os outros estão distraídos, cuidando de seus deveres, mas o Pai, sem deixar de cuidar da casa toda, está vigiando, esperando de volta o filho cansado, sujo e faminto.
Esperando o filho arrependido, humilde e quebrantado.
Então chega o grande dia.
v. 20 – “Vinha ele ainda longe, quando seu Pai o avistou, e compadecido dele, correndo ao seu encontro, o abraçou e o beijou...”
Há uma coisa muito bonita aqui, na atitude do Pai: ele não esperou o filho chegar. Ele não esperou o discurso do filho. Ele apenas percebeu que o filho estava arrependido, e correu para ele.
O filho ainda estava longe.
Ainda não dissera suas palavras de arrependimento.
Ainda não tomara um banho para ficar limpo.
Ainda não colocara uma roupa nova.
Aliás, quando foi embora ele renunciou, rejeitou, abriu mão de todos os seus direitos em sua casa, e se agora o Pai não lhe desse nada seria perfeitamente justo.
Mas não é isto o que faz o Pai; o rapaz mal começa a falar e ele está sendo abraçado, beijado, acariciado, e o Pai está dando ordens:
– “Tragam a melhor roupa, coloquem um anel no dedo, para que saibam que ele é meu filho, sandálias em seus pés, tragam e matem o melhor novilho. Vamos comer, vamos nos alegrar, porque este meu filho que estava morto reviveu, estava perdido e foi achado”.
E a alegria começou. Ali mesmo, no caminho.
Ah, meu querido, você que está com a alma assim, cansado, aflito, angustiado com sua vida, angustiado com seus pecados, Infeliz com seus caminhos, sentindo-se indigno de Deus.
Você crê que não pode ser chamado filho de Deus, sabe que não tem este direito.
Você percebe a Palavra de Deus para você?
Ele está olhando, esperando pacientemente.
Se você vier a ele, ele está de braços abertos.
O Evangelho convida:
– “Vinde a mim, todos vós que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei... Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas.”
Venha sujo, maltrapilho, e o Pai vai limpar você.
Sabe por que Jesus Cristo morreu na cruz? A Palavra de Deus ensina que foi para que com o sangue de Jesus derramado na cruz a sua alma fosse lavada, purificada, e você entre no reino dos céus com vestes brancas, alvas como a neve.
Sabe por que Jesus subiu ao céu?  A Palavra de Deus ensina que foi para dar a você, que crer em Jesus, o Espírito Santo, para que você seja selado como filho de Deus.
Sabe o que é o Evangelho? A Bíblia ensina que é o calçado para os seus pés, o qual, você calçando está firmado na paz de Deus.
Sabe por que Jesus veio ao mundo? A Bíblia ensina que ele é o cordeiro de Deus, o Pai, que em amor se entregou e foi morto em nosso lugar, para que possa haver festa na casa de Deus.
Venha: tudo já está preparado. Deus vem ao seu encontro.
3. Mas agora eu quero também considerar o terceiro momento
O filho que estava morto reviveu, o filho que estava perdido foi achado.
Então o Pai manda fazer uma festa:
Tem um “senhor churrasco”.
Tem muita música.
Tem muita dança.
Me faz lembrar um texto muito bonito do profeta Jeremias.
Jr 31:11-14, que conta da alegria no meio do povo de Deus quando sua salvação se manifesta:
Porque o Senhor redimiu a Jacó e o livrou da mão do que era mais forte do que ele. 12 Hão de vir e exultar na altura de Sião, radiantes de alegria por causa dos bens do Senhor, do cereal, do vinho, do azeite, dos cordeiros e dos bezerros; a sua alma será como um jardim regado, e nunca mais desfalecerão. 13 Então, a virgem se alegrará na dança, e também os jovens e os velhos; tornarei o seu pranto em júbilo e os consolarei; transformarei em regozijo a sua tristeza. 14 Saciarei de gordura a alma dos sacerdotes, e o meu povo se fartará com a minha bondade, diz o Senhor.
Eu imagino aquela festa deste jeito: os músicos estão tocando suas flautas, seus tambores, suas liras, e tem uma ou mais jovens dançando, as pessoas cantam e batem palmas, e estão todos alegres.
Eu imagino esta festa deste jeito porque assim é que são as festas solenes dos israelitas.
Sabe o que o filho está fazendo? Está se alegrando.
Sabe o que o Pai está fazendo? Comemorando.
Sabe o que o filho fez para merecer isto? Nada! Aliás, ele fez para não merecer!
Sabe o que o Pai quer? Alegria, comunhão, felicidade.
Mas que pena! O filho mais velho está chegando. Ele ouve as músicas, a dança, ele quer saber o que está acontecendo, e fica indignado, ele fica revoltado.
– Eu trabalho tanto, e ele não me dá nada!
– Esse meu irmão não trabalhou, ao contrário, gastou; é um bastardo, e tem uma festa dessa prá ele.
– Não tem cabimento uma coisa destas.
Só falta o filho mais velho querer ir embora, não é?
E sabe por que este “inferno astral”? Porque este filho era fariseu, isto é, ele se achava melhor que o outro, ele achava que ele era o certinho, o bonzinho, o que fazia bem as coisas, e o outro não.
Amados, não é este um problema que muitas vezes vivemos em nossa própria vida?
Não temos esta terrível inclinação para sermos fariseus?
Uma terrível inclinação para pensar que Deus deve nos aceitar com base em nosso desempenho, em nosso comportamento certinho, com base no fato de que “somos melhores que os outros”, pois trabalhamos mais, fazemos melhor, e os outros não?
E sabem, quando não vivemos pela graça é uma desgraça: murmuração, infelicidade, revolta.
Mas então o Pai, com o mesmo amor, com a mesma ternura, vai até ele e diz:
“Meu filho, tudo o que é meu é teu; precisamos nos alegrar, pois meu filho, teu irmão, estava perdido, e foi achado, estava morto e reviveu”
Podemos perceber o que Deus está ensinado: salvação é para nos regozijarmos.
É para festejarmos. É para desfrutarmos. É para sermos felizes com nosso Pai e uns com os outros.
É para desejarmos aos que estão perdidos.
Vida com Deus é comunhão, é festa, é alegria, solene alegria.
Vida com Deus é louvação.
Vida com Deus é felicidade.
“Tudo o que é meu é teu”, diz o Senhor. “O meu reino está sendo preparado para vocês; na casa do Pai há muitas moradas”.
Conclusão e aplicação
Qual destes três momentos representa sua vida agora?
1. Você é daqueles que estão completamente distantes de Deus?
Esse caminho não vai te dar vida, só miséria e destruição.
Não seja insensato. Não perca seu tempo, não endureça seu coração, pois amanhã pode ser tarde demais, e você não poderá voltar-se para Deus
Levante-se, largue os porcos, largue os prazeres imundos do pecado, arrependa-se, e venha a Deus por meio de Jesus
2. Você é daqueles que estão sentindo sua miséria, mas ainda estão longe?
Abra os olhos da fé. Abra os olhos do coração, e veja Jesus de braços abertos, dizendo: – “Vinde a mim os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.”
Se você se levantar, deixando o passado onde ele deve ficar, isto é, no passado, se você caminhar em direção a Deus, mesmo que esteja longe, ele vem ao encontro de você.
3. Ou você é daqueles que já estão em casa, ou porque voltaram, ou porque nunca saíram?
Então alegre-se, viva com o Deus da tua salvação, com o Deus que é a tua força, a tua luz, a tua alegria.
Tudo o que é meu é teu, diz o Senhor. Receba orando. Receba adorando. Receba na comunhão com ele.
Você percebe que, seja qual for o momento que você vive, a disposição de Deus é a mesma? O mesmo amor, o mesmo bem querer, os mesmos olhos voltados para você.
Você é dele, por ele, e para ele. Louvado seja o Senhor, por seu amor para conosco.


[1] 2ª Co 5:19
[2] Jo 1:1-18
[3] Jo 3:16
[4] Mt 11:28, 29
[5] Rm 3:23

domingo, 7 de agosto de 2016

Não andeis ansiosos - Mt 6:24-24

IPC de Parada de Taipas
Domingo, 7 de agosto de 2016
Pr. Plínio Fernandes
24 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro, ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.  25 Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?  26 Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?  27 Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?  28 E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam.  29 Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles.  30 Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?  31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?  32 Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; 33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.  34 Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal.
Nos capítulos 5 a 7 deste Evangelho de Mateus, o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo, está nos ensinando o tipo de vida que ele deseja para nós.
O tipo de vida que devemos ter, uma vez que somos povo dele, gente com quem ele fez uma aliança no seu sangue, e assim nos libertou dos nossos pecados a fim de que vivamos como cidadãos do seu reino.
Uma vida na qual ele é exaltado como sendo o nosso Deus, nosso rei, e na qual nós, seus súditos, somos felizes em sua presença.
Aqui neste texto temos um mandamento de nosso Senhor que é repetido três vezes
No v. 25 ele diz: – “Não andeis ansiosos pela vossa vida”.
No v. 31: – “Não vos inquieteis...”
No v. 34: – “Não vos inquieteis...”
Jesus nos dá este mandamento logo após dizer-nos, nos versículos anteriores, que nossa fidelidade a ele deve ser total.
Primeiro, nos vs. 19-21, ele diz que não devemos nos preocupar em acumular riquezas materiais; que não devemos fazer do dinheiro de bens o desejo do nosso coração, mas que devemos colocar os nossos desejos, e ajuntar tesouros, no céu.
Depois, no 24, ele diz que não podemos servir a dois senhores: não podemos servir a Deus, e ao mesmo tempo servir o “deus riquezas".
E depois, como que prevendo a pergunta que pode subir à nossa mente: – “Então, o que iremos fazer?”, ele nos dá a resposta: – “Não andeis ansiosos...”.
Como nosso Deus sábio e amoroso, que primeiramente criou o Jardim do Éden para que nele o homem fosse feliz, e que depois veio ao mundo para restaurar a felicidade destruída pelo pecado, o Senhor deseja que nossa vida seja livre de ansiedade.
Então, à luz destas coisas, aqui ele nos ensina como ser livres dela. Este é o tema da nossa meditação de hoje.
1. O que é “ansiedade”?
A palavra usada por Jesus aparece cinco vezes no texto grego (nos vs. 25,27,28,31 e 34).
Ela é traduzida de vários modos na Bíblia:
Estar ansioso; estar inquieto; estar cuidadoso; estar preocupado.
Em Lucas cap. 10, naquela conhecida passagem que fala sobre Marta e Maria, é a palavra usada para descrever a preocupação de Marta, onde se diz que agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços.[1]
Esta palavra, “agitada” significa estar mentalmente estressada, estar distraída.
Assim à luz do v. 24 em Mateus 6, o que Jesus está nos dizendo é
– “Não deixe que sua mente fique distraída como a preocupação com as coisas deste mundo; coloque sua atenção concentre seus esforços, na busca de servir a Deus, ao reino de Deus”.
Naturalmente Jesus não está dizendo que não devemos pensar no que comer, no que beber, no que vestir. Também não está dizendo que devamos dedicar todo o tempo de nossas vidas às coisas eclesiásticas.
Naturalmente Jesus não está dizendo que não devemos pensar no futuro.
O que ele está dizendo é que estas coisas não devem ocupar o centro de nossa atenção, estas coisas não podem ocupar o primeiro lugar.
Se isto acontecer, nossa mente e coração ficam divididos.
Ao invés de acumular tesouros no céu, passamos a acumular na terra.
Em vez de servir a Deus, passamos a servir ao “deus” das riquezas, aos deuses deste mundo.
Então, ansiedade é distrair-se de colocar nossa atenção nas coisas de Deus...
2. De onde surgem as ansiedades? Quais as fontes da preocupação, da inquietação, da solicitude?
O Senhor menciona algumas delas
Primeiro, nossa preocupação com o sustento presente
v. 25 – O que haveremos de comer, beber, ou vestir
Jesus é tão sábio - em poucas palavras ele resume aquilo que é mais essencial em nossa vida
O que comer, beber, vestir, tem a ver com aquilo que é básico
Existem outras coisas essenciais: onde morar, trabalhar, onde estudar, a nossa saúde.
Com quem casar, quando casar, as coisas que precisamos comprar.
A preocupação com todas estas coisas varia de pessoa para pessoa, mas todas as têm.
Também existe a preocupação com o dia de amanhã, o futuro
Isto nos é lembrado no v. 34.
Volto a dizer: Jesus não está dizendo que não devemos pensar no amanhã.
Por exemplo, em Lc 14:28-30 Jesus nos ensina que devemos “calcular o preço, se queremos ser seus discípulos”.
Se não pudéssemos pensar no amanhã, qualquer investimento neste sentido seria pecado, mas devemos investir no futuro, seja profissional, intelectual, familiar – como maneiras de continuar servindo a Deus.
E por último no v. 30 Jesus menciona a terceira fonte de ansiedade: nossa pequena fé (e se confiança e amor andam juntos, então também podemos dizer “pequeno amor”, pois como diz o apóstolo João, o perfeito amor lança fora todo o medo.[2])
3. Como lidar com a ansiedade?
Jesus nos dá duas orientações básicas
3.1 – Ele apela para a nossa razão, o entendimento
Usando uma série de argumentos, o Senhor nos mostra que temos um Pai no céu que nos valoriza e que é poderoso para cuidar de nós, em cada uma das nossas necessidades e ansiedades
3.1.1– Primeiro argumento de Jesus: a vida é mais do que o alimento, e o corpo mais do que as vestes
v. 25 – Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?  
Deus nos dá a vida, que é maior. Se ele nos dá a vida, não é poderoso e cuidadoso para dar as coisas menores?
O apóstolo Paulo segue a mesma linha de raciocínio (do maior para o menor), para que tenhamos a certeza da provisão de Deus
Rm 8:32
Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?
Se Deus não deixou de nos dar o mais importante, o melhor de todas as suas riquezas, que próprio Senhor Jesus, então certamente ele também nos dará toda sorte de coisas boas.
Por isto também que em outro lugar ele escreve que o nosso Deus, segundo a sua riqueza, e gloriosamente, suprirá, em Cristo Jesus, cada uma das nossas necessidades.[3]
3.1.2 – Segundo argumento: nosso valor aos olhos de Deus
v. 26 – Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?  
Vs. 28-30
E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam.  29 Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé?  
Não quer dizer que não devamos pensar no amanhã. Em 2ª Co 12:14 Paulo alude ao provérbio de que os pais devem entesourar para os filhos. Em 2ª Ts 3:10 ele escreve que “se alguém não quer trabalhar, que também não coma”.
Jesus está nos dizendo que temos muito valor aos olhos de Deus, e por isto podemos ter a certeza de que ele cuida de nós, como um pai cuida de seu precioso filho.
3.2.3 – Terceiro argumento: temos um Pai celeste
v. 32 – Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas.
A palavra “gentio”, num contexto de fé, no Novo Testamento, significa “alguém que não conhece a Deus”.
Jesus está nos dizendo que preocupação é para aqueles que não conhecem a Deus. Que não sabem que têm um Pai celestial. Mas temos um Pai celeste que sabe todas as nossas necessidades.
3.3.4 – Quarto argumento: a ansiedade não é capaz de acrescentar nada à nossa vida
v. 27 - Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?  
Ao contrário, a ansiedade, como um ladrão que rouba, mata e destrói, pode tirar a nossa vida, pois a esperança que se adia faz adoecer o coração”.[4]
3.2 - A segunda orientação de Jesus é uma sequencia lógica: já que temos um Pai no céu que se ocupa de nós, então coloquemos nossa atenção nele, e o resto é com ele
v. 33 – buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.  
Buscar o reino: o governo, o domínio do Senhor, a justiça, a paz, a alegria do Espírito Santo
Crer nele, obedecer sua Palavra.
Quero citar algumas promessas relacionadas.
Sl 37:4,5 – Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração.  5 Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.
Pv 10:24 – Aquilo que teme o perverso, isso lhe sobrevém, mas o anelo dos justos Deus o cumpre.
Is 64:4 – Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera.
Conclusão
Neste sentido, de distração de nossa mente de Deus, a ansiedade é pecado.
A ansiedade com as coisas do mundo, do futuro...
Temos um Pai
Que nos valoriza
Que se ocupa de nós
Que supre nossas necessidades
Busquemos o seu reino...



[1] Lc 10:40, 41
[2] 1ª Jo 4:18
[3] Fp 4:19
[4] Pv 13:12
▲Topo